P - Bom, a gente vai começar a nossa entrevista e vou pedir pra você falar de novo seu nome completo, o local e a data de nascimento. R - É Francisco Nilton Cisne Vasconcelos, eu nasci em Santana do Acaraú, Ceará, dia 18 de junho de 47. P - E, Francisco, qual era o nome dos seus pais ...Continuar leitura
P -
Bom, a gente vai começar a nossa entrevista e vou pedir pra você falar de novo seu nome completo, o local e a data de nascimento.
R - É Francisco Nilton Cisne Vasconcelos, eu nasci em Santana do Acaraú, Ceará, dia 18 de junho de 47.
P -
E, Francisco, qual era o nome dos seus pais e a atividade profissional deles?
R - É, o meu pai é João Adeodato de Vasconcelos, ele foi uma pessoa autodidata, apesar de ter só o 2º ano primário, mas foi juiz de paz, foi interventor, foi prefeito, delegado e era, assim, ele tinha um orgulho muito grande por ter sido nomeado pessoalmente por Getúlio Vargas e ele fazia um papel de representante também do Banco do Brasil no interior. A minha mãe era Maria da Conceição Lima Vasconcelos, todos os dois já falecidos e recentemente, em 94, houve uma comemoração na cidade de Natal em homenagem ao meu pai, aos 100 anos dele e nós ficamos, assim, toda a família foi reunida lá em Santana do Acaraú. Eu saí já muito cedo de lá, eu saí com 5 anos de idade, que eu fui acometido de paralisia infantil e meu pai sempre preocupado em que eu obtivesse um tratamento, que eu quase não andava, então a gente trocou um centro mais desenvolvido para poder obter tratamento.
P -
E aí você mudou para onde?
R - Eu fui, primeiramente para Fortaleza, depois para Recife, e, em 60 eu fui para o Rio, a ABBR eu era repórter da Manchete e me levou para lá, mas naquela época estava tudo vindo para Brasília, então eu vim pra cá também em 20 de junho de 60. E fiquei no Hospital Sara Kubistchek, foi inaugurado logo depois, era só um bloco pequeno ali na W3 e eu fiz 3 cirurgias no Hospital Distrital, hoje Hospital de Base que fica em Brasília, passei 1 ano e 8 meses internado e graças à Deus melhorou muito o meu problema físico.
P -
Eu queria que você falasse um pouco da sua infância, das brincadeiras, dos colegas...
R - Eu tive uma infância, assim, muito feliz, sabe, meus pais muito religiosos e como eu tinha esse problema físico eu fui, assim, muito cuidado, muito paparicado e tudo. Eu sou, meus pais tiveram 14 filhos mas quando eu nasci, logo depois morreram 2 irmãos, no mesmo dia, uma menina de 5 anos e um recém nascido que estava com 40 dias e ficamos reduzidos a 7, outros já haviam morrido, ficamos reduzidos a 7. E, logo, no início, meu pai, apesar de ser um homem que tinha pouca cultura, mas tinha muita preocupação em mandar os filhos para a capital para estudar e vieram 3 irmãos para Recife. Ficaram num seminário em Apipucos, os padres salesianos até se formar. Um deles formou-se em Direito e Odontologia e Administração, teve 3 cursos, o outro é jornalista, advogado também e, o outro formou-se em Teatro e mais 3 irmãs, uma é médica, a outra dentista e a outra professora de matemática. E eu parti para o Banco do Brasil, na época, eu já havia trabalhado no Correio Brasiliense como revisor, fui pra Recife trabalhar no Jornal do Comércio também como revisor num período muito curto e fui para o Banco Financial, hoje extinto, depois passei pelo Banco Lar Brasileiro, Banco Comercial do Nordeste que foi encampado pelo Auxiliar de São Paulo, pelo Banco Comercial e Indústria de Pernambuco que era o Bancip, aonde eu conheci o diretor José Aristóteles Pereira que foi quem me trouxe para Brasília de volta e passei no concurso do Banco em 72, na agência de Caruaru por insistência do meu irmão mais velho porque eu fiz a inscrição e não sabia nem o dia da prova. Então ele me chamou no dia, eu estava namorando no portão, a minha atual esposa, e ele disse assim, ó: “A prova é amanhã, tá preparado?” eu disse: “estou”. E graças a Deus passei, tomei posse em Santa Cruz do Capibaribe, passei 3 anos, tomei posse no Banco no dia 10,
9 de outubro de 72. Fui caixa executivo, fiz o curso de caixa aqui
em Brasília, 45º Caex na época, e vim para cá para a gerência do nordeste, chamava Genor, sabe, vim como auxiliar, depois passei a secretário e assistente técnico. Com a extinção da Genor eu fui à equipe que foi instalar a Superintendência de Pernambuco, depois retornei para D.I.PA. – C.I.P.A.N – Diretoria de Planejamento, também com o Doutor Aristóteles que era o diretor.
P -
O que significava ingressar no Banco do Brasil naquela época?
R - Naquela época o Banco do Brasil você tinha, assim, um pai, tinha sempre a esperança que um filho ou fosse médico ou funcionário do Banco do Brasil ou padre. (risos). Eram as 3 opções que davam orgulho a qualquer pai, embora, na época, eu não tivesse a dimensão da importância que era ser funcionário do Banco do Brasil. Só quando eu tomei posse, estava na agência que eu comecei a perceber a importância. Qualquer cidade que você chegasse do interior você era uma pessoa importante, embora você não fosse o gerente. O gerente, então, era quem decidia os destinos do município, era ele o gerente do Banco do Brasil, o padre, o prefeito e o juiz, ali estava resumida toda a autoridade do município. Mas a gente era tratado, assim, com muito carinho, principalmente os pecuaristas, os agricultores, eles nos tratavam com um carinho fora de série e a gente se sentia realmente importante, valorizado, você em qualquer lugar que chegasse para comprar crédito era uma coisa, assim, fora de série. Eu me lembro quando eu cheguei em Brasília, em 12 de abril de 76, chegaram no gabinete da Genor pelo menos uns 8 vendedores para fazer o enxoval do apartamento: é televisão, geladeira, máquina de lavar, tudo; e eles faziam nas melhores facilidades só porque era funcionário do Banco do Brasil. Você chegando, eles, então era muito gratificante. Uma das coisas que hoje já não é mais assim, mas o Banco do Brasil naquela época, eu fazia na época faculdade de Economia, mas o Banco não dava tanta importância que você fosse formado, ele queria realmente um bancário, você não tinha a oportunidade realmente de cursar como hoje o Banco tanto incentiva com paga uma parte, na minha época não era assim, você se formava pelo seu esforço, então eu, como tive um período quase de 8 anos viajando pelo Banco, isso aí eu deixei de estudar, agora em dezembro foi que eu me formei em Direito, juntamente com meu filho mais novo. Quando eu me aposentei nós fomos para João Pessoa, meu sogro estava muito doente e minha esposa queria acompanhar.E nós fomos para lá, quando chegou lá, ele resolveu fazer, ele já tinha feito aqui, inclusive já estava cursando o primeiro semestre de Direito e não aproveitou. Aí ele disse: “Eu vou fazer vestibular novamente.”, “Eu vou fazer com você.”, nós nos formamos agora em dezembro.
P -
Você pretende exercer?
