Nós, alunos da 8ª série da escola municipal “Raimundo Correia”, participamos do projeto “Memória local na escola”, estudamos, conversamos e pesquisamos sobre o tema: “A história da minha escola e a minha estória na escola”.
Nossa escola foi fundada em 03 de setembro de 1975 com o ...Continuar leitura
Nós, alunos da 8ª série da escola municipal “Raimundo Correia”, participamos do projeto “Memória local na escola”, estudamos, conversamos e pesquisamos sobre o tema: “A história da minha escola e a minha estória na escola”.
Nossa escola foi fundada em 03 de setembro de 1975 com o nome de E.M. Parque Paulistano. Em 18 de maio de 1979 passou a chamar-se como conhecemos hoje.
Mas quem viveu todas essas transformações de perto foi a Sra. D. Antônia Maria de Farias, moradora antiga do bairro, que foi entrevistada por nós no dia 03 de outubro de 2006.
D. Antônia contou-nos um pouco de sua infância em Palmeira dos Índios, estado de Alagoas, onde nasceu. O que ela guarda de mais importante daquela época é o carinho dos pais porque, segundo ela, não tinha oportunidade de brincar, trabalhou desde cedo na roça, na “quebra” de milho e feijão.
Lembra-se com carinho também das grandes festas no fim do ano para comemorar o natal. Montava-se um pequeno parque com roda gigante e tudo mais. Ela só podia ir com as senhoras mais velhas, porque o pai era muito rígido.
Naquela época, por causa do trabalho na roça e da distância das poucas salas de aula que haviam, muitas crianças não estudavam. D. Antonia foi uma delas. Ela conta que a escola mais próxima ficava a duas léguas de distância. Quando alguém da vizinhança sabia um pouco mais ensinava, e foi assim que uma de suas irmãs aprendeu um pouco.
As escolas naquela época eram salas grandes que ficavam nas fazendas importantes, e só tinha uma professora para todos os alunos.
Durante a adolescência D. Antonia era orientada pelo pai sobre casamento, namoro e as coisas da vida e “o pai era muito bravo”. A mãe não falava sobre estes assuntos, pos era muito tímida.
Quando D. Antonia casou-se veio com o marido para São Paulo. A família de seu marido morava no bairro Cangaíba, e ela também foi com o marido e dois filhos para lá. Lá teve mais dois filhos.
Então o marido conseguiu comprar um terreno num loteamento que se formou aqui no Jd. Helena. Ela não sabia nada sobre o lugar antes de vir para cá, e quando chegou só encontrou mato e cinco casas. Não havia comércio e só uma “vendinha”. Tudo estava em São Miguel ou na Penha, e para pegar um ônibus tinha que se andar muito.
Aqui ela teve mais dois filhos, sendo que o primeiro já tem 45 anos.
No terreno em frente a sua casa onde hoje é a escola, havia uma roça de milho do pai do Sr. José Alves, esta roça foi destruída para a construção de um barracão para servir de escola. Junto com esta construção veio a luz, aumentou o número de moradores e o bairro começou a crescer.
Nesta época não havia onde os operários comerem e D. Antonia ofereceu sua casa tanto para aquecerem suas marmitas como para guardarem seus pertences. Ela lembra com saudade de sua amiga e ex-funcionária da escola D. Zezé, também de D. Celna e D. Elvira que é a única que trabalha na escola até hoje.
Na rua onde mora D. Antonia ficava o portão principal da escola e entre sua casa e a entrada ficava o rio (córrego). O acesso ao outro lado da rua era feito através de três pontes, uma na entrada da escola, outra na avenida Kumaki Aoki e outra mais para frente.
Era comum caírem pessoas distraídas no rio, principalmente os bêbados, mas como o rio era raso, eles eram facilmente retirados. Crianças a caminho da escola também caiam e tinham que voltar para casa para trocar de roupa. Só nas épocas de chuva é que o rio enchia e inundava as casas, derrubava os muros e paredes. D. Antonia já perdeu todos os documentos na enchente.
Antes de se construir o barracão que seria a nossa escola, as aulas para algumas crianças eram dadas numa casa que ficava onde hoje é o Posto de Saúde do Jd. Helena. Lá não havia carteiras, só bancos e uma única professora. Portanto a construção desta escola foi muito importante, juntamente com a escola estadual Estela Borges Morato, um pouco mais antiga que a nossa.
O marido de D. Antonia, hoje falecido, ajudou na construção, pois tinha conhecimento como pedreiro.
Todos os filhos de D. Antonia estudaram aqui. Um de seus filhos, Antonio Carlos, que se formou aqui, hoje faz faculdade e é motivo de muito orgulho. Hoje seus netos estudam aqui e sua neta Ellen faz estágio nesta escola.
A grande saudade de D. Antonia é das companheiras com quem fez amizade e que trabalhavam na escola, principalmente Celina e D. Zezé.
Em 1996 a escola foi construída em alvenaria e o bairro cresceu rapidamente, mais segundo D. Antonia tudo mudou para melhor. O rio em frente a sua casa foi canalizado, veio o asfalto, muita gente e ela é feliz aqui.Recolher