P/? – Só um minuto agora. Gravando. P/1 – Boa tarde. R/1 – Boa tarde. P/1 – Você podia dizer o seu nome, data e local de nascimento? R/1 – Marcos Batista de Assis, 14 de janeiro de 68, São Paulo, capital. P/1 – E os seus pais, como eles chamam? R/1 – Fausto Batista de Assis e Maria da Silva. P/1 – Vamos falar um pouquinho do início do seu trabalho aqui no Pão de Açúcar, quando que começou, como você começou a trabalhar aqui. R/1 – Minha história começa em 21 do 1 de 80, numa empresa que chamava-se Bazar 13, que foi adquirida depois pelo grupo Pão de Açúcar, e ali começa uma história de amor. Então, nessa época eu era empacotador, trabalhava em loja e depois da aquisição do grupo Bazar 13, a gente conseguiu vir para o escritório, aí fui office-boy, passei por várias área corporativas. Em 1995, 96, voltei pra loja por uma opção de trainee, concorrendo a uma vaga que estou até hoje. P/1 – Então vamos voltar ao início, época em que você era empacotador. Conta um pouquinho como é que era o trabalho de empacotador naquela época, era década de 80 né? R/1 – Isso. P/1 – Então, como era o seu trabalho, a relação com os clientes? R/1 – Na realidade, em 1980 eu tinha 12 anos de idade, eu era apenas um menino e que precisava trabalhar pra ajudar em casa. Então tinha muito mais a disciplina, a condução dos pais pra que pudesse complementar a própria renda, então era um trabalho sério que eu tinha como objetivo ter receita pra poder levar pra casa. Então era um trabalho com dedicação, pra um pequeno garoto que estava começando ali, que não sabia nada da vida. P/1 – E você como um garoto, como que era a sua relação com o cliente, assim... R/1 – O cliente era a razão do meu dia, porque eu dependia dele pra uma gorjeta, pra levar o carrinho até o carro, dependia dele para dar um sorriso, pra ter um retorno, pra fideliza-lo...
Continuar leituraP/? – Só um minuto agora. Gravando. P/1 – Boa tarde. R/1 – Boa tarde. P/1 – Você podia dizer o seu nome, data e local de nascimento? R/1 – Marcos Batista de Assis, 14 de janeiro de 68, São Paulo, capital. P/1 – E os seus pais, como eles chamam? R/1 – Fausto Batista de Assis e Maria da Silva. P/1 – Vamos falar um pouquinho do início do seu trabalho aqui no Pão de Açúcar, quando que começou, como você começou a trabalhar aqui. R/1 – Minha história começa em 21 do 1 de 80, numa empresa que chamava-se Bazar 13, que foi adquirida depois pelo grupo Pão de Açúcar, e ali começa uma história de amor. Então, nessa época eu era empacotador, trabalhava em loja e depois da aquisição do grupo Bazar 13, a gente conseguiu vir para o escritório, aí fui office-boy, passei por várias área corporativas. Em 1995, 96, voltei pra loja por uma opção de trainee, concorrendo a uma vaga que estou até hoje. P/1 – Então vamos voltar ao início, época em que você era empacotador. Conta um pouquinho como é que era o trabalho de empacotador naquela época, era década de 80 né? R/1 – Isso. P/1 – Então, como era o seu trabalho, a relação com os clientes? R/1 – Na realidade, em 1980 eu tinha 12 anos de idade, eu era apenas um menino e que precisava trabalhar pra ajudar em casa. Então tinha muito mais a disciplina, a condução dos pais pra que pudesse complementar a própria renda, então era um trabalho sério que eu tinha como objetivo ter receita pra poder levar pra casa. Então era um trabalho com dedicação, pra um pequeno garoto que estava começando ali, que não sabia nada da vida. P/1 – E você como um garoto, como que era a sua relação com o cliente, assim... R/1 – O cliente era a razão do meu dia, porque eu dependia dele pra uma gorjeta, pra levar o carrinho até o carro, dependia dele para dar um sorriso, pra ter um retorno, pra fideliza-lo como um cliente meu, que toda a vez que retornava a loja, que queria o meu serviço por uma coisa boa que a gente prestava. Então aí a gente já tinha uma relação com o cliente de que ele era o meu negócio. P/1 – E qual que foi o seu outro cargo, o outro local que você trabalhou após essa fase de ter sido empacotador? R/1 – Dentro da própria loja onde a gente trabalhava, tinha como função empacotador, mas a gente acabava fazendo tudo. Então aí já tinha polivalência, então a gente ajudava no caixa, ajudava no abastecimento, ajudava no balcão de frios, na parte de vasilhames. Então, dentro da loja eu tinha a função como empacotador como principal, mas ajudava em tudo. Então dentro da loja a gente só não gerenciava com 13, 14 anos, mas fazia todo o restante. P/1 – Que lugar era essa loja, como era nessa época... R/1 – Era na Teodoro Sampaio, na Brigadeiro Luiz Antônio... Na Teodoro Sampaio, Bazar 13. Então ali tinha uma loja do Bazar 13, em seguida inaugurou um segunda na Cone de Eugênio Leite, e ali que iniciou o trabalho registrado pelo grupo, então ali é que a gente iniciou como empacotador. P/1 – E você, depois de empacotador, você foi Office-Boy, lá também no Bazar 13... R/1 – É, depois da aquisição do grupo Pão de Açúcar, que adquiriu o Bazar 13, então a gente tinha como um trabalho, como a gente estava muito mais ligado, esperto, trazer as documentações da loja para a sede. Então logo após a aquisição, eu comecei a ser utilizado pra trazer toda a correspondência que tinha da loja pra sede, e ali eu comecei a ter que levar correspondências pra um departamento que administrava a loja, que era, então a divisão Jumbo. E nessas idas e vindas, loja pra matriz, uma secretária da época, Helena, me fez um convite, se eu gostaria de trabalhar na sede como Office-Boy. P/1 – E você começou a trabalhar na Brigadeiro Luiz Antônio, na sede nessa época, até quanto tempo você... até que época você trabalhou como Office-Boy? R/1 – Eu trabalhei praticamente durante um ano, um ano e meio como Office-Boy. Na realidade aquilo era o início de um sonho, porque todo sonho de garoto era trabalhar num escritório, então ali eu estava saindo de loja pra trabalhar num escritório. Então foi um ano, onde eu trabalhei um ano e meio que eu trabalhei como Office-Boy, e dentro desse mesmo departamento, outras oportunidades ali aconteceram. Então eu passei para um auxiliar de escritório, então foi dentro dessa divisão, então divisão Jumbo, que depois reformulou pra divisão regionais, mas aí tudo dentro de uma área de gestão de loja, mas lá na sede. P/1 – Bom, então agora vamos falar sobre esse período da sua carreira no escritório. Era divisão Jumbo, e você trabalhava fazendo exatamente o que? R/1 – Eu tinha como missão primeiramente como Office-boy, fazer todos os trabalhos internos e externos, então pegava malote, separava, fazia pagamentos, mandava informações para as lojas, ou seja, todo o elo de documentação partia comigo E todo o tempo disponível a gente ajudava as áreas administrativas, então, a parte de pedidos, preços, então a gente