IDENTIFICAÇÃO Eu me chamo Paulo Eduardo Pessagno, nasci na cidade de Campinas no dia 22 de setembro de 1950. FAMÍLIA Meu pai é Aldo Pessagno e minha mãe Aparecida Pessagno. Pelo lado do meu pai a origem é italiana. Meu avós eram filhos de italianos. Do lado da minha mãe, o meu avô era português e minha avó era mineira. Toda a minha família, está na segunda geração, já é nascida na cidade de Campinas. O meu bisavô veio da Itália, sozinho, com 23 anos. Ficou na Hospedaria dos Imigrantes, em 1800 - não sei a data correta. Depois ele se radicou aqui em Campinas, foi trabalhar numa indústria. Acho que talvez fosse a única indústria da cidade. É um prédio histórico aqui próximo da estação. Constituiu família e sempre trabalhou nessa parte de comércio. Meus avós também são comerciantes e a família continua. Meu avô materno, eu não cheguei a conhecer, morreu quando minha mãe tinha dez anos. Meu avô paterno morreu quando eu tinha só seis anos de idade, mas eu tenho boas lembranças dele. Agora minhas avós morreram bem mais tarde, eu conheci e convivi muito com elas, as duas. O pessoal contava que meu bisavô veio muito jovem para o Brasil. Começou a trabalhar e conheceu uma italiana aqui. Acabaram se apaixonando e constituíram família. Casaram e tiveram muitos filhos. Aliás, os avós todos tiveram muitos filhos; tenho muitos tios. Eu acredito que meu bisavô veio pra Campinas porque ele já devia conhecer alguma coisa relacionada à área de metalurgia. Ele deve ter vindo por esse motivo. Campinas foi pólo de imigração italiana, mas principalmente nas cidades vizinhas, o pessoal veio pra trabalhar na área de agricultura, no café. E esse meu avô, eu acho que ele já deveria ter algum conhecimento, devia ter desenvolvido alguma atividade nessa área, então ele veio mais direcionado pra cidade, mesmo. Eu acho que o meu avô materno, que trabalhava em estrada de ferro, foi transferido pra cá. Não...
Continuar leituraIDENTIFICAÇÃO Eu me chamo Paulo Eduardo Pessagno, nasci na cidade de Campinas no dia 22 de setembro de 1950. FAMÍLIA Meu pai é Aldo Pessagno e minha mãe Aparecida Pessagno. Pelo lado do meu pai a origem é italiana. Meu avós eram filhos de italianos. Do lado da minha mãe, o meu avô era português e minha avó era mineira. Toda a minha família, está na segunda geração, já é nascida na cidade de Campinas. O meu bisavô veio da Itália, sozinho, com 23 anos. Ficou na Hospedaria dos Imigrantes, em 1800 - não sei a data correta. Depois ele se radicou aqui em Campinas, foi trabalhar numa indústria. Acho que talvez fosse a única indústria da cidade. É um prédio histórico aqui próximo da estação. Constituiu família e sempre trabalhou nessa parte de comércio. Meus avós também são comerciantes e a família continua. Meu avô materno, eu não cheguei a conhecer, morreu quando minha mãe tinha dez anos. Meu avô paterno morreu quando eu tinha só seis anos de idade, mas eu tenho boas lembranças dele. Agora minhas avós morreram bem mais tarde, eu conheci e convivi muito com elas, as duas. O pessoal contava que meu bisavô veio muito jovem para o Brasil. Começou a trabalhar e conheceu uma italiana aqui. Acabaram se apaixonando e constituíram família. Casaram e tiveram muitos filhos. Aliás, os avós todos tiveram muitos filhos; tenho muitos tios. Eu acredito que meu bisavô veio pra Campinas porque ele já devia conhecer alguma coisa relacionada à área de metalurgia. Ele deve ter vindo por esse motivo. Campinas foi pólo de imigração italiana, mas principalmente nas cidades vizinhas, o pessoal veio pra trabalhar na área de agricultura, no café. E esse meu avô, eu acho que ele já deveria ter algum conhecimento, devia ter desenvolvido alguma atividade nessa área, então ele veio mais direcionado pra cidade, mesmo. Eu acho que o meu avô materno, que trabalhava em estrada de ferro, foi transferido pra cá. Não sei a companhia agora. E era no sul de Minas, provavelmente lá ele conheceu minha avó e resolveram se casar. Talvez a vinda pra Campinas tenha sido por opção ou até imposição de emprego, uma transferência. Só sei que também acabaram constituindo família aqui. Eu tenho quatro irmãos, dois irmãos e duas irmãs. O meu irmão mais velho é empresário, engenheiro de formação, trabalha no ramo da construção, tem uma empresa que desenvolve uma construção mais especializada, abertura de ruas, pavimentação, implantação de loteamentos. Ele trabalha nessa área. Eu tenho outro irmão, administrador de formação, que trabalha na área do comércio. Atualmente, ele trabalha com estacionamento. A minha irmã mais velha é psicóloga e está voltada pra atividades com cultura. Ela é cantora lírica. Trabalhou muito tempo, desenvolveu um trabalho muito importante junto à Secretaria de Estado da Cultura. É uma pessoa bem voltada para as artes. E minha irmã mais nova é fonoaudióloga, mas também há bastante tempo está trabalhando na área comercial. Ela dirige um de nossos hotéis. OPÇÃO PELO HOTEL A entrada no ramo hoteleiro começou com meu pai. Meu pai era um empresário também voltado pra área de construção. Na ampliação do negócio, ele