P1 – Márcia, para começar eu gostaria que você dissesse o seu nome completo, data e local de nascimento. R - O meu nome é Márcia Elizabete Zalazik Cobellis, eu nasci em São Paulo, aos 20 de janeiro de 1965. P1 – Você estudou em São Paulo mesmo, Márcia? R - Estudei em São Paulo. P1 – Qual foi o curso que você fez? R - Bom, o meu curso, a nível de graduação eu fiz Serviço Social, na PUC, depois fiz pós-graduação, e a gente vai crescendo, mas aqui em São Paulo mesmo. P1 – E quando é que você entrou no Aché, Márcia? R - Em 1996, em janeiro. P1 – Como é que foi a tua entrada na empresa? (risos) R - Foi emocionante (risos) P1 – Por quê? R - Ah, sim. Foi o primeiro dia de retorno de férias, as férias são coletivas, então todas as pessoas voltando de férias, inaugurando o Centro de Desenvolvimento Infantil. Era o primeiro dia de fato de um projeto muito querido, muito esperado por uma série de funcionárias. O projeto atende até sete anos de idade, filhos de funcionárias até sete anos de idade, e nesse primeiro momento tinham 68 crianças. Então foi assim, um dia atípico, porque assim, as crianças voltando querendo ficar com as mães, as mães querendo ficar com os filhos, aquela coisa, aquele sentimento do retorno ao trabalho, ao mesmo tempo de ter um benefício bom, as crianças estranhando todo o ambiente novo, bonito, porém novo. Então era um chororô danado, né? Mas assim, passamos bem, sobrevivemos, e temos aí realmente um trabalho que a gente colhe hoje, quando a gente percebe o desenvolvimento dessas crianças, o quanto essas crianças enquanto cidadãs cresceram, e a gente percebe enquanto indivíduos críticos, né? Lógico, não são adultos, mas você percebe a diferença que se faz nessa criança, essa criança não recebe uma informação só pela informação, ela questiona. E isso o CDI, com a proposta pedagógica, propiciou a essas crianças. P1 – Você lembra de...
Continuar leituraP1 – Márcia, para começar eu gostaria que você dissesse o seu nome completo, data e local de nascimento. R - O meu nome é Márcia Elizabete Zalazik Cobellis, eu nasci em São Paulo, aos 20 de janeiro de 1965. P1 – Você estudou em São Paulo mesmo, Márcia? R - Estudei em São Paulo. P1 – Qual foi o curso que você fez? R - Bom, o meu curso, a nível de graduação eu fiz Serviço Social, na PUC, depois fiz pós-graduação, e a gente vai crescendo, mas aqui em São Paulo mesmo. P1 – E quando é que você entrou no Aché, Márcia? R - Em 1996, em janeiro. P1 – Como é que foi a tua entrada na empresa? (risos) R - Foi emocionante (risos) P1 – Por quê? R - Ah, sim. Foi o primeiro dia de retorno de férias, as férias são coletivas, então todas as pessoas voltando de férias, inaugurando o Centro de Desenvolvimento Infantil. Era o primeiro dia de fato de um projeto muito querido, muito esperado por uma série de funcionárias. O projeto atende até sete anos de idade, filhos de funcionárias até sete anos de idade, e nesse primeiro momento tinham 68 crianças. Então foi assim, um dia atípico, porque assim, as crianças voltando querendo ficar com as mães, as mães querendo ficar com os filhos, aquela coisa, aquele sentimento do retorno ao trabalho, ao mesmo tempo de ter um benefício bom, as crianças estranhando todo o ambiente novo, bonito, porém novo. Então era um chororô danado, né? Mas assim, passamos bem, sobrevivemos, e temos aí realmente um trabalho que a gente colhe hoje, quando a gente percebe o desenvolvimento dessas crianças, o quanto essas crianças enquanto cidadãs cresceram, e a gente percebe enquanto indivíduos críticos, né? Lógico, não são adultos, mas você percebe a diferença que se faz nessa criança, essa criança não recebe uma informação só pela informação, ela questiona. E isso o CDI, com a proposta pedagógica, propiciou a essas crianças. P1 – Você lembra de algum detalhe do dia da inauguração? R - Eu lembro. (risos) Foi muito interessante, veio reforços dessa, projeto terceirizado, né? Então vieram reforços de professores para auxiliar, então tinha um momento que era assim, tinham babás, berçaristas