aproveitava pra aprender outras coisas. P/1 – E depois? R/1 – Bom, e aí, a gente, a partir daí, começamos a... tivemos espaços, então surgiu um espaço pra ser um auxiliar de escritório, cuidava da época, de máquinas precificadoras, tínhamos como responsabilidade cartão (porta-panche?), que era pedidos de mercadorias, encaminhar isso pra cpd. E aí dentro dessas áreas a gente conseguiu chegar depois, novamente mudar de área, pra uma área de operações, então mexia com vendas, recebia vendas das lojas, aplanilhava, agrupava e transferia esses números pra toda gerência, pra todas as pessoas envolvidas. P/1 – Que época que era essa? R/1 –Aí já era 86, 85, 86, então essa foi... P/1 – E depois você começou a trabalhar na área operacional A partir desse momento, você começou a ter um contato com a parte operacional. R/1 – Sim. P/1 – E aí você já começou a se especializar nisso, trabalhar mais com isso, ou você ainda passou por outros locais dentro do Pão de Açúcar? R/1 – Não, passei por outros locais. Dentro das divisões a gente tinha essas atividades. Aí houve uma nova mudança, foi quando a companhia, o meu departamento mudou para uma sede construída que era na Berrini, então as áreas mudaram, a gente foi pra Luiz Carlos Berrini, uma sede construída pelo grupo Pão de Açúcar, e ali eu continuei dentro da área e depois mudei para uma área de planejamento, onde eu fui ser programador de microcomputador. Então ali começou uma nova fase, que foi a faze de aprender um pouco de informática, no lançamento do Lotus 1, 2, 3, então, era o que tinha de melhor, então ali foi um momento em que eu estava aprendendo a parte de comunicação, de informática, de tecnologia. P/2 – Praticamente, eu estou percebendo, que a sua formação pessoal e profissional se deu ao longo desses anos tudo aqui na casa... R/1 – Tudo o que eu... tudo o que eu aprendi, tudo o que eu fiz foi dentro dos departamentos do grupo Pão de Açúcar com as pessoas que eu trabalhava, então essas pessoas é que me ensinara, foi nessas pessoas que me deram a formação, então todas essas atividades foram dentro do grupo Pão de Açúcar. Então, depois desse momento, desse aprendizado na área de informática, tudo, algumas mudanças aconteceram, o grupo tinha um processo de contas a pagar descentralizado, e eu recebi um convite, dentro dessa movimentação pra trabalhar dentro da tesouraria, ou seja, sair de uma divisão de operações pra ir pra uma área de tesouraria corporativa, e eu fui ser encarregado de contas a pagar. Então ali novamente começou uma nova faze, que é a minha faze se corporação, administrativo, ou seja, de cuidar de contas a pagar na empresa. P/2 – Você passou por “n” cargos dentro da empresa ao longo desses anos, a sua formação pessoal. O que você estudou tem alguma relação com esses cargos ao longo do caminho? Como você foi costurando a sua vida pessoal com todos esses cargos? R/1 – Na realidade eu passei por todos, acho que passei por todos os cargos que existiam na estrutura. Como eu iniciei de empacotador, então a gente tinha auxiliar administrativo B, auxiliar administrativo A, assistente administrativo B, assistente administrativo A, encarregado de setor B, encarregado de setor A, então eu fui transitando em todos os cargos disponíveis na estrutura, até quando eu cheguei, que eu disse, na tesouraria. Então eu... nesse momento eu não tinha uma decisão efetiva do que eu queria, pra que eu estudaria, pra que eu faria, eu estava continuando uma vida ali de uma necessidade de estar trabalhando por uma empresa que tinha muitas oportunidades e todas essas oportunidades a gente foi segurando aí e não deixando de escapar nenhuma delas. P/1 – Então, esse período que você trabalhou, que você foi até a parte administrativa, que você chegou a ir até a tesouraria, tudo isso foi na década de 80... R/1 – Década de 80. P/1 – E a partir da década de 90 que a gente, através das próprias entrevistas e as pessoas estão dando depoimento que foi mais ou menos um divisor de águas a década de 90... R/1 – Foi, foi. P/1 – Que houve grandes mudanças. Então eu gostaria que você falasse um pouquinho dessa fase. Da década de 80 você passou por vários locais, você teve várias experiências, você conheceu o Pão de Açúcar num determinado momento do percurso dela né, e agora, década de 90 você tem como, sinteticamente dizer como você sentiu a empresa nesses dois momentos? R/1 – Eu acho que eu estava... nessa época eu estava no meio do caldeirão porque eu estava na tesouraria, nesse momento eu era um chefe de contas a pagar. Então, já tinha saído de encarregado pra chefe de contas a pagar. Foi quando aconteceu todo aquele problema no país, plano Collor, e foi quando a empresa sofreu toda... todo baque, todo problema financeiro que aconteceu na época. E contas a pagar é da onde saiu dinheiro pra pagar fornecedores, então a gente viu ali, não se sabia direito o que que era, se era um pais quebrando ou se era uma empresa caindo. Então ali a gente via fornecedores que iam receber e que a empresa não tinha, naquele momento como disponibilizar verbas. A gente via fornecedores quebrando porque a gente não conseguia disponibilizar, a gente via uma empresa tentando se sanar, dividindo, pagando um pouco aqui, um pouco ali e a gente atendendo a essas pessoas. Então ali foi realmente um experiência diferente, porque a gente via uma empresa querendo e precisando se salvar e vinham outras quebrando porque não tinha como receber, então ali foi diferente. E aí foi quando a empresa mudou, foi a segunda fase que a gente chama que foi realmente um divisor de águas, e o que aconteceu é que parecia que realmente estava em outra empresa. Então ali começou uma profissionalização, começou uma administração muito ligada ao profissional, então deixando de lado toda emoção, partindo pro lado profissional, ou seja, receita realmente. Se não tem, se não consegue se auto-rentabilizar não tem porque. Então a gente viu lojas sendo fechadas, a gente viu amigos saindo da empresa, a gente viu pessoas do dia a dia deixando de trabalhar ali conosco pra uma empresa que estava se estruturando. E a partir dali, a empresa mudou , ela saiu la de seus 50, 60 mil funcionários pra 18 mil, saiu de 500 lojas pra 200 lojas. Eu lembro como hoje a bandeira Mini-box que era... quando abria, abria uma loja por dia, e quando fechou, também fechou de 20 a 30 por dia. Então, ali a empresa colocou os pés no chão e começou a mexer. Então estruturou, quitou todas as suas dívidas, pagaram os fornecedores, mas de uma forma muito saudável. P/1 – E como é que você sentiu esse período pessoalmente, emocionalmente, essa mudança, essa volta por cima, quer dizer, recomeçar de novo e todo esse processo que você acabou de contar, como é que foi isso pra você pessoalmente? R/1 – Bom, eu vivi