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Por: Liana Zélia Ramos Holanda, 4 de agosto de 2020

Dessas memórias de gente míuda

Esta história contém:

Dessas memórias de gente míuda

Quando nasci, não veio um anjo torto, nem esbelto do meu lado. Nenhum desses que vivem na sombra ou tocam trombeta. Ninguém pronunciou meu nome, Liana. Notei logo cedo que os anjos apenas fariam parte da decoração do meu quarto e das histórias de minha mãe. E eram muitas contadas nas tardes após o almoço. Ela, nordestina, de uma cidade pequena, sobrava causos para contar para os quatro filhos, sentados na mesa de jantar. Mal sabia “mainha”, que ali, ela formava um pedaço meu. Se as histórias eram reais, nunca saberei, mas a verdade que colocava em suas palavras, deixava suas crias boquiabertas. Dona Luzia adorava trazer como tinha sido sua infância. Bebíamos dela como se estivéssemos vivenciando as brincadeiras. Cantava as cantigas de roda da época e suas traquinices. Lembro dela lavando a louça e cantando “Olê, mulher rendera, olê mulhé rendá, tu me ensina a fazer renda, eu te ensino a namorá”. Meus pais tinham um linguajar próprio. Um "pernambuquês" que qualquer gramático ou qualquer Bagno invejariam. Era zambeta, fuxiqueira e moringa. Fora abestalhado, afolosado, aperreado, avexado, chapoletada, oxente e as dores de veado que sentia. Cresci nesse meio colorido, com o imaginário a mil. Curiosa, sempre ficava ali, à espreita para ouvir as conversas dos adultos. Gostava de ouvir as novidades da família ou o rádio na AM com aquelas cartas que mais pareciam novelas. “Liana (com aquele sotaque carregado), não pode, essas coisas não são para sua idade”. Dava com os ombros e no dia seguinte continuava com minhas manias. Minha infância tem cheiro de terra molhada, principalmente de Pirassununga, na casa da tia Socorro. Ahhhh, saudades daquele quintal! Ali, saíamos da loucura da cidade de São Paulo, do confinamento do apartamento para brincarmos na rua, ouvirmos Kid Abelha e Michael Jackson. Foi lá meu primeiro contato com Vinicius de Morais, no bolachão da Arca de Noé. Sentia naquela cidade a...

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Neném

período: Ano 1988
tipo: Fotografia

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