Vou contar minha história a partir de uma perspectiva direcionada exclusivamente para os fatos e fatores que contribuíram para minha formação e atuação como docente. Acredito que história pressupõe um começo, um meio e um fim, porém, tenho convicção que ainda não cheguei ao meu fim, por...Continuar leitura
Vou contar minha história a partir de uma perspectiva direcionada exclusivamente para os fatos e fatores que contribuíram para minha formação e atuação como docente. Acredito que história pressupõe um começo, um meio e um fim, porém, tenho convicção que ainda não cheguei ao meu fim, portanto, a história que narro é até a esse exato momento e não ao fim da minha história.
A escolha de uma profissão parte sempre de um sonho, muitas vezes sonhado na infância e adolescência. Isso não aconteceu comigo, minha infância e adolescência foram incertas e cheias de altos e baixos. De nenhum momento eu me lembro de estabelecer planos para o futuro como profissional. Reconheço hoje que foi um erro gravíssimo, com consequências que se não fosse pelo apoio de meus familiares jamais eu teria superado. O principal resultado dessa falta de planejamento foi 4 anos afastado dos estudos que resultou na necessidade de cursar os Séries Finais do Ensino Médio na modalidade EJA− Ensino de Jovens e Adultos.
Cursar EJA só me foi possível graças ao apoio da Diretora da Escola Estadual Monsenhor Seckler Nádia Bernardete Rocha Boscolo, que ao contrário das demais escolas nas quais busquei me matricular, concederam-me a vaga e oportunidade de terminar meus estudos. Tudo isso aconteceu quando eu ainda residia em Porto Feliz/SP, o palco das melhores e piores lembranças que tenho e da reviravolta da história da minha vida.
Por fim, cursei entre o segundo semestre de 2008 e o primeiro de 2009 a segunda e a terceira série do Ensino Médio respectivamente. Como a escola ficava no centro da cidade de Porto Feliz e eu residia em um bairro relativamente distante, a maioria das vezes eu fazia o trajeto a pé, tornando a tarefa ainda mais difícil, visto que na época eu trabalhava como ajudante de pedreiro (servente) ora com Pedro Travaiolli outrora com Ezequiel Simões, meus amigos e incentivadores constantes. Sobre a experiência de fazer o trajeto a pé devo agradecer também outras pessoas, como a professora Sandra Miranda de Biologia, que além de me incentivar dava-me carona às vezes (nem sempre o horário dela batia com o meu) junto ao seu esposo e também para a própria diretora que reside até hoje em um bairro próximo de onde eu morava.
De um modo ou de outro terminei meus estudos fazendo poucos amigos no processo, mas admirando e reconhecendo o esforço de todos os envolvidos.
Depois disso, meu futuro pareceu ainda mais incerto, pois não houve mudança significativa no modo como eu vivia. Continuava morando junto à minha avó materna, Maria Aparecida Teixeira, minha tia Eveli Teixeira e meu irmão Alexandre Eloy Teixeira Albuquerque em uma casa de três cômodos, onde eu e meu irmão reavisávamos em dormir no chão em colchão ou no sofá. No entanto eu tinha uma ambição maior e não desanimei. Achava que minha mudança social só seria possível por meio dos estudos e recorri à modalidade que me estava mais acessível, dei início a um curso profissionalizante no SENAI de Porto Feliz/SP.
Essa fase foi ainda mais complicada, foram seis meses cursando três cursos que me possibilitariam fazer depois o de torneiro mecânico (profissão do meu pai e que ele sempre se orgulhava ressaltar). Acontece que a sede do SENAI em Porto Feliz, ficava ainda mais longe, fator que me deixava mais cansado. Foi uma formação que não me trouxe resultados diretos, já que nunca trabalhei na área, porém, foi graças ao trajeto que eu era obrigado a fazer que achei jogado na rua uma propaganda do CEUNSP- Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio sobre o seu vestibular e a lista de cursos
disponíveis, foi aí o sonho de fato começou.