em dois momentos. O primeiro momento é que eu me senti dentro de um barco que estava afundando e a qualquer momento eu precisava sair nadando. E depois eu me vi numa empresa que novamente estava se posicionando no mercado com um potencial de crescimento, de continuar crescendo, de continuar tendo oportunidades. Então eu me vi numa boa empresa, uma empresa se tornando grande novamente ali. Então a gente viu as oportunidades, a gente participou dessa... desse segundo momento da companhia. Então a gente sabe que colocou um tijolo dentro daquela construção, então ali a empresa começou a crescer de uma forma concreta, sólida, então as oportunidades passaram a acontecer. Então a gente passou a ter muito mais importância, a gente passou a ter coisas que a empresa estava disponibilizando e a gente, de novo, recebendo de uma empresa profissional uma coisa que estava crescendo. P/1 – E agora assim, nessa década de 90, como que você... na verdade o que que você estava... onde você estava atuando na década de 90, nessa retomada aí do Pão de Açúcar? R/1 – Bom, no início da década de 90, 91, 92, 93, eu ainda estava na tesouraria e novamente passei de encarregado pra chefe de seção B e chefe de seção A, trabalhava na parte de contas a pagar, outras contas a pagar, então ali eu tinha já um objetivo: “Bom, eu estou na área financeira, acho que esse é o meu destino.” Então ali eu entendi que era o meu caminho. Mas eu sempre quis mais, eu sempre tive vontade de novos desafios, eu sempre quis muita coisa, então eu tinha ali uma condição de trabalhar de segunda a sexta até cinco e meia, mas não era tudo o que eu queria, não era tudo o que eu precisava naquele momento, eu achei que tinha condições pra mais coisas, foi quando em 95 eu pedi para ao meu chefe, meu então chefe que me deixasse a concorrer a uma vaga dentro de lojas, ou seja, sair do escritório pra retornar pra parte de lojas, porque ali a gente viu uma estruturação, a bandeira Extra que nasceu crescendo. A gente via lojas abrindo, a gente viu pessoas com oportunidades e eu me vi ali na corporação, na tesouraria achando que eu também... ali era o meu negócio, que eu poderia mudar. Então eu pedi, recebi a condição de poder concorrer, participei de um programa interno e externo, concorri com pessoas que já eram da área de operações, participei de um programa com pessoas internas e felizmente consegui, fui aprovado. Então ali em 95, 96, eu voltei pra loja como trainee a gerente administrativo na bandeira Extra. P/2 – Marcos, do menino que chegou como empacotador, como Office-boy e hoje chega a diretor do Extra, olhando pra trás, o que que te marcou nessa história de vida profissional junto ao grupo? Algumas coisas dentro de todas essas mudanças que tenha te marcado mais, que você gostaria de nos contar? O que chamou mais atenção ao longo desses anos, com toda essa experiência de vida? R/1 – É, na realidade o que eu tenho, que me chamou muito mais atenção, o que me chama atenção até hoje, foi a condição do grupo Pão de Açúcar fazer parte da minha estrutura, da minha vontade de tudo o que eu conquistei, do meu planejamento. Então, o grupo, antes, durante e agora, continua sendo a minha família, a minha... faz parte do meu planejamento, de tudo o que eu conquistei. Atos, coisas, são tantas que a gente presenciou, que a gente viu... a gente... eu participei da primeira transformação de um Extra pra 24 horas. Então ali foi uma experiência totalmente diferente, fazer de um hipermercado uma coisa diferente, 24 horas. Então, atender um consumidor no momento em que estava fechando um caixa, onde tinha implicações com a parte de impostos, então, um cliente que ficava ali meia noite, uma hora da manhã parado num caixa e a gente tendo que mudar. Desde um atendimento ao consumidor na loja, desde o atendimento a uma corporação, ao mundo de hipermercado que tudo acontece diferente, ou seja, todos os dias, nunca uma coisa é igual a outra. Então, tudo isso é que da vontade da gente continuar, porque um dia nunca é igual ao outro. Então pra mim, o que mais me marca é a condição de estar numa empresa de que tudo o que eu tenho e de tudo o que eu consegui na parte familiar, na parte financeira, na parte profissional, foi dentro do grupo Pão de Açúcar. P/2 – E nesse período todo ao longo dos anos, você obviamente presenciou, daquele período que você entrou como Office-boy pra hoje a cara do Pão de Açúcar, ou da empresa daquela época pra hoje, que inovações mais te chamou a atenção, seja em tecnologia, seja em social, ou seja, de gestão, você obviamente acompanhou toda a evolução tecnológica, mudanças... R/1 – Acompanhei bastante coisas. P/2 – O que você poderia nos dizer que tenha te chamado atenção nessas inovações? R/1 – Eu acho que a própria palavra diz tudo, inovação é tudo. Eu vi toda inovação do grupo acontecendo, eu presenciei a inovação, desde a parte manual, dos seus relatórios, dos seus papéis pra uma informatização, de toda movimentações de pessoas, de toda formação, treinamento, investimento em gente também. Eu vi toda a parte social, ou seja o investimento no grupo, a importância que se dá a isso. Eu aprendi muita coisa com o grupo, de dar valor a coisas que a gente não dava. Toda parte de comunicação de gestão, o aperfeiçoamento, toda a sua dinâmica. Ou seja, todo o grupo Pão de Açúcar ele é dinâmico pra planejar, pra montar, pra reagir ao mercado. Então isso, a tecnologia do Pão de Açúcar é todo dia, todo dia tem algo novo acontecendo, tem algo novo no mercado, tem algo novo pra marketing, tem algo novo de comunicação, então é uma empresa que inova todos os dias. P/2 – E como menino empacotador, Office-boy vê ontem e vê hoje? Hoje você esta no Extra do Morumbi, como é pra você essa loja se você olhar pra traz quando você entrou e vê-lo hoje no Extra no Morumbi? O que que muda pra você, o que você poderia nos dizer da cara, da fachada dessa loja de ontem pra hoje, ou do que você conhece das próprias lojas? R/1 – Eu não diria que a loja é diferente, eu diria que a minha vida é diferente. Então, do menino que entrou como empacotador, que trabalhava dentro de um supermercado, que agia como qualquer garoto da época com 13 anos, pra hoje um homem que administra uma unidade de resultados, que tem compromissos, que tem necessidades, então, isso tudo faz parte no negócio. Então pra mim, tudo o que eu vejo hoje, são coisas que eu não imaginava quando eu entrei no grupo Pão de Açúcar. Então todos os dias eu aprendo algumas coisas diferentes, todos os dias eu ensino alguma coisa diferente. Então o grupo é isso, é você aprender e ensinar todos os dias. Então quando eu olho pra fachada, a gente olha pra fachada porque ela é um padrão hoje, mas se amanhã nós tivermos que mudar, nós vamos continuar tocando a