FATOS REAIS DO COTIDIANO
APRESENTAÇÃO
Os fatos aqui relatados a princípio surrealistas, contradissentes, hilariantes, entristecedores, na realidade estão catalogados nas diversas delegacias de polícia da grande São Paulo, quiçá ...Continuar leitura
FATOS
REAIS DO COTIDIANO
APRESENTAÇÃO
Os fatos
aqui relatados a princípio surrealistas,
contradissentes, hilariantes, entristecedores, na realidade
estão catalogados
nas diversas delegacias de
polícia
da grande São Paulo, quiçá de todo o país foram e são vividos de formas
semelhantes
por grande
parte da população brasileira refletindo
sua verdadeira
cosmovisão lembrando-nos de que dentro do vigente sistema político seus protagonistas, além de facilmente influenciáveis por retóricas enganosas, tem o voto igualizado ao seu.
Uma reflexão
mais
profunda sobre esses fatos, nos
leva
a
meditar
sobre
os ensinamentos do
sábio filósofo
Platão (Atenas, 429 a 347 aC) e a indagar se somos merecedores do atual
regime político
e se
algum
dia idealizaremos
uma
democracia
mais própria à nossa realidade,
começando pelo voto facultativo que impediria que continuássemos votando em alguns “cacarecos”,
conforme já
ocorreu no estado do Rio de Janeiro em pleno século XX,
quando os eleitores
elegeram para deputado o hipopótamo do
zoológico local
batizado pelo nome de Cacareco
que alguém,
criticando
o
voto
obrigatório, o incluiu na propaganda eleitoral e apesar de comprovada,
sua tese
foi logo esquecida pois que contrariava e continua contrariando os interesses de muitos.
Seria o reconhecimento do direito fundamental de escolhermos os dirigentes da nação
e não o vigente absurdo dever de votar que representa um desrespeito àquele cidadão
que não se sentindo apto para essa tarefa, acaba nas mãos dos demagogos que infestam
nossas legendas partidárias.
O voto facultativo, há muito adotado pelos norte-americanos, cujo exemplo ao mundo haveria de ser seguido por aqueles que se julgam desenvolvidos, seria bem próximo do ideal se não o abrasileirássemos conforme fizemos com os outros institutos importados.
No
início
do
século
XI X
criamos
leis
anti-escravagistas
- para os ingleses verem –
assim rotuladas porque nunca foram cumpridas.
No mesmo nível, nossa filiação partidária, embora presumível, na prática não traz a menor vinculação ideológica dos
candidatos a exemplo do que acontece nos países do primeiro
mundo.
Os eleitos, na sua maioria, nos administram de forma pessoal e muitas vezes oposta ao apregoado. E se lhes for conveniente, mudam de facção política continuando no poder
como
se
os
eleitores tivessem votado em
sua pessoa e não na proposta do seu partido.
Os presidentes se tornam verdadeiros
soberanos
com poderes
supra-partidários e os integrantes
do legislativo não aceitando suas decisões,
estranhamente podem ser processados por infidelidade partidária.
Os atuais direitos humanos prevêem aos condenados o direito de alimentação pelo Estado, enquanto os demais cidadãos devem trabalhar para
sustentá-los. Desta forma, os detentos ficam com as vinte e quatro horas do dia livres para idealizarem novas rebeliões, novas fugas e organizações criminosas.
As leis de execuções criminais no final dos anos 70 do século passado, passaram a garantir-lhes o direito a visitas íntimas sem se preocuparem com as conseqüências negativas devido a
falta
de infra-estrutura
dos presídios e da condição cultural dos detentos, resultando na
disseminação de doenças
venéreas: Aids, gravidez não planejada e com o destino e educação das crianças que nascem desses desastrados relacionamentos.
