Projeto Memória Identidade e Cultura – Grupo Pão de Açúcar
Depoimento de Paulo Lima
Entrevistado por Carla Vidal e Cíntia Faria
São Paulo, 10 de outubro de 2003.
Realização Museu da Pessoa
Entrevista GPA_CB007
Transcrito por Marcília Ursini
Revisado por Bruna Ghirardello
P/1 – Carla Vi...Continuar leitura
Projeto Memória Identidade e Cultura – Grupo Pão de Açúcar
Depoimento de Paulo Lima
Entrevistado por Carla Vidal e Cíntia Faria
São Paulo, 10 de outubro de 2003.
Realização Museu da Pessoa
Entrevista GPA_CB007
Transcrito por Marcília Ursini
Revisado por Bruna Ghirardello
P/1 – Carla Vidal
P/2 – Cíntia Faria
R – Paulo Lima
P/1 – Boa tarde.
R – Boa tarde.
P/1 – Paulo, eu queria que você se apresentasse, dizendo, assim, o seu nome completo, local e data de nascimento.
R – Bom, se eu falar o nome completo começa hoje e termina amanhã. É Paulo Fernando _____ de Oliveira Lima. Em função disso, dei uma abreviadazinha para ficar mais fácil o conhecimento. Meu nome é Paulo Lima, conhecido na empresa como Paulo Lima.
P/1 – Nasceu aonde e quando?
R – Eu nasci em 08 de março de 1943 em Campina Grande na Paraíba. Meu pai era funcionário público federal. Em função disso, estava sempre peregrinando pelos estados do Brasil. Logo em seguida, do nascimento, eu com três meses na realidade, nasci na Paraíba, mas com três meses eu vim para Minas Gerais. Então eu tenho muito mais aquela vivência de juventude, de infância mineira do que de paraibana. Então as minhas raízes, na realidade, elas até continuam. Eu tenho muito presente as raízes nordestinas, através dos meus pais que mantiveram uma cultura, principalmente culinária e da essência do Nordeste, na parte de folclore, mas, na realidade, a minha criação é mineira, bem mineirinha mesmo.
P/1 – Que lugar de Minas você viveu?
R – Eu vivi em Belo Horizonte e em Juiz de Fora. A maior parte do tempo em Belo Horizonte. Deu uma juventude gostosa, bem sadia. Inclusive, nessa época, eu comecei me destacar nos esportes e eu cheguei até a seleção mineira de futebol juvenil. Eu jogava no Atlético Mineiro. Passei um ano jogando futebol no Atlético Mineiro, mas eu achei que o desafio do futebol não era aquilo que eu estava querendo. Então eu acabei parando. Vim aqui para São Paulo e nem procurei dar sequência. Eu vim estudar em São Paulo e não procurei dar sequência no futebol, até tendo feito um pequeno teste no São Paulo, tendo sido convidado, mas deixei de lado completamente o futebol. Mas pegava bem no gol, viu?
P/2 – E
senhor era goleiro?
R – Goleiro.
P/1 – E você veio para São Paulo para estudar ou...
R – É, vim para São Paulo para estudar.
P/1 – E você foi estudar aonde?
R – Fui estudar no Eduardo Prado, químico industrial.
P/1 – E nessa experiência em São Paulo, o que você... Você só estudou, você foi trabalhar, como é que foi a sua vida aqui nesse começo?
R – Eu comecei... Eu estudei, depois eu comecei a trabalhar, mas eu tinha um trabalho, eu tinha uma vontade muito grande de... Apesar da falta de vontade dos meus pais em permitir que eu trabalhasse e estudasse, meu pai era completamente contra. Eu comecei a trabalhar e trabalhos que não tinha a magnitude, mas tinha uma vontade muito grande em crescer. Então eu trabalhei numa empresa de Turismo, logo em seguida fui trabalhar na Volkswagen, mas numa função de apontador de mão de obra, que não me satisfazia, mas já me dava um alento de trabalho, de começar a andar com as próprias pernas, a não ter mais dependência do meu pai. Isso para mim foi muito bom. Foi um aprendizado bastante bom. Depois disso, depois da Volkswagen, eu senti que não tinha lá muito futuro numa empresa como aquela. Eu fui convidado para gerenciar uma empresa, uma pequena empresa de transporte aqui em São Paulo. E uma das características que eu acho que é bem minha é que quando eu pego uma tarefa, independente da condição de conhecimento ou não, eu aprofundo nela, eu me jogo por inteiro nessa tarefa. Em função disso, eu acabei também me destacando nessa... Numa área que eu não tinha nenhum conhecimento, mas me aprofundei no estudo, no conhecimento da área e me destaquei bem na área de transporte. Até cheguei a ser consultado... A ser convidado para participar de uma empresa de consultoria, que na época, implantava o pólo petroquímico aqui em São Paulo. Então eu fazia todos os estudos de viabilidade técnica de transporte, de peças pesadas, transposição de rios, transposição de estradas difíceis com aquelas peças excepcionais, grandes, altas. Então eram estudos bem detalhados e que aí entrava muito aquela vontade de entrar no detalhezinho de fazer a coisa perfeita, o que sempre foi também uma característica minha de tentar fazer as coisas sempre muito bem feita. E com isso eu fui bem. Cheguei a diretor técnico dessa empresa, até quando em 1973, eu vi um anúncio de jornal, dizendo