P/1 – Caio, boa tarde.
R – Boa tarde, tudo bem, gente?
P/1 – Primeiro, obrigada por você ter vindo aqui no Museu e eu vou começar pedindo para você falar seu nome completo, o local e a data de nascimento.
R – Bem, meu nome é Caio Baldassari Alciati Rodrigo, sou daqui de São Paulo mesmo e nasci em 15 de outubro de 1986.
P/1 – Qual é o nome dos seus pais?
R – Ok, o nome da minha mãe é Silvana Baldassari Alciati Rodrigo e meu pai, Emílio José Rodrigo Neto.
P/1 – Fala um pouquinho deles, qual é a atividade deles?
R – Olha, minha mãe... Hoje em dia, somos donos de cafeterias, temos dois cafés em São Paulo, um no centro e outro no aeroporto. Meu pai é falecido desde que eu tenho oito anos de idade, mas ele era consultor de empresas. E minha mãe trabalha nesse meio de gastronomia e eu estou dentro dele também agora, né?
P/1 – Você chegou a conhecer seus avós?
R – Conheci, conheci. Só não conheci um avô meu que faleceu antes de eu nascer, por parte de pai, o resto conheci.
P/1 – E eles eram daqui de São Paulo?
R – Não. Dois eram portugueses, um era italiano e a outra, uma italiana nascida no Brasil, quase uma italiana também.
P/1 – E os seus avós portugueses vieram pra cá?
R – Vieram pra cá, isso. E o meu avô italiano também, no pós-guerra.
P/1 – Você sabe como os seus pais se conheceram?
R – Hum, não. Sinceramente, não.
P/2 – E o seus avós, você sabe qual é a história de vir pra cá?
R – Meu avô era paraquedista da Itália na Segunda Guerra, então depois que tudo acabou ele veio pra cá buscando uma chance também, como muitos italianos. Agora, meus avós portugueses eu já não sei, sei que eles eram de um vilarejo muito pequeno lá e acabaram vindo pra cá, para o Brasil.
P/1 – Aí eles vieram para São Paulo?
R – São Paulo.
P/1 – Então você contou um pouquinho...
Continuar leituraP/1 – Caio, boa tarde.
R – Boa tarde, tudo bem, gente?
P/1 – Primeiro, obrigada por você ter vindo aqui no Museu e eu vou começar pedindo para você falar seu nome completo, o local e a data de nascimento.
R – Bem, meu nome é Caio Baldassari Alciati Rodrigo, sou daqui de São Paulo mesmo e nasci em 15 de outubro de 1986.
P/1 – Qual é o nome dos seus pais?
R – Ok, o nome da minha mãe é Silvana Baldassari Alciati Rodrigo e meu pai, Emílio José Rodrigo Neto.
P/1 – Fala um pouquinho deles, qual é a atividade deles?
R – Olha, minha mãe... Hoje em dia, somos donos de cafeterias, temos dois cafés em São Paulo, um no centro e outro no aeroporto. Meu pai é falecido desde que eu tenho oito anos de idade, mas ele era consultor de empresas. E minha mãe trabalha nesse meio de gastronomia e eu estou dentro dele também agora, né?
P/1 – Você chegou a conhecer seus avós?
R – Conheci, conheci. Só não conheci um avô meu que faleceu antes de eu nascer, por parte de pai, o resto conheci.
P/1 – E eles eram daqui de São Paulo?
R – Não. Dois eram portugueses, um era italiano e a outra, uma italiana nascida no Brasil, quase uma italiana também.
P/1 – E os seus avós portugueses vieram pra cá?
R – Vieram pra cá, isso. E o meu avô italiano também, no pós-guerra.
P/1 – Você sabe como os seus pais se conheceram?
R – Hum, não. Sinceramente, não.
P/2 – E o seus avós, você sabe qual é a história de vir pra cá?
R – Meu avô era paraquedista da Itália na Segunda Guerra, então depois que tudo acabou ele veio pra cá buscando uma chance também, como muitos italianos. Agora, meus avós portugueses eu já não sei, sei que eles eram de um vilarejo muito pequeno lá e acabaram vindo pra cá, para o Brasil.
P/1 – Aí eles vieram para São Paulo?
R – São Paulo.
P/1 – Então você contou um pouquinho pra gente que você é filho único. Como era sua infância? Onde era a casa da sua infância?
R – Olha, eu tive uma infância aqui em São Paulo, só que também eu passei uma grande parte em Ilhéus, na Bahia, que era onde eu ia passar três meses por ano praticamente, quase moramos lá em Ilhéus, e cresci por lá. Tenho muitas amizades, meu padrinho é baiano, de lá, e cresci na praia.
P/1 – E como é que era? Quem vocês iam ver lá em Ilhéus?
R – Meus pais foram uma vez pra lá para tirarem férias e criaram um grupo de amigos, um grupo de amizade entre as pessoas lá, e depois começamos a volta, a voltar e tinha muita gente, a gente conhece praticamente metade da cidade. Eles são muito queridos por nós e nós somos muito queridos por eles.
P/1 – E onde você morava aqui em São Paulo?
R – Aqui, eu sempre morei no Morumbi e agora só mudei de apartamento.
P/1 – Era apartamento?
R – Era apartamento.
P/1 – Desde pequenininho em apartamento?
R – Desde pequenininho sempre morei em apartamento, mas sempre estava na casa da minha avó, que era aqui perto da Alfonso Bovero, que é Pompéia, Lapa, não sei direito.
P/1 – E você tem primos?
R – Tenho poucos, minha família é bem pequena. Tenho três primos por parte da minha mãe e mais dois na parte do meu pai. Agora tem as criancinhas também, que não deixam de serem meus primos, que são três molequinhos.
P/1 – E do que você gostava de brincar?
R – Ah, de tudo. Jogava muito videogame quando era criança, adorava jogar videogame, mas adorava também jogar bola, as brincadeiras todas; taco, base quatro, queimada, tudo isso, e lá na escola a gente brincava muito lá, muito.
P/1 – Você tinha amigos no prédio, quem era o seu grupo de amigos?
R – Tinha bastante amigos no prédio e na escola, todo mundo, e tenho amigos até hoje da escola, desde a época de criancinha mesmo.
P/2 – Vocês brincavam lá embaixo no prédio?