Sem nos esquecermos das demais áreas quase na mesma situação, damos ênfase ao direito penal com suas normas positivas e adjetivas obsoletas
dificultando ao poder judiciário o cumprimento da sua missão denegrindo a imagem de seus
respeitáveis
integrantes
que são
vistos
como os
responsáveis
pelas mazelas do sistema que, além de tornar a instituição morosa,
algumas
vezes opondo as
autoridades,
resultam
em decisões
conflitantes com o sentimento social vigente, direcionando para o pejorativo ditado popular:
-
“a polícia prende,
a justiça solta”
-
Com freqüência
a
imprensa exibe
fichas
com
metros
de
comprimento
de ex-detentos
acusados
da
prática de novos crimes e mais uma vez detidos pela polícia enquanto a sociedade permanece sem resposta sobre a
responsabilidade dessa ilógica volta
às ruas e alguns, diante das adversidades da vida
se contestam sobre a validade de viverem honestamente.
Considerando que somente ao Legislativo cabe revisar nossos mandamentos jurídicos, mesmo que apenas em nome da
recíproca
preocupação com a auto-imagem dos
três
poderes,
isto já seria uma
demonstração de que, sem
nenhuma
vetusta e tradicional
preocupação
com
os
estrangeiros,
já estaríamos
começando a
cumprir integralmente o retórico, mandamento constitucional:
“São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”.
I – MULHER – OBJETO DE TROCA
Tarde ensolarada.
Sábado.
Dois indivíduos fortes,
trajando
apenas
short
e
camiseta,
foram encontrados em plena luta corporal em uma das ruas da cidade.
Levados à delegacia por uma guarnição da Polícia Militar, um deles explicou:
- Sabe Doutor. Eu tinha uma barraco velho e uma mulher. Há dois meses fiz um negócio com esse cara. Troquei meu barraco pelo dele que era
bem
mais
confortável e como
pagamento
da
diferença
do preço,
dei a
ele
a minha mulher.
Como provisoriamente eu ia passar a morar sozinho emprestei-lhe, por um mês, a minha cama e o meu guarda-roupas até que ele comprasse outros móveis. O tempo passou e nada. Nem devolvia as minhas coisas nem pagava. Hoje fui procurá-lo para exigir a combinada devolução. “Pasmen doutor”, exclamou. “Veja a cena que assisti”, disse ao delegado.
Olhando pelo buraco da parede do barraco vi minha mulher peladona encostada no meu guarda-roupas
e esse sem vergonha sentado na minha cama
olhando e exclamando – Gostosooona
Aquilo me deixou cego de ódio. Arrombei a porta e agarrei esse canalha
e saímos na mão.
- Esse ordinário usando minha cama e meu guarda-roupas para fazer aquela sem-vergonhice
O que o Senhor faria no meu lugar?
II
-
CIÚMES
Um senhor
de
uns
45 anos de
idade
entrou
correndo
na
Delegacia
e
denunciou
que
havia
pego
em flagrante
sua
mulher
em pleno adultério
e
não tinha feito nada contra os dois porque nesta terra havia lei e ele confiava na justiça.
Parabenizado por essa sua conduta e indagado se era a primeira vez que aquilo ocorria, o homem completou:
- Não.
Minha mulher é uma sem vergonha e esta é a terceira ou quarta vez que a pego com outro na cama.
Como o crime de adultério só se configurava naquela circunstância, explicado sobre essa nuance, o homem apresentando um recibo que às pressas
tirou de um dos bolsos do
paletó, fez
uma contra proposta:
- Então o Sr. mande dois PMs até lá tirar a cama deles porque a cama é minha. Eu a comprei e a paguei e não posso admitir essa
pouca vergonha em
cima
dela
III – ELES TAMBÉM DEVEM GOSTAR
Um casal
procurando a Delegacia, a jovem relatou:
- Como meu marido estava com dificuldades para encontrar emprego fomos aconselhados a procurar ajuda em um centro onde o pai-de-santo
nos orientou que quando meu marido saísse a procura de trabalho eu fosse até lá para iniciarmos as sessões. Durante a primeira começaram a baixar vários espíritos no homem e em dado momento ele foi tomado pelo espírito do Zé Pilintra que começou a me apalpar. Apalpa daqui apalpa dali e fui colocada deitada sobre um sofá. Tirando minhas roupas íntimas e abaixando suas calças, deitou sobre mim e me possuiu. Com nova consulta marcada, na semana seguinte, lá retornei e aconteceu
tudo
de novo, desta vez com o espírito do Zé Baiano.