que o Pão de Açúcar estava procurando um gerente de transporte e me candidatei. Agora, a impressão que eu tinha na época era engraçada. Era que uma empresa de supermercado era uma empresa, assim, de uma sub-atividade. É uma atividade que não era lá muito nobre. Então não me entusiasmei muito no princípio, mas me candidatei e como naquela época o grande problema. O Pão de Açúcar tinha um depósito no Ceasa. Começou processo de mecanização e de transporte para as lojas, mas de uma maneira ainda muito incipiente e ainda não tão técnica. Então eles estavam procurando alguém que fosse especialista na área de transporte. Me apresentei e fui aceito logo de imediato e comecei a me entusiasmar com isso porque quando eu entrei, eu vi que era uma grande empresa, apesar naquela época ter 79 lojas. Mas eu sentia que era uma empresa que tinha já uma estrutura, já tinha uma organização, já tinha uma liderança e estava crescendo. Nessa mesma época, acho que nesse ano mesmo, já se comprou... Compraram lojas em Belém, eu comecei a ter uma participação grande na reestruturação de todo esse processo de transporte e me lembro bem até de um fato histórico, conversando com o ex-gerente do CPD, o Takeshi e o Valnei que era o diretor controlador, eu apresentava algumas questões em termos de metodologia, de tempos de transporte, de aproveitamento de caminhões e como é que a gente poderia ser mais eficiente e nós ali, naquela discussão, nós bolamos um primeiro... Foi a primeira utilização do computador na programação de embarque de loja. Então criamos um método de cartões em que se fazia uma seleção de cartões e fizemos a primeira programação de embarque do Pão de Açúcar, em que a gente otimizava tremendamente aquilo que a gente tinha de recurso de transporte. Então essa foi uma fase em que nós estávamos no CEASA, os meios ainda eram difíceis e tinha duas empilhadeiras. Se começou a mecanização, os caminhões eram caminhões abertos e nós começamos... Nós demos um passo além, quando a empresa comprou o Pegue-Pague. Pegue-Pague foi antes da Eletroradiobraz. Eletroradiobraz, ela praticamente a empresa duplicou, mas os processos de transporte da Eletroradiobraz ainda eram muito de... Armazenagem e transporte ainda eram também, era ainda bastante obsoletos. Os métodos existiam muito mais modernos nessa época. Mas o grande salto em volume, em espaço foi a compra da Eletroradiobraz que tinha um depósito muito grande na Anhanguera, mas com uma operação... Na época, bem feitinha, muito bonitinha, mas com uma produtividade muito pequena. O grande salto em termos de qualidade foi quando nós adquirimos o Pegue-Pague. Esse sim trouxe uma tecnologia nova. Ele trouxe um armazém extremamente bem equipado com porta-pallets, com paleteiras elétricas, com aquilo que era grande novidade no momento, que eram os caminhões com plataforma hidráulica e a partir deste momento nós começamos o grande desenvolvimento da área de logística no Pão de Açúcar e nesse momento a empresa já estava necessitando disso. Me lembro bem que nós montamos um sistema tão eficiente que foi o suporte para o grande crescimento das lojas do MiniBox, que demandava muito uma centralização e uma distribuição centralizada e nós nos preparamos de tal ordem que era apenas acrescentar quantidade de veículos e empilhadeiras a essa operação que já estava bem estruturada para poder atender essa demanda de carga. Com isso, nós fomos crescendo em áreas de armazenagem. O Pão de Açúcar foi adquirindo lojas fora do estado, foi crescendo geograficamente e nós começamos a montar estruturas semelhantes a cada... A essa estrutura central em cada um dos estados onde nós tínhamos loja. Com isso, nós chegamos em determinado momento a ter mais de 200 mil metros quadrados de área de armazenagem, uma frota própria, toda ela mecanizada com plataformas hidráulicas de 600 veículos no Brasil inteiro. Isso tudo era comandado a partir de São Paulo que tinha, no fundo, uma estrutura muito pequena. Então eu diria o seguinte; nós chegamos num estágio, no estágio no aspecto mecânico de movimentação, o que existia de mais desenvolvido no mundo inteiro naquela época e, na realidade, existe até uma continuidade desse processo até hoje. A grande modificação e a grande dificuldade que nós tínhamos naquela época era falta de informatização, que hoje dá o suporte tremendo a todo o aspecto logístico. Aquela mudança que houve a partir de uns 10 anos atrás, no sentido de que logística passou a ser muito menos o aspecto físico e muito mais um aspecto de inteligência. Essa eu acho que foi a grande mudança do que nós fizemos para o que está sendo feito hoje, através de uma informatização muito mais acentuada.
P/2 – Você podia falar um pouquinho como é que foi esse processo de modernização da armazenagem, que vocês tiveram um percurso aí de pesquisa...
