Projeto: Memória Dieese 50 anos
Entrevistada: por Marcelo Fonseca e Nádia Lopes
Depoimento: de Terrânia Maria Bispo
Local: São Paulo
Data: 4/10/2006
Realização Instituto Museu da Pessoa.net
Código: Dieese_TM015
Transcrito por: Denise Yonamine
Revisado por: Jéssica Toro Peruque
P...Continuar leitura
Projeto: Memória Dieese 50 anos
Entrevistada: por Marcelo Fonseca e Nádia Lopes
Depoimento: de Terrânia Maria Bispo
Local: São Paulo
Data: 4/10/2006
Realização Instituto Museu da Pessoa.net
Código: Dieese_TM015
Transcrito por: Denise Yonamine
Revisado por: Jéssica Toro Peruque
P/1: Então, para começar, você poderia me dizer o seu nome completo, o local de data de nascimento?
R: Meu nome é Terrânia Maria Bispo, nasci em Brasília, Distrito Federal.
P/2: Quando você nasceu?
R: Nasci no dia 12 de Dezembro de 1968.
P/1: Tá certo, qual que foi o seu primeiro trabalho?
R: Meu primeiro emprego foi no escritório do Dieese [Departamento Intersindical
de Estatística e Estudos Socioeconômicos], situado em Brasília-DF.
P/1: Sim, antes de ingressar no Dieese você já tinha alguma noção do que era essa instituição, o que eles faziam?
R: Não, a minha tia via muitas notícias do Dieese pela tv e pelo jornal, eu não sabia e nem tinha idéia do que se tratava quando apareceu essa oportunidade de trabalhar no Dieese. Minha tia foi a primeira pessoa a me informar disso, que o Dieese aparecia muito no jornal e no noticiário local.
P/1: Sim.
P/2: Que tipo de coisa aparecia no noticiário?
R: Aparecia coisa sobre cesta básica, sobre os trabalhadores, indicadores econômicos, sociais, coisas que ela alegava que era importante para uma pessoa trabalhar no Dieese.
P/1: E como é que foi a sua entrada? Como que você ficou sabendo que estava precisando? Como você teve contato já para entrar no Dieese?
R: Em um domingo à noite, conversando com essa tia, ela me levou o jornal, sabendo que eu precisava e queria arranjar um emprego, e tinha essa vaga. Ela disse: “Essa empresa é importante, então você vai tentar trabalhar lá”. E eu disse para ela que já não dava mais tempo, porque era no domingo eu não tinha nada pronto, ela respondeu: “Ah! mas você vai tentar”. Na segunda-feira levantei cedo e fui, me direcionei até o local e não tinha currículo, não tinha nada, nem me preparado para isso, mas mesmo assim eu fui tentar.
P/2: Era vaga de que?
R: Uma vaga de secretária.
P/2: Você fez o teste?
R: Teve um teste, uma prova dissertativa e uma entrevista posteriormente.
P/1: Tá, e a partir daí quando você ficou sabendo que tinha sido aprovada?
R: Foi bem curioso, porque quando eu cheguei no prédio da Dieese, que ficava no sindicato da construção civil, eu não gostei muito do local, nem do estacionamento. Achei um prédio estranho, esquisito e o lugar que o Dieese se encontrava era uma sala muito pequena. Achei mais estranho ainda quem me atendeu, foi o Cássio que na época era o supervisor do escritório, e eu disse para ele: “Olha eu vim por causa do anúncio, mas eu não tenho currículo, não tenho nenhuma informação eu só vi o anúncio ontem à noite”. Ele gentilmente disse: “Não... olha tu vai ali na papelaria, tu compra um formulário, preenche e tu me traz”. Foi assim que eu fiz, eu entreguei o currículo da papelaria para ele depois de ter feito a prova. Isso foi muito importante, foi algo que talvez já estava escrito nas estrelas.
P/1: Você sabe me dizer como foi o seu primeiro dia lá? Você se lembra como foi seu primeiro dia de trabalho?
R: Foi um primeiro dia de descobertas. Não só o primeiro, alguns outros depois, foram tantas as informações, eram muitas coisas para fazer, porque era um escritório e ele ainda não tinha uma estrutura adequada como a que tem hoje, por exemplo. Então foi um dia de: “Você vai ter que fazer isso... você vai ter que fazer aquilo…”, momento para saber o que eu ia ser naquele escritório: uma secretária que tivesse empenho e também um pouco de assertividade.
