IDENTIFICAÇÃO Meu nome completo é Carlos Marcelo César, eu nasci dia 8 de dezembro de 1966, em Pindamonhangaba. FAMÍLIA Meu pai é Ademir César e minha mãe é Antônia Cândida César. São comerciantes. Meus avós, também comerciantes: avô, Etelvino Abraão Raimundo e minha avó é Maria Cândida Raimundo. Os maternos: meu avô, parte do meu pai é Onofre César e Maria César, minha avó. Infelizmente, perdi um irmão num acidente e hoje eu sou filho único. A origem da família é portuguesa. Do meu avô, da família dele, vieram de São Paulo. A família do meu pai já é daqui, meu irmão e minha mãe nasceram aqui também, mas meu avô veio de São Paulo para cá. MORADIA A rua onde eu morava era de terra. Eu moro até hoje do lado da linha de trem. E naquela época eram poucas casas que existiam ali. Era um bambuzal, um riacho que passava por ali. Então era o bar, algumas casas, era o terreno baldio, vinha outra casinha, depois bambuzal, eucalipteiro, outra casinha e foi ali que a gente... Eu nasci por ali e depois a cidade começou a crescer de uma forma... Teve uma época que eu conhecia todo mundo em Pindamonhangaba. Meu nome... O pessoal me conhecia no escuro, eu era bem conhecido, eu trabalhava com rádio - até hoje trabalho na 94 FM - e fazia som nos clubes da cidade, dez anos num clube só. Quer dizer, toquei em todas as casas noturnas que tinha em Pinda. Era uma pessoa muito conhecida, então teve uma época, em 88, que andava de noite assim, o pessoal: “Ó o Marcelo, ó o rato”, porque o meu apelido de escola, de infância, desde os oito anos de idade é Marcelo Rato. Então chega em Pinda, pergunta se conhece o Marcelo, muita gente: “Qual Marcelo? O rato? Ah, ele mora ali”. Todo mundo me conhece, me acha facinho. COMÉRCIO Bar, sempre tivemos, meu pai também é comerciante desde a infância, e ele era açougueiro. Meu avô tinha açougue no Mercado Municipal e o meu pai toda vida...
Continuar leituraIDENTIFICAÇÃO Meu nome completo é Carlos Marcelo César, eu nasci dia 8 de dezembro de 1966, em Pindamonhangaba. FAMÍLIA Meu pai é Ademir César e minha mãe é Antônia Cândida César. São comerciantes. Meus avós, também comerciantes: avô, Etelvino Abraão Raimundo e minha avó é Maria Cândida Raimundo. Os maternos: meu avô, parte do meu pai é Onofre César e Maria César, minha avó. Infelizmente, perdi um irmão num acidente e hoje eu sou filho único. A origem da família é portuguesa. Do meu avô, da família dele, vieram de São Paulo. A família do meu pai já é daqui, meu irmão e minha mãe nasceram aqui também, mas meu avô veio de São Paulo para cá. MORADIA A rua onde eu morava era de terra. Eu moro até hoje do lado da linha de trem. E naquela época eram poucas casas que existiam ali. Era um bambuzal, um riacho que passava por ali. Então era o bar, algumas casas, era o terreno baldio, vinha outra casinha, depois bambuzal, eucalipteiro, outra casinha e foi ali que a gente... Eu nasci por ali e depois a cidade começou a crescer de uma forma... Teve uma época que eu conhecia todo mundo em Pindamonhangaba. Meu nome... O pessoal me conhecia no escuro, eu era bem conhecido, eu trabalhava com rádio - até hoje trabalho na 94 FM - e fazia som nos clubes da cidade, dez anos num clube só. Quer dizer, toquei em todas as casas noturnas que tinha em Pinda. Era uma pessoa muito conhecida, então teve uma época, em 88, que andava de noite assim, o pessoal: “Ó o Marcelo, ó o rato”, porque o meu apelido de escola, de infância, desde os oito anos de idade é Marcelo Rato. Então chega em Pinda, pergunta se conhece o Marcelo, muita gente: “Qual Marcelo? O rato? Ah, ele mora ali”. Todo mundo me conhece, me acha facinho. COMÉRCIO Bar, sempre tivemos, meu pai também é comerciante desde a infância, e ele era açougueiro. Meu avô tinha açougue no Mercado Municipal e o meu pai toda vida trabalhou com meu avô. Depois que o meu avô, que é pai da minha mãe, veio a ficar com idade, passou o bar para minha mãe. Hoje, meu pai e minha mãe tocam o bar. Meu pai passou a ser do ramo do bar, mas ele toda vida foi açougueiro, também na área do comércio. O açougue era no Mercado Municipal, muitos anos meu avô foi... Eu lembro que o meu pai, a gente ia para o açougue - eu sempre acompanhava ele até o açougue de bicicleta - a gente passava lá em frente do presídio, mas já era na época que estava destruindo. Eu lembro mais da destruição do que de ver o funcionamento. Isso há muito tempo, eu tinha uns sete, oito anos de idade. INFÂNCIA Com seis anos ia para o mercado com o meu pai. Olha, era a barraca de peixe, era o açougue, a barraquinha de vender amendoim, pipoca, então era ali que a gente via muita gente, para lá e para cá. Quando chegavam os bois - que o matadouro era mesmo na cidade - meu pai sempre saía, saía para ir para o matadouro, matar um porco, ou a vaca que seja. Já cheguei até a ir com ele uma vez, a gente, tinha até dó: “Não pode ter dó não, é assim, você tem que...”, a gente lembra, mais ou menos, disso aí. Era bem legal, nessa época. Era uma correria só, a cidade era meio pequena e a gente conhecia muita gente. A família da gente é bem conhecida na cidade. Os bois vinham de caminhão. Um caminhão muito estranho, um caminhão daqueles antigão, bem estranho. Tinha época que vinha de charrete. Uma época que chegava de charrete, enrolada em um saco, isso é bem... Das vezes que eu cheguei a presenciar isso - porque quando é criança você pensa mais em brincar, ia lá para ficar brincando com o filho do outro proprietário, e pedir as coisas: “Dá isso, dá aquilo, compra bala”. Era mais essa parte do que ficar analisando o que estava acontecendo ao redor. Naquela época a brincadeira era a bolinha de gude, que era o forte, depois, mais para frente, já começou o pião, que a gente usava o pião, era bem brinquedo primitivo, mas era o que divertia bastante a gente. A gente acordava... Uma coisa que minha mãe sempre fez questão foi que a gente estudasse. Até mesmo hoje eu não tenho o segundo grau completo, porque eu não agüento ficar dentro de uma sala de aula. Não tem jeito, eu não... Mas não foi por falta de conhecimento, porque hoje eu tenho bem mais conhecimento do que se eu tivesse estudado. Mas o meu irmão chegou a terminar o colégio. Mas a gente levantava: primeiro era a lição de casa, antes de você fazer qualquer coisa, então se a gente não tivesse a tabuada e a cartilha na ponta da língua, não tinha futebol, não tinha soltar pipa, não tinha nada. Era primeiro o dever de escola para depois partir para o divertimento. Minha mãe costurava e eu me lembro que ela ficava na máquina costurando, e a gente estudando. Ela só falava assim: “Está pronto?”, “Tá”, aí tomava a lição. Se tivesse pronto, continuava, saía para brincar; se não, continuava estudando. Eu ia para a escola à tarde. Se estivesse tudo nos conformes, com certeza, a gente ia brincar, e se não, continuava estudando até estar. Tinha que estar na ponta da língua, se não... No primário, se eu tirasse nove, eu já chegava chorando em casa, tinha que ser dez, dez, dez. Era exigência dos meus pais. Primeiro, o estudo, para depois... Até mesmo a gente ajudava no bar, mas assim, tinha o horário de todo mundo: quem estuda de manhã, ajuda no bar à tarde. [Eu] estudava de manhã. Aí, o contrário: o outro que estudava de tarde, trabalhava de manhã. COMÉRCIO O bar era do meu avô, ainda, mas o meu pai trabalhava na Ford, aqui em Taubaté, e a gente ajudava... A gente morava nos fundos do bar. Para não ficar o dia na rua, era um meio de a gente estar ajudando e estar fazendo alguma coisa útil para não ficar na rua o dia inteiro. Se deixar, a criançada fica na rua. E a gente não era diferente, era só deixar que a gente... FAMÍLIA