R – Veja bem, desde que nós adquirimos Pegue-Pague que foi em 1976... 1978, 1976 foi a Eletro, 1978 então o Pegue-Pague. Desde esse momento, nós começamos a entrar numa nova era, que era exatamente pesquisa. Aí viajamos pelo mundo. Fomos procurar e pesquisar diversos sistemas de distribuição e sistemas de armazenagem. Guardo muito bem um dos aspectos mais importantes e uma das vivências mais importantes que eu já tive. Foi uma visita a um pequeno grupo de... Um pequeno escritório na Suécia, que foi o (UEFA Group?), isso me marcou profundamente. Eu conversando com esse pessoal, naquela época, eles já estavam desenvolvendo nas cadeias de supermercado um sistema integrado de distribuição que se baseava no pallet e na modulação do pallet. A partir daí, chegando a logística até os volumes colocados dentro da loja. Ou seja, uma mecanização a partir do momento da produção, até o momento em que se colocava mercadoria na loja. Ou seja, uma produtividade fantástica. Algo que nós tentamos fazer durante um tempo muito grande, mas não houve um eco dentro da empresa e agora nós estamos voltando a tentar implantar isso e eu acho que agora com sucesso sem dúvida nenhuma que a empresa está bem direcionada para e já compreende muito bem o que é um processo logístico. Quer dizer, além disso, nessa época, nós pesquisamos alguns métodos extremamente avançados de armazéns totalmente automatizados. Chegamos até a ter projetos disso para colocar no depósito lá do Pegue-Pague. Mas a empresa nesse momento estava crescendo com uma velocidade tão grande que não nos foi possível. Então, nós precisávamos mais espaço e menos capacidade de armazenagem muito mais em função do aumento da quantidade de lojas do que o aumento de movimentação física, em termos de volume. Em função disso, nós crescemos horizontalmente quando a gente poderia, já desde essa época, crescer verticalmente. Mas de qualquer maneira nós crescemos e desenvolvemos de tal ordem, que no ano de 1985, nós recebemos o prêmio IMA como a empresa do ano de armazenagem e distribuição. Já um reconhecimento de que a gente estava no top do mercado em termos de conhecimento logístico. Nessa mesma época, a gente estava junto com a Abras, desenvolvendo aquilo que também é consequência daquela primeira viagem a Suécia e a visita e a (Uefa Group?), que foi o estabelecimento do módulo de distribuição, que é o pallet. Então nós tivemos um grupo, fundamos um grupo na Abras, Associação Brasileira de Supermercados e começamos a discutir a padronização daquela que é a base de todo sistema de movimentação que é o pallet. E depois de quase dois anos de estudos e estudos precisos até na metragem, nas dimensões, nos dimensionais dos pregos, das tábuas, estudando madeira no Brasil inteiro, nós chegamos a um pallet que passou a ser, naquele momento, o pallet padrão brasileiro. Eu acho que isso já foi um avanço tremendo na intercambialidade da movimentação logística A partir daí, nós podíamos já pensar, em termos de receber a mercadoria já paletizada do próprio fabricante porque até este momento, a dispersão de medidas era muito grande, não permitia essa intercambialidade e hoje é uma realidade, já é a base da distribuição, a base da logística. Foi implantado nessa época por um pequeno grupo de entusiastas que resolveram levar para frente com todo o apoio da Associação Brasileira de Supermercados. Eu participei desde os primeiros momentos. Eu, nessa época, era coordenador logístico da Abras. Foi um momento que eu acho que também de uma importância muito grande nesse processo de distribuição e logística e principalmente para o próprio Pão de Açúcar. Isso aí também deu condição de se fazer todo processo de abastecimento dos MiniBox, que eram altamente mecanizada. Eram lojas completamente despojadas de equipamentos e de mão de obra. Nós levávamos a mercadoria já paletizada a partir do depósito para dentro da loja e isso fez com que houvesse um ganho de produtividade muito grande e até atribuo a isso a grande possibilidade do crescimento dessa rede do MiniBox na época.
P/1 – E isso era inovador, era pioneiro?