Fui numa terceira e numa quarta sessão e tudo se repetiu e
sempre
com
espíritos diferentes. Meu marido começando a desconfiar da conduta dos espíritos que estavam se aproveitando de mim através do pai de santo, resolveu que devíamos procurar a polícia.
O marido que a tudo ouvia, com ar compenetrado simplesmente completou:
- Pois é, doutor. Nada posso afirmar. Não discuto coisas do além, mas faço questão que tudo seja apurado.
É evidente que essas pessoas foram vítimas de falsários, pois que os verdadeiros centros, as verdadeiras religiões, bem como os que se consideram pai ou mãe de santo jamais se prestariam a esse fim, muito menos para obtenção de vantagens pessoais.
Sob a rubrica da liberdade religiosa, ficamos sem
fiscalização nesse campo e os incautos a mercê dos espertalhões.
IV – CARNE DE BODE PRETO
Uma jovem ainda
na tenra idade foi acometida por
grave enfermidade que a tornou paraplégica. Por mais que sua família tentasse, os médicos nada conseguindo, resignou-se com seu fadário passando a viver sobre cadeiras de rodas.
Quando já mocinha, apresentou-se em sua cidade um “fazedor de milagres” e ela o procurando, sob a ordem de levanta e anda,
abandonou a cadeira e voltou à normalidade.
Aos vinte e oito anos, durante sua primeira gravidez começou a sentir dificuldades para andar e novamente se tornou paraplégica.
Valendo-se da experiência anterior, imediatamente procurou pelos milagreiros e acabou sendo atendida em um
centro que se propôs curá-la.
O dirigente levando-a para um cemitério ali fez um “trabalho” para obter a cura,
sacrificando e espargindo o sangue de várias galinhas pretas e de um bode da mesma cor.
Não obtendo o resultado pretendido, acertadamente internou a moça em um hospital público.
Dias depois, uma pseudo mãe de santo a quem a cliente foi primeiramente prometida, ao tomar ciência do ocorrido, enfureceu-se e foi até o hospital e obteve alta da paciente, levando-a para o seu covil.
Ao examinar a moça, assustando-se com as feias escaras surgidas em suas nádegas, crosta escura indolor
resultante da mortificação do tecido, devido a causas diversas, dentre elas,
o
paciente
ter
permanecido
em
decúbito por muito tempo, imediatamente diagnosticou que se tratava da carne do bode preto enxertada pelo outro centro.
Munida de uma tesoura foi cortando os pedaços e quase dilacerou um dos lados da região glútea da paciente.
Diante da forte hemorragia que não conseguia estancar, chamou a polícia
denunciando o ocorrido.
Internada em um outro hospital, constataram que a infeliz era portadora de um antigo tumor intercostal que na sua
infância comprimiu o sistema nervoso de locomoção e na
puberdade, devido às naturais
modificações
do seu
corpo tomou
outra
posição possibilitando-a
de andar.
Não
houve
milagre algum. Simplesmente uma obediência à ordem
“levanta
e anda”
Durante a gravidez a pressão do feto empurrou o tumor para o estado originário resultando na nova dificuldade de andar.
Ferida e dilacerada física e moralmente, seu estado de saúde se agravou e a jovem faleceu no hospital.
V – BIGAMIA EM FAMÍLIA
Na época em que os pais das donzelas, ainda recorriam à polícia para registrar queixa pelo crime de sedução, uma senhora procurou a Delegacia informando que seu genro havia feito “mal” para sua filha. Estranhando a informação, o Delegado perguntou se eles já eram casados e a
senhora concluiu:
- Sim são casados, mas ele fez mal para a outra minha
filha menor e solteira.
No dia marcado para a lavratura do boletim de ocorrência, o BO, e o encaminhamento da moça a exame de conjunção carnal, aparecem na Delegacia, a mãe, um rapaz e duas moças.
O Delegado chamando em particular os três envolvidos para ouvir o que tinham a dizer, uma das moças esclareceu:
- Não sei porque minha mãe veio fazer queixa.
- Há muito tempo que isso aconteceu e nós três dormimos no mesmo quarto, na mesma cama.
- Meu marido às vezes faz sexo comigo e às vezes com minha irmã e às vezes com nós duas. Não temos ciúmes uma da outra.