resolveu construir um edifício, mas a intenção inicial dele construir para locação, alguma atividade assim. Ele, então, percebeu que a cidade carecia de leitos de hotelaria e teve a idéia de transformar aquele prédio que ele tinha construído num hotel. Realmente, a cidade era muito carente de leitos, naquela época, em 1967. Ele não conhecia nada, mas aprendeu como trabalhar em hotelaria. Acabou construindo e tocando o hotel. que no começo foi muito próspero porque a necessidade de leitos aqui em Campinas era muito grande. A cidade tinha poucos hotéis. O prédio que ele construiu ficava muito próximo à estação, que na época era tanto a estação ferroviária como rodoviária. Não existia uma rodoviária formal na cidade. Os ônibus chegavam na rua adjacente ao nosso hotel. Nessa época, Campinas era uma cidade, acho, com menos de 300 mil habitantes. Não era uma cidade muito grande, mas era próspera, as indústrias estavam se instalando, o comércio crescendo. E eu acho que ele percebeu que esse ramo, essa atividade seria interessante. E ele tinha razão porque passados alguns anos, adquiriu mais um prédio pra fazer mais um hotel. Ampliou o inicial. Porque realmente a demanda era muito grande. TRANSPORTE A principal rodovia que nós tínhamos, naquela época, era a ligação de São Paulo pra Campinas, a Via Anhanguera. Naquela época, ainda tinha trem com passageiros e muitas pessoas iam a São Paulo de trem. A viagem era bem mais demorada do que de ônibus, mas assim mesmo tinha muita gente que preferia o trem pelo conforto. Depois criaram um sistema rápido, chamava Litorina, era um comboio de trem um pouquinho menor. Essa ligação São Paulo-Campinas se fazia muito através de trem. Só que era uma viagem muito longa porque parava em todas as cidades daqui de Campinas até São Paulo. Agora os ônibus paravam próximo da estação. Aquelas construções que ainda existem, funcionavam como uma estação rodoviária. Campinas não tinha ainda estação rodoviária. É posterior a essa época a construção da estação rodoviária. DESENVOLVIMENTO DO HOTEL Tinha um edifício no centro da cidade, muito desvalorizado, abandonado há mais de uma década. Já sem moradores. Tinha sofrido deterioração com o tempo. Meu pai também gostava das coisas antigas, das coisas tradicionais, e viu a oportunidade de fazer um hotel ali. E fez, adaptou. O prédio era de salas comerciais, foram adaptadas pra fazer os quartos com banheiros. Foi transformado em hotel. E se manteve toda a estrutura antiga do prédio. O prédio tem uma história muito interessante. O prédio é o primeiro edifício alto de Campinas. Ele foi edificado em 1937 e funcionou durante muitos anos, principalmente, voltado para o comércio. Eram salas comerciais amplas. O projeto é do engenheiro Lix da Cunha e ele foi feito no estilo art decor, está preservado até hoje, do mesmo jeito. O doutor Lix da Cunha é um engenheiro muito conceituado aqui na cidade. Construiu vários edifícios. Tem uma obra muito importante na cidade de Campinas. E esse foi o primeiro que ele fez na cidade. Embora o prédio não seja tombado pelo Patrimônio Histórico, ele mantém todas as características externas idênticas ao que era em 1937. Ele está reformado por dentro, tem uma conotação mais moderna, de hotelaria, mas todo o espaço externo é da época da sua construção. Ele está funcionando como hotel desde 1974. Já se passam 33 anos. INFÂNCIA Nós somos da Vila Industrial de Campinas. Depois mudamos para o bairro do Botafogo. Nessa época, na Vila, televisão não existia. Então, as crianças brincavam na rua. Mal terminava o jantar, estava todo mundo na rua. As famílias também se reuniam na rua, cadeiras na calçada. Eu tenho muita lembrança disso. Eu morei até os 8 anos de idade na Vila Industrial. E no Botafogo, quando nós mudamos, também não era muito diferente. Tinha uma relação com os vizinhos muito próxima. As pessoas se reuniam, conversavam mais. Não tinha televisão, então, tinha que brincar na rua mesmo. Nós sempre recordamos do passado levando muito em consideração as coisas boas. As coisas ruins nós deixamos de lado. Se começar a falar muito do passado, ficamos muito saudosos, porque vemos mais o que era bom. As lembranças são muito boas. Eu tive uma infância maravilhosa junto com meus irmãos, minha família. Acho que a convivência familiar era muito mais estreita do que é hoje. É diferente. Mas foi uma infância muito boa. Gostávamos de jogar futebol na rua. Eu não sei como conseguíamos jogar bola, descalços, numa rua que já era asfaltada, e não estourar todo o pé. Mas conseguíamos. A bola também não era adequada. Eu lembro de uma brincadeira especifica, que quando a Companhia de Luz fazia poda nas ruas, nós juntávamos aqueles galhos que sobravam e fazíamos cabana. E ali fazíamos reuniões, fazíamos clube secreto, aquele negócio todo. E eu lembro uma vez que nós resolvemos fazer uma brincadeira dessas. À noite, estendemos a convivência nessa cabana improvisada e levamos umas velas pra iluminar o ambiente. Ela pegou fogo. Olha foi uma desgraça (risos). Mas era esse tipo de brincadeira. Naquele