P/1: Sim, tinha mais gente no escritório para te ajudar, tinha quantas pessoas trabalhando?
R: No escritório, na época, tinha quatro pessoas: o Cássio, que era o supervisor, o Max Leno, que era o auxiliar técnico e um pesquisador que eu não me lembro o nome e eu, mas para me ajudar no meu trabalho não tinha ninguém.
P/1: Era você sozinha?
R: Somente eu.
P/1: Correndo atrás de tudo?
R: Isso.
P/1: Como é, basicamente, o seu trabalho? Como é coordenar toda essa situação, a sua demanda de serviço, o que você faz?
R: Hoje o trabalho é dinâmico, todo dia acontece várias coisas diferentes. No início foi muito difícil, porque foi meu primeiro emprego e eu não tinha esse contato do que era ser secretária de uma instituição como o Dieese. Não sabia ser assessora na parte administrativa do Dieese, então muito das coisas que hoje eu estou usando no meu trabalho são frutos de todo o meu empenho e a minha organização do meu início como secretária.
P/2: E qual que é o trabalho de uma secretária do Dieese? Qual é o trabalho de vocês?
R: Existem várias coisas que fazemos, como: atendimento telefônico e pessoal, encaminhamento de pessoas às outras pessoas adequadas, pauta com a diretoria (tanto nacional quanto regional), anotação de recados, cuidados com a biblioteca, bibliografia, cobrança aos sócios, atualização de cadastros, mexemos com a parte contábil, financeira, compras, arquivo. Exerço, também, uma função de fiscalização da pesquisa sobre a cesta básica com pesquisador, entrega da planilha de passagem, encaminhamento dos assuntos do administrativo junto ao escritório nacional, encaminhamentos do escritório nacional ao escritório regional, atas, registros de documentos e registros dessas atas com a direção regional.
P/1: Muita coisa...
R: Etc...
P/1: Você falou que nesse primeiro momento vocês eram em quatro pessoas...
R: Sim.
P/1: Depois aumentou isso, tem mais gente?
R: Hoje na estrutura somos quatro pessoas no escritório e mais uma pesquisadora, ou seja, somos cinco pessoas ligadas diretamente ao escritório. Temos uma subseção, que são três mais a PED, então a equipe do escritório em Brasília aumentou, totalizando cinco pessoas dentro e quatro pessoas fora dele. Sendo assim somos em sete, oito pessoas no total.
P/2: Essas subseções funcionam em quais sindicatos?
R: A Ana Quitéria trabalha no sindicato dos bancários de Brasília, o Max Leno que trabalha na Consef [Confederação dos Servidores Públicos Federais], a Alessandra Kadamuro que trabalha na Confederação Nacional dos Trabalhadores na Industria e o Antônio Eduardo Rodrigues Ibarra que trabalha na pesquisa de emprego - desemprego.
P/1: Você falou que uma dessas subseções é dos trabalhadores que trabalham pro governo federal.
R: A onsefConsef.
P/1: Isso, eu perdi aqui, é tanta coisa, como é a Consef? Dê a sua visão pessoal, como é trabalhar pro Dieese tão perto ali do poder federal, o centro do poder do país. Vocês estão ali junto de tudo que acontece?
R: Como eu havia dito é um trabalho muito interessante, porque você mantém contatos com pessoas e muitas delas, tanto do Dieese quanto do movimento sindical, são gente das instituições federais, estaduais, das universidades e, também, indivíduos do governo. Pessoas que estão, são assessores. É muito interessante, gratificante e um aprendizado imenso.
P/2: Teve alguma visita de certa personalidade, aqui no Dieese, que tenha marcado você?
R: Teve uma. O Márcio Pochmann, que foi o primeiro supervisor do escritório e, posteriormente ele retornou para Campinas, onde foi secretário do trabalho. Teve a
do ex-ministro e ex-candidato à presidência do Brasil, Cristovão Buarque. A deputada Érica Cocai. Aconteceu um evento em que o senador Eduardo Suplicy estava presente, e alguns outros também. Uma certa ocasião, teve presidente da CGT. Essas personalidades que eu me lembre.
P/1: O Dieese, assim como as outras subseções, ele é um órgão criado para assessorar o movimento sindical...
R: Exato.
