P – Queria começar perguntando seu nome completo, local e data de nascimento. R - Meu nome completo é José Roberto Martiolli, nasci aos 03 de junho de 1958, em Itambé, Paraná... P – E hoje o senhor reside aonde? R - Hoje eu resido em Curitiba, capital. P – E começou a tr...Continuar leitura
P – Queria começar perguntando seu nome completo, local e data de nascimento.
R - Meu nome completo é José Roberto Martiolli, nasci aos 03 de junho de 1958, em Itambé, Paraná...
P – E hoje o senhor reside aonde?
R - Hoje eu resido em Curitiba, capital.
P – E começou a trabalhar no Aché em que cidade?
R - Eu comecei a trabalhar no Aché em março de 86, quando entrei, e comecei a trabalhar em Umuarama, minha sede era em Umuarama, norte do Paraná. Uma época em que pra mim foi uma vitória, entrar no Aché.
P – Como é que foi essa entrada?
R - Essa é uma história que... na época, eu estava empregado, trabalhava como supervisor de vendas, de uma distribuidora de bebidas, lá em Umuarama, já há algum tempo, trabalhava nessa empresa, e fui convidado para ingressar... ou melhor, fui convidado para fazer uma entrevista no Aché. E na época o supervisor, Joaquim Ribeiro, que residia em Maringá, me procurou, e fizemos lá uma entrevista, e ficou por decidir, posteriormente. E um dia ele... depois de umas duas semanas, ele me procurou e disseram que eu estava contratado. Para mim foi uma alegria.
P – E o senhor imaginava como era o trabalho de propagandista? Já tinha tido alguma experiência na área, algum familiar já tinha trabalhado?
R - Não. Nunca. Eu não sabia nem que existia essa profissão, sabe? Para mim foi fantástico.
P – E lembra dos primeiros dias de trabalho, quais foram as principais dificuldades?
R - Eu posso te confessar uma coisa. O primeiro dia do propagandista a pessoa nunca esquece. Essa pessoa pode ter 50 anos de profissão, mas o primeiro dia jamais ela esquecerá. E o meu primeiro dia de trabalho foi quando nós fomos viajar, eu morava em Umuarama, o primeiro médico que nós fomos visitar junto com o meu supervisor,
era uma cidade chamada Iporã, norte do Paraná, que dá mais ou menos 70 quilômetros entre Umuarama e essa cidade. E lá chegando, o meu supervisor já conhecia o setor, conhecia todos os médicos, e o doutor Carlos Nascimento, dono de um hospital, na cidade, onde nós fomos visitar, oito horas da manhã, estávamos lá, para visitar, isso era março, final de março, começo de abril, já. E era uma época fria, já, naquela região, era uma época fria, estava bastante frio. Eu me lembro muito bem que entramos, o médico nos convidou a entrar até o consultório dele, pediu para que a gente sentasse, e o meu supervisor disse: “Não, está bem aqui, eu lhe apresento o novo representante da região, o Martiolli”, e a partir daí, a minha primeira propaganda. Não tinha nenhuma experiência. Apesar do curso que eu saí. Saí bem treinado. Mas tudo decorado, praticamente, né. Abri a minha pasta e comecei o meu trabalho. Quando comecei o meu trabalho, o doutor Carlos começou a falar com o meu supervisor, que já tinha aquela amizade, aquele vínculo de amizade, já conhecia de algum tempo, há muito tempo, e quando o doutor Carlos puxou a conversa com ele, eu já estava fazendo a minha propaganda. E como eu não tinha ginga, tá, era uma propaganda, na época, era decorado. Você tinha que decorar o texto, e falar tudo aquilo na frente do médico. E esse médico puxou esse assunto então com o Juarez, meu supervisor, e eu me perdi, estava no meio da propaganda me perdi. Eu não sabia se eu parava, ou se eu continuava. Porque se eu parasse eu teria que começar tudo de novo. Ou seu eu parasse, não era correto, não podia parar a propaganda no meio. E daí, o doutor Carlos direcionou a mim, e disse: “Pode continuar, eu já conheço esse produto. Pode continuar, que eu estou prestando atenção.” E continuou conversando com o meu supervisor. Eu fiquei todo sem saber o que eu poderia fazer ali e tal, né, aí me perdi, porque era decorado, parei no meio da propaganda, propaganda extensa, acabei por entregar a literatura ao médico, e ele continuou conversando com... e fiquei perdido. Totalmente perdido. Aí depois começaram, aquela gargalhada, começaram a rir, os dois, e disse: “Não, a primeira propaganda é assim mesmo.” E ainda o doutor Carlos disse: “Essa propaganda sua você nunca vai esquecer na tua vida”. E eu já estou há 16 anos na empresa, e realmente não esqueço, me lembro como se fosse hoje a propaganda que fiz para o doutor Carlos.