R - Olha, se eu voltar para cá como estou pretendendo voltar eu vou exercer, mas lá não. Lá eu não pretendo continuar, aí vou fazer um curso de especialização agora em Direito de Família e Direito do Trabalho e pretendo mais, assim, ficar ligado a uma entidade da Igreja pra prestar assessoria a pessoas carentes, minha aposentadoria hoje já dá pra eu ficar tranqüilo, sem esquentar muito a cabeça.
P -
Vamos retomar um pouco, Cisne? Eu queria assim, a primeira vez que você veio para Brasília, que foi em 1960, eu queria que você descrevesse como era a cidade dessa época.
R - Na época, a cidade era, assim, tudo muito improvisado, tanto é que como eu vim com meu irmão, só nós dois de ônibus, então quando a gente chegava na cidade, existia um grupo que era chamado G.T.B – Grupo de Trabalho de Brasília, então, a primeira preocupação deles era saber onde você ia ficar, mas sempre lhe arranjavam uma moradia, um alojamento e tal. Como meu irmão vinha definitivamente e ele vinha também pelo IAPB, na época que era o instituto dos bancários, ele vinha fazendo cobertura para o IAPB, então eles arranjaram um apartamento num conjunto que era chamado J.K, era carinhosamente, o pessoal chamava “Favela Colorida” que eram as 400 da Asa Sul e que cada janela era de uma cor, então todo mundo chamava “Favela Colorida”, mas era agradável, era gostoso. E em cada lugar que você chegava, um órgão do governo tinha restaurante que o livre para você almoçar, tomar café, jantar, então era assim uma grande família, até que se alojassem, então eu fazia muita refeição no IAPFESP que era na 104 o restaurante do IAPFESP, ou então na 106 que era, assim, o principal restaurante para trabalhadores, então era maravilhoso, era uma época fora de série. Só tinha um inconveniente muito grande de a poeira, a poeira barro, muito vermelho, então você colocava uma camisa de manhã e logo em seguida tinha que tirar porque estava marrom mesmo, mas Brasília é uma cidade que eu gosto demais. Ao todo passei 35 anos aqui.
P -
Vamos dar uma paradinha para mudar o microfone?
R - Pois não.
(PAUSA)
P -
E nessa época que você veio pela primeira vez, Cisne, o hospital Sara Kubistchek já era uma referência, assim?
R - Não, não, ele era apenas um... Como a gente está vendo hoje na minissérie J.K, a filha do presidente tinha um problema de coluna, então, é, em função disso aí, a Dona Sara criou as Pioneiras Sociais, que era justamente o atendimento a parte ortopédica para dar toda assistência. E, na época, veio para cá o doutor Campos da Paz que hoje é a grande figura da ortopedia. O pai dele é quem eu fiz a primeira consulta no Rio, na ABBR do Rio, mas como ele tinha vindo pra cá e à época o pai estava doente e eu vim para cá. O meu irmão fez o esforço de vir acompanhando ele justamente por causa do meu problema das pernas, sabe? Eu tinha o pé completamente virado e só andava, assim, escorado numa parede, ou então com uma pessoa. Esse foi o esforço que ele fez por mim e proporcionou eu conhecer Brasília
P -
Como é que era a cidade?
R - A cidade era mais concentrada na Asa Sul. A Asa Norte praticamente não tinha quase nada. Só aqui, acolá, um prédio, mas era muito gostoso. Tinha o Cine Brasília que era o principal, tinha um filme todo dia e era lotado, inclusive, assim, com aquele improviso, com andaimes, e a gente assistia aquele filme, sabe, quase de graça, era uma maneira. Tinha muito pouca mulher aqui, era um deus nos acuda, então quando via uma mulher os peões de construção ficavam doidos, assoviavam, gritavam, mas era uma cidade muito gostosa. Brasília não tinha carnaval, carnaval aqui era uma sexta-feira santa, podia andava para todo canto aí que você não via nada. Mas sempre a gente estava, assim, acompanhando os acontecimentos. Era uma cidade tão boa, que na posse do Jânio Quadros, na transmissão, a gente assistiu assim de perto, sem segurança, sem nada e Juscelino transmitindo o cargo sem a menor cerimônia, sem nada, então era muito gostoso, hoje eu passei 6 anos, agora, sem vir à Brasília estou abismado com o crescimento de Brasília. A área periférica de Brasília eu nunca vi em 6 anos como é que desenvolve tanto.
P -
Cisne, você voltou em 76 já pelo Banco do Brasil?
R - Pelo Banco do Brasil, pela Genor.
P -
E o que é que te trouxe de volta, assim, para Brasília?
R - Não, eu sempre tive vontade de voltar, não é? Em 74 eu vim fazer o curso de caixa, e por coincidência, eu trabalhava antes de entrar no banco eu trabalhava no Bancip com o doutor José Aristófeles, foi diretor do Banco, diretor da Dinor que era a diretoria do nordeste e depois foi diretor de planejamento. E nós trabalhamos no Bancip, eu era chefe de análise de crédito no Bancip e quando eu passei no concurso do Banco, eu tinha um ordenado bem superior ao que ia ganhar no Banco, aí, eu fui conversar com ele, como ele era, além de amigo, era funcionário do Banco do Brasil, aí eu fui me aconselhar com ele: “Dr. Aristófeles, eu passei no Banco do Brasil, to nessa... fui nomeado para tomar posse em Santa Cruz de Capibaribe e eu gostaria de uma opinião sua como se eu fosse seu filho, não é?”. Eu me lembro que na época eu ganhava 3.500 cruzeiros e o banco era 804, e eu já casado, não tinha filho ainda e fiquei naquela dúvida, vou, não vou, tal, e ele disse: “Olha, você vai para lá, se você não gostar, até um ano eu garanto seu emprego, então você pode ir sem susto.”, mas com 6 meses nós nos encontramos e ele disse: “Olha, pode ocupar a vaga que eu não volto mais.”, então em 74 eu vim fazer o Caex e coincidentemente no período que eu estava aqui houve a mudança de diretoria e ele foi nomeado diretor, e era ali no Edifício Sede 1 onde ficava a diretoria, a presidência e o próprio Desed, funcionava tudo num prédio só. O Desed ficava no sétimo andar e a diretoria dele era no 12º e eu fui lá cumprimentá-lo. Foi quando nós começamos a conversar e ele disse: “Eu vou lhe trazer pra cá.”. Na época eu era, a gente chamava referência 050, que era o precário. Tinha que passar 2 anos no Banco para saber se ia ficar, e eu disse pra ele: “Doutor Aristófeles, eu ainda sou auxiliar 050.”, daí ele disse: “Não, você passa tranqüilo, no dia que passar, me liga que eu lhe trago.” Então aí, graças a Deus eu passei no primeiro concurso e em 76 eu tomei posse na Genor que era a gerência do nordeste ligado à diretoria da equipe.
P -
Já aqui em Brasília?
R - Já aqui em Brasília. Depois, sempre que eu voltei para o nordeste, eu voltei em 66, passei praticamente 10 anos em Recife, mas eu sempre com vontade de voltar para Brasília. Quem bebe da água daqui não se afasta, sabe? (risos)
P -
E dessa época, bom, nessa época ainda não tinha idéia da Fundação.