R – Isso era extremamente pioneiro. Nós começamos a pesquisar as plataformas hidráulicas de novo, começamos a mudar os conceitos de plataformas hidráulicas, começamos a pesquisar todo tipo de empilhadeira, implantamos empilhadeiras padrão. O nível de pesquisa nosso era muito grande, tanto que este depósito era extremamente moderno e tinha uma capacidade de movimentação muito grande, atendendo a nossa demanda com a maior tranquilidade. Até me orgulho muito de algumas frases que eu escutei dentro dessa empresa em algumas reuniões, que um dos únicos setores que não preocupava a empresa era exatamente o sistema de abastecimento. Quer dizer, nós nunca trazíamos problemas, nós sempre trouxemos uma série de soluções, tanto que passou desapercebido durante todo esse período até o momento, onde houve o enxugamento da empresa e nós começamos a desmontar todo esse processo que nós tínhamos montado todo esse sistema que nós tínhamos montado e desmontamos, praticamente, tudo e ficamos com dois depósitos centrais aqui em São Paulo, que foi a base, então, do reinício de todo processo logístico. Só que nesse período, a minha função já começava a perder importância dentro da empresa. Quer dizer, durante todo esse período, 20 anos, eu trabalhei especificamente nisso. Mas o engraçado é que aconteceu um fato, assim, extraordinário que acho que são as grandes coincidências que acontecem na vida e que no fundo são os aproveitamentos de alguns potenciais que a gente tem. Eu acho, na minha percepção, que eu passei mesmo nesse período e que eu trabalhava na área de logística, eu tinha... Eu era, sempre fui um indivíduo extremamente curioso e um consumista fantástico. Não existia produto que entrasse no mercado que eu não dissesse “é bom ou ruim”, depois de tê-lo testado. E não existia mesmo. Então todo lançamento de qualquer tipo de produto eu consumia, eu usava para depois ter uma opinião. Mas isso, por mim mesmo. Eu acho que isso foi me dando uma base e um conhecimento de produto que acabou fazendo com que, na época, nessa época de grande virada da empresa, eu fosse convidado a participar, então, da área de operações, até porque quase que uns três anos antes dessa grande virada do Pão de Açúcar, vocês recordam, houve uma epidemia de cólera aqui em São Paulo. E o grande medo, o grande receio nessa época era consumir verduras porque elas eram normalmente contaminadas, porque as águas que as irrigavam eram contaminadas. E nesta época, a gente tinha dentro do depósito, em função das marcas próprias nossas, um bom laboratório, um excelente laboratório de pesquisa biológica e pesquisa química e de qualidade de produtos. E aproveitando essa estrutura, nós sentíamos que a gente podia partir na frente também de uma outra coisa que seria uma área de qualidade, focada aos nossos produtos. Então nós fizemos uma ofensiva nessa época para conhecer os problemas do cólera e começamos a pesquisar e desenvolvemos duas coisas; primeiro, nós precisamos saber a origem da água que as nossas verduras são aspergidas. Então nós começamos a pesquisar todos os nossos fornecedores para verificar a partir da fontes de água, se aquela água estaria perfeita para ser irrigado e se não daria uma contaminação. E fizemos isso dentro desse laboratório com exames microbiológicos bastante aprofundados e começamos a criar um histórico bem grande desse aspecto do comportamento das bactérias nas fontes de alimentação de águas para irrigação de hortigranjeiros. E nesse período começamos a desenvolver algumas possibilidades de combate a essas bactérias e chegamos por alguém naquele momento, não me recordo quem ter dito que o vinagre era uma grande solução para combate a essas bactérias. E nós fizemos testes de ordem prática e objetivas com acompanhamento de diversos momentos e desenvolvemos uma tese de que o vinagre era o grande elemento, até porque estava disponível para todo mundo e depois o pessoal podia consumir isso de qualquer maneira. Porque água sanitária passava aquela idéia, inclusive, de um produto que poderia até fazer mal a alguém, mas o vinagre não. O vinagre fazia parte de uma salada. Então, nada melhor do que compor uma salada com vinagre. Então desenvolvemos lá uma técnica de lavagem das verduras através de uma solução de vinagre e comprovamos isso através de uma série de ensaios e desenvolvimento de ensaios comprovados até fotograficamente. Eu fazia toda a fotografia de todo processo de eliminação das bactérias até no momento final, quando existia, quando a lâmina ficava zerada e comprovamos isso, de tal maneira que apresentamos um trabalho numa convenção da Apas que foi muito elogiada e começamos até a divulgar isso na mídia. Eu fiz até alguns... Algumas entradas na televisão para pregar isso que a gente fazia. Na época foi, acho que foi um fator de sucesso muito grande esse pequeno controle de qualidade que nós fizemos, de uma maneira bem... Não foi improvisada, foi de uma maneira bem profunda, mas que trouxe um resultado muito bom. Em função disso, a empresa olhava nessa época dessa grande virada o processo de qualidade e, talvez, por esse fator de eu estar tão envolvido, apesar do aspecto físico de logística, envolvido na qualidade dos produtos, me convidaram para participar, então, da área de operações. Mas antes disso, montei um projetinho que seria algumas lojas em alguns locais do Pão de Açúcar que estavam completamente sem rentabilidade, apresentando prejuízo e a empresa vendendo os seus ativos, nós montamos um projeto de franchising. Então passamos um ano franqueando algumas lojas no Nordeste, aqui no interior de São Paulo e foi também um sucesso grande, uma vez que a gente transferiu as lojas sem perder os ativos e essas lojas elas acabaram se consolidando, se consolidando tanto que hoje o nome “Compre