Meu nome é Paulo Bernardo, aliás, meu nome é Paulo Bernardo Silva, eu nasci em 10 de março de 1952 e nasci em São Paulo. A minha mãe é neta de portugueses e nasceu no interior de São Paulo, numa cidade chamada Monte Azul Paulista, mas ela foi criada em Santos e foi onde ela conheceu o meu pa...Continuar leitura
Meu nome é Paulo Bernardo, aliás, meu nome é Paulo Bernardo Silva, eu nasci em 10 de março de 1952 e nasci em São Paulo. A minha mãe é neta de portugueses e nasceu no interior de São Paulo, numa cidade chamada Monte Azul Paulista, mas ela foi criada em Santos e foi onde ela conheceu o meu pai, que era migrante nordestino. Ele veio de Pernambuco com 16 ou 17 anos, morou um ano e pouco em São Paulo, depois foi para Santos, eles se conheceram lá e casaram. Eu sou o filho mais velho. Nós somos em sete irmãos, sou o mais velho de sete. A parte da minha infância que eu me lembro é a partir de quatro e meio, cinco anos, eu morei em Ribeirão Preto. Nós fomos para Ribeirão Preto, minha mãe vive até hoje lá, e a gente morava num bairro mais periférico da cidade. Naquele tempo já era uma cidade grande, era um bairro que não tinha asfalto, não tinha saneamento básico. O ônibus só passava em uma avenida, tinha luz elétrica e água também, mas o restante era... A gente era criado muito solto, a molecada naquele tempo saía de casa, ia para a escola, voltava, depois ia para a rua jogar bola, roubar manga no vizinho, goiaba… Foi uma infância muito boa. Eu imaginava um monte de coisa [ao pensar no que ia ser ao crescer], pensava em ser paraquedista, pensava em ser engenheiro, uma série de coisas, piloto de avião... Acho que os meninos são meio seduzidos com essas coisas; avião e coisas parecidas. Acabei cursando Geologia na Universidade de Brasília, mas nunca trabalhei com isso, fui trabalhar no Banco do Brasil, acabei enveredando para uma carreira na área de tecnologia, fui programador de computadores, também fui analista e depois me elegi deputado e estou na vida pública já há algum tempo. Na época, eu participava muito de atividade sindical, era militante assíduo do sindicato, era um período mais difícil para atividade sindical, porque até 1978 não tinha greve, depois de 64 [1964]. Começaram os movimentos sindicais a partir das greves de São Bernardo, começaram a se organizar e os bancários também fizeram isso, com mais demora, mas foram os bancários que começaram mesmo a fazer greve em 84 [1984], greve de caráter nacional, então eu participava muito. Em 1990, tinha um movimento de tentar eleger sindicalistas para o Congresso, que até foi bem sucedido, elegemos uns oito sindicalistas e eu entrei como candidato para ajudar na campanha e nós, na realidade, tivemos sorte, fizemos uma legenda… Os votos de legenda no PT foram muito fortes e eu acabei entrando de contrapeso, vamos dizer assim, nessa campanha. O Correios me deu o maior susto que eu levei até hoje, porque eu morava em Brasília, estava estudando aqui, isso foi no começo de 1974, e nós recebíamos correspondência na própria agência de lá, o Correios tinha uma pequena agência lá no campus universitário e ficava perto do restaurante, bandejão. Eu estava indo almoçar no restaurante e passei no Correios, tinha um telegrama lá dizendo que a minha mãe tinha sido operada: “Ela teve uma crise de apendicite e foi operada”. Então tudo bem: “Vou ligar para casa, vou ver como é que faz, se ligo antes ou depois do almoço”. Só que quando eu estava saindo do Correios, lendo o telegrama, eu vi o meu pai chegando de carro, falei: “Pronto, aconteceu o pior, minha mãe morreu”, e, na verdade, ele também não sabia, ele tinha feito uma viagem até Goiânia e resolveu vir à Brasília para me ver, ele ficou sabendo pelo mesmo telegrama. O pessoal não sabia direito onde ele estava, em 74 [1974], as comunicações eram mais complicadas. Acabou que ele levou ainda mais susto do que eu, porque saiu de lá e estava tudo bem. Enfim, nós ligamos pra lá, ela estava bem, estava tudo certo, almoçamos e ele foi embora, não quis