Facebook Info Ir direto ao conteúdo
História
Por: Museu da Pessoa, 5 de junho de 2017

Com o coração na roça

Esta história contém:

Com o coração na roça

Vídeo

Desde quando se falava em Paracatu já se falava na família Caldas. Todos eram fazendeiros, agricultores, viviam da roça mesmo, como a gente viveu da fazenda. Falava roça porque todo mundo plantava de tudo pra sobreviver. O que alimentava era aquilo que você produzia, dificilmente você vinha na cidade. Quando a gente vinha, era para comprar o querosene e o sal praticamente, porque o resto a gente produzia lá mesmo, produzia tudo. Inclusive a iluminação era feita naquela época por azeite de mamona, produzia mamona, fazia o azeite pra iluminar, chamava candeia, onde colocava o cordão imbuído no azeite pra iluminar. Quando não tinha o querosene, né, porque às vezes usava querosene também.

Naquela época nossa, não tinha brinquedo, você tinha que inventar. Tem uma fruta que dá no mato, chama marmelada, você pegava ela, colocava o pezinho de madeira ou de cipó e pauzinho seco e fazia os bois, pra você fazer um carrinho ali com essas frutas do mato e durava, conseguia durar ali seis meses, até um ano. E ai de quem pegasse aquilo ali e destruísse, era briga certa.

O sítio do meu pai estava a 30 quilômetros daqui. Pra vir para a cidade era a pé ou a cavalo, não tinha outra condução. Uma vez, eu vim a cavalo, e a gente não tinha costume com calçar botina, por exemplo. E eu peguei a botina, coloquei na capanga e pus na cabeça do arreio e vim. Quando chegava perto da cidade, a gente tinha o ponto de chegar lá que era essa praia, e a gente parava pra lavar os pés e calçar a botina. Quando eu me lembrei da botina, que fui olhar na cabeça do arreio, cadê? Perdeu, caiu! Você vê a dificuldade. Voltei seguramente uns 2 quilômetros ou mais e não achei. O que aconteceu? Cheguei descalço aqui. A gente foi providenciar, comprar uma outra botina, com a dificuldade de encontrar naquela época, mas a gente mandava fazer. Tinha o sapateiro que fazia. Mas dei sorte que eu consegui pra poder calçar, senão ficava descalço na rua.

Essa história de...

Continuar leitura
fechar

Folia de Nossa Senhora

Chegada da folia de Nossa Senhora da Abadia, festa típica da região. Na festa, cerca de 20 foliões chegam com a bandeira da Santa, sempre a cavalo. Eles chegam nas casas dos fiéis e, cantando e entregando a bandeira, “pedem pouso” (para passar a noite em casa): jantam, cantam outros cantos, agradecem o acolhimento. A família de Lourinho sempre recebia os foliões. Durante a noite, acontece o forró com vaca atolada, farofa, arroz carreteiro e junta a comunidade toda para a festa, que dura a noite toda. Sempre mês de julho, é um momento de muita alegria e fé. É uma tradição na região. De manhã, sempre é servido o café aos foliões e a quem mais estiver, novamente tem as orações, a ladainha e os cânticos, seguido pela dança da catira e a despedida, depois do almoço. A despedida deixa todos de joelhos em semicírculo e os foliões montam no cavalo e passam com a bandeira na cabeça das pessoas.

local: Brasil / Minas Gerais / Paracatu
tipo: Fotografia

A banca do seu Lourinho

Toda a vida, Lourinho participou de feira de rua. Na da foto, a feira acontece até hoje aos sábados. Ele vendia os produtos da fazenda (verdura, mandioca, ovos, laranja, linguiça, rapadura, melado). A banca do seu Lourinho é a primeira à direita.

período: Ano 1993
local: Brasil / Minas Gerais / Paracatu
tipo: Fotografia

Passeio em família

Passeio a carroça em frente a fazenda. A família sempre fazia passeios para admirar a natureza. Na foto: Mireli (filha), Eleusa (esposa), Ana Paula (filha) e Lourinho.

local: Brasil / Minas Gerais / Paracatu
tipo: Fotografia

Chácara no bairro Primavera

Chácara no bairro Primavera, onde a família arrendou para morar, plantar, criar gado leiteiro para fazer doce, produzir temperos, tudo para comércio. Viviam da renda de lá. Na época, o bairro era bem “roça”, com vizinhos bem simples e acolhedores. Na foto, estão nos fundos da casa, próximo ao galinheiro. A planta que cobre o telhado é a paracatulina. Os netos: João Pedro (frente), Vinícius (maior) e Ana Luiza.

local: Brasil / Minas Gerais / Paracatu
tipo: Fotografia

Rua Rubens Bittencourt

Já na casa da rua Rubens Bittencourt. Na foto: Eleusa, Mireli (filha caçula), com três netas de uma filha adotiva, a Abadia: Liliane (de tiara), Gabriela (no colo), Luciana (de amarelo).

local: Brasil / Minas Gerais / Paracatu
tipo: Fotografia

Doce rolito da vaquita

Chácara no bairro Primavera. Na foto, seu Lourinho está preparando o doce rolito da vaquita (feito de leite em pó com o leite da “vaquinha”: é tipo uma paçoquinha, o pronto está ao lado, todos branquinhos). Ao lado, o doce de leite puro. A chácara era do seu Zé Borges e foi arrendada para a família.

período: Ano 1994
local: Brasil / Minas Gerais / Paracatu
tipo: Fotografia

Assentamento "Estrela da manhã"