vida, inovando, criando, porque a gente depende do cliente, então ele é a razão e pra ele nós vamos fazer o negócio. P/? –__________________________________________________ P/2 – Pode falar? P/? – Pode. P/2 – E ao longo desses anos obviamente você, além de ter colocado a mão na massa, passar por tudo isso que você passou, você tem algum caso interessante, engraçado, alguma coisa pessoal que tenha te marcado como profissional. A sua vida pessoal deve ter surgido alguma coisa que te pegou de surpresa... R/1 – Tem. P/2 – Alguma coisa que você queira nos contar. R/1 – Tem, eu diria que tem uma inexperiência. Logo que eu sai da parte corporativa, que eu voltei pra loja, que eu assumi a gerencia administrativa de uma loja, aí a gente realiza mais um sonho, eu fui lá e comprei um carro zero-quilômetro, então eu me senti ali realizando mais um sonho. Mas foi um passo maior do que eu deveria ter dado. Então a situação do pais novamente era uma coisa financiada em dólar e ali o dólar subiu e eu perdi condição e eu praticamente devolvi um carro que eu tinha comprado como um sonho. E novamente ali eu aprendi mais uma lição: Um passo de cada vez e se ele não puder ser grande, que ele seja curto, mais firme. Então a companhia me ensinou isso, então é uma experiência boa de como eu administrar a minha vida pessoal, meus limites. Então a partir dali também a gente muda a forma de administrar coisas da empresa. Tem vários e muitos ditados que são atuais que a gente trás pra vida, trás pra profissão, trás pra tudo. Então eu diria que ali é uma coisa que marcou porque eu achei que a parte financeira, naquele momento falaria mais alto, o bem material, e não era. P/1 – Deixa eu perguntar uma coisa Marcos, você conhece o seu Santos? R/1 – Conheço. P/1 – E como você conheceu o seu Santos? R/1 – Seu Santos acho que todos na empresa conhecem pela pessoa doce, pela pessoa que visita nossas lojas, que visita os departamentos, que que está lá todos os dias... praticamente todos os dias em loja, que tem um prazer em ir lá, em olhar pra você, em cumprimentar os funcionários e ver aquela força de uma pessoa que ajudou, que construiu esse império, essa coisa maravilhosa que é o grupo Pão de Açúcar. Então a gente conhece o seu Santos e recebe-lo em nossas lojas como uma pessoa que vai lá não só visitar a loja, mas como também visitar as pessoas que lá estão. P/1 – Você já conversou com ele? R/1 – Muitas vezes, muitas vezes. P/2 – E o Abílio? R/1 – Doutor Abílio também. Visita permanentemente as nossas lojas. Esteve, uma coisa de 20 dias, inclusive na loja que eu estou hoje. Em uma visita profissional, são visitas rápidas, porém extremamente construtivas porque atender um Abílio Diniz em uma loja é receber experiências de uma pessoa que construiu e que mudou todo o destino do grupo. P/1 – O que você acha do Abílio como profissional, como pessoa? R/1 – É um super-herói, é um... é aquela coisa da criança que quando você olha e fala assim: “Eu quero ser ele quando crescer.” Então a gente vê isso nas atitudes, então sempre a gente olha pra alguém e vê as coisas boas daquela pessoa, a gente vê muita coisa boa. Então pra mim ele é como se fosse isso, são aqueles exemplos positivos que a gente tenta ao máximo buscar, ao máximo seguir. P/1 – E dessa última reestrutura, com a entrada do seu Augusto Cruz, o que que você poderia nos dizer dessa última etapa, dessa última reestruturação da casa? R/1 – É como a maior parte, muita gente diz que o doutor Abílio é o presidente que todo mundo queria ter, uma pessoa altamente capacitada, uma pessoa de uma educação, de um condição com funcionários e com equipe acima da média, mas nunca sem esquecer o lado profissional. Então, o Augusto é também aquela pessoa certa, do lado dos certos, no lugar certo, sempre ensinando, sempre mostrando os caminhos, ou seja, por isso que a empresa cresce, porque ela tem sim os melhores profissionais. P/1 – Marcos, você gostaria de dar alguma mensagem pra aquela pessoa que está começando agora, como você começou a tanto tempo atrás do empacotador, apesar de que hoje nem precisa tanto de empacotador no Pão de Açúcar, você teria alguma mensagem pra dar para os novos? R/1 – Olha, mensagem... empacotador ainda tem sim... P/1 – Tem. R/1 – Se não tem empacotador tem muita coisa acontecendo, então a gente, a gente... o que eu diria para as pessoa é o que eu consegui. A gente deve ter muita honestidade, muita disciplina, entender que as coisas não acontecem da noite para o dia, todo dia a gente aprende, a gente aprende, a gente aprende, e em algum momento a gente utiliza essa aprendizado. Então a gente não pode imaginar que as coisas vão acontecer no dia que a gente quer, do jeito que a gente quer. Não, mas a gente deve acreditar que ela vai acontecer, e aí você deve lutar e estar presente, porque se você estiver presente, efetivamente você vai conseguir. P/2 – Tem alguma coisa que você gostaria de acrescentar dentro de toda essa performance profissional dentro da empresa, alguma coisa? R/1 – Não, eu gostaria de agradecer. Eu preciso agradecer ao grupo Pão de Açúcar, porque eu além de me considerar um torcedor do grupo, eu me considero também um filho do grupo, então pra mim o que depende, o que eu gostaria é continuar fazendo parte de uma empresa que inova, que cresce, que muda, que valoriza todos os dias, então eu queria desejar parabéns ao grupo Pão de Açúcar. P/1 – O que você achou de estar participando desse projeto Memória, de estar dando esse depoimento? R/1 – Um premio. P/2 – Posso fazer uma pergunta? Eu queria pedir pra você lembrar um pouquinho mais, contar só um pouquinho de como é a virada, foi a virada do Extra 24 horas, que a gente não tinha Extra de 24 horas, como foi esse momento, como ele acontece efetivamente? R/1 – Ele acontece assim, como ninguém planejou, como ninguém imaginou, a empresa decidiu que deveria fazer alguma coisa disso, nesse sentido, pra atender, pra ser diferente, ter o primeiro hipermercado 24 horas. Então a partir daí as pessoas se reúnem, a partir daí as pessoas programam e tentam entender como fazer, mas mais do que isso, as pessoas vão lá e modificam e transformam. Então os primeiros movimentos foram tentar fazer a loja 24 horas sem comunicar. Então ali a gente começou a preparar pessoas, começou a preparar mercadorias, começou a preparar limpeza, começou a preparar o planejamento de como fazer o negócio. E tudo planejado, “Vamos anunciar, vamos fazer.”, então fez. Essa é a diferença do grupo. Deu certo? Não, deram um monte de problemas, então o caixa demorava 10 minutos, 15 minutos pra fazer a virada e lá estávamos nós pra administrar, atender o cliente, dizer pra ele que é uma novidade, que tínhamos problemas, mas que a gente ia acertar. Então num segundo momento, começou a demorar 