R - Não, não.
P -
O senhor se lembra qual foi a primeira vez que o senhor começou a ouvir a palavra “Fundação Banco do Brasil”?
R - Olha, o Banco do Brasil, sempre preocupado com essa questão social, ele criou inicialmente o FIPEC e o FUNDEC foi um fundo que dava visibilidade à imagem do Banco mas estava mais ligado para áreas científicas para pesquisas, tal, e o presidente Oswaldo Colimpo ficava muito preocupado com a área social, o que é que o Banco poderia fazer e resolveu criar o FUNDEC. Inicialmente foi um grupo de trabalho diretamente ligado ao gabinete da presidência, na época o chefe de gabinete era Carneiro Dulf, Dulf Carneiro, aliás, e nós ficamos nesse grupo, eu fui convidado por um amigo, Paulo Iran Resende, tinha o César Manoel que foi o coordenador geral, Paulo Iran me convidou, eu trabalhava nessa época na Diretoria de Crédito Industrial, era assessor da diretoria. Então nós ficamos nesse grupo idealizando o FUNDEC, passamos praticamente 1 ano, 1 ano e meio mais ou menos. Começamos a implantar o programa em várias comunidades, a primeira que eu fui implantar foi Serra Negra do Norte, que eu tinha assim um carinho como se fosse minha filha, sabe? E, eu fiquei depois, eu fiquei responsável por uma parte de alguns estados do Nordeste, Piauí, Ceará, Piauí, Rio Grande do Norte, Alagoas e Paraíba, essa parte do FUNDEC que era com um outro colega, era nós dois quem éramos responsáveis por essa área. Mas o FUNDEC foi crescendo e já ficava, assim, um pouco destoante da própria função do Banco porque nós éramos funcionários da COTEC, ligados à presidência e ficávamos, tanto o FIPEC quanto o FUNDEC, todos os dois ligados a COTEC. Era bom porque quando a gente chegava numa agência dava um status bom, o pessoal atendia tudo, sem, mas a Fundação queria, aliás, o Banco queria algo mais que envolvesse outras áreas tudo, embora o FUNDEC fosse, assim, um programa completo, ele dava toda a infra-estrutura a um município de 500 a 5.000 habitantes, mas o Banco ainda queria um atendimento a outras entidades e tal, então surgiu a idéia da Fundação, mas isolado dos dois programas num primeiro momento. Então foram criados um programa de educação, área de educação, de saúde, de assistência social. O primeiro embrião da Fundação que foi conduzido por Walter Piedade Denser, sabe, então, foi se resumindo a essas áreas em projetos individuais: atendia um hospital, equipava, só a parte de investimento, custeio a gente não conseguia. E aí, começou a idéia de juntar o FIPEC e o FUNDEC à Fundação, passar porque aí o Banco já aportava recursos da reserva tanto para o FUNDEC quanto para o FIPEC e mais para a Fundação, então resolveu juntar tudo pra usar os incentivos fiscais, a Fundação captando tudo.
P -
Deixa eu te perguntar uma coisa, quais que eram as ações da FUNDEC especificamente nos municípios?
R - As ações do FUNDEC, o objetivo maior era criar com a Associação de Desenvolvimento Comunitário, fazer um diagnóstico de todo o município ou da localidade que fosse, não necessariamente não precisava ser um município, podia ser um distrito, uma vila desde que tivesse entre 500 e 5.000 habitantes. Então se fazia um diagnóstico, com esse diagnóstico ia envolver toda a atividade da comunidade, tudo o que eles faziam: agricultura, quais as necessidades deles, a infra-estrutura, o que é que estava entravando a comercialização, não é, a parte social, como é que eles se divertiam, o lazer, o esporte. Então era feito esse primeiro diagnóstico e a comunidade elegia quais os projetos que ela queriam desenvolver, sempre com a orientação da Fundação, uma pessoa da Fundação que era responsável ia, num primeiro momento, esclarecer para as pessoas o que constituía o programa, quais as vantagens e o funcionário da agência acompanhava todo o trabalho: a elaboração dos projetos, nós tínhamos sempre a colaboração da Emater e de qualquer outro órgão que fosse necessário, qualquer outro órgão ou do Estado ou Federal, a gente sempre se valia desses órgãos para a elaboração dos projetos, por exemplo, se tivesse construindo uma barragem, então a gente se valia do DENOCS, na época, Departamento Nacional de Obras Contra a Seca, eles elaboravam o projeto e a gente financiava, então era sempre nessa. Se a gente precisasse perfurar um poço artesiano, era feito todo o estudo do solo pra ver se era viável a perfuração. Então a gente tinha muita integração com órgãos oficiais que ajudavam o Banco do Brasil e a própria comunidade. A prefeitura era, obrigatoriamente um parceiro, porque a gente estava trabalhando na casa deles, tinha que...(risos) ter o dono da casa como parceiro, e a gente financiava, dependendo, a Fundação financiava, dependendo do projeto, máquinas agrícolas, tratores, colheitadeiras, sistemas de dessalinização de água, escolas, hospitais, toda a infra-estrutura, mercado, matadouro. Nós tivemos um projeto em Alagoas que a necessidade maior da comunidade era fazer um aterro de lagoas que ficavam infectadas, então a gente fez toda a pavimentação da área e construímos uma praça no local e um centro comunitário, para eles foi, a maior necessidade que eles tinham era isso, que inclusive tinham um problema de doença, de alergia, de mosquito, e cada localidade tinha a sua característica. E o FUNDEC era um programa fora de série, assim, tinha muito. Nós tivemos no FUNDEC, estados que se destacaram, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, porque, no Nordeste nós tivemos o Piauí que se destacou bastante da própria Paraíba e na Paraíba tinha um colega nosso que era chamado de “Chico FUNDEC”, ele hoje, José Francisco de Oliveira, ele vivia pro FUNDEC dia e noite. Ele implantou em Sergipe o FUNDEC em todos os municípios, aí ele foi para a Paraíba e implantou em todos os municípios da Paraíba, ele vivia pro FUNDEC.
P - Cisne, quais eram os critérios de escolha dos municípios pra participar do FUNDEC?
R - Olha, nós, no primeiro momento, nós fizemos um cadastro de divulgação através da imprensa pra que os municípios, as comunidades se cadastrassem junto às agências e mandassem esse cadastro pra nós, só que num primeiro momento, nós esperávamos que tivesse, assim, uma aceitação que desse pra gente fazer uma escolha razoável, só que o número foi muito grande. No primeiro momento que nós distribuímos esse cadastro, tivemos 10.000 comunidades cadastradas. A falta de experiência nossa com as comunidades e...
P -
O microfone saiu de novo
R - Ok.
P -
Cisne, quais eram os critérios para a escolha dos municípios para entrar no FUNDEC?