P – Essas área em que o senhor foi atuar, poderia descrever um pouco como é essa região?
R - É uma região mista, agropecuária, agricultura, lavoura branca e tinha também café. Então era bastante diversificada. Uma região relativamente de médio poder aquisitivo, vamos dizer assim, mas existe, claro, lugares de baixo poder aquisitivo, outros já eram um pouco melhor, uma região que é considerada boa.
P – Era uma região que o senhor já conhecia, tinha muitas novidades? Como é que foram essas viagens?
R - A região era uma região que eu conhecia por nome. Mas não conhecia realmente as cidades. Então foi um tanto, encontrei um pouco de dificuldade no início, até se adaptar, a primeira viagem, o primeiro roteiro que eu fiz foi junto com o meu supervisor, mas a partir do mês seguinte eu fiquei sozinho e sem saber muita coisa, mas fui atrás, procurei, e graças a Deus, deu certo.
P – E o senhor ficou nessa região até que época?
R - Fiquei nove anos trabalhando nessa região. Apesar que houve algumas mudanças, mas a região basicamente foi sempre noroeste e norte do Paraná.
P – E teve algum episódio, alguma história com algum médico, algum dia de viagem, alguma estrada, que o senhor gostaria de contar?
R - Ah, sim, tem. Estradas... Na região onde eu trabalhava, existe uma cidade chamada Marechal Cândido Rondon. E entre a Marechal Cândido Rondon a Palotina, era um trecho de aproximadamente 18 quilômetros, a distância, e esse trecho ainda não tinha asfalto, era terra. Como é uma região de terra vermelha, é uma região aonde as estradas, apesar de não ter asfalto, mas eram muito bem cuidadas, só que eram muito lisas, as estradas, e quando chovia, não passava ninguém. Quando não chovia, claro, era muita poeira. E, num determinado dia, eu estava indo de Marechal Cândido Rondon para Palotina, entre essas duas cidades existem mais dois lugarejos. Um chamado Nova Santa Rosa e o outro, Vila Maripá. Entre esses dois lugarejos, era por volta de umas quatro horas, quatro e meia da tarde, eu teria que chegar em Palotina ainda para visitar muitos médicos. Ou seja, eu iria pernoitar em Palotina. Só que, no meio desse trajeto, choveu. Choveu, deu uma chuva, lá, e tal, eu estava viajando de “fuqui”. Sabe o que é “fuqui”? Aquele “Fuquinha”, aquele “Fuquinha”. As minhas roupas, malas, atrás do “Fuquinha”, as amostras, caixas e caixas, e, nessa chuva que deu, eu não pude mais trafegar. Porque o carro deslizava na estrada, deslizava, e eu não consegui mais trafegar. Porque o carro atravessou na estrada e eu fiquei sem saber o que fazer. Foi quando, fiquei mais de meia hora ali, parado, porque daí meu carro ficou totalmente atravessado lá na estrada. Eu pensei, eu não vou poder sair, não vai ter ninguém para me ajudar, vou ficar aqui. Fiquei, fechei os vidros do carro, claro, aí quando, mais ou menos uns quarenta minutos depois, diminuiu a chuva, e lá vem uma caminhoneta de um agricultor, aonde lá cultiva-se soja nessa região, e ele estava vindo com uma caminhoneta, e não tinha passagem para ele. Parou, chegou até mim, e disse: “Você quer uma ajuda?” Falei: “Claro que eu quero”. Eu não queria sair dali porque a terra vermelha, terra roxa, se você saísse do carro, era tudo barro, muito barro, e eu não teria como trabalhar, entrar no consultório do médico, evidente. “O que é que eu vou fazer?” Com a chegada desse colono, ele ofereceu ajuda. Aí eu disse: “Quero sim.” Mas eu com medo de descer do carro, porque iria me sujar. Aí ele disse: “Pode ficar aí que vou ajudar você. Você não precisa sair do carro.” E perguntou: “Você tem um palito de fósforo?” Falei: “Tenho.” “Então me dê o palito de fósforo que vou tirar você e o teu carro daqui, porque eu também quero passar.” Pensei ótimo, mas... como um palito de fósforo? Aí eu arrumei o palito de fósforo, ele foi até os dois pneus traseiros, e, murchou, ele tirou bastante ar do pneu. O pneu abaixou, abaixou bastante, e ele falou:
“Agora você pode sair, pode tocar. Chegando na próxima cidade, não esqueça de colocar ar nos pneus, porque se não pode cortar o pneu.” E eu não sabia dessa façanha. E foi com um palito de fósforo que ele me tirou daquele lugar.