7, 5, até os dias de hoje que a gente vira um caixa em 10, 12 segundos. Então a gente aprendeu a importância do cliente das 8 da manhã, era a mesma do cliente da uma da madrugada. O cliente que saia de longe que esqueceu que era aniversário do filho ou da esposa e precisava comprar um bolo, então tinha um hipermercado pra fazer isso. Então ali foi tudo diferente, foi tudo como a gente nunca tinha visto, ou seja, foi transformar algo que a gente não tinha o norral e hoje a gente tem toda essa diferença de mercado aí pra todo mundo. Então não importa se é uma da manhã, não importa se é uma da tarde, a gente tem um loja aberta pra você. Projeto: Memória, Identidade e Cultura – Grupo Pão de Açúcar. Depoimento de: Marcos Batista de Assis Entrevistado por: Cíntia Faria e Regina Teles Local de gravação: São Paulo, 24 de outubro de 2003 Realização: Museu da Pessoa Entrevista: 017 Transcrito por: André de Carvalho Calvanese P/? – Só um minuto agora. Gravando. P/1 – Boa tarde. R/1 – Boa tarde. P/1 – Você podia dizer o seu nome, data e local de nascimento? R/1 – Marcos Batista de Assis, 14 de janeiro de 68, São Paulo, capital. P/1 – E os seus pais, como eles chamam? R/1 – Fausto Batista de Assis e Maria da Silva. P/1 – Vamos falar um pouquinho do início do seu trabalho aqui no Pão de Açúcar, quando que começou, como você começou a trabalhar aqui. R/1 – Minha história começa em 21 do 1 de 80, numa empresa que chamava-se Bazar 13, que foi adquirida depois pelo grupo Pão de Açúcar, e ali começa uma história de amor. Então, nessa época eu era empacotador, trabalhava em loja e depois da aquisição do grupo Bazar 13, a gente conseguiu vir para o escritório, aí fui office-boy, passei por várias área corporativas. Em 1995, 96, voltei pra loja por uma opção de trainee, concorrendo a uma vaga que estou até hoje. P/1 – Então vamos voltar ao início, época em que você era empacotador. Conta um pouquinho como é que era o trabalho de empacotador naquela época, era década de 80 né? R/1 – Isso. P/1 – Então, como era o seu trabalho, a relação com os clientes? R/1 – Na realidade, em 1980 eu tinha 12 anos de idade, eu era apenas um menino e que precisava trabalhar pra ajudar em casa. Então tinha muito mais a disciplina, a condução dos pais pra que pudesse complementar a própria renda, então era um trabalho sério que eu tinha como objetivo ter receita pra poder levar pra casa. Então era um trabalho com dedicação, pra um pequeno garoto que estava começando ali, que não sabia nada da vida. P/1 – E você como um garoto, como que era a sua relação com o cliente, assim... R/1 – O cliente era a razão do meu dia, porque eu dependia dele pra uma gorjeta, pra levar o carrinho até o carro, dependia dele para dar um sorriso, pra ter um retorno, pra fideliza-lo como um cliente meu, que toda a vez que retornava a loja, que queria o meu serviço por uma coisa boa que a gente prestava. Então aí a gente já tinha uma relação com o cliente de que ele era o meu negócio. P/1 – E qual que foi o seu outro cargo, o outro local que você trabalhou após essa fase de ter sido empacotador? R/1 – Dentro da própria loja onde a gente trabalhava, tinha como função empacotador, mas a gente acabava fazendo tudo. Então aí já tinha polivalência, então a gente ajudava no caixa, ajudava no abastecimento, ajudava no balcão de frios, na parte de vasilhames. Então, dentro da loja eu tinha a função como empacotador como principal, mas ajudava em tudo. Então dentro da loja a gente só não gerenciava com 13, 14 anos, mas fazia todo o restante. P/1 – Que lugar era essa loja, como era nessa época... R/1 – Era na Teodoro Sampaio, na Brigadeiro Luiz Antônio... Na Teodoro Sampaio, Bazar 13. Então ali tinha uma loja do Bazar 13, em seguida inaugurou um segunda na Cone de Eugênio Leite, e ali que iniciou o trabalho registrado pelo grupo, então ali é que a gente iniciou como empacotador. P/1 – E você, depois de empacotador, você foi Office-Boy, lá também no Bazar 13... R/1 – É, depois da aquisição do grupo Pão de Açúcar, que adquiriu o Bazar 13, então a gente tinha como um trabalho, como a gente estava muito mais ligado, esperto, trazer as documentações da loja para a sede. Então logo após a aquisição, eu comecei a ser utilizado pra trazer toda a correspondência que tinha da loja pra sede, e ali eu comecei a ter que levar correspondências pra um departamento que administrava a loja, que era, então a divisão Jumbo. E nessas idas e vindas, loja pra matriz, uma secretária da época, Helena, me fez um convite, se eu gostaria de trabalhar na sede como Office-Boy. P/1 – E você começou a trabalhar na Brigadeiro Luiz Antônio, na sede nessa época, até quanto tempo você... até que época você trabalhou como Office-Boy? R/1 – Eu trabalhei praticamente durante um ano, um ano e meio como Office-Boy. Na realidade aquilo era o início de um sonho, porque todo sonho de garoto era trabalhar num escritório, então ali eu estava saindo de loja pra trabalhar num escritório. Então foi um ano, onde eu trabalhei um ano e meio que eu trabalhei como Office-Boy, e dentro desse mesmo departamento, outras oportunidades ali aconteceram. Então eu passei para um auxiliar de escritório, então foi dentro dessa divisão, então divisão Jumbo, que depois reformulou pra divisão regionais, mas aí tudo dentro de uma área de gestão de loja, mas lá na sede. P/1 – Bom, então agora vamos falar sobre esse período da sua carreira no escritório. Era divisão Jumbo, e você trabalhava fazendo exatamente o que? R/1 – Eu tinha como missão primeiramente como Office-boy, fazer todos os trabalhos internos e externos, então pegava malote, separava, fazia pagamentos, mandava informações para as lojas, ou seja, todo o elo de documentação partia comigo E todo o tempo disponível a gente ajudava as áreas administrativas, então, a parte de pedidos, preços, então a gente aproveitava pra aprender outras coisas. P/1 – E depois? R/1 – Bom, e aí, a gente, a partir daí, começamos a... tivemos espaços, então surgiu um espaço pra ser um auxiliar de escritório, cuidava da época, de máquinas precificadoras, tínhamos como responsabilidade cartão (porta-panche?), que era pedidos de mercadorias, encaminhar isso pra cpd. E aí dentro dessas áreas a gente conseguiu chegar depois, novamente mudar de área, pra uma área de operações, então mexia com vendas, recebia vendas das lojas, aplanilhava, agrupava e transferia esses números pra toda gerência, pra todas as pessoas envolvidas. P/1 – Que época que era essa? R/1 –Aí já era 86, 85, 86, então essa foi... P/1 – E depois você começou a trabalhar na área operacional A partir desse momento, você começou a ter um contato com a parte operacional. R/1 – Sim. P/1 – E aí você já começou a se especializar nisso, trabalhar mais com isso, ou você ainda passou por