R - No primeiro momento, nós, em busca de um critério de seleção, nós fizemos um cadastro para que as comunidades se habilitassem junto ao Banco, mas o volume foi muito grande, o volume em torno de 10.000 cadastros. E era um volume muito grande para nós que estávamos começando, então nós passamos a verificar nesse cadastro, quais aquelas comunidades que oferecia
um maior envolvimento, ou que a gente notasse que a prefeitura estava mais disposta a colaborar, o envolvimento da comunidade, se já existia alguma associação comunitária, uma cooperativa, então esses foram os primeiros critérios e nós criamos também uma fase intermediária para as comunidades. Aquelas 10.000 eram consideradas comunidades cadastradas e nós criamos as comunidades selecionadas, então, com o auxílio da agência e da própria superintendência que tinham um papel muito importante no FUNDEC, elas indicavam as agências, as comunidades que seriam trabalhadas inicialmente. Então, nós começamos a trabalhar com essas comunidades ditas “selecionadas” que eram um número reduzido e aquelas outras cadastradas ficavam a parte. Isso nada impedia que se a superintendência encontrasse uma comunidade que oferecesse melhores condições, dela ser, em seguida, selecionada, iniciado o trabalho. Aí nós deslocamos equipes para os Estados pra começar a implantar, então, em cada Estado procurou-se implantar um primeiro FUNDEC para servir de exemplo e até levar pessoas lá para verificar o trabalho, o envolvimento da comunidade. Isso aí foi feito, em cada estado, a gente distribuía as equipes pra ir implantando inicialmente o FUNDEC. Logo depois a coisa foi caminhando muito bem em alguns estados, nós tivemos problemas em outros que não alcançaram, e a própria falta de envolvimento da comunidade dificultou o nosso trabalho, mas nós plantamos em todo país, desde o Acre até o Rio Grande do Sul, nós...
P -
Cisne, trabalhou na concepção do FUNDEC?
R - Trabalhei.
P -
E trabalhou também no diagnóstico dessas comunidades.
R - Olha, no FUNDEC eu trabalhei em todas as fases, inclusive, quando foi desarticulada toda a equipe do FUNDEC, eu fiquei com móveis e utensílios e vim juntamente com os processos para a Fundação, em 86, em 28 de junho de 86 que eu vim oficialmente para a Fundação.
P -
E como que foi que você recebeu a notícia que a Fundação estava sendo criada, como que foi que você recebeu, assim...
R - Não, a Fundação já existia.
P -
Não, mas a desativação do FUNDEC.
R - Num primeiro momento a gente sentiu bastante, primeiro porque o pessoal saiu cada um pra uma área e eu fui ficando, fui ficando, então eu fui trabalhar com o Honório que o FUNDEC foi ficar, justamente na época era a divisão de crédito de operações e eu fiquei. Fui trabalhar com o Honório levando todo o FUNDEC e lá, nós fizemos a composição de uma nova equipe para conduzir o FUNDEC. Eu fiquei como coordenador e vieram mais 6 colegas para trabalhar comigo.
P -
Quem era, você lembra?
R - Jorge, José Jorge de Lima, Manuel... os outros eu não me lembro, assim...
P -
Não tem problema.
R - Nós tínhamos, é, um era datilógrafo, aí depois foram outros colegas que a gente continuou na Fundação, e aos poucos, além do FUNDEC, foram sendo agregados na minha coordenadoria outros programas e eu passei, então, a chefe de Divisão no lugar do Honório que ele passou a assumir o FIPEC, a divisão do FIPEC e eu fiquei com a parte de operações, então a minha área envolvia todos os outros programas da Fundação, mais o FUNDEC e o Honório ficava com a parte de Ciências e Tecnologia e Ciências e Tecnologia era toda com ele. Depois disso aí, teve aquela época do Lafaiete Coutinho, foi criado um grupo especial, o GEA. – Grupo Especial de Análise, eu fiquei chefiando esse grupo até a intervenção da Fundação pelo Ministério Público.
P -
Em 1992?
R - Exato, mas isso aí, eu gosto sempre de registrar o seguinte. A época da Faet, houve pela primeira vez a influência política na Fundação. Mas a influência da seguinte forma, era mais a direcionamento do projeto a uma pessoa que pedia, que solicitava, um padrinho que solicitava. Mas em todo o processo do Ministério Público, de tudo que foi fiscalizado pelo
TCU e nós tivemos aí auditoria do próprio Banco, não houve desvio de um centavo. O desvio, o que houve era realmente de se atender ao pedido de um deputado, ao pedido de um senador, mas não de desvirtuar o crédito, a finalidade do crédito. Isso aí, eu pessoalmente, eu preparei toda a documentação para o TCU, nós levamos para o diretor na época era o Maurício Teixeira da Costa, nós levamos era uns 49 volumes. Chegamos lá pra entregar na auditoria do Banco, chegamos com uns carrinhos empurrando. Não houve, tanto é que o TCU depois que eu saí, eu assumi depois do Maurício, eu assumi como diretor da Fundação, o TCU até hoje pelo menos não apontou qualquer irregularidade. No período anteriormente à Fundação, o dirigente máximo era Diretor Executivo que era Maurício Teixeira, como ele se aposentou prematuramente eu assumi num mandato tampão, presidente Calliari me nomeou até o Rabelo assumir, passei uns 4 meses. O Honório na época que era quem por direito deveria ser o diretor, ele aposentou-se e me deixou lá segurando o pincel, sabe? (risos)
P -
Bom, Cisne, vamos voltar um pouquinho, no período que você trabalhou com o FUNDEC, você lembra de algum projeto específico feito, realizado em alguma comunidade que te chamou atenção, tem algum momento marcante nesse período?
R - Olha, o FUNDEC em várias localidades nós tivemos projetos, assim, nós tínhamos, cada um dos assessores tinha sempre aquele projeto do peito, sabe, num estado, eu, o meu foi Serra Negra do Norte e depois uma grata surpresa foi o Gurguéia que era conduzido pelo padre, a comunidade era um assentamento em que ele obteve o financiamento, tinha toda a ligação com o Banco do Brasil. Primeiro ele obteve um financiamento do Banco do Brasil para comprar a terra e instalou com recursos também do Banco e recursos internacionais da Cáritas da Alemanha, instalou um núcleo rural, e nós, através do FUNDEC fomos lá para o núcleo rural do Gurguéia que hoje...
P -
Qual Estado?