O meu avô, pai do meu pai, era açougueiro. Meu pai trabalhava com ele. Depois ele saiu do açougue, foi para a Ford, trabalhou quatro anos como açougueiro-chefe da Ford. Logo no começo. A Ford de Taubaté. Meu pai fazia o trajeto de Pinda para Taubaté de ônibus. Todo dia. Ele saía às cinco horas da manhã para pegar o primeiro ônibus, às cinco e meia, para chegar às seis horas na fábrica. Ele atendia o pessoal do departamento executivo da fábrica durante quatro anos. Em 77, quando meu avô passou o bar para minha mãe, meu pai saiu da fábrica para ficar só no bar. Ficou direto só com o bar, até hoje. COMÉRCIO Ah, do bar a gente lembra muito. O rádio do meu avô, aqueles rádios antigos, que se não estivesse ligado meu avô virava um bicho. Um barzinho bem simples. Eram duas portas - parecia mais uma igreja do que um bar, a forma. Tinha uma descida, o nível da rua para o bar era uma descida, então era até engraçado, o povo falava: “Caiu para dentro, não saiu mais”, E a gente sempre teve uma clientela legal, muitos nomes, o João do Pulo era... Meu avô queria morrer com o João do Pulo, o falecido João Carlos de Oliveira, que era muito amigo da gente, ele é um lá que ia e pedia: “Oh, seu Abraão, me faz um pão com mortadela”, e saía correndo. Meu avô falava: “Por isso é que esse negão aprendeu a correr”. Mas são coisas de infância. A gente morava no mesmo quarteirão, a família do João Carlos, e era muito engraçado - a gente lembra disso. Aí, era para dar risada mesmo. Naquela época, na verdade, não tinha... Não é um fluxo que nem hoje, um fluxo de movimento grande, mas você tinha que estar ali, a porta está aberta, tinha que ficar olhando. A gente ficava ali escutando rádio e chegava alguém: “Avô, chegou não sei quem”. Porque a gente morava no fundo, tinha a casa, era no fundo, aí chamava: “Avô, chegou não sei quem”, aí chegava, atendia, ou até mesmo a gente só servia: “Ah, eu quero um cigarro picado, eu quero uma bala”. Naquela época era mais miudeza. “Ah, eu quero uma lata de sardinha.” Umas coisinhas básicas, era bem bar de... Quase uma mercearia, porque antigamente não tinha supermercado, não tinha muita coisa, então nos bares vendia quase tudo. E a gente ficava lá e foi crescendo assim. O bar era em L, um balcão em L, onde era a pia do bar. Onde tinha a vitrine, colocava pão, bolacha; em cima pendurava a mortadela; em volta era onde colocava a bebida - tinha pinga de tudo que é tipo - , garrafas de Caçulinha, Crush, Gini, Grapete, essas coisas que eram da época. A gente ficava louco para abrir uma daquelas, mas não era sempre que podia tomar. Tinha a caderneta, tinha um livro lá que era sagrado, aquele livro. O pessoal já tinha a clientela, a vizinhança por ali. Tinha a caderneta, comprava pão, leite, refrigerante, enfim, bebida no geral, ia marcando e pagava no final do mês. A gente já começava a anotar também ou a gente fazia um rascunho. Tinha um rascunho, passava para ele marcar no caderno. Para você pegar um crédito, você tinha que ter um certo... É como hoje: hoje, até mesmo para você liberar um crédito você tem que conhecer a pessoa, não é qualquer... É diferente de você chegar no banco: se você tem dinheiro, ele te abre um crédito. Agora, comércio não é assim. Primeiro você vai conhecer a pessoa para ver se você pode dar um crédito, porque comércio é até difícil de você... Se amanhã ou depois, a pessoa for no bar: “Você está me devendo tanto”, “Mas eu não tenho dinheiro para pagar”, pronto. Você vai matar, vai prender? Não tem como. Então é uma faca de duas pontas: ou você arrisca, vende e fica com o cliente, ou você perde um pouco. Já teve épocas que nós tivemos bastante pendência de clientela. Mas hoje em dia a gente tem uma clientela muito bem selecionada, hoje o comércio do meu pai, graças à Deus, a gente tem uma clientela assim que se pode dizer que é a nata da cidade que freqüenta lá, então é bem selecionado. FAMÍLIA Meu avô adquiriu esse bar em 49. O documento que a gente tem é de 55, quando a prefeitura liberou. Naquela época, para poder... Funcionamento com o negócio de saúde... Eu tenho oficial assim, 1955, mas a gente tem o relato já de 49, logo depois que meu avô veio da guerra. Minha avó faleceu e ele, para tratar da minha mãe, das minhas tias, do meu tio, ele montou o bar. Meu avô fez parte da FEB [Força Expedicionária Brasileira]. Meu avô era meio da pá virada: ele ficava sentado com o revólver na cintura. Minha mãe, teve uma época que até que teve que tomar a arma dele, porque meu avô era meio espinoteado. No Natal, ele levantava a arma para cima e comemorava tá, tá, tá: descarregava a arma. E sempre falava de militar, que ele sempre gostou do militarismo e contava que na guerra o negócio não era brincadeira não, o negócio é servir, se dormiu no ponto já era. Contava as histórias assim, a gente não dava muita atenção para isso, até mesmo porque naquela época era até meio assustador, o negócio de guerra, você fica até com medo, então a gente procurava até evitar perguntas. Mas a gente lembra, ele contava. Outros amigos dele também. Até hoje tem uns que estão internados em alguns hospitais que tratam desse problema, síndrome da guerra. Tem um lá que chamava... Quando era criança, falava: “Ui,ui,ui, vai com Deus, Nossa Senhora”. A gente assobiava, fiiiiiuuuu, aí ele: “Desgraçado, maldito, morra”, ele pensava que era uma bomba que estava caindo e já ficava revoltado. E a gente quando moleque fazia questão de provocar ele para ver. COMÉRCIO Tinha no mercado um pessoal que fornecia alguns produtos, então mortadela, lingüiça caseira, leite vinha de... Comprava leite de alguns fazendeiros, e leite era mais para a gente mesmo do que para... Porque o pessoal comprava leite da carrocinha. Passava a charrete, já comprava na charrete, não tinha leite de saquinho, naquela época. Depois, quando saiu, que a gente... Foi muito pouco que a gente trabalhou com leite. Era mais pão, mortadela, bolacha, balas, doce. Ele comprava no mercado. Depois teve um pessoal, outros empresários que criaram um meio de fornecer isso. Passavam e entregavam lá. O bar fica de frente com a linha do trem. Até todo mundo que visita a minha casa, vai lá por perto, fala: “Meu, você escuta o trem?”. Eu falo: “Que trem?”. Nossa, a gente nem percebe que o trem... Já acostumamos, toda a vida morar ali, então a gente nem liga mais para trem nem nada. Eu moro colado com a linha do trem, minha casa é do lado da linha, é uma guarita. TRANSPORTE Eu fui para o Rio de Janeiro de maria-fumaça. Eu acho que eu tinha uns cinco anos de idade. Eu lembro que a gente... Eu tinha um tio, um falecido tio, que morava em Angra dos Reis, e esse tio, toda vez que ele vinha para cá visitar a gente era uma festa. Uma vez, a gente foi para o Rio, e esse trem ia até Barra Mansa. Foi de Maria Fumaça. Nossa, um espetáculo. Eu lembro que eu só via os ferros passando, tá tac, tá tac, tá tac. Era uma coisa, era muito legal: passava a ponte do Paraíba, que ele beira o Paraíba uma boa parte. Nossa, isso aí é a única vez que eu andei de trem para o Rio, foi essa, de trem mesmo. Depois foi só metrô e outras coisas, mas foi muito... Rio e Campos do Jordão. O bondinho que também era uma coisa muito legal. O bondinho ia de Pinda para Campos do Jordão. Também era uma coisa fantástica. Eu subi de bondinho umas cinco ou seis vezes, acho. Ia mais para Piracuama, quando a gente era moleque. A gente ia mais para Piracuama nadar, aí a gente sempre ia de bondinho, todo final de semana. Piracuama é um ribeirão, onde tem um ribeirão grande e tem o Piracuama, onde o balneário Reino das Águas Claras. Isso que fica em Pinda, e a gente sempre ia de bondinho