Bem”, “Compre Bem”, ele tinha sido comprado pelo Pão de Açúcar o nome, mas tinha sido completamente desativado. E nessa época, a gente tinha em estoque alguns nomes e um dos nomes foi o Compre Bem e a empresa resolveu tirar esse nome Compre Bem do estoque e colocar nessa rede que era Pão de Açúcar em Recife. Essa cadeia continuou até hoje, tanto que voltou para o Pão de Açúcar. Então foi um ativo que retornou dentro desse processo de franquia que nós montamos naquela época. Então eu passei um ano trabalhando nisso e logo em seguida então fui convidado a participar da área de operação diretamente e foi quando eu comecei um processo que eu diria até de rejuvenescimento pessoal. Me lembro muito bem até nessa época, eu fui... Tive um pequeno problema de saúde, fui procurar um médico e o médico me olhou e falou: “Escuta aqui, Paulo, você casou de novo, não é possível. Você está exuberante.” Aí eu contei exatamente que eu tinha revivido em função de uma nova oportunidade de trabalho, que me dava um desafio tão grande que me fez extremamente entusiasmado em começar, até porque me foi dado um apoio muito grande, no sentido de eu criar, de eu inovar, de fazer as coisas que deveriam ter sido feitas, que era exatamente esse aspecto a gente estava precisando e a empresa começou a me dar todo esse apoio e nós começamos a montar algumas coisas, como uma loja como da Joaquim Floriano. Começamos a trazer os importados em larga escala e nessa loja nós começamos a vender importados também com um sucesso muito grande. E assim começamos a criar um conceito de lojas um pouco diferentes. Lojas que agregavam ambientação, que agregavam uma qualidade de serviço melhor, que agregavam uma variedade cada vez maior de produtos. E quando a gente estava desenvolvendo isso, a empresa já paralelamente estava trabalhando através de uma consultoria que era do (Virch?), que foi um indivíduo marcante dentro do nosso processo de melhoria de operação. E o (Virch?) veio e começamos a conversar, as ideias batiam tremendamente com aquilo que a gente já estava fazendo. Foi nessa época que nós criamos, montamos através de um grupo, um grupo grande de pessoas, que participou o Zé Roberto, o Andraus, pessoas que entraram profundamente no processo junto com o (Virch?) para criar um novo conceito de Pão de Açúcar e foi nessa época realmente ele deu essa grande virada, depois desse período de passagem pelo Jorge Washington, onde ele realmente deu uma dinamizada na empresa e mostrou uma outra faceta de qualidade.
P/2 – Essa daí foi na década de 1990, né?
R – Foi a década de 1990, exatamente.
P/2 – E você poderia apontar, assim, mais... Identificar as inovações que você foi participando? Quer dizer, você já falou que foram novos conceitos de... Foram novos conceitos de loja, novo layout, mas você tem, assim, umas duas... Você tem a outra experiência anterior do processo mesmo dessa transformação, dessa mudança de conceitos assim? Como, o que você apontaria como realmente inovador nesse novo período em relação aos outros...
R – Um dos pontos principais foi a entrada do perecível como o grande, a grande mudança, não só no nosso layout como também na nossa postura de venda nas lojas. A empresa começou a se perceber e através, inclusive, desses inputs do (Virch?), de que o consumo tinha mudado. A maneira do cliente consumir tinha mudado, os tempos tinha mudado. A mulher começou a trabalhar, começou a ter menos tempo e a partir daí facilitar a vida desse cliente que também tinha uma outra visão, que era uma visão de qualidade de produtos, que tinha uma visão de saúde, onde as verduras, frutas e legumes começavam a ter uma participação cada vez maior, nós começamos a fazer uma loja de primeira geração, a primeira mudança no conceito anterior de layout da loja e essas lojas foram as lojas 50 e 170. Nessa nós fizemos uma participação, tivemos uma participação maior no espaço dos perecíveis. Foi a primeira vez que nós abrimos espaço para
perecível e a loja ela começava com as frutas, verduras e legumes e ao lado esquerdo todo uma linha de frios e laticínios já com um balcão de serviço bem maior do que nós tínhamos antigamente. E essa loja centralizada com a mercearia e no fundo as seções de carnes e a padaria contrapondo a entrada do FLV. Então nós tínhamos dois pontos fortes, que seriam o FLV na entrada e a padaria na saída, fazendo o equilíbrio da loja e depois ao lado frios e laticínios e as carnes no fundo. Então, a loja ela começava a ter um movimento diferente das lojas anteriores. Esse foi o primeiro grande avanço e nós sentimos que cada vez mais a participação dos perecíveis acontecia. Logo em seguida, acho que teve paralelamente a isso o grande boom de importados que nós aproveitamos. Nós abrimos a empresa para toda variedade de produtos e tudo que realmente existia de importados aqui nesse país. Então, no fundo, nós éramos tão receptivos que nós colocávamos praticamente todos produtos que nos eram oferecidos, com uma seleção prévia, é lógico, daquilo que era bom, daquilo que era não ruim, um pequeno grupo e dando essa entrada de produtos. E isso nos deu uma conotação de uma variedade cada vez maior na área de mercearia e na área de perecíveis, tanto que nós tínhamos os grandes fabricantes italianos de frios nós tínhamos aqui. Nós tínhamos a variedade de massas que nós temos hoje. A quantidade de vinhos, nós começamos a incrementar de uma maneira muito grande, os chocolates. Quer dizer, abrimos a loja para o importado que, naquela época, era muito barato. Isso nos ajudou muito a compor essa imagem de variedade. Acho que esse ponto também foi muito bom. E outra coisa, nos deu possibilidade de estimular a indústria nacional a substituir esses importados. Me lembro muito bem que as saladas prontas nós importávamos dos Estados Unidos