Nome do projeto: Memorial do Trabalhador
Realização Instituto Museu da Pessoa
Entrevista de: Luiz César Rosário
Entrevistado por: Claudia Fonseca
Foz do Iguaçu, 28 de agosto de 2002
Código: ITA_CB016
Transcrito por: Elisabete Barguth
P1 – Eu gostaria que você começasse Rosario, dizendo...Continuar leitura
Nome do projeto: Memorial do Trabalhador
Realização Instituto Museu da Pessoa
Entrevista de: Luiz César Rosário
Entrevistado por: Claudia Fonseca
Foz do Iguaçu, 28 de agosto de 2002
Código: ITA_CB016
Transcrito por: Elisabete Barguth
P1 – Eu gostaria que você começasse Rosario, dizendo pra gente o seu nome completo, local e data de nascimento.
R – Meu nome é Luiz César Rosario, eu nasci em Londrina, Paraná, em 21 de dezembro de 1951.
P1 – E o nome de seus pais?
R – Nelson Augusto Rosario e Albertina Elza Toneto Rosario.
P1 – E qual atividade de seus pais?
R – O meu pai era médico e minha mãe do lar.
P1 – E quando você chegou em Foz do Iguaçu, Rosario?
R – Bom, eu cheguei em janeiro de 1975, recém formado com um ímpeto pra trabalho, com vontade de mostrar serviço, né, e aqui tinha tudo pra fazer.
P1 – Você veio por causa de Itaipú?
R – Fui contratado já por Itaipú, meio primeiro serviço como engenheiro e chegando em Foz do Iguaçu, uma cidade pequena, relativamente pequena com 35 mil habitantes por aí, e Itaipú iniciando, necessitando de uma série de infra estrutura pra atender a demanda da construção, né, o contigente de pessoas que vinham trabalhar e começamos a construir casas, a parte de escolas, hospitais.
P1 – Certo, como você tava dizendo, você veio contratado por Itaipú, como é que se deu esse processo da contratação?
R – Eu felizmente me formei numa época que emprego era muito mais fácil.
P1 – E aí houve um recrutamento?
R – Não, no período de termino da escola eu sabia que Itaipú estava contratando gente, me apresentei no escritório e fui contratado de imediato.
P1 – E qual foi a impressão que você teve quando chegou aqui, você viu a Usina, as obras...
R – Não tinha nada, quando eu cheguei aqui não tinha nada...
P1 – Em 75 não tinha absolutamente nada.
R – As vilas eram fazendas, chácaras que tinha aqui em torno da cidade, né, e tavam começando algumas obras lá na Usina propriamente dita as construções de madeira que eram as construções iniciais pra dá o começo da obra, condições primarias, então acampamento pioneiro que a gente chamava...
P1 – Você participou da...
R – Nesse período eu tava na diretoria de coordenação que era responsável pela infra estrutura da Usina, mas a gente tinha contato com os outros engenheiros da área técnica que tavam iniciando marcação do eixo da barragem, desmatamento do eixo da barragem, então foi mais ou menos na mesma época que eu cheguei aqui.
P1 – Certo, você é engenheiro civil e o seu primeiro trabalho foi a construção das vilas, é isso?
R – Toda infra estrutura...
P1 – Como é que se deu justamente, mas como se planejou essas vilas A e B por exemplo.
R – Existe um plano diretor de Foz de Iguaçu feito pela Universidade Federal do Paraná e que previa na região das vilas a implantação das vilas. E duas empresas a Ceret na Villar e o escritório Master na vila B fizeram a parte de urbanismo delas, as casas, os projetos das casas era projeto do Paraguai, projeto bi nacional que foram adaptadas as condições brasileiras.
P1 – Que tipo de...
R – Adaptações lá não existe forro de madeira, foi colocado forro de madeira, os pisos foram colocados piso de cerâmica, trocou uns quartos por piso de madeira tipo taco, então algumas modificações devido a peculiaridade de Brasil/Paraguai.
P1- Exatamente isso que eu gostaria que você contasse, quantas casas tem na Vila A, na Vila B.
R – Na Vila A são 2 mil casas, na Vila B são 221 e depois mais na frente em 1978 houve necessidade de construir mais uma vila que é a Vila C, que é 2600 casas.
P1 – Quer dizer que o projeto era do Paraguai e vocês adaptaram, vocês usaram...
R – O padrão de casa.
P1 – Vocês usavam madeira, qual era o conceito?
R – Primeiro pela rapidez, nós precisávamos de rapidez pra atender os empregados que estavam sendo admitidos com a construção da Usina, então nós tivemos que adaptar algumas construções lá usa-se esquadria de madeira, nós usamos esquadria metálica é mais barata e mais fácil de fazer manutenção, porque mesmo há 30 anos atras, 20 e poucos anos atras a madeira é um bem escasso e algumas coisas a gente adaptou pelo tipo de construção que o Paraguai faz e o tipo de construção que o Brasil faz.
P1 – Quais as dimensões dessas casas, existiam diferenças entre as vilas?
R – Existia casa de dois quartos e três quartos, então são casas de 60 metros quadrados, casas de 80, casas de 100, 120 a Vila B as casas são um pouquinho maiores. Vila B pra nível superior e Vila A pra nível técnico e a Vila C pra nível operário uma pessoa sem qualificação praticamente.