tempo ainda não era politicamente incorreto soltar balões. Então, quando chegava o mês de junho, nós corríamos atrás de balão, soltávamos balão. Desconhecíamos o perigo disso, mas achávamos bonito. São essas as lembranças do tempo da Vila e do Botafogo. COMÉRCIO DE CAMPINAS Fazíamos compras em alguns armazéns no próprio bairro e no mercado central. Eu lembro perfeitamente que a embalagem, geralmente, era de papel e que o açúcar, o café e todos os gêneros alimentícios, eram numa embalagem como uma taça. Eram pesados numa balança, um a um. Era tudo no balcão, aquelas tinas enormes com todos os alimentos. Eu tenho muita lembrança disso. O Mercado Municipal aqui de Campinas é um prédio histórico, também existe há muito tempo e eu lembro muito bem das compras que eram feitas lá. Eram direto com o balconista ou com o dono do comércio. Alimento por alimento. O óleo era engarrafado em garrafas recicláveis. Pegava a garrafa e enchia de novo. Eu lembro muito bem disso. Meu pai ia muito a São Paulo a negócios. Especificamente, pra fazer compras, só eventualmente, para uma mudança de casa, comprar alguns móveis, alguma coisa diferente. Mas não era rotina, não era uma coisa do dia-a-dia ir a São Paulo. Eu sei que muitas famílias tinham esse hábito, mas eu não assisti muito a isso. Era só em situações especiais. TRANSPORTE A família geralmente ia de carro para São Paulo. Isso quando ia a família toda. Agora, individualmente, íamos muito de ônibus. Era muito rápido ir pra São Paulo de ônibus. E era muito fácil essa ligação São Paulo-Campinas. A ligação por estrada sempre foi muito boa. A lembrança que eu tenho é da Rodovia Anhanguera, que era mais ou menos como é hoje. Hoje está muito melhor, mais moderna, mas naquela época era uma boa estrada, não tinha muito problema. Contam que a ligação, um pouquinho antes de mim, era um pouco mais problemática, tinha uma estrada antiga, antes da construção da Rodovia Anhanguera que tinha alguns problemas. Mas que eu me lembre, não tinha problemas não. Demorava mais do que demora hoje. Os carros também andavam mais devagar, mas não era uma viagem muito problemática. FORMAÇÃO No meu tempo era o curso primário e demorava quatro anos. Eu fiz em um grupo escolar que tem aqui e que hoje é um colégio do estado. Depois, o curso ginasial, demorou mais quatro anos e eu fiz num colégio privado. O cientifico, o colegial, eu fiz em um colégio de estado, que na época era um colégio muito conceituado, o Vitor Meireles. E a faculdade eu fiz aqui na Unicamp, na Universidade de Campinas. Meu pai sempre quis muito que eu fosse engenheiro porque ele trabalhava na área de construção etc. Meu irmão mais velho é engenheiro. Mas ele logo percebeu, logo no começo da minha vida, que eu não gostava muito de engenharia. Sou médico. Minha formação é de clinico e atuo também um pouco na área de cardiologia como segunda especialidade. Faço também um pouquinho de medicina do trabalho. TRAJETÓRIA PROFISSIONAL Comecei a trabalhar no comércio devido ao falecimento de meu pai. Quando meu pai faleceu, meu irmão e eu tínhamos que continuar o negócio. Então, nos dividimos e cada um foi pra uma área. Eu acabei gostando. Gosto do que eu faço. Mesmo porque eu estou um pouco afastado da medicina. E eu tenho me empenhado, tenho gostado do ramo do comércio. Mas meus irmãos já eram comerciantes, já trabalhavam nisso. Então, a mudança maior foi minha mesmo. Minha e de minhas irmãs que tinham outra área de atuação. Mas ninguém está arrependido, não. JUVENTUDE Minha juventude foi muito agradável. Campinas hoje está bem diferente do que era na minha época. A minha juventude foi com muito estudo. Estudávamos, passeávamos e namorávamos. Coisa compatível, mais ou menos, com o que era a cidade daquela época. A cidade não tinha muitos restaurantes, bares. Então era mais convivência com os amigos de escola, reuniões, festas. Com o pessoal mais da escola. Meu lazer era muito voltado ao esporte. Gostava muito de jogar futebol e de outras atividades esportivas. Cinema era uma coisa muito comum na cidade. Tinha uns bons cinemas no centro da cidade. Desapareceram todos. Clube também. Freqüentava o clube. A minha irmã mais velha, eu acho que ela é cantora lírica desde o dia que nasceu. Eu acho que quando ela chorou a primeira vez, ela já fez em lá ou em dó (risos). Ela é muito afinada, é cantora lírica e tem essa vocação que desenvolveu paralelamente a outras atividades. Ela é formada em psicologia, fez pós-graduação em psicologia aplicada à área da música. Um tipo de terapia moderna e fez a formação baseada nisso. Ela é uma pessoa de cultura muito grande. Uma pessoa muito culta, que sempre trabalhou com cultura. Desenvolve essa atividade. A música é sempre presente. Desde o tempo do meu pai. Meu pai e minha mãe sempre gostaram de música. Eu também gosto. Eu falo que eu canto... Eu não canto, não, é brincadeira, mas eu gosto muito de cantar. Sou apaixonado por música, mas eu não sou cantor. Queria ser. Quem sabe um dia. A minha família viajava anualmente. Às vezes, duas vezes por ano, nas