O Delegado diante daquela confissão, olhando bem para os três e admirando a beleza das moças, deixou escapar o que pensava e imediatamente se resignou:
- Vocês fazem coisas que deixam até o seu Delegado com inveja
Provavelmente a autoridade se conteve porque suas cunhadas naqueles tempos já tinham mais de sessenta anos e imaginou a triste cena que viveria com duas velhas na cama.
VI – AEROPORTO DE MOSCAS
Tarde ensolarada. Dia quente sem sinais de chuva.
O plantão de uma Delegacia da periferia
estava repleto de pessoas, quando chegou mais alguém.
Era uma formosa morena clara com seus vinte anos de idade, corpo bem delineado, pernas grossas bem torneadas, trajando uma leve blusinha e uma micro-saia.
Não houve quem não a percebesse
Sentando-se em um dos bancos, com uma rápida cruzada de pernas postou-se em uma posição onde sua beleza ficou ainda mais exposta e silenciosamente permaneceu.
Em dado momento, o policial que fazia a triagem das partes, dirigiu-se ao Delegado e pediu-lhe que viesse ver o que estava ocorrendo.
A Autoridade pessoalmente constatou:
Todas as moscas que casualmente passavam pelo Distrito tentavam alvoroçadas pousar entre as pernas da moça por dentro da sua saia como que disputando milimetricamente algum lugar.
Disfarçadamente a jovem procurava espantava-las abanando com uma das mãos.
VII
–
BRIGA
A moradora de um bairro, após breve discussão, avançou contra seu vizinho tentando agredi-lo a socos, pontapés e mordidas.
Na defesa, ambos se atracaram.
Luta renhida
Os contendores rolaram no chão.
A cada tentativa de golpes, o homem por cima a segurava e forçosamente a apalpava.
Mordidas de lá, defesa com a boca de cá.
Tentativa de socos, os corpos
se entrelaçavam. Tentativa de pontapés, as pernas se cruzavam. Nas ameaças de joelhadas, as mãos roçavam suas coxas.
Contidos, foram conduzidos à Delegacia quando
a mulher percebendo que seus argumentos não convenciam completou:
- Doutor.
Realmente o Sr. tem razão.
- Acho que ele não estava me batendo mas procurando se aproveitar de mim.
-Quero registrar queixa por abuso sexual
VIII – DESAVENÇA CONJUGAL
Uma senhora procurou pela Delegacia reclamando que seu marido muito a perturbava a ponto de sequer deixá-la
dormir
a noite e queria uma providência.
Segundo ela, o marido a criticava por tudo e por nada, não lhe dando um minuto de descanso.
Fazia acusações falsas, dizendo inclusive que ela era uma adúltera.
Não podia conversar com ninguém e novas críticas surgiam.
Se ia ao supermercado começava com novas
suspeitas.
Enfim, sua vida estava insuportável
O Delegado com a maior atenção, pediu-lhe o
endereço para intimar o acusado.
A senhora um tanto desconsertada parou de falar, pensou,
pensou
e completou:
– É que meu marido morreu há três
meses e está enterrado no cemitério da cidade.
IX – NÃO PROCUREI, NEM PROCURO
Uma jovem
judicialmente
separada
do marido procurou a Delegacia queixando-se de que,
a pretexto de visitar a recém nascida filha, ele vinha a sua casa inopinadamente a
qualquer hora da madrugada sendo que na realidade sequer era o
pai
da
criança. Estranhando essa
informação,
a pedido da
Autoridade,
a moça esclareceu:
- Sabe doutor, existia alguma coisa
estranha com o meu ex-marido, por isso nos separamos. Aquele moço, respeitoso e responsável,
na noite do casamento durante a
festa,
bebeu tanto que
se descontrolou. Para que os demais convidados não percebessem eu e um amigo íntimo dele o levamos para o nosso quarto. Já indignada com aquela situação fiquei mais perplexa quando, provavelmente fingindo embriaguez, ao agradecer o
amigo,
afirmou que estava tão grato que o retribuiria naquela noite com a minha virgindade. Num ato de revolta não pensei duas vezes. Tirei minhas roupas deixei o bêbado no chão e fui para a cama com seu amigo, resultando na gravidez. O tempo foi passando e como ele nunca tocou no assunto nem me
procurou, entrei com o pedido de separação judicial para posterior anulação do nosso famigerado casamento.
