Em 10/ Janeiro/ 2011, graças a um depoimento no portal Museu da Pessoa, após 43 anos, falei sobre o melhor pedaço do meu passado, o passado no Mascarenhas, o passado que sempre encheu meu peito de muitas saudades, saudades boas, saudades alegres e saudáveis, neste dia consegui falar com a Sandra...Continuar leitura
Em 10/ Janeiro/ 2011, graças a um depoimento no portal Museu da Pessoa, após 43 anos, falei sobre o melhor pedaço do meu passado, o passado no Mascarenhas, o passado que sempre encheu meu peito de muitas saudades, saudades boas, saudades alegres e saudáveis, neste dia consegui falar com a Sandra, a descobri através de seu depoimento no Museu da Pessoa, deixei de lado a minha timidez, liguei para ela e tive a confirmação que fomos colegas no Mascarenhas nos anos de 1964 a 1967, que tivemos as mesmas Professoras, os mesmos colegas, algo que para mim, até hoje, era como uma ilusão, uma fantasia fruto da minha imaginação, pois durante estes 43 anos jamais estive ou conversei com alguém daquela turma, nunca tive notícias, as lembranças aos poucos foram se dispersando, os nomes esquecidos, hoje me lembro de apenas 10 nomes, Elisa, Helen, Ronaldo, Samuel, Walter, Denise, Sandra, Ronald, Daniel e Raquel, só que quanto a Raquel a Sandra disse que não se lembra, portanto a Raquel pode ter sido apenas colega da volta pra casa, porque me lembro dela em algumas voltas pra casa. Das Professoras me lembrava apenas de três, da Dona Clorinda, da Dona Dorinha e quanto a terceira sempre tive dúvida quanto o nome dela, se era Dona Inês ou Dona Salma,
hoje a Sandra me disse que era Dona Salma, e quanto a quarta Professora, da qual não tenho mais nenhuma lembrança,
me disse que ela se afastou por gravidez e que naquele ano tivemos várias professoras, fato que nos trouxe problemas com o aprendizado. Neste dia meu passado veio à tona, aquele passado que sempre foi tão distante e proibido, porque naquela época tudo o que se ouvia é que “aquilo não era conversa pra menino”, que eu deveria deixar de ser “espícula”, e com isto o passado passou a ser apenas ilusão, proibido, me lembro que em torno do ano de 1968 ou 1969, estava com meu pai em São Paulo, no Largo do Arouche e vi uns rapazes que estavam fazendo uns quadros, que até eram bonitos, bem desenhados, saímos e algumas horas depois voltamos para almoçar e vimos uma aglomeração no lugar onde estavam os rapazes, com a polícia presente, perguntamos sobre o que estava acontecendo, nos disseram que os rapazes foram presos por causa de seus desenhos, não entendi o porque, mas como sempre não se preocurava com o “porque”, pois o “porque” sempre era proibido, como algumas músicas que um dia ouvíamos e no outro dia era proibido, simplesmente deixávamos de ouvi-las e seguíamos em frente,
creio que é por isto que nós Brasileiros não temos memória, não aprendemos a cultivar
o passado, e isto passamos para a geração seguinte, passamos a ser um povo que aprendeu a viver somente o hoje, porem
temos grandes nomes e feitos no passado que estão esquecidos no tempo, passamos a conhecer somente histórias de outros povos, de seus grandes feitos e heróis, e nos esquecemos de nossa história, que sempre nos foi ocultada, escondida, mas temos em Brasília o “Memorial
JK” que todo Brasileiro deveria conhecer, foi em uma visita a este memorial que passei a ter interesse pelo meu passado. Hoje voltei a ter este passado de volta, voltei a ser parte daquela história, que se passou no Mascarenhas, hoje aqueles 10 nomes de colegas e três de Professoras não são mais ficção, eles foram sim parte de meu passado, somente tenho que me desculpar com os demais colegas que já não me lembro de seus nomes, e se não me lembro, não é porque foram menos importantes em minha vida, é porque me perdi no abismo do meu hoje, apenas olhando para frente, tentando encontrar algo a que me segurar, só que este algo era o meu passado que se distanciava cada vez mais.
Este relato deixo apenas para agradecer ao “MUSEU DA PESSOA” e dizer o quanto é importante para nos Brasileiros e para nossa história o trabalho que fazem de resgate de nosso passado.
Uberlândia, MG, 10/ Janeiro/ 2011Recolher