ficar, ele veio me visitar por duas horas mais ou menos. Foi um susto! Até um tempo não muito distante nós nos comunicávamos por carta. Era muito comum, por exemplo, a minha família, como nós mudamos para Ribeirão Preto e a família da minha mãe ficava em Santos, era muito comum, o pessoal se escrevia muito, toda semana chegava carta. O pessoal, às vezes, até se reunia para ler a carta, abrir e contar as novidades. Você não fazia telefonema facilmente, eu não tinha telefone em casa nessa época, você tinha que ir no posto telefônico para telefonar. As cartas eram muito bem recebidas, e o meu pai, que a família ficava no nordeste, as cartas chegavam de três em três meses, era mais difícil ainda. Quando chegava uma carta era um acontecimento, a pessoa normalmente lia, deixava para responder à noite, no outro dia, colocar no Correios, um ritual bem interessante. Eu acho que a gente vê hoje o Correios com essa presença toda na sociedade, todo mundo conhece, tem agência ou posto em todas as cidades, mas proporcionalmente, naquela época tinha um impacto colossal, porque a comunicação basicamente era uma carta, você não tinha outras formas de saber como é que estavam os seus familiares, como é que estava o pessoal… Isso era muito marcante. Quando eu vim aqui para o Ministério das Comunicações, eu era Ministro do Planejamento e coincidentemente, houve uma série de questões que precisavam ser resolvidas aqui do Ministério, que eu, como Ministro do Planejamento, ajudava. Principalmente na área de telefonia, havia uma negociação dura com as telefônicas, emperrada e nós começamos a ajudar em 2010 e concluímos depois que eu era Ministro já em 2011. Também tivemos alguns problemas nos Correios em 2010, que eu procurei ajudar a resolver, a tratar. Acabou que quando eu vim para cá tinha um pouco de familiaridade com os problemas. Mas, de qualquer forma, depois foi muito gratificante, porque a gente aprende muito. Tanto o setor de telecomunicações, que tem uma presença nacional, hoje, todo mundo, praticamente, tem a sua vida impactada por isso, como os Correios, que hoje é uma empresa mais moderna. Continua levando cartas para o Brasil inteiro, mas tem uma série de outros serviços, serviços rápidos, Sedex, serviços expressos, encomenda. Hoje, você faz uma compra pela internet e o Correios vai entregar. Aqui a minha estadia tem sido muito gratificante, por aprender todas essas questões, é muito legal. Correios, 350 anos de atividade no Brasil, mudou o nome da empresa, mas é isso, é uma atividade, das mais antigas que nós temos e que tem uma importância extraordinária. Desde a época em que se fazia esse serviço no lombo de burros e mulas pelo Brasil inteiro, até hoje com todos os serviços que o Correios presta pra nossa população e que ainda são de caráter especial. As pessoas, muitas vezes, dependem dos serviços dos Correios para tomar suas decisões, para resolver a sua vida. E o Correios no Brasil tem uma coisa boa, embora seja muito difícil, para empresa é uma atividade difícil, o Brasil é muito grande, condições geográficas diferentes, difíceis, muita desigualdade ainda, então isso não é simples. Mas é diferente, por exemplo, o correio americano só pode levar cartas, tá regulamentado lá para isso e isso é um problema enorme, a empresa vai ter dificuldade para sobreviver no futuro. Se nós tivéssemos uma regulação como essa, com certeza, seria difícil a empresa Correios sobreviver. Como nós temos atividades diversificadas, encomendas, levar outras coisas, serviço de Sedex, todos esses serviços novos, eu acho que o Correios vai continuar presente e impactando a vida das pessoas. Quer dizer, talvez a emoção seja diferente, não é aquela carta que chega depois de dois meses sem notícia, mas é uma coisa que você desejava muito, comprou e chega e você verifica que chegou em ordem, que vem com as instruções para usar. Enfim, eu acho que o Correios é e vai continuar sendo uma grande empresa de uma grande importância para o Brasil e para a vida das pessoas.Recolher