via aérea. Custava uma fortuna, mas vendia tudo. Quer dizer, então por que não vai produzir aqui? Começamos a incentivar a confecção dessas saladas prontas aqui no Brasil. Então, na realidade, esse processo de substituição começou acontecer também nessa época. As empresas se dispuseram a importar também produtos diferentes e começar também a fabricar produtos diferentes nessa oportunidade. Esse foi, acho que um fator de uma importância muito grande. Um segundo fato que eu acho também de uma importância substancial na imagem do Pão de Açúcar foi a criação da loja do Market Place, que foi um marco do varejo no Brasil. Quer dizer, uma loja, um aparelho de venda extremamente sofisticado, muito elaborado, baseado grande parte dele da Harrods de Londres, através de seus azulejos. Então nós estivemos visitando a Harrods para absorver alguns conceitos e quando nós íamos montar a loja trouxemos o que existia de melhor na alimentação no Brasil. Quer dizer, com extrema sofisticação, fizemos convênios com a (Foshon?). Quer dizer, nós tínhamos (Corner Foshon?) na loja. Então passou a ser a loja mais sofisticada de São Paulo. Só que tendo sido um marco foi um sucesso, só que logo em seguida nós começamos a multiplicar. Então o Market Place que era único começou a sofrer concorrência da loja da Gabriel, que passou a ser outra. O nosso conceito geral de loja mudou. Nós começamos a implantar essa primeira geração de lojas em outras lojas com a mesma linha de produtos. E aí ela começou a perder sua importância... Perder importância não, começou a multiplicar a sua importância e fazer com que a gente atuasse nesse nível e nesse nicho de mercado de classe A, B em maior quantidade de lojas. Depois desse fato eu citaria uma loja que, para mim, tem uma importância capital também no desenvolvimento da mudança de layout e crescimento da participação dos perecíveis, que foi uma loja que nós montamos em Alphaville. Quer dizer, a loja de Alphaville para mim também foi um marco porque ela também passou daquela primeira geração para uma geração completamente diferente, que era um conceito de se ter agrupado produtos. Então nós colocamos nessa loja, além de uma área bem maior do que a da primeira geração de lojas do Pão de Açúcar perecíveis, nós agrupamos, nós aumentamos muito a participação e espaço do perecível e colocamos a loja de acordo com uma lógica de compras. A padaria ficava toda parte de cafés. Nós pegamos as carnes e pusemos junto com os frios. Os laticínios vieram junto com a Rotisserie. No fundo a peixaria junto com o FLV para dar até compor essa idéia da feira. Junto com o FLV, nós pusemos todas os vinagres, azeites, óleos que compunham e os molhos de salada. Então eram pequenos universos de compra, que eram soluções de compra para o cliente. Depois disso, visto essa loja, se começou a perceber que a gente tinha que mudar o conceito da primeira geração. Foi aí que se começou, então, o estudo das lojas de segunda geração, que aí já foi um outro avanço no nosso conceito de loja.
P/1 – Quais são elas?
R – A primeira loja de segunda geração... Deixa me ver, agora você sabe...
P/? – Em que época?
R – Época... Uns quatro anos atrás. Eu não estou me recordando agora qual foi a loja que nós montamos com a segunda geração. Saiu um grupo de...
P/1 – Não foi Higienópolis?
R – Não, não. Higienópolis foi uma loja que veio logo em seguida a loja da Gabriel. Quer dizer, não tem nenhum conceito de segunda geração. Foi uma loja de geração diferente.
P/1 – Mas o que é esse conceito de segunda geração? O que marca?
R – Foi quando nós... A loja de primeira geração ela tinha a parte de Frios e Laticínios no meio da loja. A loja de segunda geração ela passou para a parede da loja toda essa parte de FLV e mudou a posição da padaria. Ela saiu do lado esquerdo da loja, ou seja, do outro lado para compor essa mesma área de Frios e Laticínios. Foi a loja da Ricardo Jafet.
P/1 – Esses conceitos de primeira, Segunda geração eles são baseados em estudos, em que tipo de análise?
R – São. Primeiro, baseado em muita pesquisa. Sai um grupo pesquisando na Europa, pesquisando nos Estados Unidos e, principalmente, junto com o (Virch?) a pesquisa nas lojas que ele implantou lá no Canadá. Dessas lojas que foram basicamente a Metro do Canadá é que em que se basearam as novas lojas do conceito da geração nova. Então foi a Ricardo Jafet a loja de segunda geração, a primeira loja de segunda geração que a gente fez. Então você tem um paredão de FLV com o cinco P de FLV com toda a parte refrigerada de FLV e do lado direito a gente começa com um café, que foi também uma primeira introdução de um novo conceito. Você começa com café, começa com uma Rotisserie bem pesada. Logo em seguida, com a seção de Frios e Laticínios e no fundo a padaria que estava no canto de cá. Aí você dá sequência com Peixes, Carnes e terminamos com o Drink Center, que é a parte mais pesada de bebidas, onde se coloca uma quantidade enorme de bebidas. Então essa foi a última grande mudança de lay-out. A partir daí, nós passamos a cuidar muito mais de mudanças mais cosméticas, no sentido de transformar a loja na comunicação visual que se transformou de uma maneira mais leve, na decoração da loja com estanteria diferente, a utilização de uma maneira mais criativa e mais solta de fotos. Aí a mudança foi mais cosmética e nesse período nós continuamos, então, sedimentar esse conceito, implantando diversas lojas e reformando diversas lojas dentro desse novo conceito. Eu acho que um outro marco de loja também nesse conceito é a loja do Morumbi. A loja do Morumbi se transformou realmente numa loja desse modelo de segunda geração, uma loja que apresenta uma condição de venda muito gostosa, um ambiente extremamente agradável, dentro muito bem do nosso posicionamento.