elétrico. Porque esse bondinho, antigamente, fazia Pinda - Campos do Jordão, e tinha um bondinho que fazia Pinda - Piracuama. Até hoje tem os horários, tem muitas excursões que vêm para Pinda para ir para Campos do Jordão, para ir para o balneário de bondinho, e naquela época era gostoso, no verão você pegava e ia para lá. Nessa época a gente já tinha uns treze, catorze anos, a gente ia sozinho, já ia com o pessoal também mais velho que morava por perto de casa, a gente sempre com o pessoal, até mesmo com a família, de vez em quando, ia. Algum tio ou parente, a gente ia junto, mas a gente ia mais com a moçada mesmo, a molecada. A gente juntava, ia até mesmo escondido. Tinha vez que a gente ia escondido, e aí começou a dar muito acidente, a gente ficou com medo. Aconteceu... Eu lembro de uma época que teve um acidente que o bondinho estava vindo que Campos do Jordão, não teve freio. Nossa, morreu muita gente. Aí começou a dar medo, apesar de que a gente não pegava o mesmo trajeto, já era trajeto não da serra, mas aí começou a despertar outros interesses, a gente começou a mudar os gostos. O rio era uma maravilha, a água cristalina. Eu já cheguei a ver peixe por lá, tem sim. É que muita gente vai lá nessa época, agora, assim fica cheio de gente. Mas lógico, com certeza era água é limpinha, você via os peixes nadando. O fluxo de gente hoje é completamente diferente, naquela época, a gente encontrava quarenta pessoas; hoje você vai lá, encontra quatrocentas. Então é bem diferente. EDUCAÇÃO Estudei em Pinda. Estudei meu primário até o ginásio no Doutor Alfredo Pujol, na escola centenária, uma escola que tem cem anos em Pinda, e terminei meu ginásio no Mário Bulcão Giudise, que é o Santana. Parei lá, fiquei estacionado lá. Eu peguei aquela época que era obrigatório a gente usar a calça jeans azul e a camisa branca. E tinha que andar com a bandeirinha do Brasil no bolso da camisa, que senão era problema naquela época. Era rigorosa, a escola. Era hino nacional e hino da bandeira, todo dia de manhã. Eu entrei na escola com seis anos, 66 para 67, 72. Era o militarismo, estava quase se acabando, mas ainda era o forte. Então essa do amor à bandeira, era todo dia. Então a primeira coisa era o hino da bandeira, o hino nacional, para depois começar a aula. No primeiro ano, dona Marina, que foi uma professora muito legal, apesar dela ser brava de montão, mas era muito engraçada; a falecida dona Dolores, que foi uma professora da terceira série - a gente jogava capoeira dentro da sala de aula, ela era muito legal. Até hoje o filho dela é muito meu amigo, o Paulo, engenheiro. Nós estudamos juntos. E enfim, no primário a gente tem lembrança bastante dos professores: professor Lúcio, que deu aula de matemática, já no ginásio, quinta série; o professor Roberto, falecido também, meu professor de educação artística - nossa, ele gostava muito de mim - ; professor Lima, hoje também grande professor de educação física, professor reitor aqui da faculdade de Taubaté, professor Lima, muito conceituado também, muito meu amigo, até hoje somos..., fazemos bastante trabalhos juntos, é um professor também que foi muito legal na educação física. JUVENTUDE Praticava esportes. Sempre gostei de jogar bola, joguei basquete, joguei vôlei. Tem uma época que você não sabe o que você quer, você quer tudo. Então joguei basquete, joguei vôlei, futebol, na escola era mais isso. E até hoje gosto de jogar uma bolinha no fim de semana. Toda quarta-feira, na verdade, a gente joga. Tem um pessoal que a gente se reúne, joga bola. Mas na escola era mais o futebol de salão, que a gente jogava, e o basquete, que eu cheguei a jogar basquete... Uma época teve um campeonato na cidade que eu cheguei a disputar. Cheguei a freqüentar os clubes, os melhores clubes da cidade. Eu cheguei a pegar a Ferroviária, que hoje é um grande clube, quando ela era ainda lá onde hoje é o supermercado Excelsior. Na época, meu avô fazia parte da diretoria então a gente teve o privilégio - com uma idade assim, hoje não é tão difícil uma pessoa de dez anos entrar num clube, mas naquela época era impossível - , aí a gente teve o prazer de poder conferir algumas festas na Ferroviária, lá. E no Basquete, que era um outro clube que era na frente. Então esse foi logo, esse eu lembro, era assim bem de relance, porque foi uma entrada assim, que eu vi, e “Nossa, Basquete”, entrei e logo depois, passou uns meses, fechou. Onde é o banco Banespa hoje em Pinda. LAZER Os Carnavais eram, nossa, coisa de louco. Um dos melhores Carnavais da região era em Pindamonhangaba. Graças a Deus eu consegui conferir vários deles. Eu saía em muitas escolas de samba, saí na Pindense, Turuna do Tabaú, Chafariz, Charles Anjo 45 e USP. Das grandes escolas que teve em Pinda, eu participei, bloco e escola de samba. Era bem agitado. Aí o tempo foi passando, as idéias foram mudando, hoje até a gente não tem um Carnaval como antigamente. Era muito legal, você ia ao Carnaval, era aquela cidade cheia, eram doze escolas de samba, mais dez blocos, era aquele negócio gigante. E hoje tem duas, três, então... A tendência é um dia voltar, quem sabe. COMÉRCIO Era Bar do Abraão, quando era do meu avô, e hoje é Bar do Ademir. Mas o nome lá é Bar Avenida, a placa é Bar Avenida. Mas todo mundo... “Onde que é o Bar Avenida?”, ninguém sabe. “Onde é o Bar do Ademir?”, todo mundo sabe. E na época do meu avô, Bar do Abraão era consagrado na cidade. Atendia muito viajante. Meu avô era uma figura. Chegou uma época que ele fechou uma porta e ficava só com uma porta aberta, das duas que tinha. O pessoal batia ali, ele já virava o cano do revólver já, pá, pá, já assustava todo mundo: “Agora não atendo mais”. Então era uma coisa assim, bem primitiva, naquela época. Eram mais fazendeiros por ali, era bastante gente de charrete, de cavalo - que carro ali era bem escasso, na época. Depois, com o tempo, a vizinhança foi aumentando, foi aparecendo o pessoal com carro. Sempre tinha gente de fora. Passa até hoje: “Ah, eu estou indo para Campos de Jordão, você sabe para onde é, como é que eu faço para ir não sei para onde?”, isso até hoje. Onde meu pai tem o bar é uma avenida, ela na verdade... Você entra, Pinda, pelo Feital, pela Dutra entra no Feital, numa reta, você vai sair em Campos do Jordão, você corta a cidade e vai para Campos do Jordão, é uma reta só. Então ali, imagina quem vinha do Rio, entrasse em Pinda por ali, com certeza ia passar na frente do bar: “Está indo para onde?”, “Eu estou indo para São Paulo”. Ou ia pegar a SP 66, que é Pinda - Taubaté, que também corta por ali, ou ia seguir direto para Campos do Jordão. Então sempre teve esse pessoal passando por ali, os empresários que vão lá para trocar uma idéia, beber, comer. É muito legal. No começo meu pai estranhou a mudança. Tem, até hoje, o sonho de um dia montar um outro açougue para ele. Quem sabe um dia aí a gente ganha na loto e monta um açougue. Ele sempre teve vontade mas sempre ele mexe..., vira e mexe o pessoal quer fazer uma coisa lá. Ele faz, compra a carne, ele sempre gostou disso. Vai fazer churrasco, ele que resolve a carne, ele é que limpa o frango, ele que desossa, leitão ele que desossa. Então essa afinidade não acaba nunca. E minha mãe na cozinha, o salgadinho. Ela que faz - não é por querer, por merecer, mas - um dos melhores salgadinhos da cidade. Teve uma época que a gente chegou fornecer salgado para todos os comércios da cidade. Aí a idade vai chegando, a gente vai se acomodando, a gente vai ficando só com a gente mesmo, atendendo só o bar. Mas a gente fornecia salgado para todos os pontos comerciais da cidade. TRABALHO Eu sou fanático por