com uma criança no colo, a outra você balançando, o dono da própria Uniepri com bebês no colo, e tinha uma criança em especial que adorava a figura masculina, então ele não saiu do colo do dono da Uniepri o dia todo. E foi um dia atípico mesmo. Porque eu não conhecia as instalações, muito grandes, a empresa é muito grande, e até de equipamentos que chegaram durante as férias também, e a dificuldade de localizar, às vezes até um equipamento de cozinha, um liquidificador que: “Aonde está? Quem recebeu esse material?” Mas no total assim, conseguimos cumprir todas as... Tudo foi muito bem atendido. Acho que muito mais as crianças mesmo, que gostaram, mas ao mesmo tempo tiveram contato com o novo. Eu me lembro muito do choro, era isso o que algumas crianças estranharam. P1 – Nesse momento você entrou no Aché ocupando que função, Márcia? R - Como assistente social. P1 – E o CDI era um projeto ligado ao Serviço Social? R - Sim. Foi um projeto desenvolvido pela área de Serviço Social. P1 – Você sabe como é que nasceu esse projeto CDI? R - Sim. Ele foi um projeto apadrinhado, eu posso dizer dessa forma, por Tatiana Siaulys, filha do seu Victor Siaulys, que deu realmente todo um apoio, e acreditou muito nesse trabalho, e levou, e defendeu, vamos dizer assim, esse projeto frente a toda a empresa. Realmente tem um apadrinhamento, ela é a madrinha do CDI, eu diria. Ela, a Paula Depieri também, eram pessoas que estavam nesse momento, e que apoiaram muito a concretização desse projeto, porque ele não é um projeto simples de ser feito. P1 – Qual foi o maior desafio? R - Um convencimento, e principalmente porque ele é um benefício, ele tem toda uma questão social, porém ele é oneroso, por todos os cuidados que se teve com esse projeto, ele é um projeto modelo. Durante todos esses anos muitas instituições vieram nos visitar, instituições de grande porte, como o Hospital Albert Einstein, para conhecer a nossa realidade, escolas particulares. Quer dizer, ele acabou sendo referência em São Paulo, eu posso dizer até a nível Brasil, então ele foi feito, um projeto do Ruy Ohtake, todo desenhado, ele foi todo próprio, realizado próprio para a criança, ele não foi adaptado em momento algum, ele foi feito para a criança. E ele acaba sendo um projeto caro, ele não é um benefício simples e barato. P1 – E tudo o que acontece lá no CDI, tem alguma coisa que você gosta mais assim de ver as crianças fazendo? R - Quando as crianças criam, esse trabalho da criação, do questionamento das crianças, elas sabem o que elas estão fazendo, na atividade de sucata, ou o que elas estão criando. Quando elas vão se alimentar, por exemplo, elas sabem o que elas vão comer, qual é a... O que cada alimento contém, porque isso é trabalhado com essa criança. A independência e a autonomia que esse projeto, que essa proposta pedagógica proporciona à criança. P1 – Tem alguma história com alguma criança, com alguma mãe, que ilustre bem qual é o impacto que esses projetos têm na vida dessas pessoas? R - Exatamente de autonomia e independência, Immaculada. Hoje nós temos várias crianças que já saíram... Da criança se vestir sozinha, e de não deixar a mãe ajudá-la a se vestir, da criança arrumar a própria mochila, porque a professora estimula que ela faça isso, então a mochila vai na organização da criança, meia socadinha, tudo ali dentro, e a mãe às vezes reclama: “Puxa, mas essa professora não arrumou essa mochila, vem tudo desorganizado...” E não, na realidade é a criança que está fazendo, é a realização da criança, é o produto da criança. Então é isso, é a construção do ser humano. Porque a gente não cria filho, eu digo assim, eu tenho dois filhos, a gente não deve criar filho para si, a gente tem que criar essa criança para o mundo, para essa sociedade que está aí, e eu acho que isso o CDI propicia. P1 – E quando você entrou no Aché, além do CDI o que mais você encontrou lá no Serviço Social, que outros projetos que você foi se envolvendo? R - Bom, o CDI foi um desafio, e aí toda a rotina que tem