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Personagem: Anesio Biancon
Por: Museu da Pessoa, 15 de outubro de 2018

A jornada do seu Anésio

Esta história contém:

A jornada do seu Anésio

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Anesio Biancon, senhor de 79 anos, baixinho, invocado, inteligente e curioso, tem uma história de vida parecida com muitos de sua idade. Nasceu na Fazenda União em Santa Cruz do Rio Pardo-SP. Sua infância foi difícil, morava na fazenda onde ajudava os pais tirando leite e na lavoura de café. Teve três irmãos, dois homens e uma mulher, só a caçula está viva. Brincava com os irmãos nadando no ribeirão, jogando bola e caçando com estilingue. Estudou até o terceiro ano da “escola do sítio”, andava uns dois quilômetros para chegar, não gostava de estudar e não se considerava inteligente. Na juventude teve algumas namoradas, umas foi ele quem largou, outras largaram dele. Gostava muito de bailes, não dançava muito bem, sempre iam á bailes, os irmãos, os primos e ele que era o mais novo, quando chovia, eles moravam em uma fazenda e os bailes aconteciam em outra, tiravam a roupa colocavam em um saquinho, atravessavam o cafezal pelados só com o “botinão”, quando chegavam perto do baile, se lavavam no cocho dos animais e se trocavam, colocavam o saquinho na cobertura do cocho e iam para o baile. Quando acabava o baile, passava pelo cocho tiravam a roupa e voltavam pelados para casa. Seu Anesio desde pequeno queria aprender dirigir, enquanto trabalhava na lavoura de café ficava observando o vizinho trabalhar com o trator, fez amizade com ele e pediu para que o ensinasse, assim que aprendeu, passou a trabalhar com trator fazendo transporte de milho de um sítio para outro. Depois trabalhou como motorista de caminhão transportando material de construção e cana de açúcar. Decidiu ir embora para São Paulo, ficou na casa de uns primos em Guarulhos, lá dormia em uma cama desmontável embaixo de uma mesa. Foi para São Paulo com o pensamento de que lá ninguém o conhecia e por isso podia até ser varredor de rua. Conseguiu um emprego de ajudante geral em uma empresa de móveis, um dia na falta do motorista o patrão...

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Quinze de outubro de 2018

Depoente Anésio Biancom

Entrevistadora Lia Cristina Lotito Paraventi, Noêmia de Fátima Ribeiro e Lesliane de Souza

Projeto todo lugar tem uma história para contar

Santa Cruz do Rio Pardo, HV 001

P/1 - Senhor Anésio, o senhor sabe quem deu seu nome? De onde surgiu o nome Anésio?

R - Não lembro, mas deve ser meus pais, sei lá, não sei.

P/1 - Não conhece?

R - É.

P/1 - Então conta para a gente um pouquinho. Pode falar sobre o seu pai, sua mãe, sua família.

R - Certo. Meu trabalhava no sítio com carroça puxando uma coisa, puxando outra, a minha mãe também ajudava ele trabalhando no cafezal, apanhava café, carpia café. Depois meu pai começou a mexer com gado, tirar leite e nós ajudávamos ele, amarrava perna de vaca, amarrar bezerro, ajudar na roça mesmo também, nós fazíamos de tudo, filha. Nós sofremos que nem sovaco de aleijado mesmo viu, sofremos mesmo, barbaridade. Aí foi indo e eu comecei a aprender a mexer com trator, aí eu aprendi a mexer com trator e vai daqui, ara para lá, ara para cá acabei aprendendo, mexendo com trator de esteira. Trabalhei tempo derrubando árvore, tomando mordida de abelha. Fazia de tudo, filha, sofria mesmo, fazia cada pirambeira dos infernos. Escapei de morrer um par de vezes também com trator. Daí aprendi a mexer com caminhão, com carro, aí vai daqui, vai dali, fui puxar material de construção, aí passei para a usina, puxar cana, aí na usina e puxa cana ali, vai daqui, vai dali, e um domingo eu não quis trabalhar, que era obrigado para ir domingo, e mandaram eu embora. Aí eu fiquei aqui na cidade e inventei de trabalhar de boia-fria, fui trabalhar de boia-fria e todo mundo tirava sarro de mim, “Põe primeira, põe segunda”. Aí peguei e fui para São Paulo, para a casa dos meus primos lá em São Paulo, em Guarulhos, cheguei lá eu falei: “Aqui eu vou trabalhar de varredor de rua, ninguém me conhece, ninguém vai tirar sarro de mim”, e procurei serviço...

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