P/1: E já é bem comum para nós que estamos fazendo a pesquisa ver que o Dieese está acima de todas essas classes e, também, está acima até das diferenças das visões dessas. Como é que isso funciona especificamente no caso de Brasília, que devem ter visões políticas diferentes dos sindicatos?
R: Sim, o Dieese trabalha perfeitamente bem com essas entidades, sendo elas que apóiam o escritório lá em Brasília. Nós temos 36 entidades sócias diferentes, plurais, cada qual com uma ideologia e nós tentamos atender essas pessoas, tecnicamente, com uma assessoria técnica. Não nos envolvermos na área da política para poder manter esses sócios assim como a qualidade da assessoria técnica sem se intrometer muito na política.
P/1: O que forma o Dieese é, basicamente, dois eixos: os técnicos de um lado e os sindicalistas do outro. Como é para você, que está lá dentro se desdobrando na área administrativa, fazendo mil coisas acontecerem, como você vê a relação desses dois eixos, dos técnicos e dos sindicalistas?
R: É uma relação normal, profícua, de amizade e de interação, de assessoria e de importância sobre a qualidade técnica da produção do Dieese. Tudo isso é reconhecido, muito bem reconhecido, na qual já foi dito em eventos e é dito sempre pros técnicos e, acho que existe uma força para manter essa qualidade, de atendimento, de amizade e de assessoria.
P/1: Você falou há pouco,
que entrou em 1990?
R: Entrei no dia 15 de Março de 1990.
P/1: Isso, então está lá há dezesseis anos?
R: Dezesseis anos.
P/1: Você acha que o Dieese lá em Brasília passou por muitas mudanças, você acompanhou isso de perto, porque dezesseis anos é um tempo razoável...
R: É.
P/1: Passou por muitas mudanças?
R: Muitas. Físicas, estruturais, pessoais, técnicas. Muitas.
P/1: É...
P/2: Quando você entrou em 1990 foi logo na posse do Collor?
R: Sim.
P/2: E teve o plano Collor nessa época...
R: Sim.
P/2: E o Dieese teve um papel, inclusive na análise de um plano, que teve um certo impacto na sociedade. Você lembra de quando você entrou, de alguma discussão à respeito disso, da participação do Dieese?
R: Parece que teve o confisco, mas não me lembro muito bem. Lembro que teve uma vez, na qual o telefone tocava muito, as pessoas ligavam bastante, procuravam demais o Dieese, pois elas queriam entender e saber o que estava acontecendo, queriam se precaver com relação
à tudo que estava, ou achavam que iria acontecer. Então aconteceu, e eu, também, estava muito recente lá, foi um momento de muita pressão da sociedade, com relação ao governo. Em certa ocasião, com essa coisa do confisco, teve gente que, no Dieese, chegou a chorar, porque foi um plano que parecia que ia minar o objetivo dessas pessoas.
P/2: E o Dieese teve um papel importante?
R: Sim, na assessoria econômica, nos sindicatos, na informação pras pessoas, na produção técnica. O Dieese foi muito demandado, então por isso que ele dava essa assessoria, no sentido de informar às pessoas o que tava acontecendo.
P/1: Nesses dezesseis anos como a gente estava comentando, tem algum fato que foi muito marcante para você dentro da sua trajetória lá dentro? Pode destacar um, porque devem ter sido vários...
R: Teve vários fatos assim. No meu início dentro do Dieese aconteceu um fato que me marcou muito. Eu tive dois sentimentos antagônicos, porque, como disse, no começo, cheguei no escritório pequeno, que ainda tava se formando, não tinha secretária, e eu me assustei muito, porque eu trabalhei demais para organizá-lo, montar arquivos, montar biblioteca, documentação, colocar ela em ordem, paginar, numerar, fazer algumas pastas. Foi uma experiência bastante difícil para uma pessoa que tinha dezoito, dezenove anos, na qual estava entrando no mercado de trabalho. Para mim, o Dieese era uma instituição, e eu ia ser a secretária que só atenderia o telefone e anotaria o recado, mas partir disso eu vi que eu ia fazer muito mais do que eu pensava em apenas anotar recados e atender o telefone. Outro fato marcante, foi na época da URV [Unidade Real de Valor], na qual nós já estávamos numa outra sala e em um outro prédio. Na época a supervisora técnica era a Rosane Maia e ela montou um evento para explicar pros sócios o que implicava aquela aplicação da URV, o que era aquele índice, aquele fator. Nós calculamos mal quantidade de pessoas para a reunião, contamos que viriam umas 30, 40 pessoas, porém vieram mais de 100, então na hora foi chegando gente, chegando gente e nós não sabíamos o que fazer com as pessoas que iam chegando, iam chegando, iam chegando, teve uma hora que nós tivemos que pedir pro sindicato da construção civil, na qual tinha uma sala enorme no subsolo, para nos ceder. As pessoas foram descendo e chegando, se acomodaram como puderam, teve gente que ficou em pé, ficou sentada. Lembro que fazia um calor tremendo, mas, mesmo assim, as pessoas dirigiram-se até lá para saber o que era a URV, porque aquilo foi um impacto muito grande na vida delas. Tinha muita gente, não só sindicalista e sindicatos, tinham outras pessoas, como jornalistas, pessoas da sociedade (dona de casa). Esse foi um fato que me marcou muito, porque foi uma correria, foi uma loucura.