férias, principalmente, nas férias de verão. Íamos pra Itanhaém, no litoral de São Paulo. A viagem era uma tragédia. São 220 quilômetros e levávamos, mais ou menos, sete, oito horas pra cumprir. Daqui até São Paulo já demorava duas horas, duas horas e pouco. Ali logo no comecinho da estrada que ia pra Santos, já parava pra fazer o piquenique, descia a família toda. Depois chegava lá em Santos e fazíamos a viagem de Santos até Itanhaém. Não existia estrada, naquele tempo. Ia pela praia. Era uma verdadeira aventura. Às vezes, o carro não podia passar porque a maré estava muito alta, aquela coisa. Essas lembranças são muito agradáveis, são sempre presentes. Nós passamos as férias sempre lá. E sem os confortos que tínhamos aqui na cidade. Mas era muito divertido, muito agradável. Lembrança boa da juventude. Muito interessante. TRANSPORTES Fiz algumas viagens de trem para o interior, pra casa de parentes, de amigos. Eu tenho uma boa lembrança muito agradável também disso. Naquele vagão restaurante íamos sentados, comendo um lanche. Era uma delícia As poltronas. A principal empresa de trem que passava aqui por Campinas era a Paulista. Eram muito bonitos os trens, funcionavam bem. Depois foi acabando. Não tem mais trem de passageiro passando aqui em Campinas há muito tempo. CIDADES / CAMPINAS/SP Aqui em Campinas já tinha algumas faculdades. Não existia ainda a universidade, estavam criando a católica. Eram algumas faculdades e tal. Acho que nessa época já estava criada a Universidade Católica de Campinas, que depois se transformou na Pontifícia Universidade Católica de Campinas, PUC Campinas. A primeira faculdade da Unicamp foi a Faculdade de Medicina. Ela foi criada, acho que, nos anos 60. A Unicamp é posterior a isso, uns quatro ou cinco anos depois. Então, a primeira faculdade que a Unicamp teve foi Medicina. Ela funcionava em um prédio aqui na cidade, primeiro na Maternidade de Campinas, depois na Santa Casa de Misericórdia. Muito tempo depois foi construído o Hospital Universitário. Inclusive minha formação toda foi na Santa Casa; a Unicamp funcionava na Santa Casa. Eu sou da oitava turma da Unicamp. A Unicamp, naquele tempo, tinha poucos cursos, poucas faculdades. Tinha a faculdade de Medicina, a faculdade de Engenharia, de Matemática, alguma coisa ligada às Ciências Exatas e só. Aí, durante o tempo de faculdade, eu fui testemunha do crescimento da universidade, da criação de vários cursos. E se transformou hoje numa grande universidade. Campinas se orgulha muito da universidade que tem. Das duas, aliás, da PUC e da Unicamp. Eu acho que todos os campineiros, de alguma forma, têm muita relação com uma das duas universidades: ou estudaram ou foram docentes ou se especializaram ou fizeram uma pós-graduação. Então, as duas universidades estão bem participantes da vida da cidade, sem dúvida. Acho que elas foram fundamentais para o desenvolvimento da cidade, de agregar, de trazer pessoas, trazer cabeças. Vejo isso como essencial. Sem contar o número de pessoas. Eu posso estar errado, mas eu acho que o número de estudantes das duas universidades passa de 30 mil pessoas. Tem toda essa população que vem pra Campinas, de todas as partes do Brasil e do exterior também, muita gente dos países vizinhos vem fazer especialização aqui. A cidade tem um ganho extraordinário. Eu me lembro que foi feita uma campanha pra que Campinas fosse contemplada com uma Faculdade de Medicina, no começo dos anos 60. Acho que não foi em vão. Só trouxe coisa boa aqui pra cidade. Campinas tem um reconhecimento muito grande por causa das suas universidades. INFÂNCIA Na infância tem um fato pitoresco. Embora morássemos na cidade, nós morávamos perto de um abatedouro e de um curtume. Em frente a nossa casa passava boiada e quando a boiada estourava era uma festa. Uma loucura. Até isso nós presenciamos. E Campinas também era uma cidade que tinha uma área rural muito grande. Existiam muitas propriedades rurais. Então esse contato com a área rural era muito freqüente, propriedade de amigos, de pessoas amigas da família. Na infância teve esse aspecto de vivência com a área rural. Acho que é por isso que eu gosto tanto de música sertaneja hoje. Lembrança daquela época. FAMÍLIA Namorei quase oito, nove anos. Logo depois que me formei, casei. Tenho quatro filhos. Um deles, temporão, tem treze anos. Minhas filhas mais velhas já estão com 28, 27 e 26 anos. Todas formadas. Tenho uma filha médica, que está fazendo infectologia e as outras também já estão formadas; uma advogada, uma economista e tenho esse filho temporão. Estou casado há 32 anos. Minha mulher, Cristina, é professora de física e matemática para o ensino médio. Ela tem trabalhado também um pouquinho no comércio, lá no hotel. Está gostando disso. COMÉRCIO DE CAMPINAS Tenho uma lembrança do tempo que não tinha shopping center ainda na cidade. O comércio era aqui numa rua central da cidade, na Rua Treze de Maio que hoje é um calçadão. Era o principal centro de compras daquele tempo. Tenho lembrança de que passava o bonde ainda nessa rua. Lembro-me das lojas, das