Entrevista de Silvia Canabrava
Entrevistada por Luiz Egypto
24/03/2021
Realização: Museu da Pessoa
Entrevista número SINPRO_HV010
Transcrito por Aponte
Revisado por Luiz Egypto
0:00
P/1 - Bom dia Silvia! É um prazer ter você aqui, obrigado por ter aceitado nosso convite. Eu queria que você co...Continuar leitura
Entrevista de Silvia Canabrava
Entrevistada por Luiz Egypto
24/03/2021
Realização: Museu da Pessoa
Entrevista número SINPRO_HV010
Transcrito por Aponte
Revisado por Luiz Egypto
0:00
P/1 - Bom dia Silvia! É um prazer ter você aqui, obrigado por ter aceitado nosso convite. Eu queria que você começasse dizendo o seu nome completo, o local e a data do seu nascimento?
R – Silvia Canabrava de Oliveira Paula, nasci no dia 31 de julho de 1960, em Januária, Minas Gerais, uma cidade lá à margem esquerda do rio São Francisco.
0:50
P/1 - Qual sua atividade atual Silvia?
R - Atualmente eu estou diretora do SINPRO, coordenando a secretaria para assuntos dos aposentados.
1:04
P/1 - Como é o nome dos seus pais, por favor?
R - O meu pai se chamava Silvino Alves de Oliveira e a minha mãe Aurelina Canabrava de Oliveira.
1:23
P/1 - E qual era a atividade do seu pai?
R - O meu pai era motorista, ele trabalhou muitos anos, inclusive quando ele faleceu, ele ainda estava em atividade. Trabalhava no DER - Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais.
1:41
P/1 - E a sua mãe?
R - A minha mãe ela era servidora escolar, ela trabalhava na escola com inspeção, inspetora de alunos, ela recepcionava os alunos na escola lá em Januária. E aposentou também nessa função.
2:04
P/1 - Você conheceu os seus avós Silvia?
R – Sim, conheci!
2:13
P/1 - Você podia falar o nome deles, tanto da parte de pai como da parte de mãe?
R – Os meus avós paternos eram Cícero Alves e Idalina Cândida da Conceição e os meus avós maternos era Teoprépedis Francisco Canabrava e Faustina Fernandes da Rocha.
2:42
P/1 - Você tem informação de que faziam os seus avós, se eles eram da região ou migraram para lá? Tinha histórias na família sobre os seus avós?
R - O meu avô paterno ele era de Januária, família dele, naquela época, tinha fazenda, tinha sobrado, trabalhava com atividades agrícolas, inclusive tinha muitos funcionários, muitos empregados, era a forma como se usava naquela época. Mas depois a atividade do meu avô, ele passou a ser oficial de justiça, ele aposentou com oficial de justiça. E a minha vó era do lar mesmo, ela não trabalhava fora. Agora os meus avós maternos, o meu avô veio lá do Norte, e a minha avó também, então a gente não tinha muito conhecimento da família da minha avó materna. Dos meus avós maternos a gente conheceu pouco, inclusive eu perdi o meu avô materno eu não tinha nem dois anos. Eu não me lembro dele; agora, a minha avó Idalina eu tive muito contato com ela, inclusive morei muito tempo com ela, e ela ajudou minha mãe na criação dos filhos.
4:10
P/1 - Você tem irmãos?
R – Nós éramos cinco, mas eu já perdi uma irmã e um irmão, então atualmente eu tenho duas irmãs, que continuam morando lá em Januária, mas a gente tem um contato muito próximo, eu falo com as minhas irmãs todos os dias.
4:41
P/1 - Qual era a sua posição nessa escadinha de irmãos?
R - A penúltima filha, Eu sou a penúltima filha. Os dois mais velhos já faleceram, aí tem agora uma mais velha que eu um ano e a caçula, que é mais nova que eu dois anos.
5:05
P/1 – Silvia, como é que era a Januária da sua infância? Como é que era essa cidade que você morava?
R – Olha, a Januária que eu morava era uma cidade muito pacata, naquela época, apesar de hoje ainda ser, uma cidade com o número de habitantes grande, mas uma cidade que não evoluiu. Falando de forma economicamente, ela não evoluiu; cresceu, mas não evoluiu. Mas a cidade era uma cidade pacata, não tinha calçamento, eram ruas de terra, onde quando chovia formavam aquelas lagoas. Então era uma cidade assim bem pacata mesmo, bem tradicional, antiga, onde as pessoas gostavam de ir para beira do rio, apreciar lá o pôr do sol, era uma cidade neste estilo.
6:08
P/1 – E a sua rua, como é que era a sua rua?
R - Quando eu criança... Quando criança nós moramos bem na saída de Januária, na saída da cidade que dá acesso para outras cidades ribeirinhas, e a minha rua, era uma rua assim, que tinha muitos lotes vazios. A gente morava numa chácara. Parecia mesmo uma zona rural. Não fui criada dentro do centro da cidade, fui criada assim mais fora. Então ali a gente brincava muito, a gente vivia aquela infância gostosa que hoje as crianças não vivem mais. Hoje em dia as crianças são muito ligadas ao computador, a celulares e naquela época não, naquela época a gente brincava, a gente tinha espaço para brincar, para correr, para subir nas árvores, a gente tinha uma infância assim... Dessa forma, porque até o local onde a gente morava nos proporcionava essas condições de viver a vida de forma diferente.
7:29
P/1 – E como é que era a sua casa, descreve a sua casa, como é que ela distribuiu os cômodos? Como é que era a casa?
R – A casa era uma casa muito antiga, ela tinha duas salas, e tinha três quartos e a cozinha. Uma casa de chão batido, não tinha piso na casa, tinha um fogão de lenha, então a casa era desse estilo: não tinha área [de serviço], o banheiro era lá fora, então era uma casa assim bem rustica, bem simples. Eu fui criada assim, na simplicidade mesmo, eu venho de uma família muito humilde, mas que, porém, me deu toda a base de uma necessidade, de valor ao trabalho, de como viver honestamente, como lidar com todas as situações. Eu penso assim, às vezes eu converso com meus filhos sobre toda a nossa situação de infância, as dificuldades pelas quais meus pais enfrentaram pra gente estudar, mas eu coloco para eles, assim... Mas era uma casa onde reinava muito amor, eu gosto muito inclusive de uma música do Padre Zezinho, chamada Utopia, e que aquela música ela me leva aos tempos de criança, meu pai só não tocava violão, mas ele costumava todos os dias... A gente sentar para conversar, os adultos iam conversar ali, a gente ia brincar de roda ali ao lado, no “outão” da casa como eles falavam. Foi uma casa humilde, mas onde nós recebemos muito amor, muito carinho, muito exemplo de vida digna dos nossos pais.
9:42
P/1 - Os irmãos tinham obrigações domésticas? A sua mãe dava obrigações para vocês?
R – Sim! Sim, nós fomos criados trabalhando, nós tínhamos nossas obrigações, de varrer a casa, o quintal, que eles chamavam de terreiro; era um quintal bem grande e a gente tinha que manter aquilo ali limpo. Não tínhamos água encanada, então a gente ia ai com 8, 9 anos, a gente mesmo tirava água da cisterna, para poder tomar banho, servir a casa – a água de tomar a gente pegava no rio. Então a gente sempre tinha essas obrigações, e de fazer... Ajudar mamãe nos afazeres da casa, lavar louça, a gente sempre tinha esses cuidados. De cuidar das galinhas, nós que cuidávamos.
