10.1
(...) Quando eu me mudei pra casa nova que nós fizemos eu já estava vivendo uma situação muito difícil com o pai dos meus filhos. É um processo muito difícil, e então, numa certa feita eu resolvi, bom, os dois não dá pra viver juntos. Então, eu matava ele ou ele a mim, num clima desses, mas pra que não, eu preferia até morrer, aí saí pulei um andar de um lado ao outro na rua, aí fui internada, eles me internaram como eu estava doida (...) De manhã ele chegou do trabalho, mas começou umas conversas estranhas, e eu botei na minha cabeça, não sei se foi coisa da minha cabeça ou não, só sei que eu olhava assim, bom, ele vai me matar, então antes que ele me mate eu vou matar ele, e fiquei com aquele negócio, entrava e saia com aquele negócio. Uma ficção. Aí eu disse: “- Não eu não vou fazer isso não”. Aí peguei, pulei pra fugir daquilo, daquela situação que eu estava enfrentando naquele momento. Aí pulei caí no quintal do vizinho, lá (...) Aí o vizinho disse que eu tava maluca, que ia me levar para o médico, me levou pra um sanatório. Me internou no sanatório! Passei uma noite e um dia no sanatório internada, como doida, porque era isso mesmo que ele estava querendo né. Porque a intenção era a casa, as coisas. Bom, eu fui pra São Paulo, passei uns três meses lá em São Paulo com minha mãe, depois voltei pra casa. Depois de três meses eu voltei pra casa. (...) Aí, não dava mais, eu ia pedir pra me separar, que ele saísse, que eu ficasse com os meninos em casa. Aí ele: “- Não”. Aí comecei a sentir aquelas mesmas sensações (...). E minha madrinha, toda vez que ela passava no domingo de tarde pra ir pra missa, eu tava sempre sentada, nesse período, sentada na escadinha e ela: “- Bora pra igreja!”, “- Vai andando que eu já vou”. Nesse dia, ela passou e me chamou também né. Eu tive uma relação com Deus muito diferente porque eu procurava Ele, eu...
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(...) Quando eu me mudei pra casa nova que nós fizemos eu já estava vivendo uma situação muito difícil com o pai dos meus filhos. É um processo muito difícil, e então, numa certa feita eu resolvi, bom, os dois não dá pra viver juntos. Então, eu matava ele ou ele a mim, num clima desses, mas pra que não, eu preferia até morrer, aí saí pulei um andar de um lado ao outro na rua, aí fui internada, eles me internaram como eu estava doida (...) De manhã ele chegou do trabalho, mas começou umas conversas estranhas, e eu botei na minha cabeça, não sei se foi coisa da minha cabeça ou não, só sei que eu olhava assim, bom, ele vai me matar, então antes que ele me mate eu vou matar ele, e fiquei com aquele negócio, entrava e saia com aquele negócio. Uma ficção. Aí eu disse: “- Não eu não vou fazer isso não”. Aí peguei, pulei pra fugir daquilo, daquela situação que eu estava enfrentando naquele momento. Aí pulei caí no quintal do vizinho, lá (...) Aí o vizinho disse que eu tava maluca, que ia me levar para o médico, me levou pra um sanatório. Me internou no sanatório! Passei uma noite e um dia no sanatório internada, como doida, porque era isso mesmo que ele estava querendo né. Porque a intenção era a casa, as coisas. Bom, eu fui pra São Paulo, passei uns três meses lá em São Paulo com minha mãe, depois voltei pra casa. Depois de três meses eu voltei pra casa. (...) Aí, não dava mais, eu ia pedir pra me separar, que ele saísse, que eu ficasse com os meninos em casa. Aí ele: “- Não”. Aí comecei a sentir aquelas mesmas sensações (...). E minha madrinha, toda vez que ela passava no domingo de tarde pra ir pra missa, eu tava sempre