P/1: O Dieese move pessoas.
R: É.
P/1: No decorrer do projeto de memória do Dieese a gente já entrevistou muitas mulheres que são e foram importantes na história do Dieese, e para você, mulher, como você se vê dentro da instituição?
R: Eu acho que o Dieese é uma entidade que valoriza a sociedade, os jovens, os desempregados e os empregados, as mulheres negras ou não e vários outros segmentos, então eu acho que eu faço parte disso e acho importante, porque o Dieese cuida, também, das estatísticas das mulheres. É interessante saber que numa instituição que preza pela luta dos trabalhadores e trabalhadoras, eu também faço parte dela.
P/1: Que trabalhos, e eu sei que você fica mais fazendo a coisa acontecer lá dentro, você cuida mais da parte administrativa. Mesmo os trabalhos do Dieese, que acaba passando pela sua mão, qual você destacaria mais ou qual as pessoas ligam mais para perguntar, comentar, que tenha destaque?
R: As produções nacionais do Dieese, por exemplo, sobre os jovens e sobre a mulher negra, no sentido geral, têm muita repercussão na imprensa e nas universidades para estudantes, assim como, na pesquisa de emprego e desemprego, porque é uma apuração, na qual se pode fazer vários recortes, tanto para mulheres, homens ou adolescente sobre renda e uma série de outros feitos. Então essas pesquisas e trabalhos têm muita reverberação com a imprensa, com as pessoas e com algumas entidades sindicais.
P/1: Sim. Outra coisa agora que me passou pela cabeça, também, é que o Dieese está completando 25 anos esse ano...
R: Exato.
P/1: E quando você entrou lá, ele já estava com que uns dez anos de existência?
R: Sim, eu tenho dezesseis anos lá...
P/1: Por aí.. você teve todo um trabalho de organizar as coisas para fazer o Dieese funcionar, e você encontrou muita documentação. O que você achou de material que te chamou a atenção?
R: Quando eu entrei no Dieese eu fiquei muito atenta a essa coisa do contato, telefone, recado e organizar uma coisa ou outra. Com uns 40 dias, senti que eu poderia fazer alguma coisa para melhorar um pouco, até mesmo o tédio. Antes de entrar no Dieese eu nunca tinha trabalhado, e quando eu cheguei no escritório tinha muitas caixas com papéis. Eu abri uma dessas caixas e vi que tinha bastante documentação importante, atas de fundação, de reuniões, de demandas, de decisões, tinha lista de presença e eventos, que posteriormente, muito depois, eu vi novamente, e percebi que eram eventos importantes, de inauguração de escritório, de abertura, de registro, então comecei a organizar isso em temas: atas, listas de presença, documentos informais em geral, ofícios, ofícios de saída, de entrada e livros. Tudo isso fez com que o tempo passasse mais rápido, e, também, contribuiu para que eu conhecesse mais o Dieese e o
e oque estava acontecendo no escritório
do Distrito Federal, porque como eu entrei em 1990 o prédio já tinha sido inaugurado, mas existiam muitas coisas a serem feitas, por exemplo, um arquivo onde pudesse conter essa documentação e que as pessoas pudessem consultar quando elas quisessem ou pudessem e fosse uma coisa fácil.
P/1:
A gente, como eu comentei agora, estamos fazendo 25 anos. Nesses 25 anos, de tudo o que você viu dessa documentação até hoje, observou alguma evolução? E como você vê essa evolução nesse meio tempo?
