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Por: Museu da Pessoa, 16 de junho de 2017

A morena de amarelo

Esta história contém:

A morena de amarelo

Vídeo

O meu nome completo é Coraci da Silva Neiva Batista. Na época em que eu fui registrada e onde nasci era Coracy, com y. Acontece que quando eu fui estudar no curso primário, que veio a reforma ortográfica, a professora tirou o y e botou o i! Eu nunca mais tirei, porque os outros documentos foram sendo escritos com i. Dá raiva, eu queria estar com o y. Eu nasci em Miraí (MG) e eu vim para Paracatu pequenina, nunca mais mudei daqui, amo Paracatu como se fosse a minha terra natal.

A cidade era toda calçada de pedras, pedras enormes. Casas coloniais pregadas uma na outra. E [a casa onde eu morava] era perto do beco, o Beco dos Malcasados, um bequinho que tinha ali. A minha casa era aquelas casas coloniais. E as pessoas sentavam nos degraus pra ficar batendo papo de noite, ou punha cadeira lá em cima para se encontrarem e conversar.

Essa casa ainda existe: [rua] Manoel Caetano, 107. Assoalho de tábuas largas, uma cozinha de cimento e tinha uma sala e três quartos. Depois, um outro cômodo grande, que a gente chamava de varanda, o banheiro e depois a cozinha e a dispensa, que guardava os alimentos. E o quintal, maravilha de quintal. Enorme e até onde abriu a avenida. O quintal era como se fosse um pomar, tinha tantas qualidades de frutas, parreira, laranjeira, mangueira, abacateiro... Uma variedade imensa. E eu, quando criança, em Paracatu, todo ano, vinha de fora um circo. Era a distração do povo, ir ao cinema, aquele prédio enorme que tinha lá perto da igreja do Rosário, ou ao circo. E nós crianças íamos ao circo, acabamos encantadas com os trapezistas. Sabe o que fazia? Eu era um capetinha, viu? Chegava em casa, as crianças iam brincar no meu quintal porque tinha muita fruta, e eu subia nas árvores e fazia tudo o que eu via o trapezista fazer no circo, dava um show de trapezista lá! Nessa casa que era assim, né?

Praia do Macaco, praia do Vigário, meu pai me levava e ficava sentadinho no barranco e eu nadando, brincando nas águas que corriam....

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Retrato

Aos seis anos, foi levada pelo pai para tirar retrato.

local: Brasil / Minas Gerais / Miraí
história: A morena de amarelo
tipo: Fotografia

Pai

Retrato do pai, Josino da Silva Neiva.

período: Ano 1907
local: Brasil / Minas Gerais / Paracatu
história: A morena de amarelo
tipo: Fotografia

As praias de Paracatu

Praia do Vigário, onde ia brincar na infância.

local: Brasil / Minas Gerais / Paracatu
história: A morena de amarelo
tipo: Fotografia

Moça

Com o broche de ouro, aos 16 anos.

período: Ano 1947
local: Brasil / Minas Gerais / Paracatu
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tipo: Fotografia

Quintal de lembranças

Casa que morou, na rua Manoel Caetano, 107. Água era tirada da cisterna e tinha um quintal cheio de flores e frutas.

local: Brasil / Minas Gerais / Paracatu
história: A morena de amarelo
tipo: Fotografia

Turma da escola

Alunas da Escola Normal, Maria Costa (Lilia), Maria José Caldas – em pé, América e Coraci – sentadas, no jardim em frente à escola.

período: Ano 1949
local: Brasil / Minas Gerais / Paracatu
história: A morena de amarelo
tipo: Fotografia

Formanda

Formatura da Escola Normal Antonio Carlos.

período: Ano 1950
local: Brasil / Minas Gerais / Paracatu
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tipo: Fotografia

A Gruta de Vênus

Gruta de Vênus, onde hoje é a mina da Kinross, antes era um lugar para nadar. Lembra-se da cachoeira que também existia no local.

período: Ano 1950
local: Brasil / Minas Gerais / Paracatu
história: A morena de amarelo
tipo: Fotografia

Octagenária

Festa de 80 anos de Coraci. Da esquerda para a direita: quarto filho Marcio, Coraci, terceiro filho Deosino, primeira filha Julieta, segundo filho Geovani.

período: Ano 2012
local: Brasil / Minas Gerais / Paracatu
história: A morena de amarelo
tipo: Fotografia

Artista e obra

Abertura da exposição na Casa de Cultura.

local: Brasil / Minas Gerais / Paracatu
história: A morena de amarelo
tipo: Fotografia

Homenagem

Pai com o grupo de professores da escola de Miraí. No dia, estava recebendo uma homenagem por sua aposentadoria no cargo de diretor da escola, no salão de festas do Clube Mirahy.

