IDENTIFICAÇÃO Meu nome é Ananda Machado, eu nasci aqui no Rio de Janeiro no dia 11 de abril de 1974. FORMAÇÃO PROFISSIONAL Eu comecei fazendo a Escolinha de Arte do Brasil, ali na Rio Sul. Em um curso que se chamava Ciai e durava 6 meses. Depois eu entrei pra Uni Rio ...Continuar leitura
IDENTIFICAÇÃO Meu nome é Ananda Machado, eu nasci aqui no Rio de Janeiro no dia 11 de abril de 1974.
FORMAÇÃO PROFISSIONAL Eu comecei fazendo a Escolinha de Arte do Brasil, ali na Rio Sul. Em
um curso que se chamava Ciai e durava 6 meses.
Depois eu entrei pra Uni Rio e fiz licenciatura em Artes Cênicas. Terminando esse curso eu decidi que eu queria investir no teatro de bonecos, aí eu fui pra França no Instituto Internacional de Artes de Marionetes e fiz dois anos, a formação que seria de três anos.
Eu consegui uma bolsa do Brasil pra fazer esse curso, mas eu abandonei o ultimo ano porque eu não agüentei de saudades do Brasil.
Aí eu vim pro Brasil e fui pro Nordeste aprender com o mamulengueiros de lá que realmente são mestres fantásticos, que conhecem versos e prosas e sabem fazer humor de uma forma muito interessante.
TRABALHO Aqui no Rio eu trabalhei em escola, eu fui sócia da NAU que é um Núcleo de Arte da Urca, trabalhando sempre com teatro na Educação, sempre incluindo boneco, animação, me envolvendo em projetos. Ora profilaxia dentária fazendo teatros, depois dentistas dando continuação ao trabalho. Ora com mil histórias mesmo porque eu adoro contar historias com bonecos animados, com bonecos mesmo.
Fiz alguns espetáculos como Coração Mamulengo que foi uma chance de trazer os mestres ao Rio e de fazer esse intercâmbio, de colocar um pouco da minha pesquisa em pratica. Outros espetáculos, a gente está ensaiando. Um espetáculo agora chamado Luz e Lua, com patrocínio da Prefeitura, vai estrear no Café Pequeno em setembro, que é um projeto do coração. As esculturas estão belíssimas, as idéias estão pipocando eu acho que vai ficar bem legal.
MORRO DOS PRAZERES Pra mim, eu acho que é um sonho, eu sempre quis chegar perto, mais perto de uma comunidade pra entende-la. De repente eu to aprendendo muito mais aqui do que ensinando.
Acho que é uma troca muito grande e eu fico encantada a cada dia com depoimentos de crianças, com comportamento e com funcionamentos. Você vai percebendo aos poucos as questões mais difíceis, e que realmente eu vou reconhecer que tenho que vencer um monte de barreiras internas minhas.É porque eu fui criada na roça e essas coisas de violência me assusta um pouco, mas eu acho assim, eu acredito que pode transformar é por isso que eu estou aqui, eu acredito uma semente germinando e brotando, e aí em breve teremos frutos.
CASARÃO DOS PRAZERES
Atividades culturais Meu contato com o Casarão dos Prazeres se deu pelos horizontes culturais.
Ariana Maia estava dando curso de teatro aqui e durante as férias ela pediu pra eu substitui-la e eu imediatamente comecei a ver que a linguagem do boneco funcionava muito bem aqui, porque é uma maneira de, por exemplo, quem está ali é um objeto, é um boneco, então se solta mais. Eles foram se soltando e hoje em dia brincadeiras e simulações que eu proponho e antes eles ficavam mais acanhados eles se soltam muito mais, porque eles já experimentaram essa maneira de se mostrar sem estar ali em evidência.
Fora isso, o boneco é poesia pura.
A gente fez primeiro luvas,
mamulengos com papel machê e a partir daí eles inventaram uma história que está rendendo até hoje.
Hoje eles vão apresentar uma história que se chama Um Amor quase Impossível, uma temática que eu achei até engraçado pra idade deles, que é na maioria entre
8, 9 anos A história fala de um menino pobre que quer casar, o menino se apaixona pela menina, o pai proíbe porque ele é pobre e ele lá triste acha uma lâmpada do gênio, esfrega e consegue ficar rico, consegue casar com ela, consegue viajar.
O grupo é de menino e meninas, mas é engraçado que tem mais menina. As meninas têm freqüência mais regular.Tem alguns meninos que vem ficam uns dias sem vir, voltam.
Uma coisa que experimentei há pouco tempo foi leva-los ao teatro. A gente foi ver O Cavalinho Azul e foi muito interessante.
Eles se comportaram super bem, gostaram e amanhã a gente está se programando para ir ao cinema assistir Príncipes e Princesas. Pretendo a partir daí trabalhar teatro de sombras porque esse filme trabalha com silhuetas que eles colocaram no computador e fazem toda aquela coisa da animação. Estou querendo investir nisso, aquela coisa de contar história mesmo, acho que não tem nada mais confortante do que você ouvir uma história que tem um sentido, que tem toda essa estrutura, toda essa coisa que a gente busca na vida mesmo.
Mas, tem essa coisa da freqüência.Tem um grupo pequeno que freqüenta assiduamente, mas tem pessoas que vem, passam...Teve um dia que a gente tava confeccionando os bonecos ali fora, a massa do papel machê ali e passava gente da comunidade senhora, garoto, garota e todo mundo se interessava e as vezes botava a mão na massa. E dos 15 bonecos que era para ter, ficaram 30 bonecos.
Foi uma experiência muito boa, eu acho que eles se interessam muito quando eles percebem que pode dar fruto, que aquilo ali pode dar algum tipo de fruto, que eles podem trabalhar com aquilo, que eles podem se descobrir ali, que aquilo tem utilidades pra eles.
AVALIAÇÃO DO PROJETO Esse projeto, eu acho fundamental. É muito importante que eles saibam da história, porque eu acho que qualquer pessoa que sabe onde está sua raiz pode crescer de uma maneira mais produtiva e menos massificada. Eu acho que quem não sabe de onde veio fica até mais difícil de saber o caminho que está percorrendo, sonhar aonde vai querer chegar. Fica meio perdido nesse movimento de massa, principalmente a televisão que oferece os modismos.Recolher