A Bahia tem um jeito, o Charriot
Por Angelo Brás Callou
Há coisas que demoram uma vida inteira para acontecer. De repente, do nada, vem ao nosso encontro. Brinque com os desejos!
O bondinho do Plano Inclinado Gonçalves, que liga o bairro do Comércio ao Pelourinho, era sempre lembrado pela minha mãe, uma soteropolitana, filha de espanhóis, isto é, uma baiana mais Galega da Bahia. Chamava-o de Charriot.
Em funcionamento desde 1889, o Charriot, na verdade, desde adolescente, estava sempre em manutenção. Hoje, passando por aquela área da cidade, vi uma fila. Lá fui eu conferir. Era o Charriot, em pleno movimento horizontal-inclinado, para baixo e para cima. Era um desejo que se cumpria!
De uso gratuito, em virtude de o Elevador Lacerda se encontrar em reforma, assim me atualizo conversando com os passageiros do bondinho, vou descendo o plano inclinado, numa malemolência baiana. A Bahia tem um jeito Chartiot de ser.
Síntese do dia. Um garçom me deseja um bom passeio, ao sair do restaurante. Digo que o Sol excessivo é desestimulante. Ele me diz: é um Sol para cada pessoa.
Viva a Bahia!
Farol da Barra, Salvador, 19 de fevereiro de 2025.