R - Piauí. A impressão que a gente tinha do Piauí é que nada era bom, conheça o Piauí antes que ele se acabe, e tal. Mas foi uma surpresa muito grande porque o Vale do Gurguéia é semelhante ao Nilo. Eles têm uma enchente, fertiliza toda a margem eles plantam arroz irrigado, naturalmente pelo rio e a produção muito alta, eles têm também uma produção muito grande de mel, mel silvestre. Então esse padre já vinha, Padre Anchieta, Padre José Anchieta Cortez, ele já vinha nesse trabalho de total doação, aos outros e ele era uma espécie de padre, delegado, prefeito, sabe, separava briga de casal, fazia tudo. Tudo era com ele. Ele chegou inclusive a ser secretário de estado e depois prefeito porque virou município em função do auxílio do FUNDEC que deu toda a instrução, a infra-estrutura do município e faleceu quando estava tentando o segundo mandato. Então eu tinha um carinho muito grande com o núcleo rural do Gurguéia porque eu vi crescer, vi todo o desenvolvimento e ele foi atendido duas vezes pelo FUNDEC. Na primeira fase do FUNDEC e na segunda fase já na Fundação também com o Programa O Homem do Campo ele foi atendido. Tudo o que existia lá de infra-estrutura o município devia ao Banco. Já em 96, eu tive uma surpresa que o Rabelo era o diretor, e me chamou para uma viagem ao Piauí, nós fomos. Cheguei em Teresina, ele disse: “Olha, amanhã nós vamos no Gurguéia”, eu disse: “Tá certo.”, ele falou: “Vou lhe mostrar os projetos.”, me entusiasmei, falei: “Tá certo.”. Nós fomos, quando chegou lá era a inauguração de várias obras do segundo PDCI – Plano de Desenvolvimento Comunitário Integrado, e o ginásio de esportes lá estava o meu nome, “Cisnão”. (risos). Então foi, assim, uma surpresa muito grande, e eu tinha um carinho muito especial. Outra comunidade que eu tinha um carinho muito especial era Nova Roma do Sul no Rio Grande do Sul, tanto é que tinha um colega nosso que foi, assim, uma pessoa muito marcante no FUNDEC, José Romano Fernando Furnê, que hoje está no Rio. Nós fomos fazer uma visita lá e ele estava no estádio lá, Estádio Romano, ele disse: “Rapaz, você tá aí”. E era uma comunidade de muito desenvolvimento. A comunidade progrediu demais, demais Tudo que a gente financiou pra eles, eles fizeram em dobro e tinham outras comunidades que se destacaram. O FUNDEC foi, assim, um programa que marcou a presença do Banco e da Fundação no coração dos brasileiros menos favorecidos. Era um programa realmente bonito, mas nós tínhamos, e continuamos tendo um problema, de muita gente não ter, não alcançar esse espírito comunitário. O Nordeste, no Nordeste isso é difícil. Todo o Nordeste. Eu sou nordestino mas reconheço que se você aplicar, em termos comunitários, 1.000 reais no Nordeste e aplicar esses 1.000 reais no Sul, você obtém do sul 5 vezes mais e no Nordeste não, você não obtém esse resultado todo, tanto é que em várias cidades do Nordeste pouco resta do que realmente foi implantado pelo FUNDEC enquanto você chega em Minas Gerais, Jacuí, foi um dos projetos mais famosos de Minas Gerais, em Jacuí, depois de 10 anos nós fomos lá, na festa, pois em Presidente Juscelino também eu fui aos 10 anos do FUNDEC e tava tudo implantado, tudo em ordem, conservado, já no Nordeste não ocorre tanto isso. Goiás também foi um Estado difícil de se implantar, Mato Grosso do Sul foi um Estado bom, Sergipe, embora seja Nordeste, foi um dos que se destacou mais em função do esforço pessoal do Chico FUNDEC e a Paraíba também num determinado momento, mas depois, hoje eu acho que resta pouco. Eu tenho viajado às vezes por aí e eu sempre procuro, aquela mania de verificar aonde eu sabia que tinha FUNDEC que eu conhecia quase todos os municípios de nome, aqueles que eu não passei eu conhecia de nome, se me perguntasse eu dizia se tinha FUNDEC ou não tinha, então, às vezes, eu viajo de carro e eu sempre procuro ver se tem alguma coisa de FUNDEC, se ainda resta alguma coisa. Muita gente, muito desses projetos hoje não consta mais nem a placa. A obrigatoriedade era de 5 anos.
P -
De manter a placa...
R - Exato. Mas eu acho que foi uma experiência muito positiva que a Fundação hoje está com um foco diferente, porque hoje é mais em termos de programas e com o apoio de órgãos federais, mas fez muito. Um trabalho muito bonito da Fundação; depois partiu para outro tipo de empreendimento como a área da cultura, o Projeto Memória, a AABB Comunidade e tem o seu valor e tem trazido benefícios.
P -
Seu Cisne, na época do Plano Collor houve algum impacto?
R - Houve. No Plano Collor a Fundação teve todos os seus recursos bloqueados, então nós ficamos praticamente mendigando recursos porque a cada liberação que nós tínhamos que fazer, tinha que pedir uma autorização especial. Então, se ia liberar tinha que demonstrar que era a necessidade de um projeto que estava em andamento, senão ia trazer prejuízo e tudo mais. A Fundação passou um período realmente difícil. Houve atraso no projeto, vários projetos foram prejudicados, mas aos poucos nós fomos conseguindo driblar a crise. Depois disso aí passou a Fundação a seguir em seus projetos a indicação do Presidente Lafaiete daquilo que era pra ser atendido. Então, aí realmente o FUNDEC foi deixado um pouco de lado nessa época, ele não via, assim, porque o FUNDEC era um programa, não era de atendimento imediato, precisava uma maturação, uma conscientização, tudo isso aí. Era um projeto de um tempo médio para atender e os outros projetos era aquele pega no caixa. Então era uma ambulância, você despachava a ambulância, no outro dia a concessionária tava entregando o veículo na cidade, o deputado dizendo: “Olha aí, que eu trouxe”. Então só interessavam projetos dessa natureza que tivesse, que fosse viabilizado de imediato. Isso aí prejudicou muito, inclusive, internamente entre os funcionários era um clima péssimo, nós não tínhamos horário pra trabalhar, era duas, três horas da manhã, a gente tava no gabinete do presidente levando projeto pra ele despachar. Quem trabalhava no GEA – era o Grupo Especial de Análise, não tinha direito à família, à nada. Trabalhava sábado, domingo, sem horário, às vezes ele ia dia de domingo despachar com o Presidente Collor, aí quando voltava, vinha com todas as encomendas. E as propostas eram tomadas não na agência como era de praxe, mas os deputados, senadores já traziam debaixo do braço.
P -
Cisne, você pode comentar pra gente um pouquinho, assim, do período da intervenção.
R - Sim.
P -
Bom, Cisne, em 92 a Fundação é alvo de uma série de denúncias. Como que foi esse período, assim?
R - Olha, esse período foi um período, assim de tensão máxima. Principalmente eu que chefiava o GEA, então eu passava muitos apuros. Porque eu tinha que conduzir a equipe, mais o 7 C, tinha que produzir, tinha que atender e sabia de vários órgãos, sindicato, vários colegas, tinha alguns colegas que participavam de movimentos sindicais, queriam denunciar e tal, vamos denunciando aqui, acolá, eles iam apresentar um documento que pegavam lá na Fundação pra a imprensa e tudo. Culminou por um colega nosso que trabalhava inclusive com o Honório, ele pegou uma relação na minha mesa que era, assim, como se fosse a conta corrente dos deputados e entregou à Folha de São Paulo E no outro dia eu, com muita surpresa eu vi o meu conta corrente lá publicado na íntegra. Mas isso em momento nenhum me abalou, primeiro, que eu não pratiquei nenhum ato desonesto, eu tinha essa tranqüilidade comigo, também não tinha sido eu que denunciei, então nada me afetava. O dia que saiu, o presidente chamou lá e queria cortar a cabeça das pessoas e tal, mas em momento algum me abalou. E nós ficamos naquele, aí começou a criar um clima, a imprensa caiu em cima e as denúncias, e esse mesmo colega foi ao Ministério Público e denunciou a Fundação. De uma hora para outra eles foram ao presidente entregar uma notificação, o presidente não quis receber, então eles foram à Fundação e lacraram a Fundação, tiraram todas as pessoas, lacraram e assumiram. A Fundação passou uns 2 a 3 dias fechada, e voltamos já com a intervenção do Ministério Público, tudo controlado pelo Ministério Público.