música, eu vivo música, corre nas veias música, então o clube é mais para eu estar apreciando o local, o que está rolando, a música que está tocando, como o cara está fazendo. E hoje, como eu também sou um DJ, a gente... Todo lugar que você está, a visão é sempre essa: ver o que o cara está fazendo, como ele está fazendo, até mesmo para ver se aproveita alguma coisa dele. CASAMENTO Eu sou casado, faz treze anos. A gente se conheceu na escola. Nos conhecemos passando na frente da escola. Ela estudava no Rodrigo Romero, eu passando lá em frente, ela mexeu, sem querer, naquela brincadeira... Até na época, eu estava de moto, voltei: “Você mexeu comigo, não sei o quê?”, “Eu não”. Aí, sabe aquele amor à primeira vista? Peguei e comecei a segui-la, pá, ela deu uma volta enorme para eu não saber onde era a casa, e fomos ver, ela morava na esquina da minha casa, na mesma rua. Ela se chama Rosana. Depois disso, começamos a namorar, casamos, hoje temos uma filha de treze anos, a Thamires. Casamos em Pinda, mesmo. O casamento foi “a festa”. Todo mundo me conhecia. Foi no clube do japonês que chamou lá e lotou, todo mundo que você imagina foi na festa. Foi um festão mesmo, foi uma grande festa. O meu sogro e o meu pai fizeram uma festa assim para deixar todo mundo satisfeito. Casei em 90. Viajamos para o Rio, fomos para Resende, na casa de um tio passear lá, e ficamos por ali. Na época, eu já estava no Bombeiro e só tinha cinco dias para a lua-de-mel. Mas, a gente aproveitou bastante. Nós fomos de carro. Tinha um tio que me emprestou um carro, a gente foi de carro, passeamos, ficamos em Resende, conhecemos, subimos para o Morro, lá para cima, Mauá, Visconde de Mauá. Passeamos lá e viemos embora, foi uma lua-de-mel boa. TRABALHO Entrei em 90 no Bombeiro. Olha, foi de estalo. Eu trabalhava na Alcan. Em 85, eu saí da Alcan e apareceu um amigo meu falando assim: “Vai ter um concurso para bombeiro, vamos fazer?”. Eu falei: “Pô, nossa, legal, bombeiro, pô, salva-vidas, vamos fazer”. E eu tinha uns parentes meus que moram no Guarujá, moram no litoral, e lá tinha a guarnição do CBS... Eu fiquei com aquilo na cabeça, de ser salva-vidas, pá, aí fizemos o concurso. Fizemos a inscrição aqui em Taubaté e o concurso foi em São José dos Campos. 12800 candidatos para 133 vagas. E eu e esse amigo entre outros, lógico, muitos lá da cidade, participamos. E assim, sem esquentar muito a cabeça, sem estudar, sem nada, vamos lá. E fomos, a primeira... No dia que a gente foi fazer a prova em São José, eu tinha feito som no sábado. Cheguei quatro e pouco da manhã, nem dormi, ficamos na varanda da casa dele esperando o ônibus que ia passar - porque a prova era no domingo - para pegar a gente. Aí, o ônibus parou na frente, buzinando, um olhou para a cara do outro assim, dormindo na rede: “Vamos?”, “Ah, não vamos nada”. “Vamos?”, “Vamos nada.” E o bonde, bá bá bá, aí os caras abriram a vidraça do ônibus, falaram: “Vamos embora, vamos lá, não sei o quê”, aí despertaram a gente e fomos. Bom, entramos no ônibus e fomos. Aí chegamos em São José, fizemos a prova: sentamos assim e veio aquela prancheta, falei: “Nossa”. Foi embora. Dali foi indo, 12800. No primeiro corte, foram cortadas 5 mil pessoas. “Passamos, estamos entre os 7800.” Depois cortou mais 2800. “Pô, estamos nos 5 mil.” E foi assim: a gente fazendo exames, fazendo entrevista até que chegou o dia D: Tinha quinhentos candidatos para 133 vagas. Aí esse dia foi o dia que mais me deu emoção. Depois de passar todo aquele tempo, quatro meses de vai e volta, agora você começa a pegar gosto do negócio, e nisso um dos amigos nossos, que hoje é bombeiro - até, hoje ele estava no recrutamento - chegou para nós e disse: “Pô, mas vamos, Guarujá, praia, mulher bonita, jet ski, navio”. A gente ficou ouriçadão: “Vamos lá”... E quando a gente passou, começou: “Agora a gente vai chamar o pessoal que...”, e foram chamando, pá, pá, 98, 98. Hora que chegou no 122, chamou o meu amigo Valdir da Silva Macedo, aí deu aquele gelo no coração: “Ele vai, eu não vou”. Em seguida chamou Carlos Marcelo César. Foi uma loucura. Daí a gente foi, a escola foi no Guarujá - como a gente fez salvamento, foi no Guarujá. Ficamos um ano e dois meses numa escola assim, rigorosa, foi até mesmo um cobaia da época que eles estavam fazendo um plano de..., do militar, fica tipo uma escola... Hoje voltou o padrão de seis meses de novo; naquela época, você fazia seis meses de Polícia Militar e depois seis meses de aperfeiçoamento, bombeiro, salvamento. Enfim, nós ficamos nessa e depois nos formamos. Cada um foi para um canto. Eu corri esse litoral todo, e ele está até hoje, trabalha em Campos de Jordão, entre outros amigos nossos que estão no Bombeiro. Em 85 eu entrei para trabalhar na Dezorzi, companhia de papel e celulose em Pinda. Eu trabalhei três anos lá, entrei para trabalhar como ajudante de preparação de massa, depois passei para operador de massa, para o laboratório de controle de qualidade. Aí eu saí, entrei na Alcan, laminação, na parte da Calorex - que faz aquela placa que gela a geladeira - na parte de refrigeração. E quando eu saí da Alcan, em 89, eu prestei o concurso da Polícia Militar e passei para o Corpo de Bombeiro. Depois, me afastei do Bombeiro e voltei de novo a ficar no bar, com o meu pai. O som, tive como atividade toda vida, desde 79. Festinha, aniversário, eu estava em todos, eu sempre gostei disso. Festa de aniversário era eu que animava, e depois, em 84, eu conheci o Ronaldo, que fazia som na Ferroviária. Fiquei lá. Fui parar em 94, fiz dez anos som direto num clube só, que era na Ferroviária. Fiz som em outros locais também, toquei em tudo que é canto que você pode imaginar em Pinda. O pessoal: “Olha, quero fazer um aniversário de quinze anos, quero fazer um baile, quero fazer uma festa”: o DJ Marcelo Rato. Eu estou lá. Depois que eu saí do Bombeiro, fiquei no bar com meu pai, terminei minha casa, e em 99, o Júlio, meu sócio no Portal Pindavale... - nós montamos o Pindavale. Ele trabalhava em uma loja de informática na frente do bar, a gente se cumprimentava muito pouco. Conhecimento assim, mais de morar na mesma rua, mas não tanto amizade, e ele tinha saído de lá e eu tinha montado uma papelaria para minha esposa onde hoje é o Pindavale, e não estava virando. Montamos a papelaria, mas não estava virando. Aí voltei a manter um estúdio, um estúdio de gravação - como eu mexo com tudo isso, eu tenho um arsenal de música lá, coleção imensa, onde eu faço carro de som, gravo propagandas de rádio, as montagens que eu faço do programa, enfim, eu tenho um estúdio - e eu saindo do estúdio, já mexendo com computação - eu tinha um computador e falava sempre assim..., minha mãe até falava: “Pô, você fica o dia inteiro aí, a internet, o telefone vem uma conta...”, aí eu falava: “Mãe, ainda vou arrumar um jeito de ganhar dinheiro com isso aí, calma que um dia a gente vai encaixar” - e saindo na porta, num final de semana, num sábado, o Júlio: “Ô, e aí...”. Começamos a conversar. Até o meu cunhado estava junto e eu falei para o Júlio: “Pô, Júlio, precisa montar alguma coisa para a gente ganhar dinheiro, a internet está crescendo...”