R – Brincava, lógico, brincava. Trocava de casa, ia lá em cima, descia na piscina, não parava.
P/1 – E quais festas que você lembra, assim, de comemorar na sua casa?
R – Na minha casa? É família italiana, domingo – domingueiras e domingueiras – ou era lá em casa ou na casa dos meus avôs, sempre tinha, todo aniversário de primo e prima, como a família é pequena – tios, avós – era todo mundo reunido em casa e eram aniversário e aniversários.
P/2 – E como eram essas domingueiras?
R – Ah, aquela mesa básica italiana barulheira – até hoje, né – barulheira, comida e todo mundo falando e todo mundo dando risada, tudo bem gostoso.
P/1 – Assim, você tem fato marcante da sua infância que você gosta de lembrar ou que foi significativo pra você?
R – Ah, as férias que eu passava lá em Ilhéus, todos esses períodos que eu passei em Ilhéus foram fantásticos, fantásticos.
P/2 – Vocês ficavam só em Ilhéus ou viajavam pela Bahia?
R – Não, a gente ficava mais em Ilhéus. O meu padrinho tinha uma casa numa praia antes de Itacaré, uma praia do Praia do Norte, e a gente ia muito para lá passar um dia ou dois dias, a gente ia pra Itacaré, mas ficava muito em Ilhéus mesmo. Depois, a gente começou a visitar uma outra cidade que se chama Prado, a gente perdeu um pouco o contato com o pessoal depois que meu pai faleceu, e descobrimos Prado, que é uma cidade assim, minúscula, minúscula, acho que não tem nem quinze mil habitantes, chutando alto ainda, e lá era outro esquema de Ilhéus, porque lá era cidade pequena, não conhecia tanta gente, mas era super gostoso também.
P/1 – E o que vocês faziam nessas viagens?
R – Ah, eram férias, literalmente, férias: praia, sol, piscina. Sempre teve muita comida envolvida, meu padrinho era dono de restaurante, então comecei a brincar de cozinhar cedo, gostava pra caramba. Era praticamente praia, piscina e acabou.
P/1 – E você o acompanhava na cozinha, ele deixava você fazer?
R – Ah, acompanhava, acompanhava um pouco. Quando eu não estava de birrinha, eu ia lá e acompanhava.
P/2 – Você passava as férias do Natal e Ano Novo ou geralmente julho?
R – A gente passava julho, ia para lá em julho, porque para o meu pai era o paraíso dele, passava julho, passava Natal e Ano Novo. Ano Novo sempre lá, Natal, algumas vezes a gente passava aqui, outras vezes o resto da família chegou a ir pra lá com a gente para passar esses períodos festivos.
P/1 – Você lembra quando entrou na PlayPen?
R – Eu tinha dois anos de idade. (risos)
P/1 – Dois aninhos? E quais são as suas primeiras lembranças da escola?
R – As primeiras lembranças? Ah, eu acho que é o espaço que a gente tinha lá e chamava de play, que era o pátio de recreio que tinha atrás da escola, antes, quando a escola era só casinhas, não era essa escola que tem hoje, lembro, sentado na sala de aula no círculo, eu lembro das professoras falando em inglês com a gente já desde de criança. Acho que são as primeiras lembranças mesmo. E os aniversariozinhos dos amiguinhos e os meus que iam mágico, brincadeira, ia bolo, ia tudo.
P/1 – Tinha algum brinquedo do play que você gostava mais?
R – Brinquedo em si, tinha um brinquedo lá que foi ontológico pra gente, que era como se fosse uma tirolesa que ficou por muitos anos lá e acho que até tiraram depois que eu saí.
P/2 – Você sabe porque seus pais te colocaram na PlayPen?
R – Olha, minha mãe conta uma história pra mim que quando começaram a procurar escola, me levou no Santo Américo e eu comentei com ela que o padre parecia o Batman, porque ele usava uma capa, até hoje, e ela falou: “Bom, acho que aqui não é a melhor escola pra você.” Daí depois fui conhecer o PlayPen e achou interessante o ambiente e a ideologia da escola, daí me colocou para lá.
P/1 – E o que mais você se lembra da parte que você era pequenininho, assim, dos aniversários, como você se sentia na escola?
R – Ah, eu adorava a escola, adorava meus amigos, adorava tudo lá. Eu lembro que no comecinho, até minha mãe comenta que eu era birrento, birrento, logo que entrei na escola eu era birrento, não queria ir para a escola, não queria nada, mas depois me acostumei e adorava tudo, não tinha o porquê não gostar de lá.
P/1 – E a hora do lanche?
R – Tinha o lanche. Todo dia tinha fruta e na sexta-feira era a alegria da criançada, que vinha um pãozinho com requeijão, Nescau. Era bem isso mesmo.
P/1 – E como era o lanche? Era dentro da classe?
R – Era dentro da sala de aula, traziam o lanche, todo mundo cumprimentava a Marinalva, você deve ter entrevistado, provavelmente. Ela que está aí na filmagem? Ela veio hoje?
P/2 – Ela veio terça-feira, foi essa semana.
R – Que pena. E aí, todo mundo comia junto, na sala de aula mesmo, depois ia brincar um pouco, era o intervalo, acredito que era.
P/1 – Você lembra quando começou a entrar o português, assim, se foi difícil a alfabetização, as primeiras letras?
R – Olha, não sei, não tenho tanta lembrança disso, mas eu vejo, assim, que eu penso que era uma coisa meio em conjunto, tinha o inglês, mas conversava-se também em português, tinha essa alfabetização em português.
P/1 – Você estudou lá até que período?
R – Até a oitava série. Fui da primeira turma a completar a oitava série. Antes disso, eles tentaram, tentaram, e nunca conseguiram: ia até a quarta, uma vez foi até a quinta, sexta série, daí terminei na oitava série com seis alunos na sala, mas terminamos.
P/1 – Então, vamos falar da primeira parte do Fundamental Um: como é que eram as aulas? Você lembra de alguma professora que foi marcante?
R – Olha, voltando na escolinha pequenininho, ali tinha uma professora que era a Marta, que era uma professora que virou muito amiga da minha família, da minha mãe – adorava a Marta – e ela foi uma professora que me marcou bastante como pessoa.
P/2 – E você lembra o por quê?