Eu tinha certa inclinação para o desenho, pois desde a infância “incerta e cheia de altos e baixos” eu já desenhava graças ao apoio da minha finada mãe Keli Teixeira de Albuquerque e da minha avó materna Dona Cida (como era conhecida). Fui atrás, prestei o vestibular e passei. Contei com o apoio dos meus empregadores da época a Andréia da Karruda Construtora Ltda. que me levou até a instituição em Itu para fazer a matrícula, pois eu não sabia como fazer ou chegar ao lugar. Consegui me matricular e terminar o curso e Licenciatura Plena em Educação Artística.
O curso também foi marcado por pessoas importantes. Durante a maior parte do curso, cerca de 5 semestre continuei trabalhando como servente junto com Ezequiel Simões. Revi colegas que tinham estudado comigo no 3º ano do Ensino Fundamental. A professora Morgana Ribeiro que influenciou grandemente na minha formação posterior (foi ela que me apresentou a artista tema da minha dissertação de Mestrado). O coordenador de curso Celso e a vice-diretora da Faculdade de Educação Estela que me serviam chá de gengibre para esquentar o frio.
Foi nessa época também que conhecei a pessoa mais importante na minha vida atualmente, minha esposa e companheira Gisele Aparecida Ramos (de Albuquerque, agora) no ônibus de Jóvis. Ela cursava outro curso (Gestão da Qualidade), mas maioria dos estudantes portofelicenses usava o mesmo serviço de transporte e para minha sorte, em um dia precisei sentar do lado dela. Da conversa descontraída surgiu uma amizade, admiração e hoje um casamento duradouro de 6 anos.
Foi graças ao curso que visitei lugares incríveis, como o Museu de Arte Sacra de Embu das Artes, o MASP− Museu de Arte Moderna de São Paulo Assis Chateaubriand, a 29ª Bienal de 2010, Museu do Ipiranga, Pinacoteca de São Paulo entre outros da própria cidade de Itu como Museu da Energia, Museu da Música e o Museu da República.
Foi também durante esse período que tive minhas primeiras experiências como docente. Em 2011, como professor contratado na Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, ministrando aulas na Escola Estadual João Antônio Motta Navarro, onde já no primeiro dia de aula já tinha pai de aluno querendo me agredir, pois eu tinha pegado o celular do estudante e entregado para a direção. Em 2011 também estagiei junto a Prefeitura de Porto Feliz por meio do CIEE, com outro caso delicado de mal entendido com estudantes.
Nesse meio tempo, prestei o ENEM e fui agraciado com uma bolsa para o curso que eu estava prestes a trancar matrícula.
No ano seguinte, porém, já com mais experiência e mais preparado para o trabalho, despreocupado com a tarefa de custear o curso, tive uma nova oportunidade de estagiar na Prefeitura de Porto Feliz. Fui auxiliar de biblioteca na EMEF. Profª Maria Aparecida Fernandes Leite, localizada em um bairro rural de Porto Feliz. A escola ocupa um espaço compartilhado e no ano seguinte atuei como professor contratado Secretaria de Educação do Estado de São Paulo para ministrar aulas de arte junto com os estudantes do Ensino Médio. Foi uma experiência muito emocionante, pois foi a partir daí que pude atuar com professores que tinham dado aula para mim, dentre quais: o professor Danilo (antigo vice-diretor da E.E. Monsenhor Seckler quando cursei a EJA), o professor Fernando Pereira (a quem faço menção nos Agradecimentos em meu primeiro livro) e o professor Márcio Trindade de Química (que tinha feito SENAI comigo).
Casei no mesmo dia do aniversário da minha mãe (13/09) e no mesmo ano que comecei a dar aulas (2013) efetivamente e no ano seguinte (2014) já era efetivo na Secretaria de Educação do Estado de São Paulo assumindo o cargo de Professor de Educação Básica II na E.E. Prof. Pedro Fernandes de Camargo. Antes de assumir, porém, tive o prazer de atuar como contratado em três escolas municipais da cidade de Tietê/SP (vizinha de Porto Feliz/SP) e na E.E. Monsenhor Seckler ao lado da diretora Nádia Bernardete Rocha Boscolo que acreditou em mim e me deu a chance que precisava para mudar de vida.