Como o acusado era subgerente de uma agência bancária próxima à Delegacia, convidado por telefone, imediatamente se apresentou munido de um alvará judicial e fez questão de mostrar que por aquele documento podia visitar a filha no momento que lhe aprouvesse.
Como apesar das ponderações o rapaz em tom firme não mudava de opinião o Delegado resolveu usar da penúltima cartada:
- Afinal o senhor nem sequer é pai da criança.
O acusado com um ar de indignação e surpresa virou-se para a mulher e dialogaram:
- Benzinha, você me traia desde aquele tempo?
- Claro Você algum dia me procurou?????
Repentinamente tudo mudou.
Aquele homem alto forte, trajando paletó e gravata, de voz grave, aspecto austero, resoluto, determinante, agora descontrolado, punho direito cerrado batendo contra a palma da mão esquerda, olhando firme para o Delegado, com voz e trejeitos femininos nervosos, desafiou:
- Não procurei nem procuro, quero ver quem me obriga
X – CASAMENTO NA POLÍCIA
Nos anos 70, quando o serviço publico era muito mais rudimentar do que hoje, as pessoas sem recursos, acometidas de enfermidade mental ficavam
custodiadas nas Delegacias até que se encontrasse um lugar para interna-las.
Uma jovem completamente alucinada após uma semana no xadrez, foi internada em um hospital psiquiátrico recebendo alta trinta dias depois.
Imediatamente a paciente retornou à Delegacia perguntando se um rapaz fizesse “mal” para uma moça era obrigado a se casar com ela. Obtendo resposta afirmativa, passou a exigir que fizessem seu casamento com um dos PMs que guarneciam a Delegacia.
Perguntado qual deles, a moça esclareceu que foram todos. Quando passou pela delegacia, durante a noite os PMs a levavam para um alojamento onde haviam muitas camas e faziam sexo com ela, mas é claro que não queria se casar com todos mas com apenas um deles. Em dado momento, olhando pela janela viu um PM passando pelo pátio e exclamou:
- Com aquele Doutor. Com aquele Quero me casar com ele porque foi o mais gostoso de todos
- Sabe doutor. Não foram só os PMs que abusaram de mim. Aquele dia eu não cheguei aqui em uma perua branca do Fórum?
- Pois é. No caminho, o Oficial de Justiça e o Motorista pararam a viatura próximo a um terreno baldio e também fizeram sexo comigo.
Como a jovem ainda aparentava forte distúrbio mental, diante dessa deixa, a Autoridade agindo com toda cautela, mandou redigir um oficio apresentando a moça ao Juiz Corregedor da Comarca na tentativa de obter
algum orientação.
Solicitado o concurso da Polícia Militar, dois PMs foram até o Fórum da Comarca escoltando a denunciante.
Horas depois os PMs voltaram sozinhos e entre gargalhadas contaram que ao se apresentarem ao meritíssimo, o homem de cara feia
e postura arrogante,
passou a ler o oficio da Delegacia enquanto a moça permanecia sentada em sua frente.
Em dado momento a moça, “psiu, psiu”, fez ao
Juiz que parou de ler
e a olhou de cara ainda mais feia.
- Sabe que o senhor também é lindo – completou a moça.
O Juiz desconsertado, limpou a garganta e gritando, determinou:
- Tirem essa moça daqui Tirem essa moça daqui
O Juiz nunca se manifestou e a moça simplesmente desapareceu.
XI
-
DINHEIRO CONSOLO DA VIÚVA
Uma mulher aparentemente inconsolável ao ser confirmada a morte do seu marido que a pouco havia sido atropelado em baixo de uma passarela sobre uma rodovia, gritava
e
lamentava o passamento de pessoa tão querida.
O Delegado contristado com
aquela cena,
ao orientá-la
sobre
os
procedimentos
legais,
na primeira oportunidade ponderou que
ela
teria
a
receber
determinada importância em dinheiro correspondentes ao seguro obrigatório.