R – Ah, não sei, hoje em dia não tenho essa lembrança, mas sei que era uma pessoa que eu gostava muito dela. Daí depois – agora eu não vou lembrar – mas teve a Rosana que continuou por muitos anos na escola, daí já foi mais para Fundamental. Os professores de inglês que não me recordo o nome também, foram sempre presentes, né, e quem mais de professora? Não vou lembrar.
P/1 – Tinha algum momento na escola que você gostava mais? Uma matéria, uma aula?
R – Eu gostava bastante das aulas de inglês, apesar de que a gente sempre tentava fugir quando criança. Esses amigos que a gente tinha, ainda tenho alguns deles, sempre inventavam, depois do almoço, não querer voltar para a aula, daí dava aquela fugida, pegava a mochila, pulava a janela com a mochila e ia se esconder no pátio, até a Guida ia atrás da gente uma vez ou outra, caçar a gente. As aulas de Educação Física, as coisas eram ótimas, depois da aula também, tinha aula de judô na escola – isso quando eu era criança – e fiz judô lá por vários anos e adorava também. Douglas Vieira foi nosso professor lá de judô, era uma pessoa fantástica, ainda é.
P/1 – Vocês iam para competição de judô?
R – Eu cheguei a ir em três competições de judô, acredita? Três ou quatro, que ele levou a gente.
P/1 – E como era? O que você sentia no momento da competição?
R – Ah, era aquele molequinho ansioso pra caramba pra acabar logo o negócio, né?
P/2 – Tinha cerimônia de troca de faixas?
R – Fazia, tinha tudo isso. Tinha cerimônia de troca de faixa, tudo na escola mesmo, todo mundo participando, com um mini campeonatinho, com apresentação. Bem gostoso.
P/1 – Você se lembra de alguma atividade do dias das mães?
R – Várias, dia das mães, festa junina. As festas juninas da escola eram fantásticas, tiveram festas que até chegaram a alugar sítio fora e a gente foi pra lá e era uma delícia; Halloween então, nem se fala. O Halloween que pegava toda a criançada, ia para o Shopping Iguatemi pedir doces nas lojas lá, era muito gostoso.
P/1 – Você foi?
R – Fui várias vezes.
P/1 – Como é que era, você ia fantasiado?
R – Ia todo mundo fantasiado...
P/1 – Quais eram as fantasias?
R – Eu não me lembro das fantasias agora, todo mundo fantasiado no meio do jovem, ninguém entendendo o que estava acontecendo, depois de um ou dois anos que as pessoas das lojas começaram a se mobilizar para estarem com doce para entregarem pra gente, e era uma farra.
P/1 – E você se lembra de uma loja que não deu doce e vocês fizeram alguma brincadeira?
R – Tinha, tinha, o pessoal brincava, a gente vaiava, fazia careta, tirava um sarro da loja. Não sei se eles ainda fazem isso, acredito que devam fazer, né, não sei se alguém comentou com vocês. Não, primeiro aluno, né?
P/1 – E o que mais tinha de Halloween, as atividades, o que vocês faziam?
R – Halloween tinha música, eles cantavam músicas e faziam trabalhos sobre Halloween, tinha muita música, músicas em inglês de Halloween, eram muitas que a gente saía cantando, ensaiando...
P/2 – Lembra alguma?
R – Eu lembro que tinha essa parte musical, mas não lembro, não lembro.
P/1 – E de festa junina, tinha quadrilha?
R – Quadrilha, tudo que uma festa junina tem direito a ter, tiveram até alguns anos que tentaram fazer algumas festas juninas, o americano, né, que é aquela quadrilha americana mesmo, square dance, a quadrilha quadrada mesmo, mas logo que eu estava na sexta ou sétima série. Era tudo festa junina completa: padre, noiva, noivo, pai da noiva, espingarda, tudo.
P/1 – Você se lembra de alguma dificuldade na hora de passar para o quinto ano, para a quinta série, que já viram vários professores?
R – Não, não. Acho que foi uma transição bem tranquila lá, não sei se era pelo fato da gente já ter essa divisão de ter dois professores num dia só sempre, porque era até o meio dia uma aula, todas as matérias em português e depois a matéria em inglês, mas eu não me lembro de ter essa dificuldade. Foi mais complicado quando saí da oitava série para o colegial, não muita complicação também por causa do tamanho da escola, mas essa transição do fundamental para o ginásio – como é que chama, eu acho – não teve nenhum problema.
P/1 – E como era ter matemática em português e depois matemática em inglês ou ciência?
R – Eu cheguei a ter um ou dois anos de ciências em inglês lá, mas foi meio estranho assim, mas acho que pela escola e os alunos estarem sempre falando em inglês toda hora, todo dia, não foi uma coisa tão difícil. A gente teve uma birra de ter isso daí em inglês, chegou a ter uma birra porque ninguém queria ter, mas no final, quem manda é a escola e a gente teve de ter.
P/1 – E você falava em inglês em outras ocasiões?
R – Falava, lembro da gente, a criançada, saindo para alugar fora da escola ou intervalo mesmo pegando e falando em inglês um com o outro.
P/1 – Era normal?
R – Era normal, chegava a ser normal, estava na casa de alguém e falava e conversava em inglês. Hoje em dia não mais, perdeu-se tudo, mas na época eu falava.
P/1 – E teve algum professor dessa parte de mais velho que te marcou?
R – Ah, teve. O Rafael, nosso professor de Matemática e Física era um cara fantástico, que é marido dessa Rosana, também a Rosana estava lá. Eu tive uma professora de inglês na oitava série, que foi uma espanhola que veio para o Brasil, que participava do projeto lá da Quinta Dimensão e ela foi uma professora que me marcou muito, muita coisa que eu fiz depois foi devido a ela, eu saí, fui viajar, a gente tinha até o costume de ir na casa dela, isso a gente na oitava série, ir na casa dela para conversar e tudo, a levei em shows aqui em São Paulo. Foi a professora que hoje em dia é minha amiga, eu fui para Espanha duas vezes e fiquei hospedado na casa dela e tudo.
P/1 – Então, conta um pouquinho pra gente o que era esse projeto Quinta Dimensão?
