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Por: Museu da Pessoa,

Amor e agregação

Esta história contém:

Amor e agregação

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Eu cresci em favela, então acho que a gente fica muito solto. Era bola de gude, pião, pipa. A gente brincava muito de chumbinho, de polícia e ladrão, e chegava todo roxo em casa do chumbinho que batia na pele. Pique esconde, pique-bandeira, isso tudo a gente brincava. Eu tive uma infância muito divertida, mas sofrível também porque infância de favela... Você vê os seus amigos entrando pro tráfico, desde sempre você vê os caras armados, vê os viciados subindo a favela, desde que você se entende por gente. Favela tem essa coisa muito precoce, as coisas acontecem muito rápido, porque você fica muito na rua, então você não fica no controle dos pais. Mas eu não sou muito da lamúria, eu acho que a vida não me deve nada. E tô aqui, eu trabalho, eu sou um cidadão digno, então eu acho que tive a oportunidade de estudar, e acho que a vida não me deve nada, mas quando você vê o todo você realmente vê que é um universo sofrível, muito árduo.

Quando eu tinha oito anos de idade, meu pai teve derrame com trombose, acidente cardiovascular, e paralisou o lado esquerdo todo e é deficiente físico até hoje. Meu pai ficou três anos internado e depois de três anos ele voltou pra casa. Quando o meu pai ficou doente a gente passou um perrengue muito forte financeiro porque o meu pai tinha uma estrutura, era o provedor da casa, e tinha um salário na carteira e tinha um salário por fora, de produtividade. E o salário dele na carteira era muito pequeno, então quando ele adoeceu ele foi aposentado por invalidez. Isso desestruturou tudo! A gente sempre foi pobre, mas sempre teve dignidade, de comer e de poder fazer as coisas, e aí quando o meu pai adoeceu foi seis meses de perrengue total. A gente comia canjiquinha com broto de abóbora que catava na casa do vizinho. O meu pai ganhava um salário mínimo de aposentadoria pra sustentar eu, minha mãe e minha avó, os quatro na casa, por isso que eu tive que começar a trabalhar cedo, pra poder ajudar...

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Dados de acervo

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P/1 – Paulo, você pode falar o seu nome completo, local e data de nascimento?

R – Sim, meu nome é Paulo Sandro Verlings da Silva, eu nasci do dia 24 de setembro de 1985, em São João de Meriti, que é um município do Rio de Janeiro.

P/1 – Seus pais são de São João de Meriti?

R – Não, meus pais são de uma cidadezinha do interior do Rio chamada Santo Eduardo, meu pai chama Generoso José da Silva e minha mãe Maria José Verlings da Silva.

P/1 – E porque eles foram dessa cidade e foram pra São João do Meriti, você sabe?

R – Ah, por oportunidade mesmo de trabalho e de melhoria de vida.

P/1 – Seus avós maternos e paternos são dessa cidade dos seus pais?

R – Também são de lá.

P/1 – Você sabe o que seus avós maternos faziam e os seus avós paternos, conhece um pouco essa história?

R – Pelo o que chegou até a mim de histórias na verdade acho que eles trabalhavam na lavoura em canavial, eu sei muito pouco, eu não conheci nenhum dos meus avôs homens e avó eu conheci duas, as duas, a mãe do meu pai e a mãe da minha mãe.

P/1 – E a sua mãe e o seu pai, o que eles faziam nessa cidade?

R – Em Santo Eduardo eles eram muito novos meu pai também chegou a trabalhar na usina de cana, a minha mãe não chegou a trabalhar lá não, quando eles vieram pra cá o meu pai virou motorista de uma transportadora e minha mãe dona de casa.

P/1 – E por que eles escolheram São João do Meriti, que oportunidade de trabalho?

R – Não, na verdade a questão de São João do Meriti foi que uma parte da família já tinha vindo pra Nova Iguaçu e São João do Meriti foi o lugar onde o meu pai resolveu comprar uma casa mesmo por ver uma oportunidade de compra, não teve nenhum motivo específico não.

P/1 – E aí você nasceu nessa casa já?

R – Nasci lá, os meus irmãos todos.

P/1 – Quantos irmãos você tem?

R – Eu tenho quatro, duas mulheres e dois homens.

P/1 – E você é o que nessa escadinha?

R – Eu sou o...

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