Nesse ínterim chega à Delegacia o proprietário do caminhão atropelante que foi logo avisando que além daquela importância, ela iria receber mais dez mil de um outro seguro feito pela sua empresa.
Diante daquelas mágicas palavras os gritos se aplacaram e a mulher que após a informação da Autoridade já apenas soluçava, soltou uma enorme gargalhada e a partir de então não falava mais de outra coisa a não ser de quando e do quanto ia receber o dinheiro.
A
felicidade
que
tomou
conta
daquele
ser
se irradiou
por toda
Delegacia
e
a
viúva
consoladíssima
e
sorridente
se retirou
não mais falando
da morte do
marido que
descansou em paz.
XII – DEVER DE OFÍCIO
Uma jovem, cujo marido havia sido assassinado por desconhecido, com certa freqüência
passou a se apresentar na Delegacia queixando-se de
que também estava sendo ameaçada. O Delegado suspeitando da veracidade do alegado, ao inquiri-la, a mulher entrou em contradições e,
tentando justificar-se, afirmou:
- Olha doutor.
Depois
da
morte
de
meu
marido
passei
a ficar muito nervosa
a
ponto
de
não
mais
conseguir conciliar o sono noturno. Consultando meu ginecologista,
fui orientada a arrumar outro homem para não acabar me
enlouquecendo. Tive a idéia de procura-lo,
mas
como
minhas
ex-cunhadas não me largam do pé, inventei a estória da ameaça.
Na
realidade
eu gostaria de vir até a Delegacia e, ao invés de registrar B.O., que o senhor fechasse
a porta da sua sala e fizesse
sexo comigo.
Perguntada porque não fazia com o seu ginecologista a jovem completou:
- É porque não é o ginecologista, mas sim a ginecologista.
A Autoridade que não deixava nenhum caso sem solução se propôs ajudá-la telefonando ao Fórum da Comarca expondo os fatos a um jovem Representante do Ministério Público, sendo a mulher posteriormente a ele encaminhada munida de um memorando de apresentação.
Tempos depois Promotor e Delegado se encontrando,
dialogaram sobre a inusitada ocorrência:
- É doutor, a polícia judiciária tem o dever de
resolver esses
conflitos.
- Doutor A curatela da família é da responsabilidade do Ministério Público e não da Polícia Civil
Na realidade ambos estavam indignados
com a
concepção que aquela mulher
e
talvez parte da população faziam sobre os representantes das instituições públicas.
XIII – FALTA DE PROVAS
Um homem
de
aproximadamente trinta e cinco anos de
idade,
chefe
de família,
resolveu se
converter
ao evangelho.
Assíduo freqüentador de igreja, não deixava de ler a bíblia por nada.
Sua fé cresceu tanto que certa manhã acordou se achando o próprio Jesus Cristo.
Como primeiro ato decidiu mandar toda sua família
para o céu.
Chamou a esposa e os filhos maiores dando-lhes a “boa nova”.
Como qualquer mortal, seus familiares apesar de amarem a Deus sobre todas as coisas mas não tendo a menor pressa de encontrá-lo,
saíram correndo.
O homem foi
até o
berço
onde seu filho, um
recém-nascido,
repousava e
despejou
na boca da
criança, água quente
da
panela de arroz que coincidentemente estava no fogão cozinhando.
Após assassinar a criança foi até o quintal da sua casa, forrou o chão com um lençol branco, tirou a camisa e banhou-se com um ou dois litros de álcool, ateando fogo.
Não dava um gemido qualquer. Simplesmente orava e pedia a seu Pai que recebesse a alma do seu netinho.
A polícia, chamada, o conduziu até o Hospital das
Clínicas onde medicado,
retornou imediatamente com alta.
Quando da lavratura do auto de prisão, ao ser interrogado pela autoridade,
ao ouvir que estava sendo preso por ter matado seu próprio filho, o homem imediatamente retrucou:
- Matei uma ova O senhor não está vendo que sou Jesus Cristo?
Simplesmente o mandei para o céu
-
Bolas
Uma semana depois o homem morreu dentro do xadrez sem que ninguém acreditasse nele.