R – Quinta Dimensão era um projeto que uma americana trouxe pra cá e queria integrar e daí que surgiu o primeiro intercâmbio para São Francisco, foi para visitar, em parte, esse projeto, que são escolas, tem uma integração entre escolas, a gente acaba também ensinando os alunos mais novos a usar o computador, coisas de informática, misturar essa parte de ensino com a informática. E eu não lembro muito bem do projeto em si, mas eu lembro que tinha essa parte de interagir com outras escolas, até quando a gente foi para São Francisco a gente visitou escolas lá, falou do Brasil e mostrou e eles tinham a Quinta Dimensão deles lá.
P/1 – E qual era a sua participação nessa Quinta Dimensão?
R – Quando mais velho, a gente trabalhava com as crianças nos computadores com a parte de informática, daí tinham os jogos que ensinavam, tinham brincadeiras que a gente fazia com eles e tinha coisa para ler também, para ensinar a pesquisar na internet.
P/1 – E como era a relação dos alunos mais velhos com os pequenos?
R – Ah, uma relação muito gostosa, até que hoje em dia encontro gente mais nova que me reconhece: “Nossa, Caio, é você?” Então todo mundo era muito unido, como a escola era minúscula, todo mundo era conhecido, todo mundo era unido, todo mundo se respeitava bastante lá e acho que nunca vi nada demais acontecer naquela escola. Tenho amigos hoje que eram alunos de um ou dois anos mais novos do que eu.
P/1 – E conta um pouquinho de como é que eram as coisas no corredor, lá fora, em volta da jabuticabeira, o que vocês faziam.
R – Ah, era uma brincadeira só, o intervalo era almoçar rápido e jogar bola, ou quando mais velho, como as casas eram separadas da quinta e da oitava série, então tinha o espaço todo nosso e que a gente ficava por lá conversando, jogando bola, descansando. Depois a gente conseguiu a cobertura, eles fecharam a cobertura com uma grade, então lá em cima era um espaço para gente também ficar por lá tranquilo da vida.
P/1 – Então, quando você foi crescendo e mudou de casinha, por que é isso?
R – Isso, porque a casa principal, depois eles compraram a casa ao lado, que era uma escola de balé, até que as salas de aula tinham ainda todos os espelhos, barra de balé. Daí cresceu e essa parte virou o ginásio, vamos dizer assim.
P/1 – E como foi estudar lá e ir crescendo junto com a escola?
R – Crescemos junto, né, a gente esperava esse projeto de expandir a escola que teve agora há um bom tempo já, mas aí foi aos poucos adaptando, se adaptando, e a gente também. Então tinha uma sala de aula nossa que não era uma sala de aula, era uma coisa adaptada para ter aula. Sala de artes era uma parede toda de vidro que dava para a rua. Adaptado, porém era bem aconchegante, bem gostoso.
P/1 – E você se lembra de aulas de música, chegou a ter?
R – Chegou a ter música, com certeza, a gente chegou a ter por alguns anos música. Aula de artes era muito forte lá, até que a professora de Artes, era a Maria Teresa, ou só Teresa, é mãe de uma amiga minha também. Ela era brava e queria ensinar arte para criançada lá e conseguia.
P/1 – E por falar em artes, você chegou a participar de alguma bienal da escola?
R – Da Bienal que teve a história da Tomie Ohtake, nós fizemos quadros inspirados na Tomie Ohtake, teve o livro dela, conhecemos ela. E teve mais uma pessoa, um outro artista que agora eu não vou lembrar, mas participamos, fomos na exposição dela, conhecemos, e Bienal a gente ia direto, não sei se era pela escola ou se era com a minha mãe, mas eu acho que era mais pela escola, visitava também.
P/1 – E como é que foi essa coisa primeira da Tomie Ohtake de encontrar com ela, uma artista, um escritor?
R – Eu não lembro muito bem, não. Eu lembro mais da gente tendo que fazer um quadro baseado na obra da Tomie Ohtake, que era a coisa mais abstrata, assim, mas de conhecer ela, não lembro, não tenho muita recordação.
P/2 – Você falou também da viagem para São Francisco, e como foi essa viagem?
R – Nossa, foi uma coisa fantástica, delicioso, porque a gente foi pra lá na Universidade de Berkeley e conhecemos aquilo ali e foi a primeira vez que vi uma Universidade daquele tamanho, eu achei uma coisa absurda, aquelas construções enormes, gramados, campos, e sempre a gente fazendo atividades e visitando, tivemos intercâmbio com alunos da Universidade e até um desses alunos, era essa Eva e um outro americano, John, que veio com ela para o Brasil para participar da Quinta Dimensão. E a gente deu uma palestra, com doze anos – não sei – dando palestra para os universitários de lá sobre o Brasil, sobre o começo da Quinta Dimensão no Brasil, e depois visitamos essas escolas, levamos leite condensado, levamos uma cassetadas de coisas lá. E foi uma delícia, conhecemos a cidade, passeamos pra caramba também.
P/1 – E quanto tempo vocês ficaram?
R – Uma semana, talvez.
P/2 – Quantos alunos foram?
R – Ah, assim vocês me complicam! Acho que era um grupo de doze a quinze alunos, talvez. Acredito que seja isso. Não era muita gente, mas também... E tinha gente de todas as idades, tinha a gente, eu e outras pessoas, que eram os mais velhos e ia um pessoal mais novo também.
P/1 – E você se lembra de algum Estudo do Meio que você fez com a escola que foi marcante, que você achou que foi importante?
R – A gente foi fazer Estudos do Meio na praia, agora não lembro em que praia, interior, talvez. Eu lembro uma vez que a gente viajou para o sítio de uma outra professora que foi a Maria Laura – que foi outra mulher fantástica, fantástica, fantástica. A gente foi passar um final de semana no sítio dela pra ver as estrelas, era no meio do nada e a noite lá estava limpa, limpa, com uma professora de Ciências, com aula em inglês, ver as estrelas; e foi outra coisa que também foi uma delícia.
P/1 – E aí, vocês viram as constelações?
R – Vimos, vimos tudo, tiramos fotos com câmera aberta – é assim que fala, que faz a circunferência – e tudo foi bem gostoso.
P/1 – E hoje você pega uma noite limpa que dá para ver, você reconhece algumas?
R – Algumas coisas, sim. Foi por isso mesmo que eu... Uma coisa ou outra a gente reconhece.
