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História
Por: Museu da Pessoa, 6 de outubro de 2022

A costura do antes, do agora e do depois

Esta história contém:

A costura do antes, do agora e do depois

Vídeo

Meu pai era filho de espanhol e minha mãe filha de italianos, meus avós vieram moços da Itália e da Espanha. Se conheceram no navio, no fim vieram pra cá e casaram.

Eu tenho boas lembranças quando eu morava ainda em Itapeva e ia levar o café para o meu pai, que trabalhava na usina, onde gerava força para a fazenda Itapeva. Era tão gostoso, a gente ia e ele tinha um cachorrão preto, chamava Guarani, vinha encontrar a gente, ia eu e a minha irmã. Do lado da usina tinha um pé de ingá, uma fruta muito gostosa.

Depois, à noite minha mãe ficava numa frestinha da porta, olhando pra ver se meu pai vinha vindo, porque apagava a luz às nove horas, a fazenda ficava no escuro e só ia acender no outro dia e ela ficava esperando-o e nós também. A gente tinha medo, porque a nossa casa era no meio de um pasto, meio sozinha. O meu pai fumava, então ela via que vinha uma luzinha vindo e falava: “Papai vem vindo” e nós ficávamos todos contentes, esperando. Muito bom. Nós tínhamos um pomar maravilhoso lá.

Quando eu era pequena, a usina dava brinquedo no final do ano, para todos os filhos dos que trabalhavam na. Eu era mais velha e ganhei uma boneca. Naquela época a boneca era cabeça de louça e o corpo de papelão e as minhas irmãs ganharam outro brinquedinho, mas elas queriam a boneca. Eu deixava brincar, a gente dividia, mas elas deixaram a boneca pra fora, choveu na noite e eu fiquei sem boneca. Chorei tanto... porque não tinha outra.

Eu era sempre a companheira da minha mãe quando ela ia lavar roupa, lá em Itapeva a gente não tinha lugar pra lavar na casa, vinha até perto da fazenda, onde tinha uma caixa d’água grande, e todo mundo lavava roupa lá, então eu lembro que eu vinha com ela e ela dava uma “baciinha” com as roupas pra eu pôr na cabeça, para acompanhá-la, porque ela trazia a outra no colo.

Eu entrei na costura com doze anos, fiz dois anos de curso no SESI, ali no prédio do círculo. Com quatorze anos, em...

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Família reunida

Foto tirada com os pais e irmãos de Toninha. Seus pais, Manuel e Aparecida, estão sentados e os filhos estão atrás, em pé. (Da esq. para dir.) A ordem é do filho mais novo para a mais velha: Pedro Tadeo, Fátima, Mafalda, Aparecida, Ana e Antonia, mais conhecida como Toninha. Esta foto foi tirada no dia das Bodas de Ouro dos seus pais. A família estava na chácara de Toninha, no bairro Cancian, em Capivari.

período: 25/09/1993
local: Brasil / São Paulo / Capivari
crédito: Acervo pessoal
tipo: Fotografia
Palavras-chave:

Dia do Sim

Foto do dia do casamento de Antonia, mais conhecida como Toninha, com o seu Antonio, mais conhecido como Toninho.

período: 21/12/1993
crédito: Acervo pessoal
tipo: Fotografia

Núcleo familiar

Antonia com seu marido e filhos. Na frente estão Toninho e Toninha. Atrás estão ngela, filha do meio; Nelsinho, o caçula; e a Andrea, filha mais velha.

local: Brasil / São Paulo / Rafard
crédito: Acervo pessoal
tipo: Fotografia
Palavras-chave:

Filho do coração

Foto do Padre Inácio, filho adotivo de Toninha e Toninho.

local: Brasil / São Paulo / Rafard
crédito: Acervo pessoal
tipo: Fotografia
Palavras-chave:

Amor de toda a vida

Dona Toninha e Seu Toninho.