10:38
P/1 - E como é que essa criançada se divertia? Quais eram as suas brincadeiras favoritas?
R – Nossa você está me levando aí a recordar de coisas muito gostosas. Nós brincávamos muito, cinco irmãos e ali tinha os vizinhos, a gente tinha um relacionamento muito bom com os vizinhos, então a gente brincava muito. A gente chamava de pique, que é de esconder, de um correr atrás do outro, a gente pulava corda, brincava de amarelinha, de boneca, de roda, as brincadeiras de roda até hoje eu ainda lembro dos versinhos que a gente cantava brincando de roda. Eu tenho duas netinhas, eu converso com elas sobre isso, então a gente brincava muito. E tinha uma brincadeira que era muito típica nossa, que era brincar de cozinhado, a gente fazia o cozinhado no domingo, reunia os amigos, os amiguinhos, as amiguinhas e a gente fazia cozinhado, cozinhava nas panelinhas de ferro, lá no quintal, numas trempezinhas, e ali a gente comia. Eu ainda me lembro da primeira vez que eu tomei guaraná Antárctica, minha vó comprou uma garrafinha de 600ml, daquela garrafinha antiga, e levou para gente almoçar. Aquilo lá para nós foi um dia maravilhoso. E eu tenho conversado ainda, sempre converso com duas amigas minhas, que é da época de infância e a gente lembra muito bem disso. Então foi uma infância assim, apesar de não ter sido uma infância regada de bens materiais, mas a gente viveu momentos felizes ali onde nós crescemos junto com meus irmãos e com os amigos de infância.
12:39
P/1 – Silvia, e a sua primeira escola, qual foi?
R – Escola Estadual Pio XII, lá em Januária. Eu fiz... Chamava pré-escolar, eu fiz o pré-escolar lá e até a terceira série eu fiquei nessa escola.
13:02
P/1 - Alguma professora que tivesse marcado a sua memória?
R – Várias! Várias professoras, Eu tive uma professora, inclusive ela faleceu agora pouco tempo, chamada Lalí Escobar, essa foi minha professora na terceira série, que a gente falava série, e ela era professora assim, muito chique, ela chegava toda de salto. E naquela época, quando o professor dava bom dia, nós, alunos, levantávamos para falar bom dia para a professora, e aí a gente sentava de novo. E essa professora ela gostava muito de matemática, e ela cobrava muito da gente a tabuada, então a gente tinha assim o maior receio, ela chamava a gente no quadro para resolver as operações, então a gente tinha muito medo de errar. E tem uma professora chamada Alice, que foi a minha professora da 4ª série que também assim, marcou muito, ela quando foi trabalhar sobre algumas atividades, ela saía com a gente da escola para ir ali naqueles lugares, naquele canto onde tinha matas, goiabeiras. E essas saídas da escola nos marcavam muito, porque ali era como se a gente tivesse fazendo piquenique, uma coisa diferente. Cada professor vai deixando uma marca na vida da gente. Na quinta série, a professora chamada Maura Moreira, ela hoje ainda está lá em Januária e trabalha lá na Casa da Menor em Januária, ela... Na minha primeira atividade em que eu escrevi meu nome, Silvia, e não coloquei o acento, ela, com a caneta vermelha, colocou um acento tão grande até onde acabou a folha. Nunca mais eu me esqueci. Essas atitudes dos professores marcam, e a gente não esquece. Eu penso assim: todos os professores que passaram por minha vida eu agradeço demais, porque com cada um eu aprendi um pouco. A profissão de professor é uma profissão maravilhosa, nenhum professor passa pela vida da gente sem nos deixar um bom ensinamento.
15:28
P/1 - E nessa escola você ficou até quando?
R - Nessa escola eu fiquei até a terceira série, depois eu fui para a Escola Estadual Caio Martins, que é onde a minha avó materna trabalhava, e a minha madrinha de crisma Euzita Gasparino, era diretora. Lá eu fiz a quarta série; depois eu fiz o curso de admissão, porque naquela época, por nós sermos uma família assim bem humilde, a gente fazia o curso de admissão; se não fosse aprovado, ia ter que parar de estudar, porque só tinha uma escola lá, que era Escola Estadual Olegário Maciel, onde tinha a continuidade dos estudos gratuitamente. Aí eu fiz o curso de admissão e consegui ingressar na quinta série na Escola Estadual Olegário Maciel, onde eu estudei até concluir o meu magistério.
16:35
P/1 - Nesse momento em que você passou para a escola Olegário Maciel, o que essa menina queria ser quando crescesse?
R – Olha! Eu gostava muito de estudar, só que assim, quando a gente é pequeno e a gente não tem muito contato com as coisas, às vezes a gente não tem muita noção do que a gente quer ser, mas na verdade eu queria estudar. E lá em Januária, naquela época, só tinha o magistério e o científico, então praticamente todas as mulheres faziam magistério. Na turma que eu formei nós éramos 54 normalistas, fizemos o curso normal, não tinha nenhum homem, parece que a profissão magistério era só para as mulheres.
Haja vista que até hoje, a categoria dos professores é uma categoria majoritariamente feminina. A gente não sabia muito o que queria ser; eu, na realidade, queria estudar mais. Terminei o meu magistério eu tinha 17 anos, e eu lembro muito assim que eu conversei com meu pai, eu tinha vontade de continuar estudando, e ele até falou, assim muito triste, pela falta de condições de arcar com meus estudos, porque no caso eu teria que sair de Januária para fazer um curso superior. Então ali eu encerrei o meu estudo. E no ano seguinte, eu já comecei a trabalhar: comecei a dar aulas eu não tinha 18 anos. Fui trabalhar no município de Montalvânia, fica bastante longe de Januária. E o meu primeiro pagamento eu não pude receber, porque eu não tinha documento. Foi uma história meio engraçada: o pagamento chegou na Caixa Econômica Estadual, e eu fui lá receber, e eu não tinha identidade, naquela época só tinha identidade com 18 anos, e eu não pude receber, então meu pagamento ficou lá. Quando meu pai entrou de férias, aí meu pai foi até Montalvânia, nós fomos ao cartório, eu passei uma procuração para ele, aí ele abriu uma conta na Caixa Econômica Estadual, o meu pagamento ia para a conta do meu pai, e meu pai me dava um talão de cheque assinado. Então foi assim que começou a minha vida profissional, mas eu era muito menina, eu tinha 17 anos.
19:20
P/1 - Você se lembra dos primeiros dias de aula que você deu em Montalvânia?
R – Lembro sim. Em Montalvânia, especificamente num lugarejo chamado Capitânia, pertence a cidade de Montalvânia. Eu tinha alunos quase que da minha idade, porque eu era muito jovem ainda, mas eu lembro, e lembro assim com saudade, fui acolhida pelas pessoas daquele lugar de uma forma muito carinhosa. A direção da escola, o grupo de professores era um grupo muito bom, inclusive tinha quatro professoras além de mim que eram de Januária também e trabalhavam lá. Foram momentos muito bons, e a vida da gente é um aprendizado, eu guardo boas lembranças.