No lote Estrela da manhã, assentamento da reforma agrária. Antes Fazenda Santa Catarina, ela foi dividida em lotes pelo Incra para a reforma agrária: “somos assentados”. A família fez, à frente, um santuário a Nossa Senhora Aparecida, pois a “terra pertence a ela antes da família”. A esposa de seu Lourinho é “a padre” das festas em comemoração a santa, 12 de outubro, que reúne os vizinhos para a procissão e louvor. A família é devota da santa.

período: Ano 2016
local: Brasil / Minas Gerais / Paracatu
tipo: Fotografia

Stand na Agriminas

Seu Lourinho está no stand de exibição na feira de artesanato Agriminas, em Belo Horizonte. Ele participa da feira desde 2007, aproximadamente.

local: Brasil / Minas Gerais / Belo Horizonte
tipo: Fotografia

Seu Lourinho e seus produtos

Alguns produtos da cabaça que seu Lourinho expõe e vende.

local: Brasil / Minas Gerais / Belo Horizonte
tipo: Fotografia

Dados de acervo

Baixar texto na íntegra em PDF

Projeto Kinross Paracatu

Depoimento de Lourival Araujo Caldas Filho (Lourinho)

Entrevistado por Fernanda Prado e Marcelo da Luz

Paracatu, 05/06/2017

Realização Museu da Pessoa

KRP_HV04_Lourival Araújo Caldas Filho (Lourinho)

Transcrito por Karina Medici Barrella

P/1 – Seu Lourinho, primeiro eu gostaria de agradecer de o senhor ter aceitado o convite para essa entrevista. E pra gente começar eu queria que o senhor falasse pra gente o seu nome completo.

R – Lourival Araújo Caldas Filho.

P/1 – Agora eu queria que o senhor falasse a data do seu nascimento.

R – Quinze de julho de 1943.

P/1 – E o senhor nasceu onde?

R – Em Paracatu.

P/1 – Qual o nome dos seus pais? O do seu pai fica fácil.

R – Fica fácil, né?

P/1 – Fala o nome deles pra gente.

R – Lourival Araújo Caldas e Maria da Conceição Araújo Caldas.

P/1 – Fala um pouquinho daquilo que o senhor sabe sobre a origem da família, da onde veio a família do seu pai, da sua mãe?

R – Olha, são descendentes todos de Paracatu mesmo. Desde quando se falava em Paracatu já se falava na família Caldas, conhecida como Família Caldas.

P/1 – E os seus pais, o que eles faziam?

R – Todos eram fazendeiros, agricultores, viviam da roça mesmo, como a gente viveu da fazenda. Falava roça porque todo mundo plantava de tudo pra sobreviver. O que alimentava era aquilo que você produzia, dificilmente você vinha na cidade, quando a gente vinha era para comprar o querosene e o sal praticamente, porque o resto a gente produzia lá mesmo, produzia tudo. Inclusive a iluminação era feita naquela época por azeite de mamona, produzia mamona, fazia o azeite pra iluminar, chamava candeia, onde colocava o cordão imbuído no azeite pra iluminar. Quando não tinha o querosene, né, porque às vezes usava querosene também.

P/1 – E o senhor falou que produzia de tudo, mas o que o senhor se lembra das coisas que produziam na roça do seu pai.

R – Ah, tudo. Do leite, carne, arroz,...

Continuar leitura

Título: Com o coração na roça

Data: 5 de junho de 2017

Local de produção: Brasil / Minas Gerais / Paracatu

Autor: Museu da Pessoa

O Museu da Pessoa está em constante melhoria de sua plataforma. Caso perceba algum erro nesta página, ou caso sinta falta de alguma informação nesta história, entre em contato conosco através do email atendimento@museudapessoa.org.

Essa história faz parte de coleções

voltar

Denunciar história de vida

Para a manutenção de um ambiente saudável e de respeito a todos os que usam a plataforma do Museu da Pessoa, contamos com sua ajuda para evitar violações a nossa política de acesso e uso.

Caso tenha notado nesta história conteúdos que incitem a prática de crimes, violência, racismo, xenofobia, homofobia ou preconceito de qualquer tipo, calúnias, injúrias, difamação ou caso tenha se sentido pessoalmente ofendido por algo presente na história, utilize o campo abaixo para fazer sua denúncia.

O conteúdo não é removido automaticamente após a denúncia. Ele será analisado pela equipe do Museu da Pessoa e, caso seja comprovada a acusação, a história será retirada do ar.

    voltar

    Sugerir edição em conteúdo de história de vida

    Caso você tenha notado erros no preenchimento de dados, escreva abaixo qual informação está errada e a correção necessária.

    Analisaremos o seu pedido e, caso seja confirmado o erro, avançaremos com a edição.

      voltar

      Licenciamento

      Os conteúdos presentes no acervo do Museu da Pessoa podem ser utilizados exclusivamente para fins culturais e acadêmicos, mediante o cumprimento das normas presentes em nossa política de acesso e uso.

      Caso tenha interesse em licenciar algum conteúdo, entre em contato com atendimento@museudapessoa.org.

      voltar

      Reivindicar titularidade

      Caso deseje reivindicar a titularidade deste personagem (“esse sou eu!”),  nos envie uma justificativa para o email atendimento@museudapessoa.org explicando o porque da sua solicitação. A partir do seu contato, a área de Museologia do Museu da Pessoa te retornará e avançará com o atendimento.

      Receba novidades por e-mail:

      *Campos obrigatórios