sentada, nesse período, sentada na escadinha e ela: “- Bora pra igreja!”, “- Vai andando que eu já vou”. Nesse dia, ela passou e me chamou também né. Eu tive uma relação com Deus muito diferente porque eu procurava Ele, eu sabia que Deus existia, desde o meu tempo de Mapele, a minha relação com Deus era... eu não conhecia, como hoje eu conheço uma palavra né, mas antes eu tinha o Pai, não sabia que tinha o Filho nem que tinha o Espírito Santo, mas... (...) Meu Deus que era o meu Pai! Então eu me relacionava com Ele, era Deus no céu, Hilda na terra e o anjo da guarda, e o resto era o resto. E eu bem sentada naquele dia, fiquei assim olhando para o tempo, para o céu, já estava escurecendo já, caindo tarde, e eu me lembrei de tudo que eu tinha vivido né, no sanatório o que eu tinha passado, tudo que eu tinha vivido aqueles meses antes, eu não ia voltar tudo. Eu disse: “- Senhor agora, meu Deus agora você tem que dar um jeito!” E foi interessante; um sinal muito forte de Deus, eu sei disso, foi, que começou a ventar, uma ventania assim, e na frente da minha porta tinha um pé de amêndoa, uma amendoeira imensa, e ventou, e caiu muitas folhas na rua, muitas folhas, e eu fiquei observando aquele vento assim, um monte de folhas amarelas caíam e eu lá olhando... e passou o vento. Depois que passou o vento, caiu uma folha seca, eu vi, eu vi quando a folha vinha assim ó, ela vinha assim descendo e eu olhando, ela desceeeeeu, eu fui acompanhando, ela caiu no chão e eu fiquei olhando, e disse assim: “- Mas imagina só, uma ventania dessa que deu – pensando né – uma ventania que deu, caiu tantas outras folhas amarelas e essa folha que tá mais seca não caiu, agora depois que o vento passou, essa folha seca caiu”. E eu fiquei olhando, e ela ia assim, sem nenhum vento, a folha ia e parava, depois ela ia mais um pouco, como se alguém tivesse chutando a folha, e depois parava e depois chutava. Ah! Aquilo me intrigou.. e eu senti muito no meu coração assim, sabe, aquela voz assim: “- Vá pra a igreja, vá para a igreja!” Eu entrei, e o pai dos meninos estava dentro de casa, perturbando, falando um monte de asneira, aí eu entrei, vesti a calça, fui com a blusa que estava, só fiz tirar o shorts, vestir a calça, e nuuuunca tinha ido nessa igreja dos Alagados. (...) Lá em cima, nunca tinha ido. Aí eu subi, eu sabia onde eram as escadarias. Quando eu cheguei, já tinha começado a missa, aí eu me sentei no último banco e fiquei quietinha. E lá estava o padre, falando. E ele começou a falar e eu ali sentada, quieta, ouvindo. Tudo o que ele estava falando, ele, aquele abençoado, estava falando para mim, e eu pensava: “Mas ele está falando de mim! Ele não me conhece, eu só vi ele uma vez. Isso é minha madrinha que falou minhas coisas pra ele, mas ele me viu entrar aqui?” E tudo isso, aquela perturbação né. E ele falando e eu abri o olho assim, e quando eu olhava ele estava assim.. ele tinha mania de pregar, quando ele fazia a homilia, fechava os olhos e ficava na pontinha dos dedos dos pés, ele ia lá na frente e voltava. Eu dizia: “- Ele vai cair, tomara que ele caia. E ele esta me vendo aqui, porque ele está falando essas coisas de mim?” E fiquei aquela perturbação né? Terminou a missa, aí eu comecei a chorar, mas quieta, e passava a mão assim e a lágrima descia, não conseguia parar de chorar, passava a mão, a lágrima descia. e eu preocupada pra ninguém ver que eu estava chorando. Mas a missa terminou, e quando terminou eu fiquei lá e disse “Agora eu vou falar com minha madrinha, que eu vim pra missa”, aí quando terminou eu cheguei nela e disse