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História
Personagem: Cléa Magnani Pimenta
Por: Museu da Pessoa, 15 de agosto de 2018

275 viagens contra o Alzheimer

Esta história contém:

275 viagens contra o Alzheimer

Vídeo

A minha mãe era viúva de uma pessoa que morreu no mesmo dia em que ela perdeu o nenezinho de que estava grávida. Já fazia oito meses que ela estava de gravidez, e ele era um lutador de boxe. E eles estavam passando por uma situação difícil. Então, ele fez um desafio pra outro lutador mais forte: se ele ganhasse, eles ficariam muito bem de vida. Mas minha mãe chegou à maternidade da Santa Casa, a médica fez o teste e falou: “O nenê está morto. Nós vamos precisar fazer um fórceps pra tirar essa criança daí”. Tentaram ligar pro marido e ninguém atendia, porque ele estava na luta, naquela mesma noite. E o outro lutador era de um peso muito maior do que o dele e era um lutador sujo. Ele deu um soco no pulmão dele, estourou a artéria pulmonar e ele morreu no ringue, saindo sangue pela boca. Já fazia três dias que ele estava enterrado quando a minha avó o encontrou, já na ala dos indigentes. Então, o trauma da minha mãe era esse, de ter perdido o marido e o nenê no mesmo dia.

Depois de cinco anos, ela conheceu meu pai e acabou se casando com ele. Eles se casaram em 1944 e, em 1947, ela engravidou de mim. Ela entrou na Maternidade São Paulo no dia 22 de dezembro, eu fui nascer no dia 29. Quando chegou o dia de Natal, meu pai foi lá visitá-la, mas, quando voltou pra casa, fundiu o motor do carro. Então, ele e o meu avô ficaram trabalhando esses dias, do dia 26 de dezembro até o dia 29, no carro. E meu pai não foi mais visitá-la no hospital. Aí, ela reviveu a história todinha! No dia 29 pela manhã, pouco antes das seis, eu resolvi que já estava cansada de ficar lá dentro e falei: “Oh, gente, me dá licença que eu vou nascer!”. E eu, 15 pras sete da manhã, botei a cabeça pra fora e nasci sozinha no quarto, com ela na cama. Quando ela sentiu as dores, ela gritou e eu nasci. Ela entrou em choque! Então, ela começou a espernear. Meu pai tinha conseguido arrumar o carro na noite do dia 28 pro dia 29. Conforme ele está...

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Casa de sempre

Casa onde Cléa nasceu e vive até hoje, na Vila Vera.

período: Ano 1977
local: Brasil / São Paulo / São Paulo
crédito: Acervo pessoal
tipo: Fotografia

Casa dos avós paternos

Cléa no colo da nona Zenaide e a mãe.

período: Ano 1948
local: Brasil / São Paulo / São Paulo
crédito: Acervo pessoal
tipo: Fotografia

Casa dos avós paternos

Cléa com o pai e a mãe.

período: Ano 1948
local: Brasil / São Paulo / São Paulo
crédito: Acervo pessoal
tipo: Fotografia

Casa da infância

Cléa com um ano e meio junto à mãe. "Estamos na casa onde me criei dos 18 meses aos 24 anos, quando me casei", explica.

período: Ano 1949
local: Brasil / São Paulo / São Paulo
crédito: Acervo pessoal
tipo: Fotografia

Sítio do fim de semana

Cléa passou dos sete aos 16 anos indo, aos fins de semana, ao sítio da família em Atibaia. "Não havia luz elétrica e a água era levada do poço à caixa d'água através dessa bomba manual que meu pai está acionando", comenta.

período: Ano 1955
local: Brasil / São Paulo / Atibaia
crédito: Acervo pessoal
tipo: Fotografia

Vila dos Quarenta

Cléa recorda que, antigamente, Vila das Mercês era chamada de Vila dos Quarenta. Na foto, está com a mãe durante a colheita de abóbora no quintal de casa.

período: Ano 1950
local: Brasil / São Paulo / São Paulo
crédito: Acervo pessoal
tipo: Fotografia

Comemoração

Cléa aos quatro anos com o pai José (Ricardo) Magnani e a mãe Rosa Magnani. A foto foi feita em estúdio fotográfico em comemoração aos cinco anos de Cléa.

período: Ano 1952
local: Brasil / São Paulo / São Paulo
crédito: Acervo pessoal

Tocando de ouvido

Cléa tocando na harmônica que ganhou do pai aos sete anos de idade. "Eu tive oito meses de aulas com o professor Arlindo, filho do açougueiro do bairro. Deixei de estudar e passei a tocar 'de ouvido' o que faço até hoje", diz.

período: Ano 1959
local: Brasil / São Paulo / São Paulo
crédito: Acervo pessoal
tipo: Fotografia

Estrada Velha de Santos

Os pais de Clea com o primo Amadeu, filho de um tio paterno. "A foto foi feita após a chegada de meus pais que foram da Aclimação, onde residiam em São Paulo, até Santos. De bicicleta, pela Estrada da Serra Velha, o que valeu uma medalha que meu pai mandou fazer para minha mãe...", conta.