20:17
P/1 - Você disse que Montalvânia era distante de Januária, como é que era o seu esquema, você ia e voltava todos os dias? Morava em Montalvânia? Como é que se você se organizava?
R - Ai que sonho, hein! De ir e voltar todo dia. Não, Eu ficava o mês todo lá em Capitânia, longe dos meus pais, e fui morar pagando pensão na casa de um pessoal lá, que me acolheu muito bem. Passa, passa [o tempo] ainda consigo ter contato com essa senhora que me acolheu na casa dela. Mas a gente passava o mês todo lá, eu só ia em Januária, na casa dos meus pais, uma vez no mês. Porque era difícil, saia de Montalvânia de manhã, não tinha asfalto. Hoje em dia já tem asfalto em praticamente todo esse percurso, mas naquela época não tinha, às vezes eu saí de Montalvânia de manhã e ia chegar em Januária à noite, a estrada ruim, o ônibus atolava e tudo mais. Então foram muitas as dificuldades.
21:21
P/1 - Você se lembra o que você fez com seu primeiro salário?
R – Boa lembrança! Lembro sim, lembro e falo assim com muito orgulho. Nós morávamos na cidade. Quando eu já tinha acho que uns 12 anos, nós mudamos dessa casa onde eu fui criada, pequenininha, nós mudamos para o centro da cidade, a cidade que era dos meus avós maternos. Já era no centro, e não tinha fogão a gás, minha mãe cozinhava no fogão a lenha, e com o tempo as coisas foram ficando difíceis, não achava lenha, e eu via a minha mãe assim, naquele maior sofrimento, para acender o fogo de manhã, para fazer café e tudo mais. Então o meu primeiro salário, eu comprei um fogão e dei de presente para minha mãe, dei o fogão com o bujão de gás. O meu primeiro salário foi muito bem investido. Que eu dei presente para minha mãe para ela ter uma vida mais digna, com mais tranquilidade.
22:34
P/1 – E como é que se deu a sua trajetória profissional a partir dessa primeira escola que você deu aula? O que veio a seguir?
R – Eu dei aula lá em Capitânia, depois eu vim trabalhar em Bonito de Minas, na época era um distrito de Januária, hoje é uma cidade, hoje ela foi emancipada. Trabalhei lá um ano, depois voltei para Montalvânia, porque como a gente trabalhava de contrato temporário, a gente ficava tentando conseguir vagas, então onde a gente conseguia, é onde a gente ia trabalhar. Aí voltei para Montalvânia, trabalhei em São Sebastião de Poções por um ano e depois voltei para trabalhar em Bonito. Aí no Bonito sim, ali eu fiz concurso, fiz o concurso público, fui aprovada, assumi. Depois eu fiz outro concurso, porque em Minas Gerais os concursos são para 20 horas, então lá eu tinha dois cargos de professora, para trabalhar os dois horários eu fui concursada em dois cargos. Aí trabalhei no Bonito até 1989 e depois pedi remoção, fui para Januária, em Januária eu trabalhei na escola onde eu estudei, Escola Estadual Olegário Maciel: num horário eu ficava lá e no outro horário eu trabalhei na Regional de Ensino. Porque nessa época o meu marido já estava decidido a vir para Brasília, porque quando a gente namorava, ele morava em Brasília, aí foi embora, nós casamos, ficamos lá, mas o sonho dele era voltar para Brasília. Aí ele veio e eu fiquei em Januária trabalhando lá na Regional e no Estadual, enquanto fosse publicado o meu afastamento – eu pedi primeiro um afastamento para vim para cá. Aí chegando [a Brasília], cheguei em maio de 1990, quando foi em fevereiro de 1991 eu fiz o concurso para Secretaria de Educação, e fui aprovada. Como tive uma boa classificação, no dia que saiu a classificação eu já fui convocada. Em maio de 1991 eu assumi a Secretaria de Educação no Distrito Federal.
25:20
P/1 - E o cargo em Minas Gerais foi abandonado, deixado de lado, pediu demissão? Como é que você fez?
R - Eu ainda fiquei um ano, eu tinha pedido afastamento sem remuneração por dois anos, mas depois que eu assumi aqui, eu esperei um pouco mais para ver se eu ia realmente me adaptar, aí eu fui lá e pedi exoneração. Na época ainda falei assim, vou pedir exoneração para dar oportunidade de eles chamarem mais dois professores que estavam lá aguardando o concurso. E eu pedi exoneração dos cargos, só que depois eu peguei esse tempo e averbei para fins de aposentadoria aqui no DF.
26:10
P/1 – Como é que foi essa transição de uma garota que sempre viveu numa cidade pequena ou em cidades pequenas e de repente se encontra na capital federal, numa cidade maior, como é que foi essa sua chegada a Brasília e a sua subsequente adaptação?
R – Olha, no início não é muito fácil. É um impacto muito grande. Você está numa cidade do interior, onde você conhece tudo, onde você conhece praticamente todas as pessoas, você vai, tem o direito de ir para lá e ir para cá. Quando eu cheguei aqui realmente eu me deparei com essa dificuldade, inclusive para poder me locomover, ir para os lugares, porque eu fui morar na Ceilândia. Eu não tenho vergonha de dizer que não foi nada fácil. Eu cheguei, nós moramos num barraco de fundos lá na Ceilândia, um barraco de madeira, eu fiquei um ano sem trabalhar, quase um ano, faltou um dia para completar um ano, do dia que eu mudei para cá e o dia que eu assumi na Secretária de Educação. Mas o meu marido é uma pessoa muito amiga, muito presente, ele sempre me deu apoio, onde eu precisava ir ele me orientava. E aí eu fui perdendo o medo, ele dizia assim: “Só não pode sair sem dinheiro; você pegue um ônibus, se tiver errado, você desce e vai pegar outro ônibus”. Eu sou muito observadora, eu ficava olhando os lugares em que eu ia, aquelas placas, qual era um ponto de referência, e tudo mais. No início ele não queria me deixar sair sozinha, porque ele tinha medo, às vezes eu pegava ônibus errado e não contava para ele, porque senão ele ia ficar querendo me segurar em casa. Mas a gente foi aprendendo, devagarinho a gente vai aprendendo. A gente não pode ter medo do novo, a gente tem que encarar a realidade, e assim, ir para frente mesmo, procurar sanar essas dificuldades que a gente encontra aí, e tirando as pedras do meio do caminho.
28:39
P/1 – Como é que foi a sensação, a reação a se ver aprovada no concurso para professora na Secretaria de Educação?
