Maria Apparecida Motta tem 74 anos e ficou deficiente visual há 35 anos. Minha mãe já sofreu muito, teve 12 filhos e sou o 12° filho, o caçula. Maria, como vou chamar minha mãezinha, perdeu oito filhos, sete mortos e uma irmã, que foi roubada no hospital. Dentro da história de sofrimento da ...Continuar leitura
Maria Apparecida Motta tem 74 anos e ficou deficiente visual há 35 anos. Minha mãe já sofreu muito, teve 12 filhos e sou o 12° filho, o caçula. Maria, como vou chamar minha mãezinha, perdeu oito filhos, sete mortos e uma irmã, que foi roubada no hospital. Dentro da história de sofrimento da Maria, filha adotiva. Quando tinha 15 anos, o padrasto dela tentou estuprá-la. Ela, com medo, fugiu de Petrópolis e se tornou mendiga nas ruas do Rio. Tudo que o senhor possa imaginar minha mãe passou aqui nas ruas do Centro da cidade, ela disputava restos de comida em latas de lixo e muitas das vezes ela não tinha o que comer. Um dia, ela lembra que estava sentada numa calçada e uma mulher com motorista parou um carro lindo, abriu o vidro e deu a ela umas moedas e falou: “filha, vai naquela padaria e compre uma coisa gostosa pra você comer” (minha mãe era muito linda). Ela levantou e correu para matar sua fome, pois tinha três dias que estava com fome, quando de repente ela foi puxada pelos cabelos, eram dois mendigos homens que viram que ela recebeu o dinheiro. Eles bateram nela, a estupraram, e ela ficou desacordada durante 2 ou 3 dias. Ela não lembra quanto tempo ficou nas ruas, mas depois do ocorrido ela se acostumou a dormir numa rua da zona sul e lá havia uma comerciante que tinha uma pensão. Todas as vezes que essa senhora abria seu estabelecimento, Maria pedia pra tomar um banho e pedia algo pra comer. Depois de um tempo, essa senhora sentou com minha mãe e perguntou por que uma jovem tão linda estava na ruas. Maria contou que estudou na escola Santa Madre de Sion em Petrópolis, fala inglês e francês, e também falou que tinha um grande conhecimento na matemática. Abriu o coração e contou do pai adotivo e do estupro sofrido a meses atrás. Aquela bondosa senhora ajudou minha mãe tirando ela das ruas, deu um trabalho pra ela. Logo depois disso, elas se tornaram grandes amigas, pois a portuguesa não tinha filhos. Anos depois, Maria estava trabalhando, um soldado entrou, a viu e se apaixonou por ela. Mesmo com muita resistência ele conseguiu conquistá-la. Namoraram, noivaram, casaram e tiveram 12 filhos e o 12º segundo sou eu, que lhe conto esta história. Depois de tudo que passara, Deus iria colocar mais uma prova na longa estrada de sua vida, em meio a um assalto um bandido deu coronhadas em seu rosto e logo depois Maria ficaria cega. Eu tinha 12 anos na época, tenho 39 e esta é a história de uma grande guerreira que tem 74 anos e é uma mulher feliz. Ela mora comigo e somos felizesRecolher