Lojas Garbo, que tinha aquela propaganda, aquele jingle - eu sou muito ligado com música - “Você precisa de uma roupa nova, Lojas Garbo tem, a roupa”. Adorava esse jingle, então tenho muita lembrança. Aconteceu uma história interessante nas Lojas Garbo. Fizeram uma propaganda que quem comprasse lá uma determinada roupa ganhava a réplica da taça Jules Rimet. Isso em 1958, quando o Brasil foi campeão do mundo no futebol. Víamos aquela fotografia da taça na televisão: “Nossa Senhora, eu quero ter uma taça dessas, igualzinha a da Copa do Mundo”. Aí fiquei perturbando minha mãe e meu pai. Perturbei, porque eu queria uma roupa nova, não falava que era por causa da taça. Eu queria uma roupa nova: “Mas você não está precisando de roupa” Bom, comprou a roupa e a tal da taça era uma taça desse tamanhinho Uma miniatura. Foi uma frustração tão grande E o rapaz nem queria dar porque falou que já tinha acabado a promoção, não sei o quê. Mas era uma tacinha desse tamanhinho Não saí da loja enquanto não me deu a taça. Mas eu lembro das Lojas Garbo, Lojas Sears, eu lembro muito das Lojas Americana. As Lojas Americanas tinha o que seria hoje uma pracinha de alimentação, que fazia misto quente e cachorro quente. O cachorro quente com aquele pãozinho especial. Uma lembrança que tenho até hoje. Eu acho que foi a primeira loja de departamento que tinha uma pracinha de alimentação. Também nessa área central da cidade. Era bonito e interessante. Comer um misto quente ou um cachorro quente nas Lojas Americanas. O comércio era bastante próspero. Eu lembro quando vinha um amigo de família, uma pessoa de idade, que eles passavam e falavam: “Pôxa, mas o comércio dessa cidade é bom, hein” Eu não entendia muito disso não, no meu tempo de infância, mas eu acho que era. Depois vieram os shoppings centers. Campinas tem shoppings centers grandes, tem o maior da América Latina, o Shopping Dom Pedro. O Shopping Iguatemi também é muito grande, bonito. O comércio se deslocou para esses shoppings. TRAJETÓRIA PROFISSIONAL Deixei algumas coisas que eu fazia na área de medicina e comecei a trabalhar no hotel. Sempre junto com meus irmãos. Fui aprendendo algumas coisas aos poucos. Às vezes, me recusava a estudar, me especializar, porque sabia que não era o que eu queria mesmo. Não sei. Mas sempre dividi com a minha profissão. Eu fazia de tudo um pouquinho. Fazia mais a parte relacionada a recursos humanos. Trabalhava junto ao departamento pessoal tanto da empresa, do hotel, como das outras empresas dos meus irmãos. COMÉRCIO E FAMÍLIA O meu avô paterno teve uma grande loja de material de construção aqui na cidade. Chamava Indústria e Comércio Dante Pessagno. Existia outra grande loja de material de construção aqui, chamada Indústria Macardi. Eram, mais ou menos, concorrentes. Depois teve a Comercial Fanelli. Então, nessa época, meu avô tinha uma grande loja de material de construção e ele foi agregando à loja algumas atividades. Por exemplo, ele desenvolveu uma fundição pra fazer as peças de material de construção que eram comercializadas na loja. Ele fez uma cerâmica pra produzir tijolo, cimento, pra vender na loja, e assim sucessivamente. Naquele tempo, acho que a terceirização não existia. Todo mundo tinha que fazer tudo. E meu pai também era mais ou menos assim. Ele tinha que fazer tudo. Já que tem que fazer o asfalto na rua, vamos desenvolver uma pedreira pra não precisar comprar pedra. E assim foi. Esse era o espírito empreendedor que eles tinham e eu não tenho. Tanto o Hotel Opala como o Barão, sempre foram hotéis econômicos. Eles atendiam principalmente pessoas que vinham a trabalho. Nunca, nenhum dos dois hotéis foi turístico. Hotéis econômicos. Sempre foi esse o perfil deles. E é até hoje. Geralmente, as pessoas que vinham à Campinas a trabalho ou, eventualmente, a uma feira, algum evento, mas, geralmente, a trabalho. Ou pra se especializar ou a negócios. Fazer cursos nas indústrias campineiras. Mas é um pessoal que vem a trabalho. Eu acho que sempre foi esse o perfil do hotel. A vocação do hotel sempre foi essa, pra esse tipo de público, desde o começo. FUNCIONÁRIOS Logo no começo, o número de funcionários era muito grande porque não havia terceirização. A lavanderia e a cozinha eram próprias. Uma série de serviços que são terceirizados era feitos no próprio hotel. O número de funcionários era muito grande. Os dois hotéis juntos teriam, mais ou menos, na época do início, em torno de 60, 70 funcionários. Hoje está em torno de 30 funcionários. Uma redução de quase 50% em função da terceirização, modernização de algumas atividades. Se bem que o número de funcionários depende muito do nível do hotel, da categoria do hotel. O número de funcionários está muito relacionado com o nível: se é econômico, tem um número de funcionários menor; um hotel de luxo, tem um número de funcionários maior. Mas a redução que teve nesse período foi em conseqüência da terceirização de alguns serviços. SERVIÇOS HOTELEIROS Em Campinas estabeleceram-se redes hoteleiras. Vieram muitos hotéis. Aumentou muito o número de