P/2 – Todas as lojas dentro desses conceitos elas... Todos os bairros, todas as regiões que tem o supermercado Pão de Açúcar, ela sempre é a mesma, sempre com esse mesmo layout, com esses novos produtos? Vocês têm produtos...
R – Não, nós temos algumas lojas... [pequena interrupção]
P/2 – Bom, já que bagunçou a loja, fala da loja um para gente.
R – Então, mas deixa antes falar da loja um, falar de um detalhezinho muito importante. Eu acho que dentro desse processo todo, quando eu falei que eu... Falar um pouquinho de uma atividade minha que é uma das coisas que mais me dá prazer na vida. Bom, antes de tudo, eu sou viajante inveterado, “eu adoro viajar!” Eu adoro conhecer as coisas, adoro conhecer o mundo inteiro. E com isso, eu fundi uma outra faceta minha que é de fotógrafo. Então eu não consigo... Eu consigo até viajar sem roupa, mas eu não consigo viajar sem a minha maleta fotográfica, com dois copos de máquina com todo tipo de equipamento, com todas as lentes, com flash. Quer dizer, pronto para tirar fotografias. E eu fotografo muito. Então todas as minhas viagens são extremamente documentadas. Quer dizer, eu tiro 90, tipo 100 filmes em cada viagem com a maior tranquilidade e tenho isso tudo bem arquivado em casa. Mas com essa faceta, o que aconteceram com as primeiras viagens que eu fiz? Eu sempre fotografei tudo. Então todas as lojas no exterior que eu visitei eu fotografei. Quer dizer, todo esse processo de mecanização do Pão de Açúcar na parte de logística eu fotografei isso tudo em detalhes. Então eu tenho um acervo fotográfico de lojas do mundo inteiro que foram extremamente úteis na elaboração das novas lojas, principalmente no que diz respeito a ambientação e na parte de exposição de mercadoria. Então eu pesquiso muito esse material e está sempre aparecendo novidades. Estou sempre vendo alguma coisa que eu não tinha visto a algum tempo atrás da última vez que eu pesquisei. Então essa visão fotográfica me ajudou muito, até compor também nesse aspecto da ambientação, a colocação das fotos como elementos de decoração nas lojas. Essas são todas as fotos que eu faço, faço de uma maneira extremamente prazerosa. Uma coisa que eu faço com prazer é exatamente isso e se casou com essa minha atividade de uma maneira acho que muito boa.
P/1 – E esse foi um hobby que surgiu espontâneo, você foi estudar?
R – Foi, foi. Não, foi um hobby que surgiu de momento para outro. Eu não sei, deu um estalo. Eu comprei uma maquininha, uma Pentax e comecei a fotografar e comecei a olhar: “Olha, acho que não está nada mal. Está legal.” E continuei. Aí fui continuando, fui me aperfeiçoando. Me aperfeiçoando no sentido de ler bastante, fotografar muito, que eu acho que é o grande segredo do fotógrafo é fotografar muito. Quer dizer, está sempre observando e até uma determinada vez, não sei quem... Conversando, eu disse o seguinte, até numa pequena reportagem, acho que numa revista, eu estava dizendo que eu vi o mundo através das lentes. Eu via realmente através das lentes. Então eu tinha uma percepção das cidades, dos locais com a visão extremamente fotográfica, com aquele enquadramento fotográfico, sempre enquadrando a coisa fotograficamente.
P/1 – Paulo, dessa tua experiência ampla dentro do grupo e vem sempre ligado a mudanças, o que você trouxe para a tua vida pessoal ou vice-versa com esse olhar de fotógrafo? Como que as coisas se encaixam assim? Como que essas duas vidas elas criam um embate, um diálogo?
