P1: Boa noite, Alípio.R: Boa noite.P1: Inicialmente eu vou pedir para que você fale o seu nome completo, local e data de nascimento.R: Eu me chamo José Alípio de Souza Xavier, nasci em 16 de dezembro de 1956, na cidade do Rio de Janeiro.P1: Rio de Janeiro... Como é que você ingressou no Banco ...Continuar leitura
P1: Boa noite, Alípio.R: Boa noite.P1: Inicialmente eu vou pedir para que você fale o seu nome completo, local e data de nascimento.R: Eu me chamo José Alípio de Souza Xavier, nasci em 16 de dezembro de 1956, na cidade do Rio de Janeiro.P1: Rio de Janeiro... Como é que você ingressou no Banco do Brasil, Alípio?R: Rapaz! Meu pai e algumas pessoas da minha família eram funcionários do Banco do Brasil, e em família de bancário, você acaba sendo bancário também.P1: Você fez o concurso?R: Fiz o concurso. Eu trabalhei 18 anos no Banco e estou a 12, quase 13 anos aqui na Fundação.P1: Na época que você entrou no banco, o que significava ser funcionário do Banco do Brasil?R: Naquela época significava muita coisa. Quando meu pai entrou no banco e durante um grande período, ele costumava dizer que numa cidade do interior quem mandava era o prefeito, o padre e o gerente do Banco do Brasil. No início, nós nos sentíamos assim. Quando eu tomei posse no banco, a gente não se sentia um mandachuva, mas se sentia bem porque o Banco do Brasil era uma instituição que dava muita segurança, que dava, vamos dizer assim, uma vida tranquila para todos os seus funcionários, isso naquela época.P1: Como é que você veio parar aqui em Brasília?R: Eu vim com o meu pai. Ele veio transferido do banco aqui para Brasília e eu vim para cá. Eu já fiz concurso aqui em Brasília.P1: Aqui em Brasília... E você assumiu em que agência? Ou não foi em agência?R: Não assumi em agência, na época que eu tomei posse no banco, eles não queriam funcionários para agência. As agências já estavam muito cheias, e eles estavam procurando funcionários de oito horas. A maioria queria seis, e seis horas era para agência. Como eles queriam de oito horas, eu topei e vim parar direto na direção geral do banco, e nunca saí. P1; E como é que você veio para a Fundação Banco do Brasil?R: Eu trabalhava na área de segurança do banco e recebi um convite para, pelo menos, apresentar o currículo aqui. Eu vim, me apresentei, fiz uma entrevista com o chefe de divisão, naquela época se chamava assim, se não me engano, e apresentei o currículo, ele gostou e, vamos dizer assim, 15 dias depois eu estava aqui. P1: Você sentiu alguma diferença em trabalhar na direção do banco e depois vir trabalhar na Fundação Banco do Brasil?R: Senti, principalmente porque eu trabalhava na área de segurança do banco. Hoje em dia eu acredito que não esteja assim, porque já houve uma certa descentralização de serviço, mas naquela época, trabalhar com a parte de segurança do banco era um troço assim, era um tipo de trabalho meio pesado, você via acontecer fraudes, crimes, sequestros, assalto. E quando eu vim para Fundação, a mudança de serviço é radical, porque aqui a gente só trata com o social, só queremos amenizar o sofrimento do povo. E lá na área de segurança, não, quando você era acionado é porque, vamos dizer assim, a desgraça já tinha acontecido. Então no banco, o serviço na época era muito pesado.P1: Qual o seu trabalho atual aqui na Fundação?R: Atualmente eu sou assessor pleno, trabalho na secretaria executiva prestando serviços à diretoria executiva, ao presidente e ao resto da Fundação de uma maneira geral.P1: Você já acompanhou algum projeto aqui da Fundação mais de perto? Você poderia falar sobre isso para gente?R: Já. Eu trabalhei cerca de 10 anos na área operacional da Fundação. E um projeto que eu achei bastante interessante que eu trabalhei foi o Homem do Campo. Porque o Homem do Campo foi um projeto na época em que os assessores ou analistas da Fundação iam às localidades para fazer um diagnóstico das necessidades dentro de um tripé que eu não me lembro mais se era saúde, educação e, se eu não me engano, agricultura familiar. Então, a gente saía de Brasília, saía do gabinete e ia para as comunidades e verificava lá a necessidade de projetos dentro dessa área, montava os projetos dentro das próprias localidades em conjunto com, normalmente, o prefeito, o secretário de administração e já trazia os projetos pra cá e implementava as ações. Então, o que eu te digo assim, é, foi um projeto bastante interessante porque não foi aquela questão de você receber o projeto aqui, analisar o papel friamente e deferir ou indeferir. Esse programa Homem do Campo, vamos dizer, a originalidade dele foi em tirar os funcionários da Fundação das suas mesas e transportá-los para as localidades, para que eles vissem a realidade de cada localidade e trabalhassem para que o sofrimento, a