R – Essa reação foi assim, maravilhosa! Eu fiz a prova e naquela época a gente tinha que ir lá na Fundação Educacional para olhar a lista na parede, não saía no jornal. E eu fiquei pensando, meu Deus, como eu vou fazer para eu ir lá. Eu sabia mais ou menos, eu passava e via uma plaquinha “Fundação Educacional”, então eu pensava que era ali naquele local. Levei minha filha mais velha para escola, pedi para a vizinha ficar com o meu filho pequeno e fui – não falei para o meu marido, não. Peguei o ônibus e fui, meu marido estava trabalhando. Só que quando eu desci lá onde tinha essa plaquinha “Fundação Educacional”, que eu entrei na rua, cheguei lá, só via homens passando, para lá e para cá, naquele pátio. Pediram minha identidade, achei estranho, falei: poxa, lá em Minas professora é só mulher, aqui só tem homem, estou achando isso tudo muito estranho. Aí tinha uma sala com uma porta meio aberta, eu cheguei e falei: “Eu queria ver a minha classificação do concurso e tal”. Aí o moço falou assim para mim: “Não, senhora, aqui é a gráfica, não é aqui que a senhora vai ver, a senhora vai ver isso lá na L2 Norte”. Ou seja, eu fui para um lugar totalmente errado. Aí eu voltei para a parada de ônibus, tinha um policial e eu pedi para ele informações, aí ele me explicou tudo direitinho: o ônibus que vai para a UnB, a senhora pega esse ônibus e ele vai passar bem lá na frente. E assim eu fiz, e entrei no ônibus e fui, cheguei lá e olhei, era ordem alfabética, aí quando eu olhei na parede assim... Tinha muito pé de eucalipto, e eles tinham pregado na parede, e eu vi lá o meu nome. Aí sim! Aí de lá mesmo eu fui no orelhão e liguei para o meu marido – o meu marido trabalhava num hotel – dando a notícia para ele, aí ele ainda falou: “Poxa, você está aí nesse lugar, como você chegou aí?” Eu falei: “Ah, peguei o ônibus e vim!”
Eu fiquei muito feliz, porque eu já tinha colocado na minha mente que se eu não passasse no concurso eu retornaria para Minas, e o sonho do meu marido era continuar em Brasília, então era o sonho da gente. E não foi fácil, porque naquela época, como que a gente ia estudar? Eu não tinha condições de pagar um cursinho. O que eu fazia? Eu morava perto da Escola Normal de Ceilândia, eu fui até lá, conversei com o pessoal da biblioteca, eles me falaram que não poderiam emprestar os livros, mas que eu poderia ir para lá todos os dias estudar. Então eu levava minha filha para escola, e o meu filho pequenininho de 3 anos, levava ele para a biblioteca junto comigo. Aí ali eu ficava, em vez de ficar só lendo, eu ia escrevendo o que eu achava mais importante. E à noite, eu varava a noite estudando, sozinha, porque eu não tinha com quem estudar. Não é fácil, mas eu sempre penso assim: quando a gente traça objetivos na vida, a gente consegue alcançar, basta a gente insistir.
32:21
P/1 - E onde você assumiu, que escola você assumiu?
R –Eu assumi na Escola Classe 37 de Ceilândia, ela ficava próximo de onde eu morava. Eu morava no centro de Ceilândia e assumi lá no P Norte. Assumi lá no mês de maio, quando foi em julho eu mudei para perto da escola. Aí eu falei agora eu vou ter que morar perto, porque os meus filhos eram pequenos e eu achava que com certeza morando perto eu ia poder ir no horário de almoço dar assistência e tudo mais. Mas só trabalhei também em duas escolas aqui no DF.
33:06
P/1 – Mas nessas escolas em período integral, como é que era sua rotina de trabalho?
R – Sim, como eu fiz o concurso para 40 horas, então eu trabalhava em período integral, trabalhei na Escola Classe 37 durante seis anos, depois essa escola se transformou em centro de ensino, como eu sou professora de atividade, trabalho com séries iniciais, eu precisei mudar de escola, aí eu fui para Escola Classe 7 de Ceilândia, lá eu fiquei até me aposentar.
33:46
P/1 - Quais foram os primeiros movimentos sociais com os quais você teve contato?
R - Os movimentos sociais... Esses relacionados mesmo ao sindicato. Depois que eu assumi a Secretaria de Educação eu já me sindicalizei. Todos esses movimentos que o SINPRO faz a gente sempre estava presente.
34:18
P/1 – E como é que você conheceu o SINPRO, que ideia você tinha do SINPRO nessa época? Como é que era a sua relação com o sindicato?
R – Quando a gente está na escola, sempre recebe visitas dos diretores do SINPRO. Ali eles fazem aquele trabalho e a gente via a importância da entidade, de defender a entidade, de estar filiado ao SINPRO. Antes eu sempre participei das atividades, eu ia nas assembleias, mas eu não tinha assim aquela relação tão próxima, de estar indo ao SINPRO, de estar participando de determinadas atividades. Mas as assembleias, as greves, esses movimentos eu sempre estava presente.
35:18
P/1 - E como se deu o seu envolvimento orgânico com o SINPRO, fora esse trabalho de base você se aproximou mais ao sindicato, como é que se deu isso?
R – Foi depois que eu me aposentei. Eu me aposentei em 2010, aí aposentei e falei: meu Deus, e agora? Me vi assim sabe, o que eu vou fazer? Liguei no SINPRO, para ver se o SINPRO tinha alguma coisa voltada para o aposentado, e fui. Aí eles me falaram: nós temos curso de formação. Aí eu já fiz logo a minha inscrição, e fui fazer o curso de formação. Esse curso de formação sindical para os aposentados se dá em Caldas Novas, e eu fui para esse curso. A coordenadora da Secretaria de Aposentados era minha grande amiga e saudosa Isabel Portuguez. E nós fizemos o curso, eu fiquei... A conheci, antes eu já a conhecia, mas só de vista, não tinha intimidade, aí a gente começou a conversar. Eu fiz as duas etapas do curso e depois fiz curso de informática; as reuniões dos aposentados eu frequentava, eu já comecei receber todas as informações de atividades voltadas para o aposentado. Quando foi em 2013, a Isabel Portuguez me ligou e falou comigo assim: “Eu gostaria muito de conversar com você”. Eu fiquei assim, pensando, o que será que ela quer conversar comigo. Ela marcou para eu ir lá no SINPRO conversar com ela. Quando eu cheguei lá ela falou para mim, assim: “Sílvia, eu observei a sua postura lá no curso de Caldas Novas, eu vi que você tem uma facilidade muito grande de conversar com as pessoas, eu vi que você conversava com todas as pessoas do grupo que estavam ali, e tal, e eu queria convidar você para fazer parte da chapa”. Eu fiquei até assustada, falei: “Olha, eu não sei não”. “Não Sílvia, é porque eu vi que você é uma pessoa que gosta de conversar com os outros. Você é uma pessoa humilde, e para trabalhar com aposentado essa é uma característica boa”. Aí eu falei: “Eu vou conversar com meu marido”. Conversei com ele, tinha pouquinho tempo que eu tinha perdido minha mãe, eu estava assim num sofrimento muito grande, ficando muito sozinha em casa, e meu marido falou assim: “Isso é uma forma até de você sair um pouco de casa, vai ver outras pessoas”. Aí eu aceitei fazer parte da chapa. Nós trabalhamos, fizemos a campanha, eu fiz a campanha junto com ela, fizemos muitas reuniões de aposentados. E vencemos as eleições. Tomamos posse e ela me deu todas as orientações. Eu devo muito a ela. Ela me deu assim muita bagagem, me ensinou muito, é uma pessoa muito aberta à conversa. E nas nossas reuniões de aposentados, na fala dela, ela dizia assim: “A Silvia veio para o SINPRO do Curso de Formação Sindical, e ela vai ficar no meu lugar”. E eu dizia para ela: “Eu, não. O dia em que você sair eu saio também”. E em todas as reuniões ela falava isso. Depois a gente foi pensar, parece que algo já dizia para ela que ela ia morrer tão de repente. Ainda nesse primeiro mandato, que o nosso mandato era de 2013 a 2016, quando foi no final de 2015 ela teve um AVC e veio a falecer, muito rápido. Aí acabou que a Rosilene, falou assim: olha Silvia, agora você vai assumir a secretaria. E eu fiquei, poxa! Ela: não é você, porque a Isabel falava para todo mundo que você que ia ficar no lugar dela, então você vai ocupar esse lugar. Então desde final de 2016, início de 2017, que eu estou aí coordenando a Secretaria de Aposentados.