P1 – Certo, e quanto tempo demorava a construção de uma casa da Vila A, da Vila B.
R – É difícil porque é um lote de casas lotes de 200 casas levava em torno de 4 a 6 meses pra ser construída o lote. Uma casa leva desse tipo padrão simples, né, leva em torno de 30, 40 dias faz uma casa só que era um grupo de casas, era uma seqüência industrial.
P1 – Certo, e alem desse trabalho de construção de casa você também teve que pensar em outras construções.
R – Toda parte de esgoto, de água, de redes elétricas, de telecomunicações, parte de sistema viário, praças, avenidas, ruas e áreas verdes e com a construção das casas a parte de escolas, hospitais, clubes toda essa parte de infra estrutura eu trabalhei de 1975 até meados de 79.
P1 – Quer dizer que em 2 anos praticamente...
R – 3 anos e meio, 4 anos.
P1 – Praticamente tudo isso foi feito. Depois você mudou, porque você é engenheiro civil...
R – Engenheiro civil, fui convidado pra trabalhar na Usina na área técnica, foi uma outra experiência gratificante pra mim uma área de trabalho totalmente diferente do que eu fazia fui trabalhar trocando turno na parte de lançamento de concreto, então uma atividade bastante dinâmica, trabalhava 14 horas por dia durante a noite trocava o turno, trabalhava sábado e domingo só tinha sete feriados por ano, mas foi uma época de um crescimento profissional muito grande tanto que dali eu trabalhei 1 ano trocando turno e aí passei pro laboratório de concreto aí comecei a subir de atividade, de cargo e também foi uma atividade bastante gratificante em termos profissionais inclusive apresentando trabalhos em seminários, congressos foi uma época muito interessante da minha vida.
P1 – E o que vocês faziam nos momentos de lazer?
R – Nessa atividade a gente, uma das coisas boas de Itaipú era o ambiente de trabalho, as pessoas que vinham trabalhar aqui, a gente vinha trabalhar mas tinha objetivo de terminar a obra dentro do prazo então a amizade era tão grande que a gente saía mesmo cansado do trabalho, a gente saía sempre num bar pra tomar uma cerveja, bater um papo e nas horas de lazer a gente sempre tem um futebolzinho, um churrasco, um peixe o ambiente daqui a gente leva pra fora, não sei também se pelo ambiente que a gente trabalha aonde a gente mora os nossos vizinhos são nossos colegas de trabalho, então isso aí as vezes é ruim mas em geral é bom, a empresa é tão grande que a gente conhece as pessoas de nome e nesses locais de lazer a gente conhece as pessoas e o que as pessoas fazem, né,
pessoas que trabalham com a gente.
P1 – E o que você acha da construção que etapa você acha que foi mais importante, porque ela foi mais importante?
R – O mais importante pra mim foi vir trabalhar na Usina propriamente dita, na construção da obra, na barragem, foi uma época de crescimento profissional, de conhecimento, de estudo foi uma época bastante gratificante pra mim.
P1 – E as mudanças que a Hidroelétrica trouxe aqui pra região?
R – Pra região?
R – É, você que acompanhou.
R – O pessoal fala que as mudanças foram pra pior e eu acho que foram pra melhor, eu to aqui desde o começo, conheci Foz do Iguaçu a cidade não tinha infra estrutura nenhuma Itaipú construiu até na cidade algumas escolas não tinha escola suficiente a cidade era pequena, a pavimentação a cidade tinha Avenida Brasil pavimentada, Chimel Feng mas um trecho da Almirante Barroso não tinha pavimento, não tinha sistema de esgoto e isso aí a cidade foi crescendo teve investimento de fora pra cá por causa de Itaipú, então Itaipú trouxe vantagens pra cidade mesmo após a conclusão o desemprego tudo, mas desemprego é no Brasil inteiro, no mundo inteiro não é um problema especifico de Foz.
P1 – Você é casado?
R – Sou casado.
P1 – Você tem filhos?
R – Tenho um casal de filhos.
P1 – Você mora aqui em Foz?
R – Moro em Foz.
P1 – O que você faz hoje como atividade de lazer?
R – Bom, eu gosto muito de praticar esporte jogo futebol, tênis e em casa é computação as vezes a gente gasta 1 horinha na Internet.
P1 – Bom Rosario, pra gente encerrar o que você achou de ter dado essa entrevista pro Memorial do Trabalhador?
R – Eu acho interessante, coletar essas informações eu acho que contribui pequena parte outros colegas tem histórias interessante de outras áreas, de outras vivências, né, e eu acho que isso é interessante pro futuro, pros colegas que vão entrar na empresa conhecer a empresa o que ela foi anteriormente, o que ela representou pra região, o que ela representa pra região e mostrar que a empresa é uma empresa grande, mas é uma empresa unida e o pessoal é amigo, o pessoal aqui é imbuído de trabalhar e produzir energia. Então acho que é um depoimento importante para as pessoas que vão vir trabalhar, mas também para vocês que vem de fora, o pessoal que vai visitar, que vai pro Museu conhecer o que é Itaipú, conhecer a obra é fácil você vai ali no Mirante e conhece a obra, conhecer as pessoas que trabalharam aqui e que fizeram essa Usina.
P1 – Tá certo então, obrigada.Recolher