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História
Personagem: Ildeu de Novais Pinto
Por: Museu da Pessoa, 2 de junho de 2017

Estradas trilhadas

Esta história contém:

Estradas trilhadas

Vídeo

Meu pai veio pra cá com 5 anos. Vieram dois irmãos, meu avô, minha avó. Vieram pra cá e por aqui se criaram e criaram família. O meu pai casou com a minha mãe, que era daqui de Paracatu, e constituiu a família. Aqui residimos, éramos cinco irmãos. Minha infância se deu unicamente e exclusiva ao trabalho. Eu era menino e já fazia as obrigações de casa. E aí fui crescendo, entrei pra escola com 7 anos, frequentava o Grupo Escolar Afonso Arinos.

Eu não tive infância, minha vida foi toda de trabalho. Como minha mãe era uma pessoa muito exigente, ela não deixava a gente ter folga de nada. Quando não estava limpando o chão pra ela, fazendo as coisas, eu tinha que estar fazendo alguma outra coisa. Assim foi minha infância, eu não tive carrinho pra brincar e não tinha brincadeira não.

Meu pai tinha um caminhãozinho velho, um caminhão que transportava as cargas, fazia frete. O meu pai adquiriu esse caminhão, era um caminhão 28, era um chevroletezinho velho. No decorrer do tempo, eu já com 7 anos aprendi a dirigir caminhão que era velho, pegava 30 sacos de sal, o sal pesava 20 quilos nessa época. Seiscentos quilos, quando máximo, pegava esse caminhãozinho. Meu pai tinha esse caminhão e fazia frete, foi dono do Porto Buriti, onde nós recebíamos as mercadorias.

Antes disso, meu pai tinha uma barca, onde eu ajudei e viajava com o meu pai nessa barca, era uma canoa grande, metade coberta com couro de gado e metade livre. Essa barca existia: duas tábuas paralelas, uma de um lado, outra de outro, pra o sujeito, barqueiro, caminhar em cima com um varejão pra empurrar. Varejão significa uma vara grande, onde alcançava o fundo do rio pra empurrar essa barca. Com essa barca, meu pai viajava, ia pra Pirapora, descia o [rio] Paracatu e subia o [rio] São Francisco pra Pirapora, onde ia buscar mercadoria pra aqui: sal, querosene e tudo. Depois, no decorrer dos tempos, veio a navegação e os vapores que vinham de Pirapora pra aqui e traziam...

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Gerações

No Beco do seu Prisco, seu Ildeu passeia com seu neto mais novo Davi: do mesmo jeito que o avô estava, o neto copiou. Davi gosta de acompanhar seu Ildeu para bater o sino.

local: Brasil / Minas Gerais / Paracatu
história: Estradas trilhadas
tipo: Fotografia

Sacríficio

Vindo de Belo Horizonte para Paracatu. “De todo sacrifício, só resta saudade do trabalho. Todo sofrimento deixa saudade.” A foto para seu Ildeu é uma recordação do trabalho e do sacrifício. Carregamento de carga de consignação tecido, armarinho, para o comércio da cidade, num Ford 46, o mesmo que comprou aos 15 anos. Na traseira do caminhão: Militão, Zé Pezinho (de costas), barqueiros da época. Seu Ildeu está de braços cruzados. Ele não se lembra do nome do canoeiro.

local: Brasil / Minas Gerais / Paracatu
história: Estradas trilhadas
tipo: Fotografia

Nonagenário

A foto é muito significativa, pois nela está toda família e também amigos estão reunidos durante a festa de 90 anos de seu Ildeu em sua casa. Esquerda para direita: Hugo (amigo chileno), dona Nensa (esposa do Hugo), Ana, [pessoa não identificada], Humberto (filho), Cibele (de amarelo, filha), Davi (neto), Seu Ildeu, dona Lurdes, Rafaela (de azul, neta), Andrea (amiga), André (neto), [pessoa não identificada], Claudia (filha), Robertinho Maria Antonia (vermelho, filha), Tobias (neto), Sofia (neta), Celene (filha), Tonhã (marido da Celene) e Lilica (cachorrinho).

período: Ano 2015
local: Brasil / Minas Gerais / Paracatu
história: Estradas trilhadas
tipo: Fotografia

Lembrança de Pirapora

Vapor chamado São Salvador que seu Ildeu navegava. Na imagem está no cais do Porto de Pirapora, às margens do Rio São Francisco.

período: Ano 1966
local: Brasil / Minas Gerais / Pirapora
história: Estradas trilhadas
tipo: Fotografia

Presente para nós - parte 1

A filha Celene escreveu uma homenagem aos 90 anos do seu Ildeu. Para ele, Celene demonstra no texto sua fé e também o amor pelo pai. Seu Ildeu sentiu-se muito feliz com a homenagem. “A festa foi maravilhosa, fizeram barraca pra acomodar o povo que veio!”

período: Ano 2015
história: Estradas trilhadas
tipo: Documento

Presente para nós - parte 2

A filha Celene escreveu uma homenagem aos 90 anos do seu Ildeu. Para ele, Celene demonstra no texto sua fé e também o amor pelo pai. Seu Ildeu sentiu-se muito feliz com a homenagem. “A festa foi maravilhosa, fizeram barraca pra acomodar o povo que veio!”