leitos, uma proporção muito grande. Então, eu acredito que Campinas está muito bem servida de leitos. Eu acho que tem mais leito do que capacidade de hóspedes para ocupá-los, de absorver, com as redes grandes que vieram. Nosso hotel é pequeno, familiar, não está envolvido com nenhuma grande rede, mas a vinda dessas redes diminuiu muito a procura nos hotéis que já estavam estabelecidos na cidade. Com isso houve até a redução de número de leitos. Desativação de determinado número de leitos disponíveis. Redução de algum tipo de serviço, enfim, uma adaptação pra cumprir a nova exigência da demanda que estava chegando. No nosso caso particular, houve só uma redução. Nós tínhamos algumas alas que nós transformamos de leito pra alguma coisa. Existia uma demanda muito grande por convenção, reuniões. Não bem convenções, porque o nosso hotel é econômico, não comportaria uma grande convenção, mas pequenas reuniões de grupos, etc. Então, criamos vários espaços pra atender a essa necessidade, que realmente existe. Campinas carece de um grande centro de convenção. Todos os hotéis reclamam dessa falta. Muitos negócios poderiam ser feitos aqui em Campinas se tivéssemos um centro de convenção. MUDANÇAS A necessidade de modernização, de transformação pra atender o cliente é crescente. Hoje, por exemplo, o cliente não gosta mais do carpete no quarto de hotel. Ele prefere um carpete de madeira. Então é uma adaptação que você tem que fazer, você tem que entender o seu cliente. Ele não quer mais uma cama comum, ele quer uma cama box. Mesmo sendo hotel econômico. Então o hospede é cada vez mais exigente e você tem que fazer adaptações para atendê-lo. Na medida do possível, você em que ir fazendo. Estamos sempre modernizando, sempre deixando o hotel com uma aparência moderna. Equipamentos, também, estão sendo sempre renovados. Em 40 anos o hotel já passou por tudo. Atualmente, nós estamos passando uma fase de terceirização. Nosso restaurante é terceirizado. O nosso café da manhã é próprio, mas o nosso restaurante é terceirizado. É uma fase, não sei se melhor, se pior. Mas nós já vivemos todas as fases. Quanto a cozinha do restaurante do hotel, acho que não difere muito da cozinha de um restaurante comum. Depende do que vai ser servido, se o hotel tem uma estrutura de serviço à la carte, a quantidade de funcionários tem que ser muito maior, o trabalho é maior. Se bem que, geralmente, os hotéis hoje têm serviço de buffet, o que facilita um pouco o preparo, enfim, a rotina da cozinha. Mas é uma outra empresa anexa ao hotel. Com as suas particularidades. Eu percebo que há muitos hotéis na cidade que tem seus serviços de restaurante terceirizados. Outros mantêm, outros até fazem do seu restaurante o ponto principal de seu hotel. O ponto fundamental de seu hotel. SERVIÇOS Acho que é o que tem de melhor nos nossos hotéis é o café da manhã. Nós caprichamos muito. Porque nós percebemos que os hóspedes gostam muito de um bom café da manhã. A maioria dos hóspedes. Tem hóspede que nem liga muito, mas a grande maioria gosta, é prazeroso. Às vezes, o hóspede não gosta muito de uma acomodação, reclama de uma coisinha aqui, de uma coisinha ali, mas se ele tem um bom café da manhã, ele até releva as outras pequenas coisas que pode ter desagradado e ele fica satisfeito. Então, realmente, nós caprichamos no café da manhã. Pela categoria do nosso hotel, ser um hotel econômico, o café da manhã é bem razoável. CLIENTES Existe fidelidade dos clientes, sem dúvida. Eu estou falando de uma maneira um pouco genérica, mas existe esse público um pouco diferente no Hotel Avenida, do Hotel Barão. Existe um pouco de diferença. O público do Hotel Barão é mais composto de professores, de juristas. Porque ali tem uma proximidade geográfica com o fórum e acesso a alguma universidade. No nosso vem o pessoal mais ligado a indústrias. O pessoal que dá cursos em indústrias e especialização. Então o perfil de um pra outro é um pouquinho diferente. Os dois trabalham, mais ou menos, na mesma categoria. Econômica. Agora, a fidelidade é impressionante. Outro dia aconteceu um fato interessante. Um casal se hospedou, quis um determinado apartamento. Eles estavam comemorando 35 anos de casado e passaram a lua de mel lá no hotel. Então, eles foram lá, na mesma sacada. Eles não esqueceram. Não esqueceram o hotel e voltaram depois de 35 anos. O usuário de hotel é muito fiel mesmo. Se agrada, ele volta. Ele sempre se hospeda ali, tem um relacionamento com os funcionários. Já conhece o funcionário. O funcionário já sabe o apartamento que ele gosta. As características, o que ele gosta de ter no frigobar, etc. Então a fidelização do negócio é muito importante. Eu aprendi isso. FUNCIONÁRIOS As pessoas que trabalham na recepção ou na parte administrativa, geralmente, são pessoas que tem uma formação técnica e superior. O pessoal que trabalha como camareira, garçom, são pessoas também com formação técnica. Todos procuram fazer cursos de especialização na sua área. O sonho de toda camareira é um dia ser governanta do hotel. Então existem vários