P – E aí deu tempo de chegar...
R - Sem nenhum problema.
P – E nesses anos de trabalho, em relação aos produtos? Teve algum produto, alguma campanha que você gostou mais de fazer, que foi mais marcante?
R - A maioria dos produtos em que trabalhei, gostava muito.
P – Mas não tem nenhum que se destacou em especial.
R - Não, existe, claro. Quando você trabalha com vários produtos, tem um ou outro que você se identifica mais. Porque até mesmo é um produto onde ele tem um campo maior de atuação, então você briga com maior arma contra os concorrentes desse produto, e é onde você cai de cabeça realmente, você briga por ele, e é legal. No caso meu, eu trabalhei já com o Biofenac, que é um produto que tem um grande campo de atuação, Biofenac, por ser um anti-inflamatório, já trabalhei com o Novatrex, que é um produto também muito bom de se trabalhar, e vários outros produtos.
P – E em relação aos médicos, aos colegas de trabalho, teve algum relacionamento que foi marcante?
R - Existe, existe vários, várias passagens durante esse tempo, que a convivência da gente junto com os médicos, a partir daí então, você adquire um relacionamento melhor com os médicos, e são algumas coisas que marcam a vida da gente, os próprios colegas, que até então eu não conhecia ninguém, passei a conhecê-los e a fazer parte de uma grande família, vamos dizer assim. Apesar de ser concorrentes, na hora de batalhar, nós somos concorrentes, nós brigamos, ele briga comigo e eu brigo com ele, mas a partir daí nós somos amigos.
P - Quantas mudanças nesses anos todos de trabalho. Que mudança o senhor destacaria, como mais importante, na atividade de propagandista?
R - A mudança...
P - Ser propagandista hoje é a mesma coisa que ser propagandista quando o senhor começou, e qual foi a principal mudança, na sua opinião?
R - Hoje a mudança, a mudança no dia a dia sempre tem. Cada dia é diferente do outro. A mudança que eu tive foi uma inovação de conhecimentos, dentro da área, e que isso foi proporcionado pelo Aché. Pela retaguarda ao qual os meus superiores me deram e dão a todos que compõe a equipe, dão o treinamento básico. As mudanças, do dia a dia, sempre tem. Cada dia você aprende coisas novas. E a mudança de quando entrei, até hoje, mudou muita coisa. Hoje, com maior bagagem, vamos dizer assim, eu tenho... que antes eu teria medo de entrar num consultório médico. Não é medo. Eu tinha vergonha. Sabe? É uma situação, bastante... vamos dizer assim, diferenciada de como é hoje. Hoje, apesar do tempo que se passou, a bagagem que a gente adquiriu, hoje é totalmente diferente. Então, para mim, é totalmente diferente. Então, para mim, eu conto isso como uma mudança muito grande.
P – E nesses anos todos, o que marcou mais o senhor em relação à empresa, quer dizer, o que mais agrada o senhor no Aché, no jeito de ser dessa empresa?
R - Essa empresa é uma empresa ao qual eu recomendaria a todos que tivessem uma oportunidade em ingressar nessa empresa, porque é uma empresa muito honesta, é uma empresa fantástica, é uma empresa que te apoia em todos os sentidos, é uma empresa que eu recomendaria a todos que tivessem condições de entrar. Porque hoje eu amo muito essa empresa. Vamos dizer assim que de repente faz parte da minha vida. Ela faz parte da minha casa. A empresa. O Aché.
P - E por último o que eu gostaria de perguntar para o senhor é sobre esse projeto de memória. O que o senhor acha da empresa ter decidido contar a sua história?
R - Olha, acho muito importante, interessante, uma iniciativa que, até então, a gente nem imaginaria que pudesse acontecer um dia. Fico muito grato com essa oportunidade que me dão hoje.
P – Tá certo, muito obrigada pela participação.
R - Eu que agradeço.Recolher