R: Sim, a evolução é porque o escritório se organizou como um todo, tanto na papelada como na sua estrutura física. Na parte da documentação nós temos um arquivo organizado, que todo mundo consulta e consegue encontrá-las de forma mais fácil. Temos uma rede onde nós arquivamos documentos, produções, toda a demanda de entidades sindicais, demandas que não são de entidades sindicais e documentos de comunicação interna e externa do escritório. Teve, também, evolução no melhoramento da estrutura física do escritório, na qual, hoje, estamos em um lugar melhor, maior, e o espaço tem uma sala de reunião com uma mesa, cadeiras. Usamos a estrutura do sindicato dos bancários quando precisamos para um evento maior, pois lá tem uma sala de reunião grande, onde podemos receber a imprensa, os outros técnicos, pessoas que venham de fora e, também, para outros eventos.
P/1: Você falou dessa questão de estrutura. No Dieese acontecem muitos eventos justamente por essa questão de estar em Brasília mesmo no poder assim...
R: É.
P/1: Eu tenho impressão que, ligando o noticiário, em Brasília sempre tem alguma coisa acontecendo?
R: O Dieese é convidado para muitos eventos e faz alguns eventos de divulgação em geral da pesquisa de emprego e desemprego. A última que teve foi dos jovens, que nós sempre tentamos fazer é chamar o movimento sindical para mobilizá-los. O Dieese é solicitado para participar de muitos eventos sindicais, organizando palestras, debates, seminários e sempre está acontecendo muita coisa. O Dieese, também é, chamado pelo governo e pelas instituições, para participar de outros eventos que não sejam do Dieese, mas que sejam deles.
P/2: Nesses 25 anos, tudo bem que você tem uma parte dos 25 anos, você sente que o escritório do Dieese foi ganhando espaço em Brasília?
R: Sim, tivemos algumas filiações, e a imprensa oferece um espaço bom pro Dieese para falar sobre os mais diversos assuntos, na qual por ela ter uma demanda muito grande por diversos assuntos, que não sejam só nas épocas de divulgações, a sua assessoria à imprensa, a sociedade em geral e a sociedade civil,
procuram muitos estudantes, então o Dieese tem sido muito conhecido. Nós procuramos manter um contato via e-mail, com as entidades, com as instituições e com as pessoas, fazendo isso ter um marco importante na história da instituição nesses 25 anos.
P/1: É, por outro lado Brasília é meio distante de São Paulo, e toda a história do Dieese começou meio pelo lado paulista. Como vocês veem São Paulo de Brasília, pela ótica do Dieese mesmo? Não tem uma sensação de que é meio distante as coisas?
R: É distante geograficamente, mas o trabalho está sempre muito junto, porque existe uma comunicação. As pessoas que estão dentro do Dieese tem um princípio de solidariedade e eu acredito, usando o termo que as pessoas não estão sozinhas nos estados, elas se ajudam, então a distância é geográfica, mas o telefone e a Internet contribuem para diminuir.
P/1: Então existe muito contato e muita troca?
R: Sim, muita.
P/1: Independente se é São Paulo ou as outras?
R: Isso! Existe muita troca entre o Dieese de São Paulo e o de Brasília, assim como em outros estados, vice e versa.
P/1: Sim, e você falou que o Dieese cresceu em muitas filiações e para se organizar, agora pouco eu perguntei sobre os eventos, a grande demanda desses pede para que você se agilize lá dentro do Dieese para eles acontecerem?
R: Sim, sim, porque quando o evento é uma divulgação de interesse do movimento sindical, o nosso é que o ele sempre participe, a intenção é que as pessoas do movimento compareça. O Dieese organiza o evento e divulga aos sindicatos, então, expõe informações de determinado estudo para chegar até a população. Toda essa movimentação requer enviar um contato via e-mail, ou posteriormente, o contato via telefone, porque você não sabe se a pessoa abriu e-mail, e sempre tentar fomentar que aquela atividade vai acontecer, naquele dia, em tal horário e que é voltada para o movimento sindical e seria importante a participação daquela pessoa, daquela entidade ou daquele representante, e toda essa mobilidade para administrar tudo isso, sempre é muito intenso.
P/1: Do seu ponto de vista, desse tempo todo que está lá, porque você tem uma vivência, tem um contato com as pessoas o dia inteiro, trocando informação, conversando, aciona daqui, de lá. Qual é a maior contribuição que o Dieese deu para o movimento sindical, do seu ponto de vista?