dentro da área mesmo de atendimento de funcionários, as várias atividades que a gente faz também, organização de eventos, o dia a dia, os projetos. E aí, de novo, o seu Victor conheceu um projeto, Projeto da Associação Profissionalizante da Bolsa de Mercadorias e Futuros. E ele falava: “Márcia, vá ver.” “Ok, seu Victor, vou.” E eu estive com a Tatiana, conhecendo o projeto, e nós adaptamos esse projeto para a realidade do Aché, aonde nós, se chamou “Semear para o trabalho”, ele foi inaugurado em 97, em abril de 97, e ele atendia a uma outra parcela da nossa população, filhos de funcionários, adolescentes acima de 14 anos. Então esse foi um projeto muito bonito, aonde você atendia funcionários que já prestaram serviços há muito tempo à empresa, se dedicaram, entravam aqui às 6:30, 7:00 horas da manhã, saíam muito tarde, e não viram seus filhos crescerem. E viam o CDI, falavam assim: “Puxa, meus filhos não tiveram isso...” Então nós pudemos proporcionar, o Aché pode proporcionar que esses adolescentes, filhos de funcionários a princípio, tivessem toda uma formação de inserção no mercado de trabalho, onde eles tinham aulas de Comunicação, de Marketing Pessoal, de postura, de como se arrumar, porque não usar calça rasgada, como se portar em uma entrevista, como lidar, qual era uma postura adequada no mercado de trabalho. E muitos desses jovens estão trabalhando. Então hoje nós, naquele momento ele atendeu 200 adolescentes. P1- Era aqui dentro, no Aché? R - Aqui dentro. P1 – Eles vinham e passavam uma manhã aqui? R - O dia todo, era um projeto de seis meses. Então, quem estudava de manhã fazia o projeto à tarde, quem estudava à tarde fazia o projeto de manhã, quem não estudava, quem trabalhava o dia todo e estudava à noite, fazia o projeto aos sábados. Quer dizer, era uma maluquice, mas a gente conseguiu atender todos os adolescentes. Nós tínhamos filhos de funcionários que eram do chão de fábrica, e nós tínhamos filhos de gerentes também, que participaram desse projeto. Isso fez muita diferença para esses adolescentes. Esses adolescentes se descobriram, eles floresciam, era a coisa mais linda de ver. P1 – Você lembra de algum exemplo do que é que causava na vida deles? R - Dava muito mais segurança para esse jovem, de entendimento, com as aulas de saúde. De entender o seu corpo, o que acontecia, ele se sentia muito mais seguro para sair para uma entrevista, entender como as coisas funcionam no mercado de trabalho, lidar muito com a segurança, e quebrar um pouco da rebeldia do adolescente dentro de casa, que questiona tudo, o pai não... Sempre se contrapõe com o pai, de começar a entender o outro lado, qual a importância desse pai, o que esse pai fez quando ele começou. As discussões que esses jovens faziam com a questão de mercado de trabalho, do mundo globalizado, era muito rico. P1 – E como é que você participava desse dia a dia do projeto? R - Tá. Eu estava num nível de coordenação, nós tínhamos uma equipe com assistentes sociais, com psicólogos, professores de educação física também. Era uma equipe multidisciplinar que atendia esses jovens. P1- E como é que foi avançando esse projeto, do “Semear para o Trabalho”? R - Esse projeto evoluiu com esses 200 jovens, e num determinado momento se migrou para uma parceria com o Senac, e aí ele saiu de dentro da empresa, porque ele já não atendia mais filhos de funcionários, nós já tínhamos atendido toda nossa população interna. Aí, com a parceria no Senac, indo para a Paróquia Santa Terezinha, aqui no Jardim Cumbica, ele começou a atender mais a população e a comunidade em geral. P1 – Essa relação do Aché com a comunidade Santa Terezinha, você acompanhou um pouco dessa relação? R - Quando eu entrei ela já estava firmada com o projeto Sopão. Ele deve ter iniciado em princípio, acho que em 92, uma coisa assim, 92, 93, e já vinha. E realmente a relação com a paróquia sempre foi muito sadia, na figura do pároco que hoje já é falecido, o padre Lino, que realmente sempre incentivou muito essa parceria, e da