ANTES MESMO DE A PROFESSORA NYRA NASCER SUA HISTÓRIA JÁ ESTAVA SENDO CONTADA...
Durante a Primeira Guerra Mundial, seu avô Sperandio Zanluchi, saiu da Áustria, ainda quando este país pertencia à Alemanha e veio para o Brasil, para o estado de São Paulo, acompanhado de seu irmão e tio.
Seu...Continuar leitura
ANTES MESMO DE A PROFESSORA NYRA NASCER SUA HISTÓRIA JÁ ESTAVA SENDO CONTADA...
Durante a Primeira Guerra Mundial, seu avô Sperandio Zanluchi, saiu da Áustria, ainda quando este país pertencia à Alemanha e veio para o Brasil, para o estado de São Paulo, acompanhado de seu irmão e tio.
Seu avô decidiu permanecer aqui, enquanto seu tio e irmão foram para a Argentina.
Aqui, seu avô casou-se, e por algum tempo viveu em São Manuel, interior de São Paulo, indo depois para a cidade de Botucatu, trabalhou no curtume de couro, criou seus filhos, ensinando a eles sua profissão. Alguns deles tornaram-se seleiros, inclusive, seu pai Cyrillo, que por mais de 50 anos trabalhou com artefatos de couro em geral.
Uma fatalidade levou seu avô a abandonar sua profissão. Numa noite de temporal, quando um dos seus tios, João, foi desligar a casa de máquinas, ao encostar o pé num fio de alta tensão, morre eletrocutado. Este fato leva seu avô a mudar-se com a família para a cidade de Avaré, onde Nyra nasceu.
Foi nessa cidade que seus pais se conheceram, mas apesar de se amarem muito, a família de sua mãe não aceitava o casamento por causa da grande diferença de idade. Seu pai era 14 anos mais velho que ela. Depois de muita persistência, a família percebendo que os dois se amavam, resolveram permitir o casamento.
Seus pais tiveram 10 filhos, porém 3 deles morreram ainda bebês.
Quando menina, ajudava seus pais na selaria, cuidava de seus irmãos mais novos e de sua irmã mais velha ,que é paralítica.
Traz viva na memória, a casa onde viveu grande parte de sua vida, e que pertencia à sua avó materna, que por ser cega, moravam com ela.
Nessa casa tinha um quintal com muitas árvores frutíferas que sua avó Raquel mesmo com sua deficiência, cuidava pessoalmente.
Dentre essas árvores, havia um pé de peras, que ela tinha um carinho especial. Por ser o pé de frutas preferido de sua avó não podiam nem chegar perto. Mesmo sabendo da proibição, ela e seu irmão e primos subiam no pé e roubavam as peras mais bonitas.
Quando entrou na escola, foi estudar no Grupo Escolar Matilde Vieira, em Avaré.
Foi nesta escola, que conheceu Marta, filha da diretora Magnólia, que se tornou sua melhor amiga.
Dessa época traz lembranças, das muitas vezes que convidada para ir a sua casa, brincavam com suas várias bonecas.
Certo dia trocou todos os seus lápis de cor por uma de suas bonequinhas, já bem velhinha, mas que passou a ser seu brinquedo predileto.
Foi também nessa escola que seus irmãos, inclusive sua irmã paralítica estudavam. Contou-nos ainda, que seu pai levava sua irmã de cavalinho, enquanto ela ia junto para levar o material escolar.
Durante três anos, no período noturno ela acompanhou sua irmã e enquanto esperava também recebeu orientações e lições que contribuíram para que ela aprendesse a ler e escrever, mesmo antes de entrar na escola.
A Sra. Nyra, acredita que o fato de já saber ler e escrever, quando entrou no 1º ano, deve ter atrapalhado sua professora “Dona Kali”, que por qualquer motivo dava beliscões em seu bumbum.
Ela acredita que foi por esse motivo que decidiu que seria professora quando crescesse, e que jamais faria isso com seus alunos.
Nyra foi uma criança que gostava muito de estudar.
As escolas de sua época tinham aulas aos sábados, o Hino Nacional era cantado todas as 6ªs feiras e nas comemorações cívicas durante todo o ano. Nessas ocasiões eram declamadas poesias pelos alunos e ela sempre gostava de participar.
Ainda, nesse tempo, quando as crianças passavam para o 2º ano, inicia-se o uso de caneta que era muito diferente da que usamos hoje em dia.
Era uma peninha de metal enfiada em um cabinho de madeira, e na carteira tinha um buraquinho, para colocar o vidro de tinta azul, onde se molhava a pena. Escrever com esse tipo de caneta não era muito fácil, pois qualquer pingo de tinta borrava tudo e tinha logo que usar o “mata-borrão”, para não estragar todo o trabalho. O “mata-borrão” era um pedaço de papel cartão que “absorvia” a tinta em excesso.
Em 1970, já formada, passou a dar aulas de Educação Comparada e OSPB (Organização Social e Política do Brasil) para o curso de Administração Escolar em Avaré e também aulas nas escolas de emergência em sítios e fazendas.
Na sua juventude, gostava de ir ao cinema nas tardes de domingo, nas quermesses e em festas agropecuárias, sempre levando sua irmã na garupa da bicicleta. Todas as 3ªs feiras sua família ia assistir filmes no clube do cinema, onde seu pai era sócio. Certa vez, assistiram o filme “O Homem das Mil Caras”, com o ator Tom Chaney. Ela achou “fantástico”, pois a fez recordar-se dessa mesma história lida por seu pai quando ainda era criança.
A professora Nyra sempre gostou de música e adorava ouvir sua irmã tocar sanfona. Uma das músicas preferidas era “Encosta sua cabecinha no meu ombro e chora...”.
Gostava muito das músicas de Roberto Carlos, Altemar Dutra, Nelson Gonçalves, mas a música que marcou sua vida foi “Asa Branca”, de Luiz Gonzaga, por ser a preferida de sua mãe e sempre cantada por ela. Sua mãe gostava tanto que até deu o nome do cantor a um de seus filhos de “Zaga”.
Também a moda era diferente. A moda na sua juventude eram as calças “Boca de Sino”, que faziam muito sucesso. Até hoje, tem guardada uma calça dessas que inclusive estava usando quando conheceu... aquele que viria a ser seu marido, o Sr. Americo Martinelli.
Ser professora foi uma escolha determinante em sua vida, jamais, pensou em ter outra profissão.
Ao final deste ano de 2012, estará se aposentando.
Em seus planos futuros, está curtir seus três netos Pedro, Rafael e Julia e tentar merecidamente descansar um pouco.
Nyra ZanluchiRecolher