cursos pra isso, várias instituições promovem. Eles estão sempre fazendo, tentando se especializar pra melhorar. Quando melhoram, vão para um hotel de categoria melhor. FORMAS DE PAGAMENTO Eu acho que não houve muita mudança nas formas de pagamento. Acho que como todo o comércio, o cartão de crédito predomina para o hóspede não institucional. As empresas geralmente têm um sistema de faturamento, faturam direto. Antes tinha muito pagamento em dinheiro e cheque, agora o cartão está predominando. Nós não temos muito problema de inadimplência. As empresas, quando vão mandar algum funcionário se hospedar no hotel, são previamente cadastradas, contatadas com antecedência. Agora com o hóspede passante, como costumamos falar, de vez em quando acontece, mas não é uma coisa muito importante. PROPAGANDA No início, não havia necessidade nem de fazer publicidade. A demanda por hóspedes era tão grande que não havia necessidade. Depois, mais tarde, com concorrência e tudo... Eu acho que já foram feitas várias formas de publicidade. Faz um tipo, não tem o retorno esperado, muda pra outro tipo, etc., mas eu acho que nessa área, tudo o que era possível fazer dentro das possibilidades, foi feito. Hoje se faz muita mala direta via internet, via e-mail. Isso tem tido um resultado muito grande. Qualquer promoção que se faça dispara pras malas via internet. Está se investindo muito nisso porque é uma propaganda relativamente barata. Fazemos também publicações em alguns jornais, revistas. Não se pode fazer propaganda aqui na cidade porque o nosso público é de fora. Mas o grosso da propaganda hoje é por via eletrônica. PROMOÇÕES O hotel, pela própria característica, tem uma ocupação muito grande durante a semana e uma baixa ocupação no fim de semana, por causa do nosso público. Então, no final de semana, você tem que tentar fazer alguma promoção pra ter mais hóspedes. O preço do hotel cai no fim de semana porque você está com uma ocupação menor. Mas não é uma coisa só nossa. Todos os hotéis que têm essa característica fazem isso. É lógico que hotel turístico é ao contrário. Ele dá promoção durante a semana, não no final de semana quando ele vai estar lotado. Hotel tem sazonalidade também. Por exemplo, esse mês de setembro é um mês bom pra hotelaria, de uma maneira geral, por causa de uma feira que está tendo numa cidade vizinha aqui, na cidade de Holambra, a Expoflora. O fluxo de pessoas pra essa feira é muito grande, então todos os hotéis têm seus finais de semana com uma boa taxa de ocupação. Gostaríamos que a cidade tivesse mais eventos. Existem alguns congressos, mas voltando àquele assunto, Campinas carece de um grande centro de convenções, de trazer grandes feiras pra cidade. Isso seria fundamental para o desenvolvimento da cidade. Não só para o setor hoteleiro como para o turístico, o comercial, etc. DESAFIOS No comércio há concorrentes e você tem que ir atrás. Se não você sai fora. Tem que correr atrás de tudo. Eu acho bem mais difícil ser comerciante do que ser médico. Essa é uma empresa da minha família, que foi fundada pelo meu pai, tem 57 anos e está em atividade. As empresas nascem, crescem e morrem, como tudo. Eu acho que o desafio é não permitir que ela morra, permitir que ela continue. É um desafio, uma luta constante. As coisas mudam, a realidade muda, existem fases. Por exemplo, no ramo da construção, tem um período que se constrói muito, então existe uma facilidade pra você trabalhar, você trabalha com preço adequado, tem lucro satisfatório. Outra fase não. Você tem que fazer uma matemática toda pra manter a sua empresa, não desativar nesses períodos que não tem serviço. É um desafio constante. CONSTUÇÃO CIVIL Quando existe crédito pra construção, todo mundo começa a construir, existe investimento. O problema é sempre investimento. Quando tem dinheiro envolvido na construção, sobra pra todo mundo que está envolvido. Eu acho que isso depende de vários fatores. Eu não sou economista, eu não entendo muito disso, mas eu sinto quando está ruim ou está bom. E o que se tem que fazer quando está ruim e quando está bom. SEGREDOS DO COMÉRCIO Eu acho que o fundamental é se dedicar. Se dedicar, buscar estar sempre melhorando, estar sempre agradando, dando boas condições para os seus clientes, para os seus hóspedes. Eu acho que o segredo de manter tanto tempo um hotel é trabalhar, renovar, melhorar, mudar, persistir e trabalhar. Acho que não tem sucesso sem muito trabalho, esforço e dedicação ao negócio. COMÉRCIO DE CAMPINAS Campinas cresceu bastante nesses últimos 20 anos, 30. Mudou muito. É completamente diferente do que era há 30 anos atrás. E com a criação da Região Metropolitana, mais ainda. Existe mais gente passando, vivendo e comercializando em Campinas com a criação da Região Metropolitana. Parece que existe uma integração melhor. As feiras, os negócios, a facilidade de deslocamento das pessoas entre as cidades da região, o transporte metropolitano que melhora também. Eu acho que o comércio é favorecido com a Região Metropolitana, sem dúvida. FUTURO Espero que os hotéis continuem