período: Ano 1934
local: Brasil / Minas Gerais / Miraí
história: A morena de amarelo
tipo: Fotografia

Filho na escola

Sala da escola no Afonso Arinos, o segundo estudante da fileira do meio é o filho de Coraci.

local: Brasil / Minas Gerais / Paracatu
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tipo: Fotografia

Estudos

Instituto de Educação, segundo ano de Administração escolar. Coraci é a terceira sentada da esquerda pra direita.

período: Ano 1956
história: A morena de amarelo
tipo: Fotografia

Marido e mulher

Com o marido Álvaro Batista de Oliveira em algum baile.

local: Brasil / Minas Gerais / Paracatu
história: A morena de amarelo
tipo: Fotografia

Hora de ir embora

Diretora do grupo escolar na hora da saída.

local: Brasil / Minas Gerais / Paracatu
história: A morena de amarelo
tipo: Fotografia

Procissão

Procissão em Paracatu, na Rua Goiás.

local: Brasil / Minas Gerais / Paracatu
história: A morena de amarelo
tipo: Fotografia

Nem tudo que reluz é ouro!

Na Gruta, hoje mina do Ouro da Kinross.

local: Brasil / Minas Gerais / Paracatu
história: A morena de amarelo
tipo: Fotografia

Corpo docente

Corpo docente do grupo escolar Afonso Arinos. Coraci, já diretora, é a quarta sentada da esquerda para a direita. Ao seu lado esquerdo está a vice-diretora, Alice Eva.

período: Ano 1958
local: Brasil / Minas Gerais / Paracatu
história: A morena de amarelo
tipo: Fotografia

Velha infância

Coraci e os amigos da escola. Retrato dado de presente por uma das mães dos amigos. Irene, Coraci, Zezé, Dedé, Milton, Pedro e Irene.

período: Ano 1938
local: Brasil / Minas Gerais / Paracatu
história: A morena de amarelo
tipo: Fotografia

Sessão de autógrafos

Lançamento do livro Vivências e Contrastes. Na foto, Coraci está autografando um exemplar para Maria do Céu. Ao fundo, uma tela sua.

local: Brasil / Minas Gerais / Paracatu
história: A morena de amarelo
tipo: Fotografia

Dados de acervo

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Projeto Kinross Paracatu

Depoimento de Coraci da Silva Neiva Batista

Entrevistada por Márcia Ruiz e Fernanda Prado

Paracatu, 16/06/2017

Realização Museu da Pessoa

KRP_HV24_Coraci da Silva Neiva Batista

Transcrito por Karina Medici Barrella

P/1 – Dona Coraci, eu gostaria de agradecer em nome do Museu da Pessoa e da Kinross a senhora nos receber aqui na sua casa e participar do projeto. Eu queria que a senhora falasse o seu nome completo, o local que a senhora nasceu e a data de nascimento.

R – Olha, o meu nome completo é Coraci da Silva Neiva Batista. Na época em que eu fui registrada e onde nasci era Coracy, com y. Acontece que quando eu fui estudar no curso primário, que veio a reforma ortográfica, a professora tirou o y e botou o i! Eu nunca mais tirei o i porque os outros documentos foram sendo escritos com i. Dá raiva, eu queria estar com o y. Eu nasci na cidade de Miraí (MG), Zona da Mata, em 13 de junho de 1932.

P/1 – E o nome dos seus pais?

R – O meu pai chamava Josino da Silva Neiva e a minha mãe, Elvira Rodrigues Neiva. A minha mãe era filha de um português. Eu morro de rir porque eu fico contando pras pessoas, meu avô materno chamava-se (diz o nome com sotaque português) Manuel Soares Rodrigues (risos), que os portugueses adoravam casar com outra raça. Esse, Manuel Soares Rodrigues, veio conhecer Paracatu, conheceu a minha avó na fazenda e casou-se com ela. E o meu pai, eu conto e não importo, faço questão de contar, o meu pai chamava-se Josino da Silva Neiva. O avô dele, que é meu bisavô, era Antônio da Silva Neiva, nasceu em Portugal também, mas teve a minha bisavó com uma escrava, acho que é escrava, da raça negra. Ontem eu estava lendo a história de Portugal, como que eles cruzavam português com índio, português com a raça negra, por isso que é tudo miscigenado, né?

P/1 – E os seus avós faziam o quê, por parte de pai e por parte de mãe.

R – O meu pai era um dos intelectuais famosos da época da...

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Título: A morena de amarelo

Data: 16 de junho de 2017

Local de produção: Brasil / Minas Gerais / Paracatu

Autor: Museu da Pessoa

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