local: Brasil / São Paulo / Rafard
crédito: Acervo pessoal
tipo: Fotografia

O enquadramento de um luto

Toninha decidiu dedicar-se à pintura após uma enorme perda em sua família, a morte acidental de seu jovem sobrinho. Este foi o primeiro quadro pintado por ela.

período: Ano 1992
local: Brasil / São Paulo / Rafard
crédito: Acervo pessoal
Palavras-chave:

Casa de infância

Em 2012, Toninha foi visitar a casa que morou na infância, em Itapeva, e tirou uma foto para ter um registro do seu antigo lar. Após um mês dessa foto, sua casa foi demolida sem nenhum aviso prévio. Toninha, então, resolveu pintar um quadro de sua casa a partir de seu único registro. Este é o resultado.

período: Ano 2012
local: Brasil / São Paulo / Itapeva
crédito: Acervo pessoal
tipo: Fotografia
Palavras-chave:

Pé de manga

Este quadro, feito por Toninha, representa o pé de manga que ficava no quintal de sua casa de infância. Do lado esquerdo representa o pé de manga como era em sua infância, uma árvore forte, grande e carregada de frutas. Já do lado direito, Toninha pintou essa mesma árvore, mas dessa vez da maneira como ela encontrou ao visitar sua casa de infância anos depois de sua mudança de cidade. Nesta visita ela encontrou a árvore queimada, machucada e seca.

período: Ano 2012
local: Brasil / São Paulo / Itapeva
crédito: Acervo pessoal
tipo: Fotografia

Dados de acervo

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Entrevista de Antonia Alves Quagliato

Entrevistada por Luiza Gallo e Wagner Antonio Bragalda

Rafard, 06/10/2022

Projeto: Todo Lugar tem uma História pra Contar – Rafard

Entrevista número: PCSH_HV1369

Realizado por: Museu da Pessoa

Transcrita por Selma Paiva

Revisado por Luiza Gallo

P/1 – Toninha, pra começar eu queria te agradecer demais por nos receber aqui, por contar um pouquinho da sua história pra gente. Queria que você começasse se apresentando, dizendo o seu nome completo, a data e o local do seu nascimento.

R – Meu nome completo é Antônia Alves Quagliato e eu nasci na Fazenda Itapeva, dia 25 de fevereiro de 1944.

P/1 – Te contaram como foi o dia do seu nascimento?

R – Não, nunca. Porque eu fui a primeira filha, na casa dos avós, minha mãe era bem novinha dentro da casa, então tinha tudo meio preconceito, mas eu nunca fui de perguntar, saber e depois eu tive mais cinco, seis irmãos, cinco irmãos, então foi rodando, eu nunca tive curiosidade de perguntar, mas eu acho que eu fui nascida em parto normal, foi tudo bem e vivi meus sete primeiros anos na Fazenda Itapeva. Primeiro ano primário eu fiz no grupo escolar de Itapeva, que até hoje está lá, meio caindo em pedaços, mas de vez em quando a gente vai dar uma volta lá, pra ver. Eu fui batizada acho que na igreja aqui, mas a crisma foi lá. Eu lembro, eu tinha seis anos. Então, o bispo foi pra lá e a gente foi crismada lá. Quando vim pra cá, como já tinha na escola a catequese, já vim, mudei em novembro e em dezembro eu já fiz a Primeira Comunhão aqui. Foi com sete anos, já pude entrar na catequese. De lá pra cá fiquei sempre na catequese, que tinha uma catequista vizinha, chamava Jocelina e eu a ajudava. Eu dei catecismo até pro meu marido! (risos) De lá pra cá eu sempre dei catecismo, sempre fui da igreja, já vinha aspirante Filha de Maria, tudo que tem dentro da igreja a gente foi e fui trabalhando dentro da igreja, fui catequista até casar, depois parei...

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Título: A costura do antes, do agora e do depois

Data: 6 de outubro de 2022

Local de produção: Brasil / São Paulo / Rafard

Entrevistador: Luiza Gallo Favareto
Transcritor: Selma Paiva
Vídeomaker: Alisson da Paz
Entrevistador: Wagner Antonio Bragalda
Autor: Museu da Pessoa

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