XIV –
A FIEL DE UM CHIFRUDO
Um sitiante cansado da vida na roça resolveu mudar-se para a cidade grande, mas como seus recursos eram parcos foi morar em um barraco da periferia que lembrava muito a região da sua procedência.
-
Um ribeirão, terrenos baldios, pastos e algumas cabeças de gado.
Provavelmente
como era
costume
seu, em
dado momento
interessou-se
pelos
animais
e
muito mais por uma
gorda, robusta e bonita vaca.
A noite, quando ninguém observava, foi até o pasto e tentou conquista-la oferecendo-lhe mais alimentos.
A vaca com o seu indiferente olhar continuou pastando sem se importar com
sua presença.
O
homem
dela se
aproximou
e
deduzindo
que havia ganho sua confiança,
resolveu possuí-la.
Na primeira tentativa levou um par de coices na virilha e ao desmaiar deve
apenas
ter balbuciado:
-
Ela era fiel
No dia seguinte foi
encontrado
morto pelo dono dos animais
enquanto a vaca
continuava indiferente
pastando pelas imediações.
Os fatos foram devidamente apurados em inquérito
posteriormente
arquivado
eis
que
a
inimputada
“indiciada” comprovadamente
agiu
em
legítima defesa
de sua honra,
da honra da sua família.
XV –
CHAVÃO POPULAR
Em plena revolução militar, iniciada em 1964, em um anoitecer de um sábado quando apenas alguns policiais militares, orientados por um novato escrivão, guarneciam uma pequena Delegacia, para lá foi conduzido um indivíduo alcoolizado sob acusação de que promovia desordens nas ruas da cidade.
Como o homem passou a dizer que era funcionário civil do exército e a pleitear direitos, o Escrivão pediu para que buscassem o Delegado em sua residência.
O Delegado demonstrando indiferença para esse fato simplesmente orientou o Escrivão a, juntamente com os PMs, conduzir até o Instituto Médico Legal, o elemento detido para exame de dosagem alcoólica necessário à lavratura do auto de prisão em flagrante.
No retorno o bêbado, mais refeito,
passou a pedir para que o escrivão tivesse dó dele que era pai de oito filhos para criar e não podia ficar preso. O escrivão que só o ouvia, em dado momento contestou:
- Calma Você tem pelo menos dez cruzeiros no bolso? Se tiver, na hora do flagrante você paga a fiança que vai ser arbitrada no máximo nessa importância e vai embora
- Oh seu Escrivão
eu só tenho cinco –
retrucou o homem.
A conversa terminou aí.
Na
Delegacia,
particularmente
o
Escrivão ponderou ao Delegado
que não fizessem o flagrante pois
de nada adiantaria já que
o valor da fiança era por demais irrisório.
O salário mínimo
da
época
era
de
Cr$ 187,20. Trabalhariam o resto da noite e o indiciado chegaria em casa primeiro
que eles.
O Delegado concordou mas determinou:
- Coloque o homem no xadrez e só o solte segunda-feira de manhã.
Na segunda-feira ao chegarem na Delegacia, todos perceberam que ela estava sitiada por soldados do exército armados com fuzis e metralhadoras prontos para prender o corrupto escrivão.
O comandante daqueles militares esclareceu que o seu funcionário queixou-se ao Coronel do Quartel onde serviam que na noite de sábado havia sido detido por um sargento da PM e por um investigador só porque tinha bebido um pouquinho e como não tinha dez cruzeiros para pagar ao escrivão, teve que passar duas noites na cadeia.
Depois de uma demorada negociação ficou decidido que o escrivão seria conduzido ao quartel
do exército
em uma viatura
civil e não no comboio
dos militares.
O Escrivão que naqueles tempos
era
universitário
e
gostava de se trajar executivamente, conduzido ao Quartel, ao ser visto pelo Coronel, foi imediatamente sentenciado:
- Não
Não
Esse rapaz jamais pediria dinheiro para alguém, muito menos dez cruzeiros. Desculpem-nos pelo incidente e para esquecê-lo,
estão todos convidados a aqui retornarem no próximo sábado e almoçarem uma feijoada comigo.
Da
rápida decisão do Coronel
se pode concluir que aquele velho chavão popular era e é verdadeiro:
Homem de gravata eu respeitoRecolher