R: É ser o Dieese, que está sempre querendo crescer, mostrar que ele é do movimento sindical, e não um órgão que está somente colaborando com aquele movimento sindical, ou aquela entidade. O Dieese vai estar sempre aqui presente para auxiliar qualquer entidade naquilo que ela achar que ele possa assistir. As solicitações são muitas, porque a assessoria pode ser de vários tipos de dúvidas, de questionamentos e acho que a maior contribuição do Dieese é sempre ter pensado que ele faz parte do movimento sindical e nunca vai deixar de ser do mesmo, porque a instituição luta em prol do movimento dos trabalhadores para ter uma vida melhor, ter uma sociedade mais justa, mais profícua, onde as pessoas possam ter mais satisfação do seu trabalho.
P/1: Ontem a gente entrevistou o Clóvis e foi engraçado, porque ele assim como outros técnicos se deslocaram de outras cidades, por exemplo, o Clemente aqui ele veio do Paraná, o Clóvis foi para Brasília e como que você enxerga essa relação do Dieese, que existe sempre essa troca de pessoas de diversos lugares?
R: [[PAUSA] ]É porque eu acho que, você está perguntando no sentido do Clóvis?
P/1: Assim, é mais dessa troca de pessoas que vêm de lugares diferentes...
P/2: Como que você avalia essa disposição das pessoas dentro do Dieese, delas estarem se locomovendo, indo para outros escritórios, realizar outras atividades?
P/1: É começarem uma vida em outro lugar...
R: Ah, sim. Eu acho que é uma disposição de você crescer profissionalmente, de aprender outras coisas. No caso do Clóvis é a primeira vez que ele é supervisor, então ele veio para um desafio, foi para Brasília cumprir um desafio pessoal para ele, acredito eu, porque ele nunca tinha sido supervisor. Nós temos 36 sindicatos filiados, fora os que não são filiados e que também esse contato com os não afiliados, e o Clóvis assessora entidades com diferentes necessidades, ideologias pessoas e valores, então essa disposição de querer crescer e de fazer outras coisas, em contatar outras pessoas e de estar em outros lugares para saber como o Dieese, acho que é isso que aflora nas pessoas. A vontade de crescer, de desafiar, porque no caso dele, está sendo um desafio, acredito que os outros também, como o Clemente, de tantos outros que mudaram a sua vida indo para outros estados.
P/1: E do seu ponto de vista, a gente falou muito do movimento sindical e do Dieese pra sociedade, o que você acha que o Dieese tem mais a oferecer ou o Dieese é importante para nossa sociedade, como você enxerga isso?
R: Existe uma coisa, que é até um pouco engraçada, na qual às vezes as pessoas que conheço e não são do Dieese e nem do movimento sindical e são da sociedade em geral falava: “Olha eu vi a pesquisa do Dieese na televisão, e vi no jornal, e outra instituição também tem uma pesquisa, mas eu acredito mais na pesquisa do Dieese.”, então eu acho que o Dieese tem ocupado um espaço também na vida das pessoas, das donas de casa, dos aposentados, dos estudantes, porque essas informações e as produções não são só pro movimento sindical, ela sai, também, para sociedade em geral e creio eu que ela use isso, visto que o Dieese é do movimento sindical e está sempre lutando em prol dos direitos e dos trabalhadores. Procuram numa sociedade mais justa bons empregos, então ela conhece o Dieese e quando eu falo que trabalho lá, as pessoas falam: “Ah! Aquele instituto de pesquisa? Ah! Eu conheço aquele instituto de pesquisas”, a sociedade conhece.
P/1: E nesse tempo que você tem no Dieese, os dezesseis anos, qual a maior lição que você tirou de estar lá dentro?
R: Que não existem lutas de poder, nem briga para você ser supervisor, ser diretor técnico ou ser dessa ou daquela diretoria, e não existe lutas de poder. Os meus chefes são legais, gosto deles, as pessoas de Brasília são legais, e cada dia é diferente, acontece um contato diferente, coisas diferentes, demandas diferentes, contatos diferentes e visitas diferentes. Portanto, cada dia é uma surpresa e o princípio da solidariedade é as pessoas que são solidárias.