R – Não, veja bem, o primeiro ponto é esse prazer enorme que eu tenho em viajar. Então para mim, viagem de trabalho, mesmo que seja muito rápida, ela apresenta uma faceta muito importante. Primeiro, que eu gosto muito de comida. Eu pesquiso bastante comida também. Então eu procuro nessas viagens visitar os melhores restaurantes regionais. E é gozado, eu visito com a máquina fotográfica do lado. É engraçado que depois de provar ou antes de provar o prato, eu fotografo o prato para ter o registro disso. Eu fotografo, peço permissão, fotógrafo o restaurante inteiro em todos os detalhes e vou guardando e ter utilizado isso de algumas maneiras, até em pequenas reportagens, em algumas pequenas revistas. Mas, então, essa faceta fotográfica acabou se encaixando nas minhas viagens. As viagens se confundiram com viagens de pesquisa, mesmo quando de lazer eu vou em alguma loja de supermercado, mas o que eu mais gosto de fazer não é ir em loja de supermercado. Eu acho que a grande pesquisa que eu fiz foram nas pequenas lojas, aquelas lojas gostosas. Por exemplo, você vai numa (Ré?) em Paris é muito mais rico em mercadoria do que você ir numa loja grande ou num grande supermercado. Você vai naquelas pequenas lojas de Nova York são os especialistas em cada um dos itens, nas boulangeries. Então eu acho que a grande contribuição dessas viagens é nesse aspecto em que eu fotografo tudo, eu verifico, eu como, eu consumo, eu conheço o produto. Então me integro de tal maneira que eu trago isso com uma bagagem para eu oferecer isso no meu trabalho na empresa. Essa ligação de lazer, fotografia e trabalho para mim é uma coisa parece que é só nesse aspecto de criação de loja, de ambientação de produto, de pesquisa de produto, de conhecimento de produto. Então se transformaram num bolinho só extremamente gostoso.
P/1 – Quais são seus sonhos, seus projetos para frente?
R – Olha, eu tenho um grande sonho, eu tenho um sonho fantástico; eu comprei uma casinha no interior. Todo fim de semana, sábado a tardinha, à noite, eu vou para lá e o meu grande sonho é daqui a pouco, pendurando a chuteira ainda fazer alguma coisa nessa área de fotografia e nessa área, inclusive, de desenvolver... Escrever um pouco a respeito dessa atividade, escrever um pouco. Eu gosto muito de ler e escrever e ter algum tempo para dedicar, colocar no papel algumas idéias, alguns pensamentos, algumas histórias, algumas coisas que fizeram da minha vida. E alguma coisa que eu penso também; colocar o meu pensamento no papel. Esse é um projeto que eu tenho e vou realizar, se deus quiser, logo logo, quando eu pendurar a minha chuteirinha. Vou jogar em outros campos.
P/1 – O que você achou de dar essa entrevista, de participar um pouquinho, assim, dentro do espaço de tempo que a gente tem?
R – Olha, eu acho que uma empresa é feita de experiências de diversas pessoas. Eu me sinto muito responsável por uma pequena fatia do crescimento dessa empresa. Isso para mim está bem consolidado. Eu me sinto extremamente grato por essa empresa de ter me dado essa oportunidade, de ter realizado esse trabalho que eu realizei durante esse período porque no fundo, no fundo, eu acho que é uma contribuição que veio de uma oferta de oportunidade e eu senti isso. Acho que o grande mérito que eu vejo na empresa no meu desenvolvimento pessoal foi de ter permitido com que eu me desenvolvesse, com que eu pudesse mostrar as minhas aptidões, transformar essas aptidões em algumas realidades e transformar isso num grande prazer de viver, de trabalhar, de compor as coisas e de compor harmoniosamente um quadro de vida, um quadro familiar que hoje eu tenho uma família bem estável, bem gostosa com os meus netinhos, com os meus filhos, todos eles trabalhando, se desenvolvendo, estudando e compondo uma continuidade de vida que eu acho que é muito importante essa perenidade de pensamento. Eles têm uma identidade de pensamento muito grande comigo, tem uma afinidade muito grande, então a gente vai continuar vivendo essas coisas gostosas da vida, que a empresa me ajudou a proporcionar. Então eu acho que esse depoimento é importante para registrar alguns momentos e é importante para registrar até as emoções que eu senti durante todo esse período que eu trabalhei aqui. Então eu vou falar rapidamente da loja um. A loja um foi um outro marco porque, na realidade, ela saiu de uma experiência de um grupo da divisão encabeçado pelo Paulo Gualtieri em que nós saímos e fomos visitar algumas lojas de uma outra região nos Estados Unidos,
que é a Califórnia, uma região extremamente rica que tinha uma proposta completamente diferente de supermercado. E lá nós conhecemos um novo layout, nos entusiasmamos por esse novo layout, porque conhecemos uma loja que era muito agradável, muito bonita. Uma proposta de duas entradas e colidindo em alguns aspectos com essa segunda geração que nós fizemos. Então eu diria que esta loja um é uma loja genuinamente Pão de Açúcar porque ela surgiu dentro da divisão. Ela partiu da discussão do envolvimento do conhecimento deste grupo que viajou para conhecer novas lojas. Então eu diria que essa é a geração Pão de Açúcar e a partir dessa loja nós continuamos a fazer a evolução do conceito das lojas do Pão de Açúcar. Então são novas gerações que irão de vir e vamos aguardar aqui a nossa loja da Caraigá, que também vai ser uma nova, um novo marco também no desenvolvimento de novas lojas do Pão de Açúcar, sem dúvida nenhuma.
P/1 – É uma loja nova?
P/2 – Um novo conceito?
R – Novo conceito.
P/2 – E ela é bem inovadora?
R – Muito inovadora. (risos)
P/2 – Mas a gente não pode saber?
R – Não, vocês vão saber. Depois vocês vão registrar isso direitinho daquilo que aconteceu.
P/1 – Mas essa coisa de vocês terem essa loja para... Tirou foto dele, né? Finalizou. Obrigada, Paulo.
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