40:05
P/1 - Silvia qual é o segredo, qual é o pulo do gato, para gerir bem uma secretaria com essas características, lhe dando com aposentados, qual é o segredo disso?
R – Eu penso que o maior segredo é a gente ter paciência e muita atenção com os aposentados. Eu falo para as minhas colegas, assim: “Os aposentados precisam muito da nossa atenção, do nosso carinho, da nossa disponibilidade em ouvi-los”. Porque muitos são sozinhos. Eu acho que quando a gente chega em uma determinada fase da vida, os filhos casam, uns separam ou ficam viúvos, e as pessoas ficam muito sozinhas, então os aposentados, eles me ligam. Eles não têm dia para ligar e nem hora. Tem uma aposentada que me liga aqui domingo, 11 horas da noite, e tem aposentado que liga conversa, conversa, conversa, aí você pergunta qual é a sua demanda? “Não, Sílvia, eu só queria que você me ouvisse”. Então eles querem conversar, eles querem que a gente escute, que a gente converse com eles. E eu tenho essa paciência porque eu acho que não é à toa que eu estou ali naquele lugar. Eu estou aqui para fazer o meu trabalho político, mas também como ser humano eu tenho que atender as pessoas bem, são pessoas que precisam muito do nosso aconchego, olha, às vezes eu ligo para uma professora, e pergunto se ela está bem, ela fala: Silvia, hoje eu ganhei o meu dia porque eu conversei com você. Então é muito bom a gente ouvir isso dos nossos colegas, a gente sabe que eles precisam desse afago, eles querem passar coisas, até assuntos de família eles passam para gente, porque eles confiam na gente. Então eu acho que o pulo do gato é esse aí. E a gente ter paciência, ter calma, saber ouvir a categoria e ter aquele olhar carinhoso mesmo para os nossos aposentados.
42:31
P/1 - Como é que é estrutura da secretaria de aposentados, são várias pessoas? Como é que se organiza isso?
R – A Secretária de Aposentados, assim como todas as outras secretarias no SINPRO, ela é composta por três membros, tem uma coordenadora e mais dois diretores. A gente fica na coordenação eu falo para minhas colegas, não é porque eu sei mais que vocês, o trabalho nosso ele é um trabalho único. É porque tudo tem que ter alguém para coordenar, porque senão as coisas que perdem, mas é um trabalho legal. Nós temos também uma secretária, as secretárias do SINPRO que nos dão apoio, então o trabalho ele se dá dessa forma, a gente reúne para tomar as decisões, a secretaria reune para tomar as decisões e a gente sempre está fazendo atividades voltadas para os aposentados. Nesse momento a gente está tendo assim... Uma maior dificuldade, uma vez que os aposentados, eles não dominam muito essa parte da tecnologia, só os aposentados mais recentes, mas os aposentados numa idade mais avançada, eles têm mais dificuldade, mas mesmo assim nós temos feito algumas atividades para os aposentados, reuniões virtuais e tudo mais.
44:05
P/1 – Certo, eu queria que você explorasse um pouco mais isso, como é que se dá esse tipo de relacionamento num tempo tão complicado de pandemia e exigindo uma aproximação dessas novas tecnologias que nem todo mundo domina.
R – Quando a gente vai fazer as nossas reuniões, que a gente divulga o link, na hora de começar a reunião acaba sendo um momento bem difícil. Você está no computador conduzindo a reunião e eles estão te ligando perguntando como é que faz para eles entrarem. Mas a gente conta aí com o apoio das colegas diretoras, que também não são da nossa secretaria, porque isso é muito bom a gente colocar: nós somos três na Secretaria de Aposentados, mas a gente conta também com a ajuda dos outros colegas diretores, que também nos ajudam, nos apoiam. Existem essas dificuldades, mas mesmo assim nos já fizemos algumas reuniões com aposentado, já fizemos atividades culturais, levando música, alegria e a última atividade, eu acho, não sei você que comentou sobre isso, a última atividade que nós fizemos foi o concurso de poesia e desenho para os aposentados do SINPRO, porque a gente fez, a gente concretizou esse trabalho no dia do aposentado, foi dia 24 de janeiro. E, além disso, mesmo quando a gente não tem a parte de tecnologia, quando a gente precisa comunicar, a gente manda uma carta. Em janeiro nós fizemos um jornal, um jornal escrito mesmo, que a gente mandou para as casas dos aposentados, a gente enviou para casa de todos aposentados. No jornal nós divulgamos sobre toda a situação que o país está vivendo, principalmente os assuntos que dizem respeito aos aposentados, que foi a parte aí no aumento das alíquotas previdenciárias, a gente fez todo esse trabalho, dicas de saúde. Então a gente acaba fazendo também, essa parte escrita, para que contemple os aposentados que não têm acesso às redes sociais.
46:39
P/1 - Como é que você avalia ou tem avaliado o retorno que eles dão para esse trabalho do SINPRO?
R - Eles gostam muito, eu tenho aposentados daqui do DF que mudaram inclusive para outros estados, e eu tenho muito contato de aposentado daqui que moram fora, João Pessoa, Salvador, Florianópolis, esse Brasil afora, até uns que moram em Portugal. Agora na época mesmo do jornalzinho, eles mandaram mensagem “olha recebi o jornalzinho, parabéns, o jornalzinho foi muito bom, ele me esclareceu as dúvidas e tudo mais”. Então assim, a devolutiva ela é boa, mas eu costumo dizer que os aposentados eles gostam muito das atividades presenciais, eles sentem essa falta, eles falam assim: ah não Silvia, quando é que a gente vai ter uma reunião, porque eles querem reunião, e na reunião a gente faz sempre uma coisa diferenciada, se é uma reunião pela manhã a gente começa com o café da manhã, uma musiquinha para recepcioná-los, então a gente faz esse momento gostoso, e eles adoram encontrar com o outro para conversar. Então a gente tenta proporcionar isso, eles estão sentindo falta disso e eu também. E eu também sinto falta, as nossas atividades, o ano passado a gente não desenvolveu nenhuma atividade de curso, reunião presencial. A gente faz feiras culturais, oficinas de ervas, de hortas, que eles adoram ir lá para Chácara do Professor, que é um espaço muito bom que o SINPRO tem aqui, e a gente está impossibilitado de fazer essas atividades. Eu tenho dito para eles, primeiro vamos cuidar das nossas vidas, vamos manter o isolamento social, depois que tudo passar, com certeza a gente vai se encontrar. No sábado mesmo uma aposentada me ligou, falou assim: Silvia eu não vejo a hora de acabar isso, pra gente encontrar, e a gente bater papo, e a gente tomar uma cervejinha. Que tem aposentados que gosta de uma cervejinha. Eu falo: claro! A gente também não vê a hora disso acontecer. Então eu penso que quando tudo isso passar a gente vai ter que realmente fazer um momento de confraternização, para alegrar essa grande parte da nossa categoria, que está aposentada aí, e que é filiada ao nosso sindicato.