P -
Qual foi o sentimento dos funcionários com a intervenção?
R - Olha, no geral foi de satisfação, sabe? Tanto é que no dia da intervenção, por volta de 6 horas, 6 e pouco nós descemos e fomos para um bar comemorar. (risos) Sabe? Porque acabou toda aquela pressão que a gente vinha sofrendo. Eu, um dia, eu cheguei no Banco, meti a mão no bolso e tava um bilhete da minha esposa dizendo que não suportava mais aquela situação, sabe, que eu não tinha hora de chegar em casa, eu não tinha. Muitas vezes eu virei a noite no Banco. Então, isso aí era geral. Não sei se o Sílvio foi entrevistado, o Sílvio está na ativa ainda. Sílvio era meu companheiro pra tudo. Ele não era funcionário da Fundação, ele era de uma agência do Tocantins e ele veio pra passar 6 meses comigo nesse GEA. Então ele tava num apartamento aí, aí quando a gente chegava e eu buzinava e a esposa dele nada, aí ele jogava uma pedra na janela pra ela jogar a chave, sabe... (risos). Eu digo: “Rapaz tu vai, a mulher vai te deixar, viu,
qualquer hora dessa”, então a gente tinha essa, não era vida, sabe, você não tinha sossego pra nada, nada Só vivia sobressaltado, então foi nomeado um novo diretor que foi o Maurício, então o Maurício teve um trabalho fora de série de recompor essa situação, dar credibilidade à Fundação, mostrar ao Ministério Público que estava mudada, que ia proceder corretamente, que aquilo tinha sido uma fase porque aí saiu o presidente Lafaiete Coutinho, entrou o Calliari que era, assim, uma figura humana fora de série, corretíssimo, sem influência nenhuma política, e ele era totalmente neutro nessa parte, embora tivesse sido indicado pelo Presidente Itamar Franco, mas ele, inclusive, era um dos maiores incentivadores do FUNDEC. Nessa época, do Calliari, então o FUNDEC tomou alma nova, sabe? Aí voltou realmente, foi denominado FUNDEC II, e nós voltamos a atuar com toda força.
(TROCA DA FITA)
P -
No tempo da gestão do Maurício e do Rabelo você assume a Fundação. Como foi esse período?
R - Foi um período muito tranqüilo. Porque o Maurício tinha já deixado um trabalho muito bom, a Fundação, à época que o Maurício saiu da Fundação ele já deixou tudo reorganizado. A Fundação acreditada junto ao Ministério Público, um relacionamento muito estreito com o Ministério Público e junto ao Banco também, a imagem da Fundação estava muito boa. Nesse período eu não tive praticamente problema nenhum. O Rabelo quando veio nós já nos conhecíamos, tínhamos um entendimento muito bom e a transmissão ao Rabelo foi com a maior tranqüilidade porque ele é uma pessoa também muito dinâmica, que tinha muitas idéias novas, então, ele tocou a Fundação dando, ele tinha uma visão muito grande, assim, da área de comunicação, queria divulgar a Fundação e tudo, e
melhorou muita coisa na Fundação. No período do Maurício, ele não teve, assim, grandes oportunidades de fazer, porque ele estava com a missão maior de reerguer a Fundação, a imagem da Fundação. Então, esse foi o grande mérito dele, que ele deixou tudo pronto. E nesse período que eu fiquei, como era um período de transição, inclusive, um período que o Banco ficou com dois presidentes e a gente atendia a um e a outro, o Presidente Ximenes ficou aqui no CEFOR e o Presidente Calliari lá na presidência, então a gente atendia a um e a outro, era mais deles, o Presidente Ximenes conhecer a Fundação, ver e conhecer o que é que ele queria da Fundação, o que é que ele tinha de idéia para a Fundação. Quando o Rabelo assumiu, eu continuei trabalhando com ele, uma pessoa, assim, que teve muito carinho com a Fundação, realmente se empenhou em projetar nacionalmente a Fundação, tanto é que ele fez várias parcerias com órgãos do governo, com a Presidência da República e a Fundação foi quando a Fundação teve a sua sede própria, que antes a gente vivia se mudando de um canto pro outro. Teve a identidade visual definida, a parte de divulgação, de jornal interno da Fundação.
P -
Cisne, na época do Rabelo ele complementou a reestruturação da Fundação?
R - Foi.
P -
Construiu também programas próprios da Fundação, como que foi esse período de reestruturação tanto do quadro de funcionários quanto em termos de projeto?
R - Olha, a estruturação do quadro foi, assim, um pouco traumática, sabe? Principalmente pra mim, que eu vinha como diretor da Fundação, tinha uma ligação estreita com todos os funcionários, mas ele tava chegando e queria trabalhar com pessoas que ele conhecia. Então, vários funcionários da Fundação foram postos à disposição. Ele procurou em todos os momentos localizar os funcionários que estavam saindo da Fundação em outros setores do Banco. O que ele pôde, fazer ele fez. Mas houve realmente alguns traumas, e alguns colegas ficaram realmente insatisfeitos, mas infelizmente... como o quadro foi reduzido, se eu não me engano, em torno de 40%, ele trouxe os principais postos, entrou as pessoas que ele conhecia, da confiança dele, só ficou eu como gerente, e os outros gerentes ele trouxe de fora, mas aos poucos a gente foi se adaptando o modelo dele e vivendo os maus momentos difíceis e até chegando a ponto de alguns colegas retornarem quando a Fundação foi tendo condição de ampliar, alguns colegas retornaram. Mas não, toda mudança há uma rejeição. Num primeiro momento você talvez não entenda a finalidade da mudança, há aquela rejeição natural, você está no seu canto, vem o outro pra lhe mexer no canto, você realmente reage, é o instinto de defesa, mas eu acho que era necessário no momento, até pela forma como a Fundação passou a trabalhar e hoje o quadro é 10 vezes maior do que naquela época. Se eu não me engano nós estávamos com 42 funcionários quando ele terminou a primeira reforma, hoje a Fundação tem mais de 100 funcionários.
P -
Agora, nesse período da reestruturação e dessa reestruturação de finalidade de programas da Fundação, você chegou a trabalhar com algum específico, qual era sua área na época?
R - A minha área sempre foi de operações, sabe? Eu sempre estava na parte de operação. Na minha área eu trabalhava com o FUNDEC, com projetos individuais como saúde, educação, cultura, depois foi agregado o Programa O Homem do Campo que era, na realidade, o FUNDEC II e o AABB Comunidade. Então, até eu me aposentar eu conduzi esses dois programas.
P -
E o Homem do Campo você falou que participou. Chegou a viajar?
R - Também.O Homem do Campo foi, assim, o FUNDEC com uma nova roupagem. Então, se queria dar uma visibilidade maior ao FUNDEC então foi criado o Homem do Campo, mas atendia na mesma modalidade do FUNDEC, com o diagnóstico, fazendo o diagnóstico, fazendo os projetos, financiando os projetos, só que mais amplo. Porque o FUNDEC procurava sempre desenvolver, atrelado ao Banco, a parte onde o Banco é forte: agricultura e pecuária, então a gente inclusive interferia junto ao Banco para que a agência direcionasse seus recursos operacionais na carteira e tudo, de acordo com o diagnóstico da necessidade dos produtores. Já o Homem do Campo, a gente não tinha essa ligação com o Banco para influenciar nisso aí, mas era mais amplo o atendimento. Mas na realidade era o FUNDEC II, inclusive a gente batizava de FUNDEC II porque tudo era do FUNDEC, o espírito, a forma de atendimento, só que ao invés da gente selecionar, ou cadastrar o estabelecimento, era feita uma proposta aonde a gente selecionava essas cartas proposta e ia atender aos projetos como no FUNDEC. A única diferença maior era essa.