P/1: Sim, é… nossa! A pergunta estava aqui na cabeça sumiu… Vou ter que olhar no roteiro...Qual a sua perspectiva em relação ao Dieese em um futuro próximo? Como você vê o Dieese no futuro?
R: Eu acho que um Dieese que seja, continue sendo valorizado pelo movimento sindical, e, também, que seja mais ainda valorizado, trazendo para si outras entidades, para que se aproximem e vejam essa importância no Dieese como um verdadeiro assessor aos trabalhadores, que ele seja importante para essas entidades estão distantes do Dieese para se aproximarem mais e que reconheceram ele como o seu órgão de assessoria.
P/1: E eu quero voltar um pouquinho no você já falou, sobre como o escritório cresceu, que tem um determinado pessoal, numa determinada subseção e falou também da PED, que ela tem sido, no decorrer dos anos, uma pesquisa muito importante aqui dentro do Dieese, como você enxerga ela? Eu sei que não é diretamente na sua área e que você tem milhões de outras preocupações, mas como você vê assim, ela… Pode falar...
R: A nossa pesquisa lá em Brasília é uma pesquisa imensamente reconhecida, ela é muito usada pros seus mais diversos cortes, na qual contamos contamos com um técnico, o Antônio Barra, uma pessoa extremamente qualificada, ele é o coordenador da pesquisa e ele é uma pessoa de suma importância nessa área, pois é a única pesquisa que efetiva o índice de emprego e desemprego em Brasília, que começou em Fevereiro de 1992. É uma pesquisa que tem dado bastante demandas e tem tido uma repercussão muito grande na vida das pessoas. No movimento sindical a divulgação dessa pesquisa traz uma repercussão muito grande e eu acho que tudo isso se deve às pessoas que estão lá, ao Antônio, o coordenador extremamente dedicado, um técnico de extrema qualificação e essa pesquisa é um mérito dele, embora existam outras pessoas trabalhando na PED. Outras instituições, como a PED, o Dieese, a Seade e secretaria do trabalho e IEL integram um convênio com a pesquisa.
P/1: Agora vou te fazer uma pergunta de cunho pessoal. Vendo tudo isso, eu notei que as pessoas que passam pelo programa, pelo projeto de memória do Dieese, elas se envolvem muito com ele no decorrer dos anos e muitas delas, passam da casa dos dez anos e vão ficando, quando fala para você, Terrânia, no individual você tem um sonho em relação ao Dieese?
R: Um sonho é que o Dieese fique bem, porque passamos por muitos momentos difíceis, momentos complicados, [PAUSA - ENTREVISTADA SE EMOCIONA], na qual achávamos que não íamos chegar lá, parecia que tudo estava acabado, mas o Dieese se renovou e se levantou. Acredito que lá no futuro ele possa ter uma estrutura com pessoas que o valorizem e que não o deixe acabar, porque se acabar, se finda uma qualidade de trabalho, de produção, de pessoas, se perde pessoas, porque talvez elas irão fazerem outras coisas.
P/1: Isso toca a gente também aqui...
R: É.
P/1: Do seu ponto de vista quais os principais desafios, você falou que o Dieese passou por momentos difíceis, então vou dividir a pergunta em duas. Você acha, que assim como o Dieese, passou por momentos difíceis aqui em São Paulo, passou por momentos difíceis lá em Brasília? E eu acredito que deva passar por todas.
R: É, porque é um só.
P/1: Você acha que o Dieese tem uma capacidade de regeneração, de recuperação, de passar por cima da dificuldade mesmo, e isso se desdobra lá no futuro?
R: Uma vez eu ouvi o meu chefe, o Cássio, dizer a seguinte frase, essa crise atual do Dieese foi a segunda, mas foi a mais séria, eu já tinha passado por uma outra crise, mas eu acho que eu não vivenciei muito, porque foi uma crise depois de dois, três anos depois que eu estava no lá. Uma vez, o Cássio disse: “O Dieese se renova, se levanta na crise”. Então eu acho que existiram outras crises antes antes da minha entrada, e o Dieese tinha muito menos do que tem hoje em termos de estrutura, de qualidade, de qualificação, de pessoas, de material, portanto, se vier uma outra crise eu acho que vai acontecer uma outra renovação. Tomara que não venha outra crise, mas se vier acho que o Dieese pelo que ta acontecendo hoje, pelo valor da sua direção tanto sindical como técnica, aí na pessoa do Clemente, nosso comandante, que ele se renove e tenha forças para se renovar.