. E ele falou: “Eu tenho uma idéia: montar um supermercado na Internet”. Eu falei: “Pega lá para a gente dar uma olhada”. Aí ele trouxe a idéia do supermercado na internet, e aí eu já falei: “Por que a gente não faz aqui um site da cidade, a gente vende propaganda e a gente faz virar aqui um site da cidade. Eu tenho os contatos e você tem a agilidade, você faz e eu vendo”. Começamos. Na segunda-feira nós começamos. Já tinha a empresa, o meu estúdio, já tinha a empresa, a CMC Multimídia. Eu já tinha a documentação, terminamos só de regularizar para poder trabalhar com internet, com vendas, e começamos atrás da papelada. Resolvemos isso aí e começamos, montamos o Pindavale. Fizemos a maquete do negócio e eu já saí com papel, já comecei a vender, e nisso o contato que a gente tinha dos empresários, que sempre freqüentaram o bar do meu pai, já conheciam: “Ah, você está fazendo?”, “Estou fazendo um site, não sei o quê, pá, pá”, e eles foram acreditando no nosso trabalho. Empresas grandes já [estão] fazendo parte do site. Na época era um site, não era um portal, como é hoje. Começaram a dar crédito para nós. Você chegava: “Ô, fulano já está com a gente”, “Pô, que legal, vamos fazer”. E começou a crescer, a idéia foi funcionando. Primeiro ano, difícil, mas a gente começou... No final do ano, dia 29 de novembro, no primeiro ano, fizemos uma festa no centro da cidade. Colocamos um trio elétrico, telão, apresentamos para a cidade o site, e daí as visitas aumentaram, de trezentas para quinhentas, de quinhentas para mil - isso por mês - , aí de mil para 2 mil, 3 mil, cinqüenta por dia, cem por dia, duzentas por dia... Hoje, nós temos 5500 visitas por dia, no portal. Toda a cidade, todo o Vale acessam, o pessoal todo que mora fora... A gente tem muita gente que é de Pinda, até mesmo de Taubaté, São José, que acessam e que estão fora daqui, mandam e-mail, correspondência, conversam com a gente dentro do portal. A gente disponibilizou, tem o rádio on-line, televisão, a história toda da cidade, fotos de baladas. Enfim, você está dentro de Pinda, na internet, em qualquer lugar do mundo. A gente colocou isso na prática e está dando esse resultado que a gente tem aí: o portal estar com um grande número de visitas e sendo aceito por todas as entidades. Foi assim que começou o Pindavale. Eu e o Júlio: “Vamos?”, “Vamos”, e pronto. Hoje estamos lá com o portal, fruto para cinco anos: “Não, isso daqui a cinco anos vai ser o futuro”, acreditamos. Estamos com três anos do portal. Dia 29 agora a gente comemora três anos com uma grande festa. Só para você ter uma idéia, essa festa de sábado agora, nós conseguimos colocar em parceria conosco, nesta festa do Pindavale, todas as entidades da cidade: as três companhias do Exército, delegacia da Mulher, delegacia de Ensino, delegacia de Polícia Civil, Polícia Militar, Corpo de Bombeiro, Defesa Civil, Rotary, Lions, Apae, OAB [Ordem dos Advogados do Brasil]... Todas as entidades vão estar com estande participando, dando força nessa festa. São doze bandas, também, se doando, dando uma força nessa festa solidária. Tem mais vinte DJs, os amigos que tocam na região toda, vão estar aí também fazendo uma participação e dando uma força, porque nos outros dois anos nós fizemos a festa para a população e não cobramos nada. Fizemos para divulgar. Esse ano, pintou a idéia de, com essa festa, arrecadar alimento. Um outro amigo que esteve lá, que também deu uma força na idéia, o Trajano, que trabalha na TV Vanguarda, falou: “Ô, Marcelo, dá para fazer um negócio grande, vamos fazer um negócio assim, assim, assado”. Mas depois ele se afastou e eu continuei: “Essa festa vai sair desse jeito. Do jeito que está no papel. Vai ter que sair”, e fui atrás das entidades, fui atrás do pessoal. O bombeiro, na verdade, a gente faz uma prevenção. A idéia não é salvar ninguém, a idéia é prevenir para que ele não afogue. Então a gente trabalhava forte, e a corporação até hoje tem mérito referente a isso. A taxa de afogamento no litoral é baixíssima. A gente procurava evitar, mas nos últimos meses que eu estava no Bombeiro, teve uma menina, na época, uns dezesseis, dezessete anos, se afogou ali, no Perequê. Eu e o Teixeira fomos lá, conseguimos tirar ela, fizemos e respiração boca a boca, e deu o maior problema... Não tinha viatura para poder levá-la para o hospital, para socorrer, e chegou um carro cadáver: “Onde que está o óbito?”, “Não, não, está viva”, “Ah, eu vou embora”, “Embora nada. Você vai levar a vítima para o pronto-socorro”, “Não, aqui só entra defunto”. Falei: “Não, negativo”. Discutimos e colocamos a moça na viatura e levamos ela para o pronto-socorro. Graças a Deus, tudo bem. Você precisa ver a felicidade da família, ela depois agradecendo. É muito gratificante isso aí, o trabalho de bombeiro é uma coisa que... Um pouco tempo que eu fiquei lá... O que a gente aprendeu, mesmo sem estar na corporação... O que precisa da gente, a gente sempre está disponível para estar passando para o pessoal. Eu trabalhei em todas as praias, desde a divisa com o Rio de Janeiro até divisa com o Paraná trabalhei em todas. Peruíbe, Mongaguá, Guarujá, Santos, São Sebastião, São Vicente, Ilhabela, enfim: todas. Cada mês era: “Vai para lá, vai para cá”. E eu cheguei a trabalhar na embarcação. Eu era embarcado, então a lancha... Você sempre está disponível para qualquer... O jet ski, você está ali, está lá, o bote, você está aqui, está lá, então você não tinha praia, você estava em qualquer canto. Na época que o helicóptero caiu com o Ulysses Guimarães, a gente foi para lá. A gente estava ali pertinho, chegamos ir até lá dar um apoio para o pessoal do Rio. A gente recebeu um rádio falando que a aeronave tinha caído por ali. O navio do Bombeiro estava em São Sebastião, no píer da Petrobrás e o capitão deslocou ele para cá e a gente foi para lá. Ficamos lá, em busca, um ou dois dias, porque lá já é área do Rio de Janeiro, a gente só foi dar um suporte, uma coisa assim meio de imediato. Chegou lá, não tinha mais o que fazer. Ficou para os mergulhadores, para a área deles mesmo. Eu trabalhei na Dezorzi, uma fábrica de papel, e depois na Alcan, na laminação, no alumínio. O processo de industrialização em Pinda, acho que começou em 79, final de 79 para 80, quando chegou a Vilares, até mesmo a Alcan. Na época da Vilares... Eu lembro que a gente servia alimentação para eles... Nossa, era muita gente, a gente fornecia para o pessoal da Tenenge, da Hotiff, cada empresa que trabalhava na montagem da Vilares. Até então não tinha nada. Era coca-cola, só. Era uma das primeiras empresas que teve na cidade. A fábrica de papel também já existia. Aí, começou a mudar, aí começou a crescer. Eu sinto pelo seguinte... Eu senti pela época que eu quando era moleque, dezesseis, dezessete, catorze, quinze, dezesseis, dezessete, até os dezoito anos, eu conhecia todo mundo em Pinda. Eu andava em qualquer canto ali da cidade e conhecia todo mundo, todo mundo me conhecia. E hoje eu vou a certos lugares: eu conheço dois que estão ali, o resto completamente estranho. Conheço muita gente que são filhos dos meus amigos. Eu faço aniversário de quinze anos de filhos de pessoas que foram meus amigos de infância, pai, mãe, alguma coisa por aí, então você vê: o tempo passou, fiquei velho demais. A cidade cresceu de uma forma muito grande. Veio bastante gente de fora - a fábrica traz, a industrialização traz bastante interesse das pessoas em migrarem para a cidade, até mesmo uma vida melhor, e isso a cidade tende a crescer, com certeza. CIDADES Pindamonhangaba O comércio começou a mudar agora, nos últimos cinco anos que está havendo essa mudança geral do comércio. Você vê que está começando a crescer, o comércio está começando a dar uma... Outras empresas entrando no comércio. Porque a cidade era bem fechada, os comerciantes eram sempre aqueles mesmos; duas, três empresas eram do mesmo, ficava uma cúpula. Agora estão começando a entrar outras empresas, outros empresários investindo na cidade. É por aí mesmo, uns dez anos. Mas tinha tudo lá. Nunca fomos sair da cidade para poder estar buscando alguma coisa... Sempre