assim “Ah eu estou aqui” e ela “Oh você veio! Oh meu Deus, padre, padre!” (...) Eu fiquei “Não madrinha, não chame não” e eu estava com a cara inchada né, de chorar. “Não chama ele não, não chama ele não”, “Minha afilhada aqui padre, afinal ela veio!” Ele pegou, me puxou assim, aí eu dei minha mão pra pegar na mão dele, pra fazer assim, ele não pegou, ele pegou minha mão assim e puxou, ele me puxou, me deu um abraço assim, aquele abraço de canguru, e ele dava um abraço apertado, e eu queria me mover e ele apertava. Depois que ele saiu eu aí fiquei toda assim né, aí vim com minha madrinha e ela “Você chegou que horas? Chegou que horas?” e eu disse “Não, eu fiquei lá no canto quieta, eu cheguei ele estava” aí eu disse a ela em que parte que ele estava, “eu confio em você minha filha”, porque ela sabia tudo, com tudo, vivendo “Venha, continue vindo” porque foi o pessoal da igreja que fez aquelas orações, que realmente foi, o povo todo foi para casa dela quando eu saí do sanatório, quando o meu pai foi pra dizer a ela que Paulo tinha me internado no sanatório, onde ela chamou o povo todo da igreja pra fazer oração, o povo todo orando, orando. Quando eu cheguei em casa, eu cheguei meio desequilibrada ainda, possessa, tomada de tanto ódio, tanta raiva, tanto espírito ruim então foi o povo da igreja que estava lá na hora, no momento em que eu passei um dia e uma noite em coma né, eu ouvia as pessoas, mas não conseguia falar, não mexia. Não reagia em nada. Eu tava realmente em coma, estava só esperando a hora de morrer mesmo pra poder enterrar. Então aquilo que eu tinha vivido, eu não queria mais pra mim, eu sabia disso, vivia na igreja.
10.2
Aí, eu fui, fui uma outra vez, acho que era próximo do carnaval. E ai as filhas dela [da madrinha, D. Carminha] que eram do Shalom, aí fez um passeio para o “Renascer” em Fortaleza. Aí eu disse: “- Eu vou”. Enfiei umas roupas dentro, botei numa mochila, peguei o ônibus e fui para o “Renascer”, lá em Fortaleza. Não sabia nada de ninguém, não sabia nada de nada, de nada, de nada de igreja, nada... Mas lá, eu conheci uma outra mulher que estava lá pregando, uma tal de Emir, Emir Nogueira (risos) Ela não estava me vendo, eu que estava ouvindo, eu era uma entre milhares que estava ali né? “- Você, você que esta aí me olhando, é você mesmo!” Ela não estava me vendo porque no lugar que eu estava não dava pra ela me ver né. Mas ela dizia assim: “- você veio pra ouvir”. A mulher falava e eu chorava, mas eu chorei, aqueles dias todos de carnaval que eu fui para o Shalom. Todos os dias eu chorava. Eu lá estava com tanta raiva daquela mulher, de onde ela me conhecia, pra estar falando de mim? Ela falava tudo, ela falou tudo; quer dizer, é o Espírito Santo né, que veio. Bom no último dia, num dos últimos dias, eu já estava decidida a entrar numa fila daquelas pra ir no aconselhamento, lá mesmo. Todas as vezes que eu chegava as filas eram quilométricas né, eu dizia “Eu não vou pegar fila”... aí sentei, cheguei lá num... em um daqueles negócio pra comer alguma coisa. Me sentei e pedi lá um lanche. Chegou dois rapazes, chegou, puxou assim um caixote lá e sentou pra lanchar também. Aí ficamos conversando, ai um deles olhou pra mim, deu risada, fez assim “- Mas você é de onde você é?” Aí eu disse: “- De Salvador”. “- Ah de Salvador, ah que bom. Você está gostando? Já veio outras vezes?” Eu disse: “- Não, é a primeira vez”. “- E você esta gostando?” Eu disse assim: “- Pra falar a verdade, bom, não sei te dizer se estou gostando ou não, porque tem uma tal de uma criatura que está pregando ali, que