P/1: De onde, assim do seu ponto de vista, é uma brincadeira que eu fiz até com a Claudia, que ela cuida da parte administrativa aqui, você são as pessoas que estão nos bastidores trabalhando pro Dieese funcionar, para máquina continuar andando e funcionando. Para vocês, que estão ali nos bastidores e vendo as coisas acontecerem, o Dieese aparecer, na mídia, de onde vem essas crises assim, sendo o Dieese uma entidade que preza tanto o serviço por essa classe trabalhadora e tem crises, de onde vem isso, do seu ponto de vista?
R: Eu não sei exatamente, mas acho que essa crise vem do não entendimento das instituições sindicais por não sustentarem o seu órgão de assessoria técnica, que é o Dieese. Nós temos entidades sindicais importantes, e como o Dieese é um órgão sustentado, predominantemente, à princípio, pelos trabalhadores, pelo movimento sindical, pelas contribuições sindicais e outras contribuições, essa crise, talvez, ela venha por esse não reconhecimento, que gera a desfiliação, como o não pagamento à esse recurso que deveria entrar, mas só diminuiu, e o Dieese não consegue se sustentar a contento. Bom, claro que ele tem recurso oriundo de outros, de outras áreas, mas, predominantemente, a idéia seria de que isso fosse feito do movimento sindical, porque é o assessor dos trabalhadores.
P/1: O Dieese, durante as conversas que nós tivemos aqui no projeto, a gente ficou sabendo que ele tem trabalhado em diversas pesquisas, em diversas frentes na formação, na assessoria etc. O que você acha, agora do Dieese estar investindo nesse projeto de memória que você está fazendo parte agora?
R: É muito interessante. Toda empresa, instituição, organização deveria ter uma memória, porque afinal de contas, quantas pessoas importantes passaram pelo Dieese? Quantas pessoas já morreram? Quantas pessoas saíram do Dieese e foram pro governo, voltaram e saíram de novo? Quantas pessoas fizeram a história? Quantas pessoas mudaram alguma coisa dentro do Dieeseieese? Mudaram rotinas para melhor, mudaram um texto ou um trabalho, ou um layout de uma cesta básica. Quantas pessoas investiram uma configuração de alguma coisa para que isso melhorasse o trabalho das pessoas como um todo? Então a memória é apenas o que fica, porque a memória e às vezes falha, mas alguma coisa que fica registrada não vai falhar, ela fica registrada, em áudio, em vídeo, em livro, eu acho muito louvável essa idéia de se fazer a memória das pessoas, mas infelizmente não poderão ser todas, algumas que estiveram aqui, outras que foram citadas e eu acho que vai ser muito legal.
P/2: O que você acha de fazer parte dessa memória também?
R: Para mim é um prazer, é uma honra, porque acho que eu contribui para mudar alguma coisa lá no meu local de trabalho, sobre as rotinas para deixar a vida das pessoas, que estão comigo todos os dias, nas oito horas de jornada, mais fácil e no contato com as pessoas, facilitando pros meus chefes, pros meus colegas, um recado, um telefone, uma agenda, um envio de e-mail, um cadastro de e-mail, sempre da melhor forma que eu posso e, embora existiram e existem crises recentes, eu nunca pensei em não fazer isso, por causa da crise, eu sempre fui fazendo mesmo estando em crise, mesmo não tendo garantias de algumas coisas, mesmo que esteja sendo difícil ver que pessoas saíram do Dieese eu ainda continuarei todos os dias indo pro meu local de trabalho, no mesmo horário, fazendo as mesmas coisas, facilitando, administrando tudo da mesma forma.
P/1: Então é isso...
P/2: Muito obrigada.
R: O prazer foi meu, eu que agradeço.
—------FIM DA ENTREVISTA—-[-----
CONTINUAÇÃO]
P/1: Muito obrigado viu?
P/2: Nossa, qual foi nosso tempo?
P/1: 48 minutos.
P/1: Ah tranquilo né?
P/2: Ótimo...
P/1: Na medida
P/2: De 40 a 1 hora esse é o nosso tempo.
R: É?
P/2: Nossa muito bom.
P/1: Seu lápis, muito obrigado mesmo.
P/2: Nossa, legal Terrânia você é ótima.
R: É?
P/2: Muito bom, você é super objetiva, nossa muito bom...
P/1: Ah e foram perguntas assim muito...Recolher