foi lá: supermercado, padaria, farmácia, roupa, sempre foi lá. A gente sempre usou o dinheiro nosso lá mesmo, nunca foi de: “Eu vou para São Paulo que é mais barato, eu vou para não sei onde”. Nunca foi disso. Pinda tem o 2º Batalhão Borba Gato, que é a Engenharia. Tem a Engenharia, que é blindada, a 11ª Companhia Blindada e a 12ª Companhia Leve Aeromóvel. Muitos são de fora da cidade, a maioria é. Eles vêm de fora, vêm por transferência e acabam ficando na cidade. O pessoal chega na cidade, gosta e abraça. Fica por lá. Eu conheço militares que vêm de tudo que é canto que você pode imaginar: do Norte, do Sul, do Leste. E ficam em Pinda. A cidade é muito gostosa. Pinda é muito calma, sossegada, o pessoal gosta, ela é bem retirada, ela não está igual às cidades que ficam beirando a Dutra, ela é mais retirada, então é mais tranqüila. Ser mais distante da Dutra é melhor na parte de tranqüilidade. Agora, na parte de industrialização, acho que não. Porque no eixo fica mais fácil o transporte, fica mais fácil o acesso, enfim. Mas para a gente, assim, para morar, nossa, é muito gostoso. Mesmo assim Pinda tem bastante indústria, tem bastante empresa que acreditou lá, e até mesmo porque ela não é... A Dutra passa por fora, mas você entrando na Dutra, você já cai ali na Alcan, na Vilares, na Confab, e já sai sentido Campos do Jordão, sentido Taubaté, para cá, para a Dutra de novo, então não é tão assim para dentro. O comércio... Não abrem espaço para outros entrarem e explorarem o mercado, fica naquela panelinha. Eles são muito tradicionais, são comércios mais antigos. Tem Cores Magazine, setenta anos..., tem lojas de cinqüenta, sessenta anos, tem as empresas - são todas tradicionais na cidade. Automaticamente, no começo praticamente não queriam gente de fora: você é dono daquele lugar, não vai querer que outro chegue para explorar o mesmo trabalho que você faz. Mas a realidade não é essa, a realidade é o crescimento, é ampliar. Até mesmo porque vêm outras cabeças para cá, outras, e o negócio começou... Hoje a cidade tem empresários de São José, de Guará, de Taubaté, de Campos, São Paulo, e começou a aumentar o mercado. Em Pinda não tem shopping. Não, por enquanto não. Se Deus quiser... Já tem projeto para isso. Não é a questão de ser a favor ou não ser a favor do shopping. Eu acho que é uma coisa que todo mundo curte. Você vê o pessoal, chega no final de semana: “Esse final de semana, eu vou ao shopping assistir um cinema, tomar um sorvete”. É igual em São Paulo: em São Paulo você vai ao shopping todo dia. Quem mora em São Paulo, gosta de ir ao shopping, quem mora no litoral: “Ah, vou ao shopping”. Então ficou aquele negócio de ser um passatempo do pessoal, ir ao shopping. Nem que não vá gastar, mas vai lá andar. É uma coisa que falta na cidade, com certeza. Amanhã ou depois vai sair alguma coisa, mas tem que sair bem feito, fazer metade não adianta. O projeto é de pessoal da cidade, pessoas da cidade que estão investindo, estão fazendo uma filial da própria loja no shopping, alguma coisa assim. O comércio de Pinda é agradável. É bem acessível o comércio de Pinda. Você pode procurar, você vai achar preço bom. É bem simples, não é complicado. Hoje até mesmo a associação comercial da cidade dá um suporte para que seja fácil você estar fazendo compra e não ficar dependendo de muita burocracia para fazer isso. TRABALHO O segredo de um bom DJ é você sentir o que a pessoa gosta, estudar. Você ver a pessoa e falar: “Isso aqui, eu vou acertar ele”. Você toca, pronto, aquele você já matou, você vê outro lá no canto, põe esse, pronto, aí sai todo mundo falando: “Pô, o cara é bom mesmo”. Porque você agradou todo mundo. DJ você tem que ser, eu acho, você tem que agradar a todos, porque a pessoa paga o ingresso, ela quer chegar ali, quer ouvir música boa, ela até não quer nem saber o que o DJ faz ou deixa de fazer, mexe ou não mexe, mas ela quer estar ali e sentir que foi legal o baile, aquele baile foi legal. Então para o baile ser legal, você tem que tocar e agradar todo mundo, e eu procuro fazer isso do melhor jeito possível. Eu estou envolvido em quase todas as festas, pelo menos na cidade eu sempre estou participando, porque o pessoal conhece, a gente faz um trabalho legal, até mesmo pelo tempo - desde 80 eu mexo com isso. Então a gente já tem uma carreira boa. Eu estou sempre atualizado, em contato. Sou cadastrado em todas as gravadoras de São Paulo. Eu sempre estou em contato com eles, recebo material de divulgação. Eu tenho uma coleção enorme, eu tenho mais de 8 mil discos, eu tenho 74 mil músicas arquivadas, eu tenho muita coisa. Hoje eu sou um DJ virtual, hoje eu trabalho com computador, então eu chego com meu computador na festa, tenho ali dentro um arsenal de músicas, até hoje mesmo fica mais fácil. Se você contratar para fazer uma festa, eu vou chegar lá, você chega para mim: “Pô, você tem tal música?”, “Tenho”. É diferente de há cinco, seis anos atrás, que a gente chegava com uma pasta com disco, você separava aquilo para fazer. Então aquilo era o que você tinha em mãos, a pessoa chegava: “Você tem a música tal?”, “Não, não trouxe, não tenho”. Então já ficava complicado, você não atendia como a gente atende hoje. Hoje eu chego numa festa: “Você tem uma valsa?”, “Tenho”, “Tem aqueles roquinhos dos anos 60?”, “Tenho”. Então, você faz a festa que agrada todo mundo. Eu toquei para quem hoje é pai de criançada, para quem eu faço baile. Sei o que os filhos gostam porque eu tenho uma filha da mesma faixa etária. Sei o que eles curtem e sei o que os pais curtem. Eu estou numa festa, agrado o pai e agrado a molecada. Você agrada todo mundo e fica todo mundo feliz. A galera curte música boa. O pessoal em Pinda curte música boa, sucesso, não adianta você inventar muito. É sucesso, os hits mesmo, que estão tocando. Você toca uma música ou outra que esteja despontando, mas é sempre o sucesso. Mas o sucesso que a gente fala é você conhecer o que a pessoa curte. Eu conheço muita gente em Pinda, então, quando você está numa festa, eu olho assim eu vejo quem está ali e eu já sei onde que eu vou tocar, o que você toca, então eu toco uma lembrança, o cara já chega: “Nossa, isso aí é daquela época”. Aí você toca outra, já vem outro falando: “Nossa, rapaz, isso tem a lembrança de tal lugar”. Então, você vai agradando, e a criançada é isso que está tocando no momento. A música mudou muito, com certeza. O estilo musical agora está voltando para uma época boa. Nos anos 90, teve uma época... De 89 a 93, mais ou menos, teve uma época muito boa da música, música bem selecionada, bem de qualidade, você dançava a música. Depois chegou uma época, a música ficou muito irritante, você tinha que pular, era uma agressão total, e agora já está voltando de novo a tocar umas músicas que entra no seu ouvido, te passa alguma coisa. Já está voltando. O rock nacional também está melhorando, voltou agora: tem o Capital, o Charlie Brown, o CPM, então eles estão com umas músicas legais, que a galera está curtindo. Você vê a própria Rita Lee lançando disco, o pessoal curte o rock nacional. Nas festas, se eu não tocar, eu sou crucificado. Eu tenho que tocar, tem que tocar sim, bastante. E as antigas. Você pega aí um Camisa de Vênus, um Ultraje a Rigor... Você encaixa ali e a galera curte, porque você está tocando uma música que é da atualidade e você põe uma daquela época que é legal, então a galera... É até cultura para eles, ouvir uma música... Eles começam a gostar dessas músicas antigas, porque se eles não escutam, eles nunca vão gostar. Por isso que tem essa briga de geração: porque o que a gente escutou naquela época não se toca