49:25
P/1 – Silvia, quais você considera serem os desafios mais importantes que se colocam hoje para o SINPRO.
R – São tantos desafios, porque nós estamos vivendo um período muito difícil da nossa história. Em relação à política é um desafio muito grande, porque nós estamos vivendo aí um desmonte do serviço público, e isso é muito triste, tudo que nós construímos aí com os nossos governos, atualmente nós estamos vendo que estamos perdendo, nós não estamos conseguindo ter avanço. Estamos fazendo a luta, mesmo virtualmente nós não paramos de lutar, a nossa luta é grande em defesa da nossa categoria, mas com esses governos reacionários que estão aí, as coisas não estão fáceis. Eu falo muito para os aposentados, converso com os aposentados o dia inteiro, a gente tem esse telefone aqui que ele não para, então eu falo muito com eles: “Olha, nós precisamos mudar o cenário político”. Quando eles falam: “Quando aumentou o desconto da seguridade social, eu perdi 600 reais do meu salário”. Então eu falo para eles: “Por que que você perdeu? Vamos fazer uma análise.? Porque quem está na Câmara federal, quem está na Câmara Legislativa do DF, são pessoas que não defendem a classe trabalhadora, que não defendem os interesses dos servidores públicos, e as leis que passam por lá foram aprovadas por eles. Se a gente vota em pessoas que são grandes empresários e que não preocupam com serviço público, o caminho é esse, nós vamos está sempre perdendo. Então vamos ficar atentos e vamos mudar essa forma de ver a política. Porque eu ouço muito os colegas falarem assim: “Ah, mas eu não gosto de política.”. E eu falo para eles: “A nossa vida está inserida na política, não tem como separar uma coisa da outra”. Todas as leis que são criadas para beneficiar ou prejudicar a classe trabalhadora, os servidores públicos, elas são votadas na esfera federal ou na esfera local, então o resultado disso vai depender de quem nós colocamos lá para nos representar. Então nós temos que eleger pessoas capazes, responsáveis e que defendem a classe trabalhadora, senão as coisas vão se tornar muito difíceis. Mas eu continuo afirmando que mesmo com essa pandemia o SINPRO tem feito uma luta muito grande, virtualmente, mas temos feito essa luta em prol da nossa categoria.
52:55
P/1 – Muito bem! Silvia, você está diante de um jovem, de uma moça ou de um rapaz que decidiu ser professor ou professora, o que você diria para eles?
R – Parabéns que linda profissão que você escolheu. E eu tenho aqui o orgulho de dizer que o meu filho é professor, o meu filho é professor de Educação Física. Quando o meu filho terminou o ensino médio, eu falei para ele: agora você vai fazer o vestibular. E ele falou comigo: vou fazer, mas só quero fazer se for educação física. Meu esposo ficou assim muito chateado, porque o sonho dele é que ele fizesse direito, medicina, um outro curso. E o meu filho não, mas eu quero fazer educação física. E o meu filho estudou na Fundação Bradesco, desde o pré-escolar e terminou o ensino médio lá, e ele era muito envolvido com as atividades da Fundação Bradesco. E ele falava assim comigo: o mãe, um dia eu ainda quero trabalhar nessa escola. Eu vou fazer educação física que eu quero trabalhar nessa escola. E ele fez Educação Física, ele gosta muito das atividades que envolvem a educação física, gosta muito de trabalhar com recreação, é uma coisa, se veste de palhaço ele é todo assim, sabe! E ele fez o curso, trabalhou em algumas escolas grandes, trabalhando no CEUB [Centro Universitário de Brasília], depois trabalhou no colégio Dom Bosco, no colégio Marista, são escolas grandes aqui do DF, lá do Plano Piloto. E sempre de olho no site da Fundação Bradesco, quando tem, acho que uns três anos, aí ele viu que tinha lá um processo seletivo para Educação Física, aí ele ficou louco, “mãe eu preciso participar”, e lá as coisas também... Lá não é fácil, são muitas provas para poder entrar o processo seletivo de lá, mas ele foi e fez, e hoje ele é aluno da Fundação Bradesco. Ontem mesmo ele veio aqui e falou: mãe, eu estou dando aula para os filhos dos meus colegas, têm vários filhos dos meus colegas que são meus aluninhos. Aí ele fala: mãe, eu estou dando aula para um menininho que a mãe dele foi sua aluna, lá na Ceilândia. Então ele gosta! Então eu acho assim, a profissão em si, ela deveria ser bem mais valorizada, porque tem um dizer que é muito certo, todos os outros profissionais eles passam pelas mãos de um professor, mas infelizmente nós não somos valorizados. Eu falo assim: para nós professores... Eu falo até nas escolas que eu visito, eu falo... Eu ouvi em 1978, quando eu trabalhei lá em Capitânia, como eu falei no início, a inspetora escolar foi lá fazer uma reunião, e ela encerrou a reunião com um dizer, que eu não sei de quem que é, mas que eu guardo para mim, e eu falo sempre, ela disse assim: nada é pequeno onde o amor é grande, e você querido professor, precisa ter muito amor, porque educação é obra de fé. Então eu penso assim, para nós sermos professores, educadores, nós temos que ter muito amor, eu sempre tratei o meu aluno da forma como eu gostaria que os professores tratassem os meus filhos, com amor, com carinho, com dedicação. Então eu acho essa profissão maravilhosa. Mas a gente precisa ter muito amor para desempenhar bem essa nossa profissão. A minha filha ela não quis, ela não... Claro que cada pessoa tem um gosto, tem um olhar para uma coisa, ela não tem essa vocação para ser professora, mas ela já me ajudou muito na confecção de materiais, ela sempre me ajudando, eu quando professora eu inventava 1000 coisa para dar aula para os meus alunos. E o meu filho é assim também, domingo ele veio para cá, nós reportamos letra, porque agora dia do circo, ele vai dar aula vestido de palhaço e tudo mais, então a gente sempre viveu assim. E a minha filha me ajudava muito a confeccionar material para os meus alunos, eu sou aquela professora, que quando eu tinha duas turmas, no dia da criança eu bordava toalhinha de ponto de cruz, com nome de cada criança, para dar de presente para eles, varava a noite, meu esposo brigando que eu estava ali bordando, que eu tinha que acabar. Mas eu sempre fiz com muito amor, então a profissão para mim é tudo, é maravilhosa, eu me senti realizada como professora.
58:15
P/1 – Silvia, eu não vou te pedir nenhuma bola de cristal, mas eu queria que você pudesse avaliar, qual é o futuro da educação no Brasil? Como é que você vê o futuro na nossa educação?