ela só fica falando de mim” (risos). (...) “- Só fica falando de mim, eu não conheço ela, ela não me conhece, ela fica só falando de mim”. Aí um olhou para o outro né. Aí acho que eles ouviram eu falar isso, eles se interessaram logo, começou a puxar conversa: “Como é seu nome?” E eu comecei a falar com eles, “- Ah sim, e você conhece a Shalom lá em Salvador?” “- Não, eu nunca ouvi falar, é a primeira vez que eu venho”, aí comecei a falar, aí ele disse assim: “- E porque não vai no aconselhamento, pede uma oração”. “- Ah eu já tentei várias vezes. Desde ontem que eu tô tentando ir, mas tem uma fila quilométrica”, aí comecei a falar né. “- Ai eu não gosto deste negócio de ter que pegar fila”. Aí ele olhou pro outro e disse assim: “- Ah e o que nos impede de orar por ela aqui né?” Aí o outro falou assim “- Não, a gente pode, você aceita?” Aí eu: “- E depois não precisa pegar aquela fila não?” “- Não, a não ser que você queira. Você se importa?” Eu disse: “- Não.” Aí ele me puxou assim, pegou uma cadeira, botou no meio dos dois. Aí olhavam, rezavam, ai daqui há pouco paravam, passavam a mão no cabelo né, jogavam pra trás, e o outro, depois que terminou ele falou assim: “- Ah eu vou te encaminhar para o Shalom em Salvador. Você vai?” Aí eu: “- Vou”. Aí ele pegou um papel lá, foi lá no coisa, voltou, pegou um papel, um lápis, acharam lá um lápis, ele anotou o nome da pessoa que eu ia procurar aqui, botou o nome dele e assinou embaixo. Aí ele se apresentou né, falou que o nome dele era Moisés (risos) aí estava ele e o outro né, que era o coordenador da Shalom de Fortaleza e o fundador! (risos) Ai meu Deus! Aí tá bom. Eu com aquele papel na mão, já outra Hilda né. Ele começou a me explicar né, que Deus tinha me levado ali. Me deu o Salmo, Salmo 70, nunca jamais mais esqueço... todos os dias eu olho esse Salmo: “- Esse Salmo é o seu Salmo! Deus que te trouxe aqui, porque ele quer fazer em você uma obra nova, você é uma obra de Deus .” Aí começou a me falar muita coisa não é, aí ele falou “Você agora pertence a Deus, Ele resgatou você, Ele tirou você da morte” E eu não tinha falado pra ele, eu não tinha dito pra ele que realmente... né? (...) Eu não tinha falado nada! “- Ele lhe trouxe da morte, da mansão dos mortos para a vida, uma vida nova. Você agora é do Senhor. Como eu tinha ido com Márcia e Andrea, aí depois fiquei conversando com Márcia: “- Márcia...” Aí contei a ela né. Aí depois eu disse assim: “- Tem um rapaz, ele fez oração por mim e me deu até um bilhete pra entregar a não sei quem lá. Porque Márcia era do Shalom né, de repente ela conhecia. “- Você conhece quem é?” Aí ela falou assim: “- É o coordenador da Shalom de lá, o responsável pela casa da Shalom lá”. Eu disse “- Ah é? Aqui, foi um Moisés que me...” “- Sim Márcia olha aqui”, aí fui pegar o bilhete e mostrei pra ela. Moisés na minha frente, eu devia ter guardado esse papel meu Deus eu não fazia ideia, isso seria relíquia hoje!. Aí ela disse: “- Eu sei, mas ele é o fundador da obra Shalom!” Eu vim ver a coisa uma semana depois, eu fui no Shalom. Cheguei lá e procurei o tal do cidadão. Ficamos conversando, eu disse a ele o que realmente tinha acontecido lá. Aí ele chamou: “- Tia não sei quem, tia não sei quem” pra me acompanhar. Eu fiquei um ano no Shalom. E fiquei assim, indo pra lá duas vezes por semana pra oração de libertação, duas vezes por semana durante uns meses, depois passei pra uma vez por semana, depois uma vez por mês, até que me deram alta. Então, foi assim que eu comecei na igreja.
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