P/1 – Quando teve a mudança da escola para a casa provisória, você já não estava mais?
R – Não, já não estava. Foi logo depois que eu saí, logo depois que eu me formei, mas cheguei a visitar o pessoal lá e conheci a casa provisória.
P/1 – Então conta um pouquinho, como foi se formar na PlayPen?
R – Ah, foi um finalmente, né? Porque aquela coisa, fizemos a quarta série, abrimos a quinta série, abrimos a sexta série, abrimos a sétima série, abrimos a oitava série e fechou, nos formamos, então, foi uma festa pra todo mundo, não só para gente, como para os professores, pra Guida. Eu não lembro da festa direito como foi, mas foi uma alegria, finalmente, e eu não queria sair dA PlayPen na quarta série, muito menos minha mãe queria me tirar de lá, porque ela adorava o ambiente, adorava tudo e foi ótimo ter terminado lá mesmo.
P/1 – E como era a sua relação com os funcionários da escola, com a Marinalva?
R - Ah, a Marinalva, eu frequentava a casa dela, minha mãe atrasava e eu ia para a casa da Marinalva, ficava por lá um pouquinho. Todos os funcionários de lá, a Udi também adorava, todo mundo se adorava, se amava lá, os bedéis lá do portão. Era muito gostoso. A Marinalva era a mãe lá, a mãezona da escola pra todo mundo.
P/1 – E ela dava muita bronca?
R – Ah, mais ou menos relacionado ao pessoal comer e tudo, ela dava umas broncas, mas não, ela era mais carinhosa do que militar ali.
P/1 – E você se lembra de alguma peripécia assim que você fez na escola?
R – Foi o que eu te falei de fugir das aulas, pular a janela, pegar as mochilas e fugir, se esconder, como se fosse conseguir passar três horas escondido dentro do banheiro, ou no parque lá no play. Acho que essa era a maior peripécia que a gente fazia por lá, depois não sei. Acho que era mais isso mesmo, agora de aprontar, eu não estou muito lembrado.
P/1 – Teve alguma história marcante, assim, sua com a escola, que você se lembra ou guarda com carinho, de algum momento que passou e que você acha?
R – Ah, todas essas festas que nós fazíamos lá foram marcantes, principalmente de Halloween e a Festa Junina. A Festa Junina marcou a lembrança que eu tenho muito forte de lá. Agora – deixa eu ver o que mais – os almoços. Os almoços da escola eram uma batalha, porque nenhuma criança gostava da comida, mas tinha que comer e daí fazia comer, fazia comer, e, daí, quando começaram... A comida lá, não existia fritura, era totalmente, vamos dizer, saudável. Aí tiveram batalhas, porque o pessoal queria comer hambúrguer, queria comer não sei o que lá, não sei o que lá, então disseram: “Tá bom, a gente vai fazer batata frita no forno agora para vocês.” Começaram a fazer batata no forno, só que ninguém gostava da comida, só reclamava; a comida era uma delícia, comida ‘caseirona’, só que criança chega a ser um pé no saco de vez em quando, né, não quer saber de comer. Então tinham essas batalhas entre a criançada, a Marinalva e a outra mulher que cozinhava, que eu não lembro o nome agora. As aulas de judô também eram fantásticas, eu adorava, adorava, ficava lá depois da aula e acho que só isso daí. E essa professora Eva, que foi uma pessoa muito legal na escola pra gente que eu acho que todo mundo que chegou a ter aula com ela gostava muito dela e foi influenciado por ela.
P/1 – E qual era a função do aluno nessas festas, como ele ajudava a fazer as coisas, vocês ajudavam?
R – Ah, organização, decoração, fazia preparação de decoração, montava tudo, depois, mais velhos, nós fazíamos a nossa festa de Halloween para os alunos mais novos. Os mais velhos, a gente montava tudo, trazia música, trazia comida também de casa, fazia tudo por lá.
P/1 – Você se lembra de alguma dormida na escola?
R – Eu tinha me esquecido disso, demos várias dormidas, várias, várias dormidas, era muito gostoso...
P/1 – Como é que era? O que acontecia nesse dia?
R – Ia dormir na escola, montava tudo, depois, à noite, rolava brincadeira, brincadeira, brincadeira, daí voltava para dormir, daí era bagunça, porque ninguém queria dormir, estava toda a criançada pilhada; e era brincadeira com lanterna, tudo escuro e uma zueira; põe para dormir as crianças juntas no chão, aí, todo mundo com seu saco de dormir, nossa, era uma delícia.
P/1 – E era uma classe só, todo mundo?
R – Não, era muita gente. Eram várias classes que iam dormir juntas, daí separava-se por classe, daí tinha desde criança pequenininha que ia dormir mais cedo até o pessoal mais velho.
P/1 – Aí fica professor junto também?
R – Ficava, ficava...
P/1 – E ficava todo mundo de pijama?
R – Todo mundo ia dormir de pijama e era muito bom mesmo, não lembrava disso, tinha esquecido.
P/1 – E o que representava dormir na escola? Vocês viam diferente?
R – Acho que era a escola à noite, a gente na escola à noite, que era um período que, do dia inteiro, a gente nunca estava, né, passava um dia a noite lá na escola e ter essa liberdade de estar todo mundo junto brincando no mesmo lugar, no escuro, à noite.
P/1 – Rolava história de fantasma, alguma coisa assim?
R – Acredito que deva ter rolado, mas eu não me recordo muito bem, não, mas provavelmente....
P/1 – E o que mais de atividades que tinham na escola? As Olimpíadas, você participou?
R – Participei de algumas Olimpíadas da escola. As Olimpíadas eram muito legais: dividiam a escola em três ou quatro equipes, acho que eram quatro dias, uma semana de jogos, e aquela rivalidade, virava rival mesmo, como se fosse Olimpíada de verdade, Copa do Mundo, rivalidade e tudo.
P/2 – Quais eram os jogos?
R – Tinham os esportes e depois, posso estar certo, posso estar errado, eu lembro que tinham outras atividades também que valiam pontos nas Olimpíadas para contabilizar ali também. Agora essas atividades, sem ser jogos e esportes, eu não me lembro direito o que eram.
P/1 – Quando você se formou e mudou de escola, como é que foi pra você essa passagem?