dona, dona... P1 – Júlia. R - Dona Júlia, exatamente. A dona Júlia é aquela pessoa especialíssima, que cuida, ela é a alma ali realmente, do Sopão. E ajudou muito no voluntariado, quando nós o instituímos também. P1 – Como é que nasceu esse programa do voluntariado? R - Também com o nosso querido seu Victor. Não tenho dúvida, ele realmente é o patronesse da maioria dos trabalhos. Era o que, qual era o nosso objetivo? Fazer com que o funcionário se envolvesse com as questões da comunidade, que desse a sua parcela, o seu conhecimento, que contribuísse com o seu conhecimento para a comunidade. P1 – Mas como é que aconteceu? Ele chegou um dia com essa idéia, chama, reúne as pessoas e... (risos) Como é que nascem essas idéias? R - Mais ou menos. Ele fez um almoço, um grande almoço conosco, ele mostrou as realizações da empresa durante aquele ano, os investimentos que a empresa havia feito com a área social, e convidou as pessoas para que se engajassem nesse projeto. P1 – Quem participou do almoço? Eram todos funcionários, não? R - Olha, foi aqui nos módulos, tinha muita gente, tá, eu não vou conseguir te precisar. Mas tinha uma grande parcela, nós fizemos em várias etapas. Nós desenvolvemos um concurso interno, tanto do logo quanto do nome, e ele surgiu como “Desenhando o Futuro”, porque era essa a idéia, que as pessoas, que a nossa população, que os acheanos, nossos colaboradores, desenhassem um futuro melhor, dessem a sua parcela de contribuição. E aí começamos em grupos a entender qual seria o objetivo do trabalho, e ele surgiu com aulas, nós entendíamos que como nós somos um laboratório deveríamos trabalhar com saúde, e por que não ir até a comunidade carente que foi quem nos abriu a porta, Jardim Cumbica, na favela? E trabalhamos as questões de meio ambiente, questões de higiene e saúde, através de uma peça de teatro, trabalhamos com as crianças, com os adultos, a gente trabalhava um domingo por mês. Limpamos córrego, entramos com trator, tiramos lixo, plantamos árvores, realmente foi uma fase do projeto bem interessante. P1- Que durou, você imagina que um ano, mais ou menos? R - Não, ele durou um pouco mais, ele durou um pouco mais, ele veio caminhando por um, dois anos eu acredito. P1- Nesse projeto do voluntariado qual foi a tua participação, Márcia? R - Da mesma forma, auxiliar esse grupo a encontrar o caminho do que fazer, do como, de coordenação, basicamente de coordenação, de facilitadora. Acho que esse foi um dos caminhos. P1 – Teve alguma iniciativa ou ação do voluntariado que te marcou mais, assim que você gosta de lembrar mais? R - Nossa São tantas, são tantas assim, é difícil de falar, na minha mente me vêem várias cenas. Me impressionou muito assim a dedicação e a alegria desses nossos funcionários, ao chegar na comunidade e a lidar com as pessoas, em todas as ocasiões. Realmente era uma coisa assim, contagiante. Eles sentiam que faziam a diferença, o intuito era fazer realmente a diferença. Era o contato mesmo dos nossos colaboradores com a comunidade, com carinho mesmo na elaboração das atividades que estariam sendo feitas. Eu acho que é muito mais esse carinho mesmo. Tem muitos fatos, tá, Immaculada, mas se a gente for contar fato assim, o dia que a gente entrou ali e derrubamos, tivemos que entrar, tiramos alguns cavaletes para tirar lixo, de fato muito lixo, aí eu vou começar a contar fatos concretos mesmo. P1 – Se quiser contar um exemplo para a gente ter idéia do que é... Tudo lá na Santa Terezinha, não é? R - Não, aí nós já estávamos dentro da favela mesmo, isso já é dentro da favela. Porque o Sopão acontece dentro da paróquia. O projeto, o Semear, o dos adolescentes, acontece dentro do prédio da paróquia, e nós estávamos realmente dentro da favela. P1 – Olhando assim para trás, você acha que esse início do voluntariado marcou um pouquinho a história dos funcionários do Aché? R - Com certeza. P1 – É, por quê? R - Com certeza. Até pela filosofia da empresa, pelos donos realmente. O seu Victor é um voluntário, e isso passa para as