Meu aniversário é no dia seis de novembro, não me lembro de muitos, mas existem alguns que ficaram gravados em minha mente. Um deles foi em l.972 ou 73, quando escrevi uns versos (Lágrimas) em um pedaço de papel e que depois de muitos anos reencontrei e indicavam-me o cinzento astral em que estava envolvido naquele momento.
Um aniversário bastante hilariante foi quando completei uns seis anos. Minha mãe fez um belo bolo e como ia receber a visita de pessoas amigas, antes destas chegarem deu banho em mim e em meu irmão, como estava um tempo um pouco frio com uma garoa característica da capital paulista nos fez vestir pijamas de flanela novos e recomendou que de maneira nenhuma nos sujássemos. Em seguida entregou-se aos preparativos para receber as visitas. Quando em um determinado momento olhou pela porta da cozinha, meu irmão e eu estávamos em um tanque que meu pai havia construído para a criação de marrecos - nos deliciávamos jogando água um no outro. Intempestivamente nos tirou dali pendurados pelas orelhas e nos fez tirar a roupa e ficamos despidos no banheiro que ficava atrás da casa. O pior foi que na passagem ela apanhou um pedaço de madeira que encontrava-se abandonado no chão e com ele esquentou a nossa poupança, quando percebeu, os nossos bumbuns estavam sangrando por ferimentos causados por um prego que havia no pedaço de madeira. Para consertar colocou salmoura e nos deixou presos no banheiro. Certa hora as visitas quiseram ir ao banheiro (mais por provocação, pois eram duas jovens) e levaram duas toalhas para que saíssemos e ficássemos atrás do galinheiro. Tentavam nos espiar, só que não conseguiam nos humilhar porque começamos a atirar pedras para afugentá-las. Naquele dia a festa havia terminado para nós; logo que as visitas foram embora, fomos obrigados a tomar outro banho por estarmos emporcalhados com a água dos marrecos, e fomos para a cama.
Outro, em que poderia ter uns oito anos e residia na Rua Vol. Delmiro...
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Meu aniversário é no dia seis de novembro, não me lembro de muitos, mas existem alguns que ficaram gravados em minha mente. Um deles foi em l.972 ou 73, quando escrevi uns versos (Lágrimas) em um pedaço de papel e que depois de muitos anos reencontrei e indicavam-me o cinzento astral em que estava envolvido naquele momento.
Um aniversário bastante hilariante foi quando completei uns seis anos. Minha mãe fez um belo bolo e como ia receber a visita de pessoas amigas, antes destas chegarem deu banho em mim e em meu irmão, como estava um tempo um pouco frio com uma garoa característica da capital paulista nos fez vestir pijamas de flanela novos e recomendou que de maneira nenhuma nos sujássemos. Em seguida entregou-se aos preparativos para receber as visitas. Quando em um determinado momento olhou pela porta da cozinha, meu irmão e eu estávamos em um tanque que meu pai havia construído para a criação de marrecos - nos deliciávamos jogando água um no outro. Intempestivamente nos tirou dali pendurados pelas orelhas e nos fez tirar a roupa e ficamos despidos no banheiro que ficava atrás da casa. O pior foi que na passagem ela apanhou um pedaço de madeira que encontrava-se abandonado no chão e com ele esquentou a nossa poupança, quando percebeu, os nossos bumbuns estavam sangrando por ferimentos causados por um prego que havia no pedaço de madeira. Para consertar colocou salmoura e nos deixou presos no banheiro. Certa hora as visitas quiseram ir ao banheiro (mais por provocação, pois eram duas jovens) e levaram duas toalhas para que saíssemos e ficássemos atrás do galinheiro. Tentavam nos espiar, só que não conseguiam nos humilhar porque começamos a atirar pedras para afugentá-las. Naquele dia a festa havia terminado para nós; logo que as visitas foram embora, fomos obrigados a tomar outro banho por estarmos emporcalhados com a água dos marrecos, e fomos para a cama.
Outro, em que poderia ter uns oito anos e residia na Rua Vol. Delmiro Sampaio, 462 e que foi feita uma festa com muitos convidados, acabando sendo mais para os adultos do que para as crianças. Havia mudado-se em um sobrado, em frente de minha casa, uma família muito distinta que também foi convidada: o sobrenome, se não me engano, era Almeida. Madame Rosita era modista e possuía um ateliê de alta costura. Os filhos eram Cíntia, Chunito (este veio a jogar no Esporte Clube São Paulo de Santo Amaro), Leandro, Janjão, Tuinha e Betinho (este casou-se com uma jovem, filha do proprietário de uma farmácia). Meu irmão e eu possuíamos um cadeira carrinho com a qual vivíamos brincando em frente de casa. Um determinado dia os vizinhos nos cercaram no portão e com a maior petulância disseram: "Aquele carrinho é nosso e vocês vão nos entregar já". Meu irmão tentou argumentar com eles sem conseguir resultado nenhum e eu, que estava com uma pequena tábua na mão, só dizia: "Me deixe passar" Ficamos naquela disputa pelo espaço de uns cinco minutos, quando eu, enfezado com aquele abuso atirei o pedaço de madeira que trazia na mão, acertando a testa do Janjão. Na confusão que estabeleceu-se nós aproveitamos e corremos para dentro. Minha mãe havia saído na janela bem na hora que eu atirei a madeira no Janjão, o que resultou em uma surra para nós dois. O maior problema foi depois, eu não podia mais sair na rua porque o Janjão, que era bem mais forte que eu, prometera me pegar. Quando saía olhava bem no campinho onde os moleques jogavam bola, se ele estivesse lá eu não passava. Isso foi até o meu aniversário naquele ano, para o qual a família dos meninos foi convidada mas não levou as crianças, indo só a mãe e a irmã. Uma certa hora os irmãos mandaram-me um recado que se eu levasse alguns doces para eles, pois ele Janjão, não iria mais me bater. Foi a melhor notícia naquele aniversário, levei os doces e festejamos o armistício.
Outro aniversário que me lembro bem foi o de l.950 que passei em grande expectativa. Trabalhava à noite e como todas as pessoas de casa haviam saído, não fui trabalhar, pois torcíamos para que o evento se desse naquele dia e minha esposa não poderia estar sozinha. Mas a cegonha acabou atrasando a entrega e recebemos o nosso primeiro filho no dia 07 de novembro.
(José Wladimir Klein enviou seu depoimento para o Museu da Pessoa em 06 de julho de 1998 pela página na internet, atualizada em 29 de janeiro de 1999.)
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