período: Ano 2015
história: Estradas trilhadas
tipo: Documento

Livro "Ildeu 90 anos" - capa

Livro Ildeu 90 anos, também idéia da filha Celene. Destaca a capa feita de couro, o chapéu, que usa sempre e que está sempre sujo de terra da fazenda. É um caderno de memória. Destaca o texto escrito pelo sobrinho Murilo de Araújo Calda, jornalista do Ministério da Saúde (o primeiro da foto, de blusa listrada azul, preta e branca) “Não se mede o tamanho do homem pela distância do alto da cabeça até o chão...”, e diz que o texto é muito importante pra ele.

período: Ano 2015
história: Estradas trilhadas
tipo: Documento

Livro "Ildeu 90 anos" - texto

Livro Ildeu 90 anos, também idéia da filha Celene. Destaca a capa feita de couro, o chapéu, que usa sempre e que está sempre sujo de terra da fazenda. É um caderno de memória. Destaca o texto escrito pelo sobrinho Murilo de Araújo Calda, jornalista do Ministério da Saúde (o primeiro da foto, de blusa listrada azul, preta e branca) “Não se mede o tamanho do homem pela distância do alto da cabeça até o chão...”, e diz que o texto é muito importante pra ele.

período: Ano 2015
história: Estradas trilhadas
tipo: Documento

Mais um da "papelada"

Seu Ildeu gosta de coisas antigas que significam alguma coisa. Se vê como um guardador de coisas históricas e significativas. O documento, para ele, é muito importante. Destaca o desenho, ao lado superior esquerdo, que retrata um cálice e, ao fundo dele, uma nota musical. Ele não se lembra como o documento veio parar em suas mãos. O pai também gostava muito de arquivos e, por isso, seu Ildeu tem em casa uma infinidade de arquivos, uma “papelada de 1913, 20”.

período: Ano 1907
história: Estradas trilhadas
tipo: Documento

Mais um da "papelada" - texto

Seu Ildeu gosta de coisas antigas que significam alguma coisa. Se vê como um guardador de coisas históricas e significativas. O documento, para ele, é muito importante. Destaca o desenho, ao lado superior esquerdo, que retrata um cálice e, ao fundo dele, uma nota musical. Ele não se lembra como o documento veio parar em suas mãos. O pai também gostava muito de arquivos e, por isso, seu Ildeu tem em casa uma infinidade de arquivos, uma “papelada de 1913, 20”.

período: Ano 1907
história: Estradas trilhadas
tipo: Fotografia

Dados de acervo

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Projeto Kinross Paracatu

Depoimento de Ildeu Novais Pinto

Entrevistado por Luiz Gustavo Lima e Marcelo da Luz

Paracatu, 02/06/2017

Realização Museu da Pessoa

KRP_HV01_Ildeu Novais Pinto

Transcrito por Claudia Lucena

P/1 – Então, Seu Ildeu, bom dia.

R – Bom dia.

P/1 – Eu queria agradecer a sua disponibilidade para oferecer de a gente entrar na sua casa com todo esse equipamento e poder ter essa conversa com o senhor.

R – Estamos à sua disposição em qualquer momento, o que vocês dispuserem, fora de reportagem ou sendo reportagem, a casa está às ordens!

P/1 – Muito obrigado. Então, Seu Ildeu, é uma conversa bem tranquila, a gente vai batendo uma bola aqui, o senhor joga pra mim, eu jogo pro senhor, a gente vai tranquilo.

R – Sem preocupação.

P/1 – A ideia é, já que o senhor tem tanta história pra contar, a gente tentar entender a sua trajetória de vida. Então, pra começar, eu queria que o senhor dissesse o seu nome completo, o local e a data do seu nascimento.

R – Meu nome completo é Ildeu de Novais Pinto, nascido em Paracatu, na Rua do Peres, em 14 de março de 1925 e aqui resido até hoje.

P/1 – Esse endereço do nascimento é o mesmo endereço que o senhor mora hoje?

R – Não, esse é o endereço do meu nascimento, aqui eu vim há uns 60 anos atrás, pra aqui.

P/1 – Então aqui era a casa dos seus pais?

R – É, a casa de meus pais.

P/1 – Quem eram os seus pais?

R – Os meus pais eram Afonso Novais Pinto e Geoviana Caldas Pinto, são, minha mãe ela conheceu meu pai, [a família dele] era nordestina, era pernambucana, eu tenho a biografia dele aí, nasceu em Cabrobó.

P/1 – O senhor sabe como é que eles se conheceram? Como é que foi essa história?

R – Meu pai, veio pra cá com cinco anos. Vieram dois irmãos, meu avô, minha avó e os dois irmãos, inclusive o meu pai, Afonso Novais Pinto, e tinha um tio que chamava Otacílio Novais Pinto. Vieram pra cá e por aqui se criaram e criaram família,...

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Título: Estradas trilhadas

Data: 2 de junho de 2017

Local de produção: Brasil / Minas Gerais / Paracatu

Personagem: Ildeu de Novais Pinto
Autor: Museu da Pessoa

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