Depois disso, a maioria das experiências foram positivas. Conheci e revi pessoas incríveis, como a estudante Karina Schimidt Peixoto de Almeida (hoje casada e provavelmente com outro sobrenome), o estudante Gustavo Máximo, a família da Hayolly Cristini Martorano Leite, Reinaldo Diniz Filho, Ana Sara Paes de Almeida, Kawane Xavier, Karina Baldini, Cíntia Karen (atual Miss Porto Feliz), a família de Kevin Augusto Clemente entre tantos estudantes da EJA e regular, assim como professores como Márcio Trindade (de novo), Valdo Cavalheiro, Jane Correa (readaptada, mas que tinha ministrado aulas para mim quando eu fiz EJA).
Foi durante minha atuação na E.E. Prof. Pedro Fernandes de Camargo concluir meu primeiro curso de pós-graduação em Comunicação Social no SEPAC em parceria com a PUCSP (iniciado no ano de 2013, quando atual na E.E. Profª. Maria Aparecida) e dei inicio ao curso de Mestrado Acadêmico em História da Arte na UNIFESP - Campus Guarulhos. Nos dois casos a locomoção foi complicada. O cronograma da PUC previa aulas durante quinze dias em período integral e da UNIFESP, era ministradas em uma cidade muito longe o que obrigou minha adaptação de horário na E.E. Prof. Pedro Fernandes, dando a última aula de quinta-feira que começava as 22h15minh e terminava às 23h, depois de chegar as 21h em casa.
Com o intuito de dar continuidade aos meus estudos no nível de Doutorado Acadêmico, convenci e em comum acordo com minha esposa, mudei para São Paulo/SP, antes prestei o concurso para Professor de Ensino Fundamental II e Médio da Prefeitura Municipal de São Paulo. Foi removido para a E.E. Drº Álvaro de Souza Lima, próximo ao zoológico, onde também conheci pessoas incríveis como as professoras Ariane Oliveira e Luciana Lima, o professor João Robert Persine, a vice-diretora Márcia Bucci e as estudantes Hayanna Ianne França e Maria Eduarda Ferreira e o estudante Flávio Menino atuei ali até início de 2018, quando assumi meu atual cargo na Secretaria Municipal de Educação de São Paulo.
Foi durante o período que atuei na E.E. Drº Álvaro de Souza Lima que vivi a pior experiência da minha vida docente. Fiquei sabendo que meu ex-aluno e já amigo Kevin Augusto de Souza Lima teve um infarto repentino e faleceu com apenas 18 anos. Providenciamos junto à família e membros da comunidade.
Na Secretaria Municipal de Educação de São Paulo, um pouco diferente da minha experiência anterior no Estado. As práticas artísticas e pedagógicas mais relevantes foram: 1- Desenvolvimento do Projeto Denegrir na EMEF Dezoito do Forte com os estudantes do 5º ano B, trabalho questões raciais; 2- Desenvolvimento do I Festival Gastronômico da EMEF Pe. Leonel Franca, trabalhando questões raciais e de alimentação saudável; 3- Desenvolvimento da Sequência Didática Memória, identidades e patrimônio, que resultou na transformação de um espaço da EMEF Pe. Leonel Franca em uma galeria de arte contemporânea; 4- Execução do Projeto Arte Urbana e Cidadania na EMEF Pe. Leonel Franca, transformando a identidade visual da escola.
As pessoas mais marcantes que conheci nesse processo foram na EMEF Pe. Leonel Franca as professora Maira Sant'Ana de Macedo Godoy, Juliana Martinek Salgado e o professora Manuel Severino da Silva, assim como a diretora Meire Pedrinho e a coordenadora Miriam Machado e na EMEF Dezoito do Forte a Auxiliar de Direção Areta Alem Santinho, as professoras Sonia Barbeiro Marchini e Vani, e o professor Fábio Júnior.
Dentre os estudantes que atendo atualmente, o destaque fica para as turmas do 4º termo B (com quais desenvolvi junto a professora de Ciências Maira Sant'Ana de Macedo Godoy o I Festival Gastronômico) e o 3º termo B (com quais desenvolvi com apoio e todos os professores a Sequência Didática Memória, identidades e patrimônio).Recolher