R – Realmente eu acho que nem com bola de cristal eu ia conseguir te responder. Assim, das linhas que você quer, mas eu penso que, se não mudar, como eu coloquei anteriormente. Se não mudar o cenário político do Brasil, eu fico muito triste com o futuro para o qual a educação está caminhando. Porque o que a gente vê e a falta de investimento muito grande, nós não temos investimentos para educação. Os governos anteriores fizeram um trabalho belíssimo de dar oportunidade para os filhos da classe trabalhadora frequentarem as universidades, e tudo mais. Mas a gente vê que isso está se afunilando, eles estão fechando as portas. Então isso me entristece muito, é como eu falei, se a gente não conseguir mudar esse cenário, eu não sei qual vai ser o futuro dessa nação, eu fico preocupada, é preocupante, quando a gente pensa no futuro da educação é preocupante. Nós vínhamos avançando muito, você vê aí o tanto de meninos negros, meninos pobres, cursando as universidades, fazendo medicina e tudo mais, e hoje em dia a gente vê que as coisas já estão ficando diferentes, já estão cortando as verbas para a educação em vários setores, e isso aí nos preocupa, nos preocupa muito. Porque nós do SINPRO, a gente trabalha defendendo a nossa categoria, mas a gente também... O nosso olhar, ele é voltado para educação pública, de qualidade, do nosso país.
1:00:38
P/1 - Muito bem Silvia, eu vou voltar um pouco para o plano pessoal. Você é casada, né! O nome seu marido qual é? O seus filhos, fala um pouco deles? Como é que você conheceu seu marido?
R - O meu marido ele é de Minas também, só que os pais dele moram na região de bonito, e ele morava aqui, e foi passear lá, e lá nós nos conhecemos. E a gente ficou namorando, eu morando lá, e ele morando aqui, quando foi para nos casarmos, ele foi embora para lá. E casamos e ficamos lá durante sete, oito anos, depois de casados, lá nós tivemos os nossos dois filhos nasceram lá. Letícia a minha filha, que hoje está com 38 anos e José Vicente o meu filho, que eu chamo de Vicentinho, porque o meu esposo chama Manoel Vicente, então a gente chama o meu filho de Vicentinho, mas na realidade hoje ele é maior, porque ele ficou grande e o pai dele ficou pequeno, inverteu, o Vicentinho tem 33 anos. Então nos viemos para cá já com a família constituída, já com os dois filhos, o meu esposo sempre... Trabalhou muitos anos no hotel, no Naoum Plaza Hotel, um hotel cinco estrelas aí em Brasília. E hoje ele também é do sindicato, ele é do sindicato da rede hoteleira, hotéis, bares e restaurantes. Ele é diretor do sindicato, também mandato eletivo, também já está aposentado do cargo dele, mas ele está aí nesse mandato eletivo do sindicato dele. A gente veio para cá, mas as nossas raízes continuam lá, eu ainda tenho sogro, sogra, meu sogro tem mais de 90 anos, continua lá no sítio, lá perto de Bonito de Minas. As minhas irmãs moram lá em Minas, lá em Januária ainda, mas a nossa vida se resume aqui. Dos dois filhos eu tenho duas lindas netas, a Letícia me deu uma netinha chamada Ana Beatriz e o Vicentinho a netinha chamada Manuela, Ana Beatriz tem 8 anos e Manuela tem 6 anos, são umas garotinhas que me alegram muito, todos finais de semana querem vir para casa da vovó, e a gente brinca muito, eu conto história, elas fazem teatro. Então assim... Hoje a Ana Beatriz já aceita eu dizer para ela que eu sou professora, porque para ela... Ela não lembra quando eu dava aula, não era nascida, então quando eu ensino ela, ela fala: vovó você não é professora, você trabalha no SINPRO. Porque ela vê no carro escrito SINPRO. Agora ela já sabe, eu falo: não, olha vovó deu aula muito tempo. Então agora ela já aceita eu ensinar as atividade e tudo mais, mas assim, graças a Deus a nossa família é uma família pequena, mas constituída de muito amor, nós somos católicos, eu acho muito importante... Eu às vezes, até nas reuniões eu falo assim: eu não consigo falar de mim sem falar de Deus, sem falar da importância que Deus tem para mim, que Deus tem na minha vida. Tudo que eu construir, porque hoje em dia é avalio assim, eu sou uma pessoa vitoriosa, porque eu vim de uma família muito humilde, passamos muitas dificuldades, eu não tenho vergonha de dizer, que a minha não tinha condições as vezes de comprar um lápis para cada um dos filhos, ela comprava um lápis e dividia ao meio, eu vim de uma família assim. A gente pegava a tampinha da caneta e colocava na ponta do lápis, pra ele ficar maior, e a gente ter a condição de escrever. Então para mim é um orgulho eu ter passado por tudo isso, por essa situação, mas é como eu coloquei lá no início para você, os meus pais me ensinaram a dar valor as coisas, o respeito, o amor, a gente trabalhar com humildade, ouvir o outro, ter discernimento do que é certo, do que é errado, e procurar viver, trilhar os caminhos certos da vida. E tudo isso, claro que com o olhar para Deus que é o nosso pai eterno e que direciona a nossa vida, que direciona a minha vida, eu não consigo ficar sem rezar, eu falo lá no SINPRO, eu falo assim: olha, eu continuo rezando por mim e por todos vocês, sem Deus nós não somos ninguém, e ele que nos conduz, que direciona a nossa vida, que nos das discernimento para a gente saber o que é certo e o que é errado, e as nossas vidas estão nas mãos de Deus. Então assim, a nossa família é assim, ela é criada, nós criamos nossos filhos também na igreja, a gente tem aproximação, mesmo com essa pandemia. No início eu sofri muito, que a gente ficava um pouco sem se ver, depois eu falei, não! Eu vou ficar sem ver os outros, mas os meus filhos e as minhas netas a gente vai precisar se encontrar, se não a gente vai pirar, não tem como. Então final de semana a gente tá sempre junto, e é aqui em casa, muito raro ir para casa deles, eles e que vem para cá, porque eles querem ficar aqui. Aqui é a casa da vovó, tudo pode, as netas fazem mil bagunças, e tudo bem! Então assim, graças a Deus o meu esposo é uma pessoa muito presente, ele me ajudou muito, muito, muito, quando eu voltei a estudar, porque eu não falei sobre isso. Depois que eu passei no concurso da Secretaria de Educação, aí eu fui fazer pedagogia. E fui fazer em uma universidade particular, estudei na Universidade Católica de Brasília, as dificuldades eram grandes, inclusive financeiras, eu pegava praticamente o meu salário todo para pagar a mensalidade da Católica, mas era o meu sonho estudar, como eu falei lá atrás, que quando eu terminei o ensino médio eu queria estudar, mas meu pai não tinha condição e eu fui trabalhar. Então chegou a hora que Deus me deu a oportunidade de mudar para cá, de passar no concurso, onde eu fui ter um salário melhor e ter condições de fazer o curso de pedagogia. Então nesse sentido aí, o meu marido me deu o maior apoio, porque quando eu fui estudar os meus meninos ainda eram pequenos, então ele que me apoiava, todo dia eu ia para a católica e ele ficava com os meninos, ele arrumava janta, me ajudava nos afazeres de casa, e tudo mais. Todo sábado eu tinha aula pela manhã, e ele sempre ali com os filhos. Ele deu esse suporte, então graças a Deus a gente tem assim, essa vivência, nós conseguimos adquirir nossas coisas, que quando eu cheguei para cá a gente morava de aluguel, num lugar assim bem difícil, bem humilde, mas graças a Deus e ao nosso empenho de trabalhar, de saber investir o que a gente ganha, e de ajudar ao próxima, porque eu falo muito, tudo que eu ajudo o próximo, eu recebo em dobro. E essa parte aí eu não abro mão, de estar ajudando as pessoas que necessitam, sabe, eu gosto muito de fazer a caridade, a pessoa que precisam, a minha família, eu ajudo muito a minha família, porque são pessoas carentes, eu tenho muitas pessoas da minha família que precisam mesmo de mim, da minha ajuda, e jamais eu vou deixar de ajudar, jamais! Então assim, a minha família é isso aí, é humilde, é simples, a gente não tem essas coisas de ficar gastando com o que não deve, e tudo, mas a gente vive feliz dentro das nossas possibilidades, a gente viaja uma vez ao ano, nas férias, a gente procura viver e ajudar o próximo. Isso que é importante, a gente viver, ajudar o próximo, praticar o bem, sem olhar a quem, eu aprendi muito com a minha mãe, ela dizia isso para gente, então é isso, a gente aprende e a gente nunca mais deixa de praticar isso que a gente aprendeu com os nossos pais, e com os nossos avós. Eu quero registrar aqui, que os meus avós, as minhas avós, materna e paterna, também muito nos ajudaram, muito ajudaram a minha mãe na criação dos... Inclusive assim mesmo, no material escolar que a gente precisava... Eu falo para o meu filho, esses dias falei para o meu filho... A gente precisava de uma cartolina e as vezes minha mãe não tinha o dinheiro para comprar, uma cartolina para a gente fazer um cartaz, ai minha vó ia lá, arrumava o dinheiro emprestado e comprava essa cartolina. Então foram muitas dificuldades, eu gosto de lembrar, as vezes minha filha fala: ai mãe, a senhora fica lembrando dessas coisas tristes. Eu falo: não, para mim não são coisas tristes, foi a escola de vida, foram as coisas pelas quais eu passei, as situações pelas quais eu passei, até chegar aqui. Então isso é importante à gente lembrar, de tudo que eu passei, eu olhando assim, eu estou vendo, que tem pessoas também que precisam de mim, assim como a gente conseguiu apoio de pessoas para nos ajudar, a gente também pode estar ajudando o próximo.