outros locais dentro do Pão de Açúcar? R/1 – Não, passei por outros locais. Dentro das divisões a gente tinha essas atividades. Aí houve uma nova mudança, foi quando a companhia, o meu departamento mudou para uma sede construída que era na Berrini, então as áreas mudaram, a gente foi pra Luiz Carlos Berrini, uma sede construída pelo grupo Pão de Açúcar, e ali eu continuei dentro da área e depois mudei para uma área de planejamento, onde eu fui ser programador de microcomputador. Então ali começou uma nova fase, que foi a faze de aprender um pouco de informática, no lançamento do Lotus 1, 2, 3, então, era o que tinha de melhor, então ali foi um momento em que eu estava aprendendo a parte de comunicação, de informática, de tecnologia. P/2 – Praticamente, eu estou percebendo, que a sua formação pessoal e profissional se deu ao longo desses anos tudo aqui na casa... R/1 – Tudo o que eu... tudo o que eu aprendi, tudo o que eu fiz foi dentro dos departamentos do grupo Pão de Açúcar com as pessoas que eu trabalhava, então essas pessoas é que me ensinara, foi nessas pessoas que me deram a formação, então todas essas atividades foram dentro do grupo Pão de Açúcar. Então, depois desse momento, desse aprendizado na área de informática, tudo, algumas mudanças aconteceram, o grupo tinha um processo de contas a pagar descentralizado, e eu recebi um convite, dentro dessa movimentação pra trabalhar dentro da tesouraria, ou seja, sair de uma divisão de operações pra ir pra uma área de tesouraria corporativa, e eu fui ser encarregado de contas a pagar. Então ali novamente começou uma nova faze, que é a minha faze se corporação, administrativo, ou seja, de cuidar de contas a pagar na empresa. P/2 – Você passou por “n” cargos dentro da empresa ao longo desses anos, a sua formação pessoal. O que você estudou tem alguma relação com esses cargos ao longo do caminho? Como você foi costurando a sua vida pessoal com todos esses cargos? R/1 – Na realidade eu passei por todos, acho que passei por todos os cargos que existiam na estrutura. Como eu iniciei de empacotador, então a gente tinha auxiliar administrativo B, auxiliar administrativo A, assistente administrativo B, assistente administrativo A, encarregado de setor B, encarregado de setor A, então eu fui transitando em todos os cargos disponíveis na estrutura, até quando eu cheguei, que eu disse, na tesouraria. Então eu... nesse momento eu não tinha uma decisão efetiva do que eu queria, pra que eu estudaria, pra que eu faria, eu estava continuando uma vida ali de uma necessidade de estar trabalhando por uma empresa que tinha muitas oportunidades e todas essas oportunidades a gente foi segurando aí e não deixando de escapar nenhuma delas. P/1 – Então, esse período que você trabalhou, que você foi até a parte administrativa, que você chegou a ir até a tesouraria, tudo isso foi na década de 80... R/1 – Década de 80. P/1 – E a partir da década de 90 que a gente, através das próprias entrevistas e as pessoas estão dando depoimento que foi mais ou menos um divisor de águas a década de 90... R/1 – Foi, foi. P/1 – Que houve grandes mudanças. Então eu gostaria que você falasse um pouquinho dessa fase. Da década de 80 você passou por vários locais, você teve várias experiências, você conheceu o Pão de Açúcar num determinado momento do percurso dela né, e agora, década de 90 você tem como, sinteticamente dizer como você sentiu a empresa nesses dois momentos? R/1 – Eu acho que eu estava... nessa época eu estava no meio do caldeirão porque eu estava na tesouraria, nesse momento eu era um chefe de contas a pagar. Então, já tinha saído de encarregado para chefe de contas a pagar. Foi quando aconteceu todo aquele problema no país, plano Collor, e foi quando a empresa sofreu toda... todo baque, todo problema financeiro que aconteceu na época. E contas a pagar é da onde saiu dinheiro para pagar fornecedores, então a gente viu ali, não se sabia direito o que que era, se era um país quebrando ou se era uma empresa caindo. Então ali a gente via fornecedores que iam receber e que a empresa não tinha, naquele momento como disponibilizar verbas. A gente via fornecedores quebrando porque a gente não conseguia disponibilizar, a gente via uma empresa tentando se sanar, dividindo, pagando um pouco aqui, um pouco ali e a gente atendendo a essas pessoas. Então ali foi realmente um experiência diferente, porque a gente via uma empresa querendo e precisando se salvar e vinham outras quebrando porque não tinha como receber, então ali foi diferente. E aí foi quando a empresa mudou, foi a segunda fase que a gente chama que foi realmente um divisor de águas, e o que aconteceu é que parecia que realmente estava em outra empresa. Então ali começou uma profissionalização, começou uma administração muito ligada ao profissional, então deixando de lado toda emoção, partindo pro lado profissional, ou seja, receita realmente. Se não tem, se não consegue se auto-rentabilizar não tem porque. Então a gente viu lojas sendo fechadas, a gente viu amigos saindo da empresa, a gente viu pessoas do dia a dia deixando de trabalhar ali conosco pra uma empresa que estava se estruturando. E a partir dali, a empresa mudou , ela saiu la de seus 50, 60 mil funcionários pra 18 mil, saiu de 500 lojas pra 200 lojas. Eu lembro como hoje a bandeira Mini-box que era... quando abria, abria uma loja por dia, e quando fechou, também fechou de 20 a 30 por dia. Então, ali a empresa colocou os pés no chão e começou a mexer. Então estruturou, quitou todas as suas dívidas, pagaram os fornecedores, mas de uma forma muito saudável. P/1 – E como é que você sentiu esse período pessoalmente, emocionalmente, essa mudança, essa volta por cima, quer dizer, recomeçar de novo e todo esse processo que você acabou de contar, como é que foi isso pra você pessoalmente? R/1 – Bom, eu vivi em dois momentos. O primeiro momento é que eu me senti dentro de um barco que estava afundando e a qualquer momento eu precisava sair nadando. E depois eu me vi numa empresa que novamente estava se posicionando no mercado com um potencial de crescimento, de continuar crescendo, de continuar tendo oportunidades. Então eu me vi numa boa empresa, uma empresa se tornando grande novamente ali. Então a gente viu as oportunidades, a gente participou dessa... desse segundo momento da companhia. Então a gente sabe que colocou um tijolo dentro daquela construção, então ali a empresa começou a crescer de uma forma concreta, sólida, então as oportunidades passaram a acontecer. Então a gente passou a ter muito mais importância, a gente passou a ter coisas que a empresa estava disponibilizando e a gente, de novo, recebendo de uma empresa profissional uma coisa que estava crescendo. P/1 – E agora assim, nessa década de 90, como