e que possam ampliar. Reativar áreas que estavam paradas. A minha perspectiva é de crescer, de ampliar. A perspectiva de aumento que eu tenho é por causa da rodoviária. Essa área que eu desativei tem uns 60 leitos. Se, realmente, a rodoviária vier pra cá, como parece que vai, talvez eu faça uma adequação naquela área pra receber esse tipo de público. Porque também é um público diferente do meu hotel. O meu é econômico, mas nesse eu faria uma coisa mais econômica ainda. Super econômica, vamos dizer assim, sem café da manhã, uma coisa bem justa, uma outra esfera. Em ampliação, nós não estamos pensando, porque a quantidade de hotéis que se instalou na cidade, nos últimos anos, foi muito grande e eu acho que a demanda não aumentou na mesma proporção. Em particular, um dos nossos hotéis, fica muito próximo da nova rodoviária. E nós estamos com uma área desativada lá. Talvez com a chegada da nossa rodoviária possamos reativar essa área. Nós não temos nenhuma perspectiva de construir novos hotéis na cidade porque eu acho que a cidade não está necessitando de novos leitos. Principalmente, no tipo de hotel que nós temos. Talvez no futuro. HOTÉIS O Hotel Opala Avenida não foi feito pra ser um hotel. Era um prédio pra quitinetes que foi adaptado pra hotel. Isso trouxe alguma vantagem porque os quartos são amplos, muito arejados, todos eles com sacada. E é uma construção no estilo moderno. Começou a ser construído no final da década de 50 e começou a funcionar como hotel no ano de 1967. Depois ele foi ampliado e todas as ampliações acabaram sendo desativadas. Então ele continua com aquela estrutura, com amplos apartamentos, desde aquela época. 40 anos Nós estamos em 2007, desde 67 que ele funciona assim. O Opala Barão foi adaptado pra hotel em 1974. De lá para cá ele vem funcionando assim. Os apartamentos têm tamanhos variados, dependendo do número de hóspedes que eles vão receber e têm suas características próprias. Os dois hotéis tem, mais ou menos, as mesmas características, vamos dizer assim. Eles trabalham juntos, então tem as mesmas diárias. AEROPORTO DE VIRACOPOS A importância do Aeroporto de Viracopos como um aeroporto internacional, não é só para os hotéis. Seria muito importante pra cidade de Campinas. É uma luta que várias pessoas travam pra trazer de volta o aeroporto pra cá. Eu lembro quando o Aeroporto de Viracopos era aeroporto internacional. Não existia Cumbica e Viracopos era muito importante pra cidade. Para os hotéis, a vinda do aeroporto também seria fundamental. Não só pelo aumento de fluxo de passageiros, mas como pessoas que seriam deslocadas pra trabalhar no aeroporto. Enfim, seria bom pra cidade toda e para o ramo hoteleiro também. Acredito que todos os hoteleiros da cidade vêem com muito bons olhos essa tendência que está havendo novamente de reativação, de ampliação do aeroporto. RODOVIÁRIA Com relação à rodoviária, ela é, particularmente, importante para o Hotel Opala Avenida, por causa da sua localização. Estaria muito próximo dessa rodoviária e, pelo projeto original, a rodoviária integraria um trem metropolitano que cobriria todas as cidades da região de Campinas, pelo menos desse eixo. E talvez um terminal direto com Viracopos aqui para o centro da cidade. Fala-se também da integração do trem, direto da cidade de Campinas pra São Paulo, integrando o aeroporto de Viracopos com Congonhas e Cumbica. Então, se todo esse projeto realmente se estabelecer vai ser uma coisa muito importante para o comércio de Campinas. A rodoviária, particularmente, pra mim, porque eu estou estrategicamente muito bem colocado, próximo da nova rodoviária. A nova rodoviária vai fazer parte desse complexo que existe que é a estação ferroviária. É nessa região aqui, na região onde era o pátio ferroviário. Campinas tinha três empresas de trem e tinha um pátio muito grande nessa região. A rodoviária vai ser localizada ali, bem próxima do Sesc. Acho que é só atravessar uma ou duas ruas e nós estamos próximos da nova rodoviária. LIÇÕES DO COMÉRCIO O comércio é uma atividade difícil. Quem não está envolvido diretamente acha que é muito fácil: “Ah, eu vou montar um negócio, vou fazer isso.” Não é bem assim. É uma coisa que demanda muito sacrifício, empenho, trabalho e dedicação. Eu acho que esse é o conselho pra quem quer entrar no comércio. MEMÓRIAS DO COMÉRCIO DE CAMPINAS Eu acho que esse projeto é muito importante. Eu acho que a gente precisa ter memória, as cidades precisam ter memória. Eu fui um pouco pego de surpresa, porque eu não sou um comerciante nato, eu não me dediquei a isso sempre. Não é a minha atividade principal. Mas eu acho muito bonito resgatar. Só quem conhece a história passada pode propor uma coisa nova, importante para o futuro. Então a preservação dessa memória, das coisas, das transformações que ocorreram na cidade, acho uma coisa muito interessante. Eu tive oportunidade de agora conhecer os outros trabalhos envolvidos, em outras cidades, achei muito bonito, achei muito interessante. Fundamental.
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