R – Ah, foi um pouco estranha, não difícil, porém estranha. Chegar assim numa escola grande em outro ambiente e tudo, não estar acostumado, mas foi uma coisa que eu me adaptei até que rápido, não tive tanto problema assim.
P/1 – Aonde você foi estudar?
R – Depois eu fui para o Equipe.
P/1 – E aí como é que ficou o inglês, você continuou fazendo inglês?
R – Olha, por incrível que pareça, as aulas de inglês que eu tinha lá eram muito boas, eles tinham um nível de inglês que eu entrei no último nível, só que era o nível avançado, que eles até chegaram a parar de ter matéria que era mais conversação, a gente começou a ter aula de fonética em inglês, que eu não via o porquê deles terem isso, mas tivemos lá. Então foi uma coisa que continuou. Daí, depois, por um ano, continuei fazendo inglês fora e depois parei, nunca mais, só vez ou outra conversando. Agora que eu voltei a praticar mais diariamente o inglês, porque o chefe de cozinha com quem eu trabalho é um brasileiro que foi radicado nos Estados Unidos e uma vez ou outra eu me vejo falando em inglês com ele também, então agora que eu voltei a ter a prática mesmo.
P/1 – Vamos voltar um pouquinho para PlayPen, porque agora que eu lembrei, como é que eram as provas, as notas? Você lembra se tinha alguma?
R – Eu lembro que tinha uma parte muito forte de autoavaliação que eles faziam desde crianças, isso daí com todo mundo. Tinha uma autoavaliação que você fazia, além das notas, tinha a avaliação dos professores, a avaliação conceitual, que era mais sobre a pessoa do que a matéria em si; tinha trabalhos também, bastante trabalhos também, coisa de produzir cartaz, material mais visual, a gente chegou a fazer vídeo, eu acho... Ah, desculpa, a gente teve um programa de rádio na PlayPen, teve uma época que teve uma rádio lá, a gente teve um programa de rádio que durou também muito pouco tempo, porque a Guida começou a não gostar do material que a gente estava fazendo, a gente fez uma rádio novela e um programa à la Pânico, assim, a gente botou algumas coisas que eu acho que ela não gostou. Se quiser, eu acho que eu tenho uma fita desse programa ainda, eu acho que eu tenho lá em casa, tinha a encontrado alguns anos atrás, agora tenho que ver onde está. Isso daí foi divertido demais e a criançada parava, se divertia, adorava, parava para escutar o programa de rádio no intervalo na hora do almoço.
P/1 – E tocava assim para a escola inteira?
R – Tocava, não lembro se tocava para a escola inteira ou só na área do ginásio. Na área do ginásio a gente colocava a caixa de som pra fora e tocava o programa e o pessoal ia lá ouvir o programa, ou fazia programa ao vivo também.
P/1 – Legal, e você se lembra de algum projeto norteador, assim, do período, do jeito que a escola trabalhava, os materiais que vocês tinham na classe?
R – Eu lembro que a gente tinha, assim, laboratório, essas coisas. Tinha até que, nesse prédio do ginásio, uma cozinha adaptada para um laboratório, que era a cozinha do prédio ali; e tinha todo equipamento ali, telescópios e outros equipamentos de laboratório.
P/2 – Deixa eu te perguntar uma coisa, vocês cozinhavam na escola?
R – Não, não, eu acho que não. Não me recordo, eu lembro que além da aula de arte, pós-arte nós tínhamos uma outra aula de arte, que era depois da aula, né, que a gente fazia umas coisas, produzia umas coisinhas pra levar para casa pra mostrar para mãe. Da aula de culinária eu não lembro, eu acho que não chegamos a ter.
P/1 – E você tinha, você se lembra do uniforme, como era?
R – A famosa calça vermelha com listra amarela e o enorme símbolo no peito antigo, né, depois que apareceu esse outro símbolo novo, agora. Depois, eu lembro que o pessoal, revoltado com a calça vermelha e as listras amarelas, que não queria sair na rua, que não queria ir no shopping, ir a lugar nenhum com aquilo. Para o ginásio, eles montaram uma calça cáqui da escola, daí tinha o casaquinho também e acho que era cáqui, foi mudando, foram evoluindo. Teve uma época que chegou a ter até a meia da PlayPen, tinha uma meia com o simbolozinho da PlayPen.
P/1 – E você se lembra de como a sua mãe participava na escola?
R – Ah, minha mãe adorava participar de tudo lá, das festas, da organização das festas, reuniões e tudo e estava sempre presente, sempre, sempre, por isso eu acho que ela tem tantas fotos também, estava sempre por lá.
P/1 – E você se lembra dela te ajudar a fazer lição de casa?
R – Com certeza, direto. Tinha que entregar, eu estava cansado, até ajudava a terminar ali, dava aquela pintadinha a mais ali, a colagem a mais, enquanto o filho ia dormir, com certeza fazia tudo isso.
P/1 – E como isso funcionava na sua casa? Você chegava, encontrava com ela, como era o seu cotidiano quando você estudava na PlayPen?
R – Olha, minha mãe ia me buscar na escola. Quando eu estava na PlayPen, não cheguei a ir de perua, nem nada, ela me buscava na escola. Se eu não tivesse nenhuma outra atividade à tarde, ela me levava, eu voltava pra casa. Assim, realmente o cronograma da tarde, de fazer a lição de casa, eu não lembro. Eu lembro que eu sempre fazia lição de casa mais à noite, lembro que tinha esse momento à noite que eu fazia a lição, dela dando aquela última pintada.
P/1 – E como você escolheu a outra escola? Ou foi sua mãe que escolheu?
R – Não, eu fui visitar algumas escolas e acabei gostando bastante da Equipe, fui pra lá, interessante, escolhi e fui para lá. Mas depois de um ano, acabei saindo e fui para o Pueri Domus, mas daí também acabou não sendo a escola que eu esperava que fosse, daí eu estava numa situação meio reprovatória, fui para o Pueri Domus que teve uma entrada de fácil caminho ali, daí me formei lá no Pueri. E no Pueri tinha também, por incrível que pareça, eu acabei encontrando mais três ou quatro pessoas que eram da PlayPen que foram pra lá.
P/1 – E foi para qual Pueri?
R – Fui para o Pueri da Jacurici, que agora é da Itacema.