hoje. Se você não tiver na sua casa, para escutar, você nunca mais vai escutar. FAMÍLIA Minha filha escuta música antiga. Minha filha escuta música o dia inteiro, ela já tem no sangue isso também, ela curte e me ajuda. Quando eu não tenho tempo de fazer o programa de rádio, ela faz para mim. TRABALHO Tenho um programa de rádio, na 94 FM. Todo sábado, das nove até meia-noite. Chama Hot 94. É um programa que só toca música boa, rock nacional, dance, pop, rock, enfim, as músicas que a gente... Na verdade, eu procuro lançar as músicas, coisa de primeira mão, e tocar aquelas que marcaram, flash, as montagens, as coisas antigas. O que me dá uma audiência forte é tocar as músicas que marcaram os anos 80, 60, 70, 90, aquelas tcham mesmo. A rádio fica no centro de Pinda. Tem 10 mil watts. Pega de São Paulo ao estado do Rio e o sul de Minas. E sem contar que ela está na internet, no portal. A pessoa pode acessar de qualquer lugar do mundo e escutar via internet. Recebo e-mail, tudo, carta. Recebi e-mail do Japão. Pessoal que está fora. Todo mundo manda, o pessoal curte. Tem um amigo nosso que está na Suíça, que falou: “Eu fico até de madrugada aqui”. Dá uma diferença, lá é quase três horas da manhã, a hora que está começando o programa aqui. Então o cara já ficou acordado para poder escutar. Já mandei vinhetas, vozes em francês deles falando: “Nós, aqui na Suíça, escutamos no Pindavale, pela internet, o programa Hot 94”. Então, a gente põe isso também, encaixa no programa para falar que a galera de fora curte. Enfim a gente interage, e tudo isso aí dá um retorno legal. Tem um pessoal que saiu de Pinda ou saiu do Vale e está morando fora, e não sei se por coincidência ou pelo contato, acharam o portal na internet, e o pessoal passa para o outro. Nós temos um número de acesso fora do país muito grande, e o pessoal curte, comenta de poder estar ouvindo a rádio, de estar podendo ouvir a galera, e isso é muito gratificante para a gente. E o programa tem uma audiência legal. Então a gente recebe carta do pessoal que está preso em presídio, o pessoal curte o programa e manda carta para a gente: “Pô, manda uma salva para a gente que a gente curte o programa”. Porque a gente procura tocar música antiga, música legal, a gente manda, fala: “Vai um abraço para a galera tal, vai um abraço para o pessoal do bairro tal”. E isso aí dá um retorno, a galera curte isso aí. E música boa. Já até houve idéia de fazer em outras cidades o trabalho que a gente faz em Pinda, mas eu acho que isso é uma coisa bem pessoal. Tem que ser gente da própria cidade, alguma coisa... Porque na cidade, eu conheço muito de Pinda, eu vivi lá, eu moro há muito tempo, os contatos que eu tenho, as fontes do que a gente precisar. Então eu tive tudo isso em mãos, que é diferente... Imagine eu vier para Taubaté? Eu conheço dez pessoas aqui. Em Pinda eu conheço todo mundo. Então, foi diferente fazer o trabalho, não é porque Pinda é cidade do governador - Pinda teve o João Carlos de Oliveira - não é nada disso, é mais pelos contatos. COMÉRCIO O portal nosso serve de referência para as outras cidades. A gente procura fazer um trabalho que está inovando cada dia que passa, melhora cada vez mais. Isso, a idéia era isso: o Júlio tinha uma idéia de fazer um supermercado, vender alguma coisa, a idéia era meio assim, inovadora. Quando a gente sentou e montou o Pindavale: “Vamos colocar a parte da cidade, falar como surgiu...”, e começamos a pesquisar. Meu cunhado começou a ajudar a gente, começou a fazer as pesquisas, levantou onde era isso, o que era aquilo. E eu saí já na captura do cliente para poder garantir o custo da hospedagem, o trabalho, de você estar lá, energia elétrica, enfim tudo isso aí. O que aconteceu? O primeiro passo positivo foi a amizade que eu tenho na cidade. Isso foi o quê, com certeza, deu uma alavancada legal no site. No primeiro ano, acreditarem no nosso trabalho. Até então, era no escuro. Imagine: você pega uma empresa que tem cinqüenta, sessenta anos no mercado e coloca numa propaganda que você não sabe se vai acontecer, o que vai virar. Isso é complicado. Deram esse crédito porque eu sou o “Marcelo, filho do Ademir”. Dando uma força, acreditando no trabalho e até mesmo... Não sei qual era o ponto de vista de cada um, sei lá: “Amanhã acaba”. Foi o contrário: a gente foi começando crescer. No segundo ano, começamos a atingir outras áreas, a gente começou a pegar a parte industrial, grandes empresas, empresa com um porte maior, tem os bancos; enfim, aí começou o negócio a ficar do jeito que a gente queria que fosse. Nisso entra um cliente, um passa para o outro... Quem vende sou eu. Agora tem um outro rapaz que trabalha na área de vendas. Mas até então, quem vende sou eu. No começo, a gente tinha medo de colocar alguém, justamente para saber o que você está vendendo. Vender é difícil, não é fácil, não. Pensa que é só chegar e falar? Você tem que ter bastante lábia, tem que convencer que seu produto é o melhor possível. Não tem segredo. Isso vem de dentro. A experiência do meu pai, do meu avô ajudaram. Lógico, com certeza. O contato, até mesmo com esses empresários que a gente teve no bar - o balcão é uma escola, você vê desgraça e felicidade de muita gente. Então você vê o dia-a-dia de todo mundo e você vai absorvendo o que é bom, e nisso vai passando. Eu consigo vender de tudo, eu tenho o dom de vender: o que eu colocar no mercado, acho que eu consigo passar. Eu acho que isso nasce com a pessoa. Não é fácil, não é qualquer um que passa isso para os outros. Você tem que provar para o cliente que o seu produto vai dar retorno, senão você não consegue vender. É difícil. É fácil você vender um produto conhecido, mas vender algo diferente, nunca ninguém viu, vai ser difícil. Esse ano a gente está despontando, está em toda mídia da cidade, a gente está em todos os eventos, a gente é convidado a participar, fazer cobertura, enfim, hoje a gente está trabalhando de forma que... A gente quer isso mesmo, quer colocar a nossa cidade num patamar, mostrar que a cidade existe, que a gente tem todo tipo de estrutura. A idéia de fazer o portal é aquilo, de amanhã ou depois toda cidade ter um portal. Você entra na internet: “Quero conhecer a cidade de Pindamonhangaba”, “Nossa que legal”, “Quero conhecer a cidade de Taubaté”, “Ô, que legal”, “Quero conhecer Campos do Jordão...”. Ter o quê? Não é só fotografia, e sim ter tudo. O Júlio faz tudo. A gente faz o que o pessoal pede na internet. O pessoal sempre manda críticas construtivas e a gente procura absorver o máximo possível, porque o internauta é o nosso forte. Então, o que eles pedem é até mesmo obrigação a gente fazer. Então o pessoal: “Pô, vocês não têm chat”. Vamos criar um chat. “Pô, vocês não têm brinquedos, jogos.” Vamos criar uma área de jogos. “Vocês não têm baladas.” Vamos fazer baladas. Então a gente foi colocando... O portal foi crescendo, foi tomando o formato do portal. Tem tudo: a gente procura desenvolver e colocar no portal tudo que o pessoal pede. Lógico, sempre usando a cidade. Tudo que a cidade tem, a gente quer mostrar. A gente é 100% Pindamonhangaba. Tem outros Portais que os caras querem fazer tudo. A gente pega o básico de todo o Vale, os dados históricos, onde se situa, de todos. Pinda, a gente colocou tudo: indústria, comércio, turismo, baladas, eventos: 100% do foco é Pindamonhangaba. E o Vale está ali, também, com aquele básico de cada cidade. Amanhã ou depois há parcerias entre outros A gente vende os banners. Tem banner de 330 [reais], de duzentos, de 150 e de cem, de acordo com o tamanho. São contratos de três meses, seis meses ou um ano, depende do