pessoas também, e aqui existe um espírito de família muito forte, muito grande, muito contagiante, aonde as pessoas querem doar um pouquinho de si sempre. Então tem, realmente tem tudo a ver. P1 – Tem algum outro projeto que você gostaria de contar também, nessa tua primeira fase do Aché? R - Deixa eu ver. P1- Foi o voluntariado, o Desenhando o Futuro, o Semear, o CDI, mais algum? R - Eu tenho uma característica assim, eu sou um pouco agitada, estou quietinha aqui, mas eu sou muito agitada. Então de tudo, em tudo o que a gente acabou colocando a mão, tudo a gente transformou um pouquinho, né? Tem um outro projeto, tem o CCA, que foi o Centro de Convivência, Centro de Convivência Aché: eram as crianças que saíam do CDI aos 7 anos de idade, iam para o ensino fundamental, fora, então eles passavam a manhã numa escola estadual aqui próximo, e voltavam para a empresa. Eles ficaram por dois anos conosco, eles tinham aulas de reforço escolar, eles tinham aulas de Educação Física, e reforço com... E faziam a lição de casa. E a mãe se sentia extremamente tranqüila, porque é uma idade que você não tem esse instrumento, o Estado não proporciona esse instrumento que cuide da sua criança, essa criança muitas vezes fica na rua, ou se tiver a sorte de ter a avó que cuide, um parente que cuide. Esse foi um projeto assim também muito importante, onde a criança saía do CDI, ia para o CCA, e teria a possibilidade de um momento estar conosco no Semear, então existia uma linha onde você atendia essa questão familiar. Esse foi um projeto assim também muito gratificante. P1 – O CCA funcionava onde, lá...? R - Aqui dentro. P1 – Aqui dentro? R - Começou dentro, com quatro crianças dentro do CDI, em 97, e depois ele foi, era um bracinho do Semear dentro do CDI. Nós utilizávamos as dependências do Grêmio, que são belíssimas, utilizávamos as dependências do Grêmio para a área de esportes, o próprio Semear começou no Grêmio, na parte de cima, depois que nós conseguimos um outro espaço, para que ele tivesse um espaço independente, que não atrapalhasse as atividades do Grêmio também. E assim, tudo a gente transformou um pouquinho, desde as festas de final de ano, que nunca tinha, foi uma história assim, nós nunca fizemos as festas fora da empresa, então foi uma possibilidade, quando eu tive a oportunidade de fazer isso aqui com a empresa, levar, fazer uma festividade fora, levar para um sítio, propiciar que essas pessoas conhecessem outros espaços. Às vezes a pessoa fica assim, realmente só no município de Guarulhos, não tem a possibilidade de conhecer outros locais. Toda uma melhoria no projeto, de homenagem por tempo de serviço, que nós também conseguimos melhorar e parabenizar, agradecer esses funcionários pelo tempo de prestação de serviços à empresa, que realmente construíram a empresa, então a gente aos poucos foi melhorando essas festividades também. Então assim, de tudo, Immaculada, tem um pouquinho, eu conto com muito carinho, não é à toa que eu voltei. (risos) P1 – Você ficou até quando, Márcia? R - Eu fiquei em junho de 2000. Aí eu saí, fui olhar um pouquinho o mercado aí fora, trabalhei em outra empresa de grande porte também, e esse ano fui convidada a voltar para o Aché. P1 – Numa outra área agora? R - Também. Com a área que eu já atuava e mais algumas outras, então hoje eu estou com toda a área de benefícios também. Também com uma série de desafios, com muita coisa para por em ordem. P1- Nesse momento, qual que está sendo o teu grande desafio? R - Eu brinco, são alguns, mas um em especial é o da Previdência Privada. É um momento um pouco delicado da empresa, mas é uma mudança de plano de Previdência, que vai atender um maior número de funcionários, dá uma abrangência maior, esse benefício dá uma abrangência maior aos colaboradores, vai se estender a um maior número de pessoas. Um segundo, nós estamos estudando a assistência médica, nós vamos, esse é um outro ponto aí, implantação de projeto de sugestões de melhorias. E a Ouvidoria Social, que hoje vai ser apresentada