P/1 – E do que você mais sentiu falta quando você mudou de escola? Do que você se lembrava do PlayPen?
R – Acho que era aquele aconchego que a gente tinha, que era uma família, não deixava de ser família, muita pouca gente, todo mundo juntos, e no PlayPen nós tínhamos uma liberdade que, depois, no Pueri Domus, a gente acabou tendo no final. Nos últimos anos, o pessoal acabou virando uma coisa meio PlayPen. Tem essa história de ir lá bater um papo com a Marinalva, vou pra lá e conhece todo mundo, de ficar sentado no canto e depois ficar numa boa e de não ter os horários tão restritos assim. E as aulas, não de matéria, matemática, essas coisas, que depois a gente não teve tanto. Quando eu entrei no Pueri e no Equipe, a gente tinha uma outra coisa que era mais estudo. Na PlayPen era uma coisa até mais lúdica assim, essas aulas.
P/1 – E o que você carrega de lembrança da PlayPen?
R – No geral, assim?
P/1 – É, se você fosse escolher um momento ou uma sensação, do que você lembra?
R – Ah, o que eu falei, a união de todo mundo, isso aí, com certeza, era uma coisa muito legal. O inglês, não tem como negar, o inglês da escola foi muito bom. E as amizades que eu ainda mantenho até hoje, algumas próximas, outras não tão próximas, mas se mantêm ainda bastante fortes.
P/1 – E quando você entrou no colegial, o que você gostava de fazer, o que você fazia nos outros períodos que não tinham aulas? Você já tinha ideia de alguma coisa que você queria fazer quando crescesse?
R – No colegial?
P/1 – Isso mesmo.
R – No colegial eu gostava de tudo: jogar bola, gostava de sair com os amigos, gostava muito de música. Nessa história de fazer quando crescesse, conheci uma namorada minha que queria fazer Hotelaria, daí ela me mostrou, achei interessante e fui fazer Hotelaria, daí fiz Hotelaria, daí nunca trabalhei na área.
P/1 – Mas sua mãe te indicava fazer alguma coisa?
R – Minha mãe foi sempre muito liberal com isso aí. Nunca chegou a falar: “Não, você tem que ser engenheiro, você tem de ser médic.” Nunca chegou a falar: Ffaz isso, faz isso”, não chegou a ter essa pressão aí por parte dela, ela sempre aceitou o que eu queria fazer.
P/1 – E você tem uma lembrança marcante, assim, do período de adolescência? Isso já no colegial, algum fato que tenha marcado?
R – Olha, tenho. A primeira vez que fui visitar essa Eva na Espanha foi uma experiência bem legal, porque eu estava no terceiro ano, minha mãe ganhou uma passagem por milhagem e ela me deu par ir para a Europa, passei três meses na Europa viajando, mochilão, e duas semanas na casa dessa Eva, que foi uma experiência fantástica, foi uma delícia. E eu sozinho, foi bem gostoso.
P/2 – Você viajou sozinho também?
R – Viajei três meses, quase três meses.
P/1 – E como foi o período de faculdade de Hotelaria?
R – Ah, de Hotelaria foi uma delícia, eu fiz no Senac, que o campus é fantástico, os professores são ótimos, ganhei bastante amizade lá, só que, profissionalmente, Hotelaria, vamos dizer assim, que adicionou uma parte, mas não foi, no final, a melhor escolha para mim. Até que me formei, eu estava sem rumo, vi um programa para trabalhar na Disney, me inscrevi e por causa do inglês também fui escolhido e fui trabalhar na Disney e fiquei seis meses morando lá na Flórida, que foi outra experiência demais, daí voltei pra cá, resolvi tentar trabalhar com alguma coisa de empresa, fui trabalhar na empresa que era do meu pai, um ano trabalhei lá, não era bem aquilo e falei: “Vou voltar, quero fazer Gastronomia, vou trabalhar com cozinha e restaurante”, e agora estou nessa vida aí de cozinheiro.
P/1 – E conta o que você foi fazer na Disney, foi trabalhar no quê?
R – Na Disney, fui trabalhar com comida, comecei vendendo cachorro quente, pipoca, refrigerante no meio do parque. Depois de um tempo, comecei a trabalhar mais no backstage, na parte de trás deles, fazendo estoque de tudo, repondo estoque de alimentos e bebidas no parque.
P/1 – E você morava em algum lugar ali perto?
R – Morava num condomínio que só moram os intercambistas que trabalham na Disney, não só intercambista, mas americanos também, eles vão para lá trabalhar os seus dois meses e eu acabei ficando seis, estudava lá também um curso de Hotelaria e trabalhava nos outros períodos.
P/1 – E pra você foi fácil chegar lá e falar em inglês?
R – Não, foi super tranquilo. Isso daí, sem problema algum.
P/1 – E como é que foi a decisão para fazer agora a segunda faculdade?
R – Desde a Hotelaria, eu já tinha essa coceira de cair para o lado da Gastronomia, daí fui indo pra lá, fui indo pra cá, aí, depois de um ano trabalhando com consultoria de empresa, viajando, e em cada final de semana em um lugar, pingando pra cá, eu falei: “Não, não é esse meu perfil, não é isso que estou procurando pra mim, vou fazer Gastronomia, porque eu quero Gastronomia.” Daí me matriculei, entrei no curso, também agora já trabalho há um ano e meio na área e vamos embora, bola pra frente.
P/1 – E onde você trabalha? Quais são suas atividades?
R – Agora eu trabalho ali na Villa Daslu, um restaurante novo que abriu, que se chama La Dolce Vita. Trabalho bastante agora, trabalho das duas, três horas, até fechar e trabalho com a parte de carnes do restaurante, eu que cuido de todos esses pratos relacionados a carnes.
P/1 – E tem algum prato que você gosta mais de fazer?
R – Não, eu gosto muito de comida asiática, gosto muito de cozinha, comida asiática, muito, muito, mas especificamente um prato, não. O que vier, a gente faz.
P/1 – E o que você gosta mais de fazer nas suas horas de lazer?