que você... na verdade o que que você estava... onde você estava atuando na década de 90, nessa retomada aí do Pão de Açúcar? R/1 – Bom, no início da década de 90, 91, 92, 93, eu ainda estava na tesouraria e novamente passei de encarregado pra chefe de seção B e chefe de seção A, trabalhava na parte de contas a pagar, outras contas a pagar, então ali eu tinha já um objetivo: “Bom, eu estou na área financeira, acho que esse é o meu destino.” Então ali eu entendi que era o meu caminho. Mas eu sempre quis mais, eu sempre tive vontade de novos desafios, eu sempre quis muita coisa, então eu tinha ali uma condição de trabalhar de segunda a sexta até cinco e meia, mas não era tudo o que eu queria, não era tudo o que eu precisava naquele momento, eu achei que tinha condições pra mais coisas, foi quando em 95 eu pedi para ao meu chefe, meu então chefe que me deixasse a concorrer a uma vaga dentro de lojas, ou seja, sair do escritório pra retornar pra parte de lojas, porque ali a gente viu uma estruturação, a bandeira Extra que nasceu crescendo. A gente via lojas abrindo, a gente viu pessoas com oportunidades e eu me vi ali na corporação, na tesouraria achando que eu também... ali era o meu negócio, que eu poderia mudar. Então eu pedi, recebi a condição de poder concorrer, participei de um programa interno e externo, concorri com pessoas que já eram da área de operações, participei de um programa com pessoas internas e felizmente consegui, fui aprovado. Então ali em 95, 96, eu voltei pra loja como trainee a gerente administrativo na bandeira Extra. P/2 – Marcos, do menino que chegou como empacotador, como Office-boy e hoje chega a diretor do Extra, olhando pra trás, o que que te marcou nessa história de vida profissional junto ao grupo? Algumas coisas dentro de todas essas mudanças que tenha te marcado mais, que você gostaria de nos contar? O que chamou mais atenção ao longo desses anos, com toda essa experiência de vida? R/1 – É, na realidade o que eu tenho, que me chamou muito mais atenção, o que me chama atenção até hoje, foi a condição do grupo Pão de Açúcar fazer parte da minha estrutura, da minha vontade de tudo o que eu conquistei, do meu planejamento. Então, o grupo, antes, durante e agora, continua sendo a minha família, a minha... faz parte do meu planejamento, de tudo o que eu conquistei. Atos, coisas, são tantas que a gente presenciou, que a gente viu... a gente... eu participei da primeira transformação de um Extra pra 24 horas. Então ali foi uma experiência totalmente diferente, fazer de um hipermercado uma coisa diferente, 24 horas. Então, atender um consumidor no momento em que estava fechando um caixa, onde tinha implicações com a parte de impostos, então, um cliente que ficava ali meia noite, uma hora da manhã parado num caixa e a gente tendo que mudar. Desde um atendimento ao consumidor na loja, desde o atendimento a uma corporação, ao mundo de hipermercado que tudo acontece diferente, ou seja, todos os dias, nunca uma coisa é igual a outra. Então, tudo isso é que da vontade da gente continuar, porque um dia nunca é igual ao outro. Então pra mim, o que mais me marca é a condição de estar numa empresa de que tudo o que eu tenho e de tudo o que eu consegui na parte familiar, na parte financeira, na parte profissional, foi dentro do grupo Pão de Açúcar. P/2 – E nesse período todo ao longo dos anos, você obviamente presenciou, daquele período que você entrou como Office-boy pra hoje a cara do Pão de Açúcar, ou da empresa daquela época pra hoje, que inovações mais te chamou a atenção, seja em tecnologia, seja em social, ou seja, de gestão, você obviamente acompanhou toda a evolução tecnológica, mudanças... R/1 – Acompanhei bastante coisas. P/2 – O que você poderia nos dizer que tenha te chamado atenção nessas inovações? R/1 – Eu acho que a própria palavra diz tudo, inovação é tudo. Eu vi toda inovação do grupo acontecendo, eu presenciei a inovação, desde a parte manual, dos seus relatórios, dos seus papéis pra uma informatização, de toda movimentações de pessoas, de toda formação, treinamento, investimento em gente também. Eu vi toda a parte social, ou seja o investimento no grupo, a importância que se dá a isso. Eu aprendi muita coisa com o grupo, de dar valor a coisas que a gente não dava. Toda parte de comunicação de gestão, o aperfeiçoamento, toda a sua dinâmica. Ou seja, todo o grupo Pão de Açúcar ele é dinâmico pra planejar, pra montar, pra reagir ao mercado. Então isso, a tecnologia do Pão de Açúcar é todo dia, todo dia tem algo novo acontecendo, tem algo novo no mercado, tem algo novo pra marketing, tem algo novo de comunicação, então é uma empresa que inova todos os dias. P/2 – E como menino empacotador, Office-boy vê ontem e vê hoje? Hoje você esta no Extra do Morumbi, como é pra você essa loja se você olhar pra traz quando você entrou e vê-lo hoje no Extra no Morumbi? O que que muda pra você, o que você poderia nos dizer da cara, da fachada dessa loja de ontem pra hoje, ou do que você conhece das próprias lojas? R/1 – Eu não diria que a loja é diferente, eu diria que a minha vida é diferente. Então, do menino que entrou como empacotador, que trabalhava dentro de um supermercado, que agia como qualquer garoto da época com 13 anos, pra hoje um homem que administra uma unidade de resultados, que têm compromissos, que tem necessidades, então, isso tudo faz parte no negócio. Então pra mim, tudo o que eu vejo hoje, são coisas que eu não imaginava quando eu entrei no grupo Pão de Açúcar. Então todos os dias eu aprendo algumas coisas diferentes, todos os dias eu ensino alguma coisa diferente. Então o grupo é isso, é você aprender e ensinar todos os dias. Então quando eu olho pra fachada, a gente olha pra fachada porque ela é um padrão hoje, mas se amanhã nós tivermos que mudar, nós vamos continuar tocando a vida, inovando, criando, porque a gente depende do cliente, então ele é a razão e pra ele nós vamos fazer o negócio. P/? –__________________________________________________ P/2 – Pode falar? P/? – Pode. P/2 – E ao longo desses anos obviamente você, além de ter colocado a mão na massa, passar por tudo isso que você passou, você tem algum caso interessante, engraçado, alguma coisa pessoal que tenha te marcado como profissional. A sua vida pessoal deve ter surgido alguma coisa que te pegou de surpresa... R/1 – Tem. P/2 – Alguma coisa que você queira nos contar. R/1 – Tem, eu diria que tem uma inexperiência. Logo que eu sai da parte corporativa, que eu voltei pra loja, que eu assumi a gerencia administrativa de uma loja, aí a gente realiza mais um sonho, eu fui lá e comprei um carro zero-quilômetro, então eu me senti ali realizando mais um sonho. Mas foi um passo maior do que eu deveria ter dado. Então a situação do pais