P -
Cisne, você além do Vale do Gurguéia quais os outros lugares que você visitou com o Homem do Campo?
R - Olha, na Paraíba eu visitei todos os municípios, no Rio Grande do Norte eu visitei uma boa parte dos municípios. Ceará, Maranhão muitos municípios, Alagoas também muitos municípios e o Rio Grande do Sul, que depois o Rio Grande do Sul passou, eu passei a coordenar o Rio Grande do Sul.
P - Tem alguma história pra contar pra gente, assim, especial do Programa Homem do Campo, nesse período de viagens?
R - Do Homem do Campo propriamente, não. Porque na época eu era diretor de operações, então eu viajava muito pouco, só para inauguração. No FUNDEC eu viajei muito como operador, mas no Homem do Campo não, eu já tinha o pessoal que viajava, na minha equipe era o Silvio e o Jeovan, a Maria Helena, Marta, então eles é que saíam para as comunidades pra ajudar na elaboração dos projetos e eu, normalmente eu ia pra inauguração com o Rabelo ou sozinho, então já não tava mais participando, assim como eu ficava. Normalmente eu ficava 15 dias numa comunidade, arranjava lá e ia elaborar os projetos com o pessoal da agência e da comunidade.
P -
Cisne, qual o ano que você se aposentou?
R - Me aposentei no dia 25 de outubro de 99.
P -
E de 97 com o Programa Homem do Campo até 99 teve algum programa especial que você lembra que a Fundação atuou e que você tenha uma boa recordação?
R - Não, nesse caso aí, só do Vale do Gurguéia que, particularmente, eu fiz todo um empenho para que fosse atendido porque era continuação de um trabalho que eu tinha feito no Estado do Piauí, então esse Homem do Campo eu tinha realmente um carinho que foi quando eu fui para a inauguração do "Cisnão", sabe? (risos). Então, se eu não me engano eu tenho uma foto lá do estádio, e, a minha aposentadoria eu me aposentei antes do tempo de Banco, com 27 anos eu me aposentei, embora tivesse já de previdência 34 anos. Pois é, eu fiz uma viagem a Terra Santa, quando eu voltei, voltei iluminado e aí eu disse: "Pronto, acabou", sabe? (risos). Eu estava com um problema de saúde muito sério, aí eu me aposentei porque o estresse tava muito, tanto é que quando eu cheguei em João Pessoa, logo em seguida eu fiz ponte de safena. Hoje eu estou mais pra calma. (risos)
P -
Teve algum caso, assim, que floresça, Cisne, eu queria que você contasse para a gente registrar o não entendimento do seu sobrenome.
R - Era normal, sabe, a pessoa normalmente não entender o meu nome. Como o pessoal me chamava, no Banco eu passei a ser chamado de Cisne, então, normalmente a pessoa nunca entendia que era Cisne. Era a coisa mais difícil, era Ciro, tinha pessoas que me chamavam de Ciro e eu atendia do mesmo jeito, “Ciro”... E quando tava muito difícil eu dizia pra ele: "Chame de Marreco, sabe, que dá na mesma, eu não me zango.", aí ele entendia que era Cisne.
P -
Cisne, como é que você avalia, assim, a sua trajetória na Fundação?
R - A Fundação pra mim foi uma escola, e o trabalho da Fundação, diferentemente do Banco, aquilo lhe dá uma satisfação pessoal muito grande de ajudar as pessoas. Embora você, quando você conduz um projeto, uma coisa que você seja considerado aquele que tá dando o recurso e tudo, embora seja a instituição, mas é uma satisfação muito grande pra pessoa, uma realização pessoal, eu que tenho, assim, sou muito católico, vou à missa todos os dias, eu tenho uma satisfação muito grande em ver o atendimento de um projeto do FUNDEC, tem algumas instituições que eu particularmente participei como creche, de asilos. Tem um fato muito interessante de um colega da agência de Paracatu. Esse colega, quando estava sendo implantado o Homem do Campo, o Amílcar que trabalhava comigo foi implantar o Homem do Campo em Paracatu e o Educar Plantando que era outro programa não era conduzido por mim, mas ele foi lá pra fiscalizar, depois eu fiquei conduzindo esse programa. E o Amílcar me trouxe uma proposta de um asilo de velhos. Ele disse: "Ó, eu trouxe essa proposta aqui porque um colega da agência me pediu.", eu olhei a proposta e era um valor bastante elevado, mas pela apresentação do projeto eu achei que ele não era meritório de jeito nenhum, e simplesmente indeferimos o projeto, passou. Depois numa outra oportunidade que um outro colega teve em Paracatu, ele voltou a apresentar de novo o projeto e eu indeferi, então, já tinha passado, assim, uns 6 meses e eu fui à Paracatu fazer uma vistoria em todos os projetos, e fiz a vistoria, andamos pelo município todo com esse rapaz que tinha apresentado o projeto. Já no final da viagem, ele disse assim: "Olha, eu vou te levar alí numa entidade para você dar uma olhada lá.", eu: "Tá.". Então, ele era o presidente dessa entidade, sabe, só pessoas deficientes e velhas, mas se você visse o carinho que ele tinha com as pessoas, ele abraçava todo mundo, tal, ele saía do Banco e ia pra essa entidade sem ganhar nada, sabe, uma equipe lá de pessoas voluntárias, um trabalho fora de série, sabe. E eu cheguei a dizer ainda: "Você vai me perdoar, eu indeferi teu projeto duas vezes, mas pode mandar hoje que amanhã está deferido" A frieza do papel não transmite pra gente a emoção que é o trabalho, a dedicação das pessoas, sabe, vai muito além do dever de trabalhar no Banco, então essas coisas a gente viveu muito na Fundação. Tinha colegas que voltavam de uma viagem dessa que conhecia entidades, uma coisa e voltava defendendo com unhas e dentes um projeto, a concessão de um projeto, então isso eu devo muitas emoções à Fundação nesse particular.
P -
Cisne, você pode comentar pra gente algumas pessoas que viveram com você na Fundação que você tem uma boa lembrança, que você queira registrar aqui pra gente?