R – Gosto bastante de sentar num bar e tomar uma cerveja, gosto de jogar bola pra caramba, apesar que não tenho jogado muito, o tempo não permite mais, gosto de sair para comer bastante. Gosto de conhecer São Paulo, de lugares para comer aqui em São Paulo, principalmente a Liberdade e os lugares que não sejam tradicionais, comida italiana, restaurante que está na moda aqui, os lugares pequenininhos e viajar, né, não tem como viajar. Qualquer oportunidade de sair de São Paulo já é um lucro.
P/1 – Como é que você compararia as escolas que você estudou com a PlayPen? Em termos de estrutura, talvez.
R – A estrutura do PlayPen, quando eu estudei lá... Agora é uma coisa maravilhosa, aquela escola é linda, porém, quando eu estudei lá, a estrutura era precária, vamos dizer assim, era uma casa adaptada para ser uma escola, uma segunda casa mais adaptada ainda para tentar ser uma escola, para ser uma escola, né? E em relação à estrutura, com certeza sairia perdendo, mas era só isso daí, porque de resto, a PlayPen... Meus filhos, se Deus quiser, vão estudar no PlayPen, só se a Guida der um desconto na mensalidade, porque agora deve estar uma paulada. (risos)
P/1 – E como era a relação dos alunos com a Guida? Ela estava sempre lá?
R – Estava sempre lá, sempre presente. A sala dela estava na frente da jabuticabeira, estava sempre lá, ia, visitava os alunos, conversava com a gente, estava sempre, sempre ali, nunca vi ela deixar de estar por lá na escola.
P/1 – E como você acompanhou a reforma do prédio? Você chegou a acompanhar alguma coisa? O que você sentiu?
R – Acompanhei, eu lembro que eu vi o primeiro projeto que teve antes e aí, depois, foi indo e como eu moro depois do PlayPen, sempre passando por ali, vendo a reforma, então acompanhei tudo, a casa indo abaixo, prédio novo subindo, transferência da jabuticabeira, muda pra cá, muda pra lá a jabuticabeira.
P/1 – E o que você sentiu quando começaram?
R – Fiquei feliz demais, porque finalmente conseguiram transformar uma escola, porque era uma escola, mas num formato de escola, numa escola, numa coisa bonita demais daquele jeito, um projeto lindo, funcional agora.
P/1 – E você se lembra da primeira vez que chegou nesse prédio novo, de ver o espaço?
R – Eu lembro, eu não lembro se cheguei a visitar ele antes de estar inaugurado, nem nada, mas eu lembro de ir lá depois que saí da escola e tudo, quando inaugurou, e ficar por lá, visitar a Marinalva, daí me levaram para dar uma volta e tudo. Mas assim, quando da primeira vez mesmo que fui conhecer o prédio, eu não me recordo, não.
P/1 – E como era ver esse espaço novo, todo arrumado?
R – Queria ter estudado lá, né? Apesar que do outro jeito era bem legal, as casas tinham um quê de interior também, talvez, assim, umas casinhas, patiozão de terra, depois, para o pessoal brincar.
P/1 – E como você vê a PlayPen daqui a cinco anos?
R – Eu vejo crescendo cada vez mais, espero que cresça, não sei se talvez tenha o colegial no PlayPen, ainda não sei se ali ou em outro lugar, mas do jeito que está agora está bem bacana, bem interessante.
P/1 – Como é que você avalia o seu impacto pela PlayPen na sua vida? Da sua passagem pela PlayPen?
R – Ah, foi uma coisa que marcou muito minha vida desde os professores – a Maria Laura, a Eva, agora me fugiu o nome dele, o marido da Rosana...
P/2 – Rafael.
R – O Rafael, muito obrigado. A Rosana também. A minha formação enquanto pessoa começou lá mesmo e o resto foi apêndices.
P/1 – E quais foram os seus maiores aprendizados lá na PlayPen?
R – É até difícil isso daí. Olha, falar assim, agora, é novo... Não posso falar o inglês, porque isso daí é meio batido, mas não sei. Não vou saber responder essa pergunta assim...
P/1 – Assim, em termos de crescimento humano, porque foi seu primeiro envolvimento com as pessoas.
R – Assim, tinham muitas coisas de respeito com o pessoal, provavelmente isso daí foi uma coisa muito forte, de respeitar todo mundo, de estar sempre tratando com educação, independente do que for, do que quer. Talvez as coisas de quando a gente saía e passeava, os professores, a Eva é uma mulher que conversou assim: “Não tenha medo, quer fazer, vai lá e faça, viaja, sai, não tenha medo; quer fazer gastronomia, por que não? Vai fazer gastronomia, é o que você vai fazer da vida.” Então essa parte foi bem forte.
P/1 – Então, para encerrar, o que você acha da escola comemorar os trinta anos através de um projeto que resgata as memórias das pessoas que contribuíram também?
R – Acho fantástico que a gente é a memória viva, não adianta pesquisar só, tem que pegar depoimento de todo mundo, o mais gente possível, desde funcionários, alunos, ex-alunos, todo mundo, porque sem a gente, ninguém sabe de nada, a gente que sabe das coisas que aconteceram por lá.
P/1 – Você tem mais alguma coisa da escola que você gostaria de falar, que você acha que a gente não perguntou?
R – Olha, eu me lembro das festas de fim de ano que se faziam lá, que eram bem grandes, que todas as salas apresentavam alguma coisa, uma dança, uma peça de teatro ou coisas visuais, como pinturas. Então sempre tinha esses projetos de fim de ano e era uma grande, grande festa, faziam camiseta, eu acho, também...
P/1 – E você se lembra de alguma sua colaboração para esse projeto ou de alguma coisa que você fez?
R – Ah, eu lembro de eventos que a gente fazia apresentação de danças, danças, culturas mundiais. Teve um evento que alugava sala ali perto da Juscelino e a escola inteira participava, era aquela coisa de teatro mesmo, com balcão, a criançada toda atrás, “vai, faz, faz”, e apresentava para a família, pra todo mundo...
P/1 – Mais alguma coisa que você acha?
R – Acho que por enquanto é só.
P/1 – E o que você achou de vir pra cá e dar essa entrevista?
R – Eu achei maravilhoso, achei muito legal e não conhecia aqui, não imaginava que existia, sinceramente, achei muito legal o site de vocês aqui também e espero que saia um projeto fantástico, acho que vai sair com certeza.
P/1 – Então tá bom, Caio, obrigada.
R – Obrigado vocês, gente.
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