novamente era uma coisa financiada em dólar e ali o dólar subiu e eu perdi condição e eu praticamente devolvi um carro que eu tinha comprado como um sonho. E novamente ali eu aprendi mais uma lição: Um passo de cada vez e se ele não puder ser grande, que ele seja curto, mais firme. Então a companhia me ensinou isso, então é uma experiência boa de como eu administrar a minha vida pessoal, meus limites. Então a partir dali também a gente muda a forma de administrar coisas da empresa. Tem vários e muitos ditados que são atuais que a gente trás pra vida, trás pra profissão, trás pra tudo. Então eu diria que ali é uma coisa que marcou porque eu achei que a parte financeira, naquele momento falaria mais alto, o bem material, e não era. P/1 – Deixa eu perguntar uma coisa Marcos, você conhece o seu Santos? R/1 – Conheço. P/1 – E como você conheceu o seu Santos? R/1 – Seu Santos acho que todos na empresa conhecem pela pessoa doce, pela pessoa que visita nossas lojas, que visita os departamentos, que que está lá todos os dias... praticamente todos os dias em loja, que tem um prazer em ir lá, em olhar pra você, em cumprimentar os funcionários e ver aquela força de uma pessoa que ajudou, que construiu esse império, essa coisa maravilhosa que é o grupo Pão de Açúcar. Então a gente conhece o seu Santos e recebe-lo em nossas lojas como uma pessoa que vai lá não só visitar a loja, mas como também visitar as pessoas que lá estão. P/1 – Você já conversou com ele? R/1 – Muitas vezes, muitas vezes. P/2 – E o Abílio? R/1 – Doutor Abílio também. Visita permanentemente as nossas lojas. Esteve, uma coisa de 20 dias, inclusive na loja que eu estou hoje. Em uma visita profissional, são visitas rápidas, porem extremamente construtivas porque atender um Abílio Diniz em uma loja é receber experiências de uma pessoa que construiu e que mudou todo o destino do grupo. P/1 – O que você acha do Abílio como profissional, como pessoa? R/1 – É um super-herói, é um... é aquela coisa da criança que quando você olha e fala assim: “Eu quero ser ele quando crescer.” Então a gente vê isso nas atitudes, então sempre a gente olha pra alguém e vê as coisas boas daquela pessoa, a gente vê muita coisa boa. Então pra mim ele é como se fosse isso, são aqueles exemplos positivos que a gente tenta ao máximo buscar, ao máximo seguir. P/1 – E dessa última reestrutura, com a entrada do seu Augusto Cruz, o que que você poderia nos dizer dessa última etapa, dessa última reestruturação da casa? R/1 – É como a maior parte, muita gente diz que o doutor Abílio é o presidente que todo mundo queria ter, uma pessoa altamente capacitada, uma pessoa de uma educação, de um condição com funcionários e com equipe acima da média, mas nunca sem esquecer o lado profissional. Então, o Augusto é também aquela pessoa certa, do lado dos certos, no lugar certo, sempre ensinando, sempre mostrando os caminhos, ou seja, por isso que a empresa cresce, porque ela tem sim os melhores profissionais. P/1 – Marcos, você gostaria de dar alguma mensagem pra aquela pessoa que está começando agora, como você começou a tanto tempo atrás do empacotador, apesar de que hoje nem precisa tanto de empacotador no Pão de Açúcar, você teria alguma mensagem pra dar para os novos? R/1 – Olha, mensagem... empacotador ainda tem sim... P/1 – Tem. R/1 – Se não tem empacotador tem muita coisa acontecendo, então a gente, a gente... o que eu diria para as pessoa é o que eu consegui. A gente deve ter muita honestidade, muita disciplina, entender que as coisas não acontecem da noite para o dia, todo dia a gente aprende, a gente aprende, a gente aprende, e em algum momento a gente utiliza essa aprendizado. Então a gente não pode imaginar que as coisas vão acontecer no dia que a gente quer, do jeito que a gente quer. Não, mas a gente deve acreditar que ela vai acontecer, e aí você deve lutar e estar presente, porque se você estiver presente, efetivamente você vai conseguir. P/2 – Tem alguma coisa que você gostaria de acrescentar dentro de toda essa performance profissional dentro da empresa, alguma coisa? R/1 – Não, eu gostaria de agradecer. Eu preciso agradecer ao grupo Pão de Açúcar, porque eu além de me considerar um torcedor do grupo, eu me considero também um filho do grupo, então pra mim o que depende, o que eu gostaria é continuar fazendo parte de uma empresa que inova, que cresce, que muda, que valoriza todos os dias, então eu queria desejar parabéns ao grupo Pão de Açúcar. P/1 – O que você achou de estar participando desse projeto Memória, de estar dando esse depoimento? R/1 – Um premio. P/2 – Posso fazer uma pergunta? Eu queria pedir pra você lembrar um pouquinho mais, contar só um pouquinho de como é a virada, foi a virada do Extra 24 horas, que a gente não tinha Extra de 24 horas, como foi esse momento, como ele acontece efetivamente? R/1 – Ele acontece assim, como ninguém planejou, como ninguém imaginou, a empresa decidiu que deveria fazer alguma coisa disso, nesse sentido, pra atender, pra ser diferente, ter o primeiro hipermercado 24 horas. Então a partir daí as pessoas se reúnem, a partir daí as pessoas programam e tentam entender como fazer, mas mais do que isso, as pessoas vão lá e modificam e transformam. Então os primeiros movimentos foram tentar fazer a loja 24 horas sem comunicar. Então ali a gente começou a preparar pessoas, começou a preparar mercadorias, começou a preparar limpeza, começou a preparar o planejamento de como fazer o negócio. E tudo planejado, “Vamos anunciar, vamos fazer.”, então fez. Essa é a diferença do grupo. Deu certo? Não, deram um monte de problemas, então o caixa demorava 10 minutos, 15 minutos pra fazer a virada e lá estávamos nós pra administrar, atender o cliente, dizer pra ele que é uma novidade, que tínhamos problemas, mas que a gente ia acertar. Então num segundo momento, começou a demorar 7, 5, até os dias de hoje que a gente vira um caixa em 10, 12 segundos. Então a gente aprendeu a importância do cliente das 8 da manhã, era a mesma do cliente da uma da madrugada. O cliente que saia de longe que esqueceu que era aniversário do filho ou da esposa e precisava comprar um bolo, então tinha um hipermercado pra fazer isso. Então ali foi tudo diferente, foi tudo como a gente nunca tinha visto, ou seja, foi transformar algo que a gente não tinha o norral e hoje a gente tem toda essa diferença de mercado aí pra todo mundo. Então não importa se é uma da manhã, não importa se é uma da tarde, a gente tem um loja aberta pra você. P/2 – Muito obrigada. P/1 – Muito obrigada pelo seu depoimento. R/1 –Obrigado vocês, obrigado. Fim da entrevista. P/2 – Muito obrigada. P/1 – Muito obrigada pelo seu depoimento. R/1 –Obrigado vocês, obrigado. Fim da entrevista.
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