pobreza, enfim, tudo, todas as carências –P1: Diminuir, né...R: - não digo que fossem eliminadas, mas pelo menos reduzidas.P1: E em algumas dessas viagens existiu algum momento que marcou você? Que te tocou assim, alguma coisa que você viu, alguma experiência que você passou?R: Rapaz, dentro desse programa, teve uma comunidade que eu fui e achei bastante complicado. Porque eu fico imaginando o sofrimento do pessoal, - sofrimento assim, no bom sentido – era uma comunidade que estava a seis quilômetros em estrada de terra da estrada asfaltada, e para chegar nessa comunidade de carro, nós demorávamos cerca de uma hora para andar esses seis quilômetros. E esse pessoal lá, o que mais interessava eles eram um projeto de piscicultura, mas ficou inviável porque eles não tinham como fazer os tanques de piscicultura, por quê? Porque a água não seria suficiente para implementar o tanque de piscicultura, então o projeto ficou prejudicado. Não lembro quais outros projetos nós fizemos nessa localidade, mas, esse pelo menos ficou prejudicado. Porque a quantidade de água não seria suficiente para ficar abastecendo e reciclando a água para aquele tanque de piscicultura que eles pretendiam fazer.P1: Você comentou que está aqui na Fundação a 12 anos.R: Aproximadamente.P1: Então, a gente já entrevistou alguns outros colegas, amigos da Fundação, e eles dizem que têm o costume de se reunir num Boro.R: É, no Boro.P1: Você também costuma ir com a turma?R: Não, não. Eu raramente vou porque, normalmente o pessoal vai almoçar, e eu, infelizmente sou obrigado a tirar a minha hora de almoço para estudar, porque eu faço faculdade depois que saio daqui, e eu chego em casa por volta das 23:30 da noite, então eu aproveito a hora do almoço para poder dar uma estudadinha na matéria porque, ficar todos os dias até altas horas não dá muito certo.P1: Não dá certo, não. Você poderia comentar um pouco sobre o papel, a importância social na verdade, da Fundação Banco do Brasil para o desenvolvimento do país?R: Olha, eu vejo a Fundação com muitos bons olhos, porque é uma das poucas fundações que eu vejo, ou que eu tenha conhecimento, que age em várias áreas de atuação tentando minimizar as carências do povo brasileiro, vamos dizer, das comunidades menores em geral. Nós temos diversas fundações que existem no Brasil, assim como organizações não governamentais, que tem o projeto de funcionamento baseado em um único ponto focal, e a Fundação Banco do Brasil não, ela tem um espectro muito amplo de atuação. Então eu vejo a Fundação como uma das poucas, não vou dizer a única, mas uma das poucas que é capaz de levar diversos tipos de projetos a essas comunidades carentes, que atendam, vamos dizer assim, suas carências na plenitude, porque não existem um único ponto de atuação, a Fundação Banco do Brasil tanto pode atuar na área de saúde, como na educação, como de geração de trabalho e renda, como assistência social, como desenvolvimento de novas tecnologias. Então, não é uma única forma de atuação, ela é bem diversificada, e isso eu acho bastante interessante numa Fundação, principalmente por se tratar de uma Fundação que faz parte, ou que foi instituída por um banco, onde o aspecto bancário é normalmente só o financeiro, o banco só quer ganhar dinheiro, e institui uma Fundação pra atuar em todas as, é, diversidades sociais que podem existir.P1: Se você pudesse traduzir a Fundação Banco do Brasil em algumas palavras ou em uma palavra, o que você me diria?R: Rapaz, é complicado você traduzir em uma palavra, ou até em várias palavras, mas eu diria que, por tudo isso que eu falei do funcionamento da Fundação, da forma dela atuar, eu acho que ela é a única no Brasil. Então se eu fosse definir a Fundação, enquanto agente de desenvolvimento, eu diria que ela é única no Brasil, não tem outra igual.P1: O que que você acha da importância de um trabalho como esse, da gente registrar a memória da Fundação?R: Eu acho legal. Como você sabe, eu já tenho uns 12 ou 13 anos de Fundação, houve uma época que um determinado grupo de pessoas trabalhou aqui e fez, vamos dizer assim, um expurgo muito grande nos documentos da Fundação, e com isso perdeu-se muita coisa da história documental da Fundação. Hoje em dia a gente sabe que, documental, papel, não tem mais como você preservar isso, ah, a tecnologia vai cada vez mais sendo utilizada e em papel não se faz mais nada. Mas você fazer um projeto desse, de memória, preservar essa memória em qualquer meio que seja, eu acho super interessante, super válido isso daí.P1: A gente agradece a participação, muito obrigado pela sua entrevista.R: Por nada, qualquer coisa a gente está para ampliar as dúvidas de vocês.P1: E em nome do Instituto e do Museu da Pessoa a gente agradece.R: Está ok, eu que agradeço a vocês pela oportunidade.Recolher