R - Olha, teve pessoas que foram muito importantes pra mim na Fundação, assim como pessoas que trabalharam comigo. O Chicão trabalhou pouco tempo comigo mas foi sempre aquele companheiro que estava ao meu lado pra tudo, pra qualquer dúvida que a gente tinha a gente sempre discutia uma decisão pra tomar, ele era uma espécie, assim, dum conselheiro, sabe? O Sílvio, Sílvio Henrique Perfeito, tanto que o nome é próprio, pra ele, ele é uma pessoa que todo dirigente gostaria de ter ao lado, é uma pessoa leal e de uma pureza fora de série. O Jeovan também, meu colega, a própria Maria Helena que trabalhou muito tempo comigo.Eu sou uma pessoa que tem poucos amigos, sabe, mas o que eu tenho são bons. Eu trabalhei no Banco, se eu tiver 20 amigos no Banco, amigos, conhecidos eu tenho muito, mas amigo eu tenho uns 20, mas é amigo que qualquer hora que eu precisar, sabe? E principalmente aqueles que trabalharam comigo. As pessoas que trabalharam comigo ou que eu trabalhei com elas como é o caso do Honório. O Honório é um companheiro de, ainda sábado nós passamos o dia juntos e ele tá fazendo tudo pra eu voltar. O Maurício foi uma pessoa importante, o Rabelo também, eu sempre me dei muito bem com as pessoas com quem eu trabalhei, nunca tinha... Acho que só tive um problema na carreira profissional com um funcionário porque ele queria ditar o horário dele e eu tive que dizer: "Ou eu ou você, os dois mandando aqui não dá", Foi o único caso que eu tive, mas o resto pelo menos que eu tenha lembrança não.
P -
Cisne, qual, assim, a fase mais marcante que você teve na Fundação?
R - Na Fundação foi justamente na época em que nós estávamos refazendo o FUNDEC. Acho que essa foi a época que me deu, assim, mais satisfação, de ver o FUNDEC ressurgir, sabe? Porque era um carinho que a gente tinha um carinho muito especial, foi responsável por inúmeras amizades que nós fizemos em outros Estados, sabe, porque cada superintendência tinha um operador do FUNDEC que tomava conta do Estado, e todo contato que tinha no Estado era com ele e com o operador do FUNDEC na agência. Pessoas que mesmo fora, hoje eles já se encontram fora da Fundação. Eu tenho um colega Vilmar que agora na minha formatura eu tentei localizá-lo para mandar o convite e ele tava no Paraguai, aí ele me ligou do Paraguai para agradecer o convite que eu tinha mandado para um outro colega para entregar para ele, mas aí já são amizades que superam o Banco, o Chico FUNDEC é outro que eu tenho uma amizade, um carinho muito grande com ele, o atual superintendente do Pará, Cleine, a gente mantém um contato muito estreito de amizade, não de colega de Banco, mas de amizade, sabe? Ele veio pra cá, passou 6 meses aqui prestando serviço pro FUNDEC e a gente tinha um grupo que ficava aqui normalmente 6 meses trabalhando com a gente e a gente estava toda hora reunido, fim-de-semana, essas coisas. Tem João Batista Alves do Piauí que hoje ele é Secretário de Agricultura do Piauí. Também foi uma pessoa, assim, que conduziu o FUNDEC no Piauí de uma maneira extraordinária, sabe? Com muita dedicação.
P -
Cisne, o que você aprendeu com a Fundação?
R - Eu aprendi muita coisa. Aliás, com o Banco como um todo. Parece mentira, mas eu nunca passei um cheque pré-datado na minha vida, sabe? Eu até hoje não passo um cheque pré-datado porque eu aprendi com o Banco, na época, na minha época que eu entrei no Banco, que se passasse um cheque pré-datado, mesmo que tivesse fundo e a gente soubesse você tava mal, sabe, então eu me programei pra não, eu tenho conta conjunta com a minha esposa, todas as minhas contas são conjuntas com a minha esposa, se precisar dar um cheque pré-datado ela que dá, eu não dou, então... (risos). E eu, fui embora daqui em 2000, a minha conta é aqui, permaneceu aqui, eu não mudei e só movimento com cartão. Não tem talão de cheque, agora que meu filho tava na U.T.I., eu vim pra cá, então eu passei na agência tirei um talão de quatro cheques, sabe, e está aqui intacto. Não usei porque eu pensando em precisar de caução, essas coisas, mas minha nora já tinha providenciado. Ele vai voltar do mesmo jeito. (risos)
P -
Cisne, você pode traduzir a Fundação pra gente em algumas palavras?
R - Eu acho que a Fundação, ela já representou pra muitas entidades a realização do sonho de pessoas que se dedicam ao ramo, porque muitos depoimentos nós tivemos de pessoas dizendo: "Só a Fundação seria capaz de tornar realidade esse sonho.", então é um dos braços sociais do Banco que realmente honra um Banco. Se todo funcionário soubesse da importância do trabalho da Fundação, ela seria outra, sabe? Mas infelizmente o Banco é muito grande, os funcionários não têm conhecimento, mesmo na época que a gente tava atuando aí com projetos, alguns funcionários: "Ah, a Fundação? Eu já ouvi falar...", sabe, mas é difícil você atingir. Os colegas hoje em dia estão ocupados com o trabalho, o dia-a-dia deles e não chegam a se envolver e a conhecer o trabalho da Fundação. Algumas ações como os Comitês de Cidadania é que deu uma visibilidade em termos de agência porque envolveu os funcionários das agências, mas a Fundação tem muito a oferecer, muito, e é um trabalho, assim, que orgulha a qualquer um que trabalhe na Fundação. Eu acho, assim, que já fez muito, pode fazer muito mais, se o Banco continuar aportando recursos e dando condições eu acho que é um trabalho inestimável para o país como um todo.
P -
Cisne, qual é a importância que você considera desse trabalho de registro da história da Fundação Banco do Brasil?
R - Olha, eu acho que pra quem participou desde o começo da Fundação, isso aí é, assim, como um prêmio, sabe, pra cada funcionário. É a vida, é aquilo que a gente viveu, ver registrado. Eu acho que embora cada um fez um pouquinho daquilo, mas se juntar vai dar muito da Fundação. Quantas e quantas pessoas passaram pela Fundação que tiveram um papel importante, desde o contínuo, daquele que serve o café, não só o trabalho dos diretores mas de todo o funcionalismo, daqueles analistas anônimos, que simplesmente analisaram as propostas e viabilizaram o trabalho, porque o trabalho realmente quem faz é a equipe, não é um só, não é o coordenador, porque tem que ter alguém que seja responsável pelo trabalho, mas todo o corpo da Fundação merece todos os nossos aplausos e isso aí eu considero um prêmio a cada funcionário, esse registro dessa memória da Fundação porque se você não registra, se não tem memória se perde. Então é um trabalho brilhante, uma idéia fora de série que nós da Fundação devíamos ter preservado desde o início registrando e guardando todo esse material para poder a geração futura saber que foi feita alguma coisa de bom.
P -
Cisne, o que você achou de ter participado dessa entrevista?
R - Olha, pra mim foi uma oportunidade fora de série, principalmente pra quem tá como eu, fora do Banco, ser lembrado, sabe, é uma honra muito grande. E eu sempre tive um carinho, mesmo tendo aposentado, um carinho muito grande com a Fundação e mantenho ainda um laço de amizade muito grande com alguns funcionários que trabalharam comigo e a gente tá sempre se falando. Toda vez que vai um colega em viagem para João Pessoa eu procuro sempre acompanhá-lo e dar uma assistência, como uma forma de reviver muitas histórias da Fundação.
P -
Bom, Cisne, em nome da Fundação Banco do Brasil e em nome do Instituto Museu da Pessoa a gente agradece a sua participação.
R - Eu é que agradeço a oportunidade, foi agradabilíssimo estar aqui com vocês.
P -
Legal, obrigada.Recolher