também pelo Bandeira de Mello. Então tem, realmente tem coisas boas, a equipe é uma equipe muito especial também. P1 – Você acha que o Aché tem algum diferencial nesse tratamento, nessa área de benefícios, de responsabilidade social, tem algo? R - Sim. O Aché ele se preocupa muito com essa questão de responsabilidade social, realmente se preocupa muito. O que hoje, enquanto Recursos Humanos, nós estamos unificando toda essa prática, para que todos os colaboradores tenham essas mesmas informações, tenham acesso a todo esse nível de benefícios, de atendimento, de relacionamento funcionário chefia, o Aché ele é muito preocupado com isso, isso é muito importante. P1 – Para terminar, eu queria saber um pouquinho, olhando para trás o que você acha que o Aché significa para você? Assim, você acabou trabalhando aqui, saindo, voltando, que impacto que isso teve na tua vida, Márcia? R - É interessante, eu já me perguntei várias vezes. Quando eu estive fora eu não consegui me desligar, você está sempre em contato com as pessoas, o elo é muito forte no relacionamento com as pessoas. E é isso que forma uma empresa, são as pessoas. Isso é o que forma uma sociedade, são as pessoas. Você tem as construções, você tem grandes pontes, você tem um prédio muito bonito, mas se não existe o respeito, a amizade, enfim, o ser humano, não existe a sociedade, a cidade não existe. E é exatamente isso o que, esse carinho, essa coisa que existe aqui no Aché, que eu vejo muito forte, então isso é o que me traz, é uma identidade, eu tenho uma identidade muito grande enquanto pessoa, com relação à ética, à questão de responsabilidade, a trabalhar corretamente, só sei fazer dessa forma. E aqui, realmente, em toda a minha vida profissional é um lugar aonde eu pude desenvolver isso, e tive realmente oportunidade, enquanto questões pessoais mesmo, de poder concretizar vários trabalhos, por ser assistente social, pela minha formação ser muito ligada ao social, eu acredito no social, aqui realmente no Aché eu pude fazer projetos, desenvolver projetos, por em prática esse meu anseio. É uma via de duas mãos, frente aos objetivos da empresa e os meus objetivos pessoais também. As coisas se encontram, eu acredito no social, eu acredito muito fortemente nisso. P1 – E, para terminar, eu gostaria de saber o que você achou de ter contado um pouquinho dessa história para a gente? R - Ai, eu estava muito preocupada (risos) Estava muito preocupada, eu já tinha conversado com a Deborah. Mas assim, desde que eu entrei aqui em 96, eu conversava muito com o Antonio Carlos, eu falava: “Antonio Carlos, isso precisa ser feito, as pessoas precisam contar, nós precisamos registrar toda essa história, nós precisamos guardar essas primeiras máquinas, nós precisamos guardar essas fotos.” Então, era uma coisa que no meu íntimo eu sentia que isso nós precisávamos fazer, não sabia em que momento, como fazer, eu não tinha os instrumentos, não era a pessoa mais capacitada tecnicamente para fazer a coisa, mas era um sentimento que nós precisaríamos deixar registrado na história do Brasil, de fato. Porque é um laboratório nacional, isso dá um orgulho muito grande nas pessoas, além dessa questão do carinho, da questão da família, essa coisa do ser nacional, a gente concorre com potências aí fora, multinacionais, e eu já estive em multinacionais, e isso é um orgulho, é uma coisa muito especial, saber que aqui é Brasil. Acima de tudo, é verde e amarelo, e isso é muito importante, não é só na Copa, não é só no momento da Copa que você levanta a bandeirinha: “Olha, então hoje eu sou no futebol.” Não. É um laboratório nacional, e essa história de vida das pessoas, essa construção dessa empresa tem que ficar registrada, era uma preocupação, na realidade era um desejo muito grande da minha parte que isso se concretizasse. E que bom que está sendo feito, ainda bem. P1- Está certo. Muito obrigada pela participação, com certeza você tem um pedacinho dessa história...
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