Passei minha infância inteira praticamente dentro de casa. Minha mãe não facilitava muito a ida à rua. Mesmo assim, fiz diversos amigos: Washington de Lima (filho do Sr. Lima, o barbeiro do bairro), Zezé (seu nome era José), Alessandro do Nascimento (o Sandro), Renata Ferreira, Ana Paula Marco...Continuar leitura
Passei minha infância inteira praticamente dentro de casa. Minha mãe não facilitava muito a ida à rua. Mesmo assim, fiz diversos amigos: Washington de Lima (filho do Sr. Lima, o barbeiro do bairro), Zezé (seu nome era José), Alessandro do Nascimento (o Sandro), Renata Ferreira, Ana Paula Marcondes (uma garota por quem me apaixonei, a primeira) e, mais tarde, Carlos (o "Quinho").
A garotada da rua em que eu morava me conhecia como o filho do "Seu Mané", o dono do bar. Aos 6 anos, comecei a estudar na Escola Externato São Vicente de Paulo, uma escola rígida, administrada pelas irmãs de São Vicente de Paulo.
Foram tempos curiosos, porque vivi verdadeiros contrastes entre a educação que recebia na escola e a realidade em que via meus amigos – evidentemente não eram compatíveis. A escola era freqüentada por um "padrão" classe média, e eu morava ao lado de crianças pobres ou muito pobres.
Uma das coisas que marcaram a minha infância foi essa rígida educação "católica" que recebi, de maneira que, mais tarde, cheguei a pensar em ser "Padre".
Lá pelos 8 ou 9 anos, outra coisa me marcou: houve uma greve em Volta Redonda, e alguns operários entraram em choque com a polícia, resultando na morte de alguns deles. Lembro que, ao ver aquilo na televisão e depois numa revista (que tenho até hoje), com a foto dos operários no caixão, perguntei para o meu pai: “Pai, eles não eram pessoas trabalhadoras? Por que foram mortos?”, ao que ele respondeu: “Isso não é coisa para criança” Só pude entender muitos anos depois.
Fui então, mais por vontade de minha mãe que de meu pai, fazer o “catecismo”, e fiquei na igreja São Geraldo, no bairro da Ponte Grande em Guarulhos, por longos 10 anos. No começo [ia] a contragosto mas, depois, usava isso para sair de casa e encontrar com os amigos e, mais tarde, [gostava] porque delirava e achava que minha “vocação” fosse a de ser um religioso.Recolher