contrato que for feito. Agora então a sua empresa: “Marcelo, achei legal. Eu quero fazer um link dentro do Pindavale, do meu produto”, “Legal, cem reais”. Vai ficar um ano disponibilizado lá. A pessoa entrou no Pindavale: “Eu estou procurando uma empresa tal”, digitou lá, achou ou até mesmo entrou direto. Empresa de filmagem, clicou lá, aqui, você constou dentro do portal. Cem reais é muito barato. A gente tem tudo. Na verdade, o portal Pindavale não está disponibilizado no Brasil. Ele é hospedado em Los Angeles, na Braslink. Fora daqui, a gente tem um suporte ilimitado. A gente paga para poder estar fazendo tudo que você pode imaginar. Apesar de a gente estar pagando em dólar, é melhor pelo produto, pela demanda que a gente tem, o que a gente tem que estar passando para o cliente. Estar lá, para nós, em dólar, fica mais em conta que no dinheiro nosso aqui. E sem contar [que] a gente nunca teve um problema, sequer meia hora, quinze minutos, fora do ar, em três anos. Eles avisam se vai haver alguma mudança. Então são vários repetidores. A gente não abre mão disso. Nós somos clientes de uma empresa que a Nasa é hospedada, CNN, então as grandes empresas são hospedados nesse servidor. Na época, a gente hospedava aqui no Brasil mesmo... Assim, logo quatro, cinco meses de Pindavale, a gente conheceu e, na época, era um coisa meio fora de realidade porque a gente recebia... Só que a idéia foi essa: trabalhar uma coisa de primeiro mundo para a gente poder ser diferente. Mostrar que a gente tem um produto diferente. Além de trinta, quarenta sites que a gente já construiu - porque a MCM Multimídia é uma empresa que constrói páginas - o Pindavale é um produto da CMC, então, hoje, todos eles se hospedam no Braslink. Tem outros sites que existem na cidade, de outros clientes, que têm a Braslink como fornecedor do produto e falam para mim: “Marcelo, brincadeira, os caras são fantásticos, a gente precisa disso”, “Liga lá, quer falar com os caras, é on-line”. Tem suporte aqui no Brasil, em São Paulo, e os caras são muito profissionais. Tenho cliente de São José, de Guará, de Ubatuba. Dentro do Pindavale, a gente tem bastante aqui de Taubaté. Tem uma empresa no Japão, porque são conhecidos nossos - estudamos juntos e ele está há dez anos no Japão - , esteve agora, há dois meses atrás no Brasil, em Pinda e falou: “Marcelo, estou precisando de um trabalho, eu perguntei aqui, disseram que quem faz é você”. Era para fazer uma página dele no Japão. A gente fica com receio de como vai ser feito, o horário nosso não bate, aqui é de dia, lá é de noite. Então como será feita a atualização? Ou se ele quer um negócio simultâneo. Então ficou até mesmo de decidir mais para frente, mas a gente está trabalhando. Penso que quando um vendedor recebe um não, ele deve pensar: “Da próxima vez vou te vender”. Já teve cliente que eu cheguei a falar assim: “Hoje eu não vou vender para você não, porque hoje você não está com o espírito legal. Outra hora, eu volto”. Você tem que ter percepção do outro, com certeza. Você chega no cliente, e até sei que vou levar um não. Você sabe como está o andar da carruagem. Chega assim: “Hoje vai”, aí você chega e manda bala. “Hoje não é dia. Deixa quieto, outra hora eu volto. Hoje você está meio estressado, depois a gente volta.” Essa outra volta, até mesmo pela decisão que você tomou anteriormente, ele já vai até concordar. Até hoje, graças a Deus, a gente nunca perdeu um cliente no Pindavale. Pelo contrário, a gente está sempre renovando e sempre está ganhando indicação de novos clientes: “Oh, fulano que indicou, sicrano que indicou”. RELAÇÃO COM O COMÉRCIO Eu sou um comprador compulsivo. Minha mulher até brinca que eu não posso sair porque a compra de duzentos vai para quatrocentos. Então eu não saio muito. Se sair, é brincadeira. Sou completamente o oposto da minha esposa: minha esposa é calculista, ela chega, vê, noutro dia ela volta para pedir um desconto. Se eu olhar, não penso duas vezes, não. Eu já sou bem mais espinoteado. Quando solteiro, eu fazia compra uma vez por ano. Eu chegava numa loja, gastava 2 mil e comprava três pares de sapato, quatro calças, dez camisas. Eu era assim. Para não precisar andar mais na loja. Eu casei, eu tinha tênis de dez anos na caixa. Até um proprietário, Danilo Cozzi, do Magazine Cozzi, ele falou: “De onde você tirou esse tênis?”, “Eu comprei de vocês, há dez anos atrás”. Hoje, quem faz compra é a minha esposa, ela que sai, que compra. Compra em Pinda. Você pode dar cem, que ela volta com noventa. FAMÍLIA Minha filha gosta desse meio virtual. Ela já faz os blogs da vida dela, gosta de música, é estudiosa, está bem na escola. Então, graças a Deus, bem de cabeça. Tem as suas idéias de infância, de quer pintar o cabelo, ficar meio dark, mas a gente sabe que isso é temporário. Ela é bem compreensiva, é legal, bem bacana. TRABALHO Vivo trabalhando, 24 horas. Eu saio do escritório, estou em casa - eu tenho um terminal em casa também. Do escritório, e a qualquer momento, a gente pode ser chamado. Continuo, também, ajudando no bar. Sempre. Quando meu pai precisa, a gente está lá, com certeza. Até ele operou o joelho, acidente, ele ficou oito meses de cama. Eu ficava no escritório até as seis horas e depois eu ia para o bar, ficava até as dez, onze horas, até fechar. A gente dá um suporte. O comércio é como meus pais dizem: não tem folga, não tem férias, não tem feriado. Então é todo dia. Isso a gente tem, e na internet é mais ou menos a mesma coisa. O portal é atualizado constantemente e o pessoal, toda hora... Isso quando não vai lá: “Marcelo, você tem aquela música, tal, dá pra gravar um CD disso? Eu vou fazer uma festa em tal lugar, vamos fazer, vamos tocar em tal lugar”. Então, se você não está para uma coisa está para outra, 24 horas. O lazer é mais ou menos, em casa. Eu faço o que eu gosto; então para mim, o trabalho é um lazer. Eu vou tocar, estou bem; o programa acabou, eu estou bem. Eu ganho para ficar feliz. E o portal também é muito gratificante. A gente fazer uma coisa que a gente gosta. A gente faz o que a gente gosta. AVALIAÇÃO Comércio Eu tenho condição de falar com qualquer pessoa. Eu entro e saio de qualquer lugar, tanto zero como dez, converso com qualquer pessoa, tenho amizade com todo mundo. Isso se aprende no comércio. Todo mundo é igual, é indiferente a classe social, financeira, o resultado é um só: todo mundo vai para um mesmo lugar, independente se é bonito ou feio. Então isso é um coisa que deu um valor grandíssimo, nunca menosprezar ninguém. O mundo é redondo, hoje você pisa aqui, amanhã vai pisar de novo, não pensa que você vai pular esse espaço, não. Então você tem que ser igual com todo mundo, procurar atender da melhor maneira possível e nunca falar não. Mas aí tem um erro meu, eu acho que deve ser um erro, um bom ou mal, mas eu nunca sei falar não. Se a pessoa pede um negócio: “Dá um tempo aí, que eu tento resolver”, me atropelo de um lado, de outro, graças a Deus eu me saio bem. Tenho tanto anjo da guarda legal, que me dá força, e eu procuro sempre sair por cima. Graças a Deus tem alguém que ora por mim bastante, eu acho. Eu sempre me dou bem, eu tento passar um lado positivo quando eu chego para falar com a pessoa. Passo por cima, por baixo, eu dou um nó legal. AVALIAÇÃO Entrevista Legal, passar o que tem dentro. Tem vezes que fica com tudo isso e você não consegue passar. É muita amizade, muitas pessoas. Você poder conversar e passar o que você tem dentro. Foi muito legal. Foi um prazer enorme, agradável até de ser escolhido para estar passando essa experiência de vida.
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