1:10:10
P/1 – Muito bem Silvia, eu estou satisfeito. Eu queria saber se tem alguma coisa que você gostaria de ter dito eu não te estimulei a dizer?
R – Olha eu acho que a respeito da minha família eu já falei muito, dos meus pais, dos avós, dos meus filhos eu quero aqui registrar, que até hoje, no SINPRO eles me dão total apoio em tudo que eu vou fazer, tudo que eu preciso, tanto a Letícia como o José Vicente, eles estão sempre presentes para me ajudar, quando eu vou participar de uma Live, que eu falo meu Deus do céu, que eu não sabia nada, eu ligo para o meu filho, corre para cá, vem me ajudar, aí ele vem, arruma computador, fica aqui do meu lado. Porque eu falo: e seu eu cair, o que eu vou fazer? Então assim, tanto a Letícia como o Vicentinho, estão sempre presente me ajudando, a minha família, o meu esposo, eu tenho assim o apoio, eu sei que a minha família se orgulha muito de mim, porque eu estou ocupando um espaço e eu posso ajuda-los. E eu também sei que posso ajudar, posso estar presente na vida deles, e eu faço isso, jamais eu tenho... Tem gente que fala assim: ah não, fulano melhorou de vida, não olha para o outro. Eu não sou assim eu sou humilde, continuo na minha humildade, eu falo isso no SINPRO, que eu continuo humilde. E eu quero registrar aqui, que no SINPRO nós fazemos um trabalho muito coletivo, um ajuda o outro, eu tenho assim a pessoa da Rosilene, é uma pessoa maravilhosa, eu não vou ficar aqui citando nomes, mas assim, nós temos as pessoas ali que nos apoiam e nos dão condições para a gente estar desenvolver um bom trabalho, um ajudando o outro, e isso que é importante. Mas dentro da entidade a gente tem que contar com o outro, para que nós possamos fazer um bom trabalho. O SINPRO, eu avalio que é um sindicato forte, de uma grande representatividade e que nós devemos continuar desenvolvendo esse trabalho. Eu estou lá, sei que é passageiro, porque é um cargo eletivo, todos nós vamos passando por lá, ficamos um tempo e depois temos que dar oportunidade de outras pessoas também irem contribuindo, irem dando sua contribuição com aquela qualidade. Mas assim, é maravilhoso estar no SINPRO, é maravilhoso desenvolver esse trabalho junto aos nossos colegas do SINPRO e junto a essa categoria maravilhosa, categoria de luta, que sempre soube lutar, sempre soube fazer a luta.
1:14:24
P/1 - Muito bem Silvia! Me diga uma coisa, como é que você se sentiu tendo participado dessa entrevista?
R - Eu me senti muito orgulhosa, eu não sei quem te indicou o meu nome para participar da entrevista, mas eu me senti orgulhosa e valorizada. Eu penso que as pessoas sabem e enxergam em mim o meu compromisso e a minha responsabilidade junto aos aposentados, junto à categoria, porque eu também não trabalho só com aposentado, eu também visito escolas, desenvolvo esse trabalho junto a toda categoria. Então eu penso que... Eu me senti valorizada e quero agradecer, porque eu vou estar aí fazendo parte do documentário da nossa entidade. Fiquei assim muito feliz e agradeço a quem me indicou, e agradeço também a você e a sua equipe por estar fazendo esse trabalho maravilhoso ai, que com certeza vai ser esplêndido e que a gente vai poder ter acesso porque é um sindicato como eu falei 42 anos, e que não tem ainda um documentário, um registro Luiz, e assim, eu jamais poderia dizer, deixar de dizer, que lá de onde Isabel Portuguez está, com certeza ela está feliz por eu estar participando aqui, porque foi ela que me convidou para participar da direção dessa entidade e ela que criou a Secretaria de Aposentados em 1992, e o sonho dela era ver essa secretaria se desenvolvendo, desenvolvendo atividades voltadas para os aposentados. Então assim, se eu estou no SINPRO, eu agradeço primeiramente a Isabel Português, foi quem me convidou para estar lá, e de modo geral quero agradecer a todos que de uma forma ou de outra sempre contribuem para que eu desenvolva um bom trabalho junto a nossa entidade.
1:17:02
P/1 - Muito bem Silvia! Para terminar, diga, por favor, quais são os seus sonhos?
R - Quais são os meus sonhos... Eu já tive tantos sonhos realizados, que eu pedi a Deus e que ele realizou tanto sonhos. O meu sonho é continuar vivendo, gozando de saúde, de paz, de tranquilidade, juntamente a toda minha família. E eu tenho um sonho também de viver numa sociedade mais justa e mais igualitária, onde todas as pessoas tenham a oportunidade de estudar, de trabalhar, de viver com dignidade.
1:18:06
R – Perfeito Silvia, eu só tenho a agradecer a sua disponibilidade, a sua bela história e dizer que foi muito bom ouvi-la, muito obrigado, viu, pelo seu tempo.
R: Por nada, eu que agradeço e me coloco à disposição, qualquer dúvida. Você disse que a Wini vai entrar em contato comigo, estou à disposição para colaborar no que tiver ao meu alcance.
P/1 - Muito obrigado, muito obrigado mesmo! Foi muito bom ter você conosco!
R - Por nada, eu que agradeço!Recolher