período: Ano 1945
local: Brasil / São Paulo / Santos
crédito: Acervo pessoal

Herança ciclista

Clea aos 12 anos no quintal de casa, na mesma bicicleta que a sua mãe usou para descer a Estrada Velha de Santos duas vezes.

período: Ano 1960
local: Brasil / São Paulo / São Paulo
crédito: Acervo pessoal
tipo: Fotografia

Herança ciclista

A mãe de Cléa aprendeu a andar de bicicleta depois que conheceu o esposo, campeão ciclístico, e passou a o acompanhar em "longos passeios por São Paulo, no tempo em que se podia andar sem perigo, embora 'fosse um escândalo' mulher ciclista nessa época".

período: Ano 1944
local: Brasil / São Paulo / São Paulo
crédito: Acervo pessoal
tipo: Fotografia

Pai ciclista

Foto do pai, José Ricardo Magnani no quarto de casa.

período: Ano 1944
local: Brasil / São Paulo / São Paulo
crédito: Acervo pessoal
tipo: Fotografia

Genética ciclista

Família Magnani, de cinco filhos ciclistas. Da esquerda para a direita: Arcanjo, Américo, Fioravante, Antonio e Ricardo, este pai de Cléa.

período: Ano 1945
local: Brasil / São Paulo / São Paulo
crédito: Acervo pessoal
tipo: Fotografia

Família

A mãe de Clea aos 70 anos, e seus amores: Patricia, Alexandre e Renato.

local: Brasil / São Paulo / São Paulo
crédito: Acervo pessoal
tipo: Fotografia

Festa junina

Cléa com o esposo Gilberto numa festa junina.

período: Ano 2000
crédito: Acervo pessoal
tipo: Fotografia

Projeto Municípios

"Depois do diagnóstico de Alzheimer em 2005, após ele demonstrar interesse em conhecer todos os 645 municípios do Estado de São Paulo, iniciamos uma série de viagens diárias passando por 275 cidades."

período: Ano 2008
crédito: Acervo pessoal
tipo: Fotografia

Sanfoneira

Cléa no aniversário de uma amiga. "A música me acompanha desde os sete anos de idade..."

período: Ano 2017
local: Brasil / São Paulo / São Paulo
crédito: Acervo pessoal
tipo: Fotografia

Maternidade

Os tesouros de Cléa, seus três filhos: Renato, Patricia e Alexandre.

período: Ano 2016
local: Brasil / São Paulo / São Paulo
crédito: Acervo pessoal
tipo: Fotografia

Amor

"Deus levou meu amor. E me deu esse gato muito especial, que é da minha filha, mas me adotou como cuidadora e "morró" (é assim que ele me chama). Há momentos em que ele me olha com tanto carinho, que chego a pensar que dentro dele esteja todo o amor que o Gilberto tinha por mim..."

período: Ano 2016
local: Brasil / São Paulo / São Paulo
crédito: Acervo pessoal
tipo: Fotografia

Jóias

"As jóias do meu tesouro, minhas amadas netas Gabriela, Beatriz e Julia.

período: Ano 2017
local: Brasil / São Paulo / São Paulo
crédito: Acervo pessoal
tipo: Fotografia

O início de tudo

Casamento de Cléa com Gilberto em 08 de janeiro de 1972, na Paróquia de Santa Cândida.

período: Ano 1972
local: Brasil / São Paulo / São Paulo
crédito: Acervo pessoal
tipo: Fotografia

Dados de acervo

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Projeto Conte Sua História

Depoimento de Cléa Magnani Pimenta

Entrevistada por Carol Margiotte e Nori Navarro O. Marchini

São Paulo, 16/05/2018 PARTE 1

Realização: Museu da Pessoa

PCSH_HV676_Cléa Magnani Pimenta

Transcrito por Márcia Rocha de Almeida

Revisado e editado por Viviane Aguiar

P/1 – Cléa, boa tarde, obrigada por estar aqui conosco. E, pra começar, o seu nome completo, local e data de nascimento.

R – Cléa Magnani Pimenta, São Paulo, capital, 29 de dezembro de 1947.

P/1 – E a senhora conhece a história do seu nascimento, do dia do seu nascimento?

R – Conheço (risos), foi uma história muito interessante. A minha mãe era viúva de uma pessoa que morreu no mesmo dia em que ela perdeu o nenezinho que ela estava grávida. Então, eles eram casados, viveram oito meses depois de casados, depois que ela ficou grávida. Já fazia oito meses que ela estava de gravidez, e ele era um lutador de boxe. E eles estavam passando uma situação difícil. Então, ele fez um desafio pra um outro lutador mais forte que, se ele ganhasse, ele ficaria muito bem de vida. E ela falou pra ele: “Olha, desde ontem que eu estou sentindo que o nenê não está se mexendo”. Então, ele falou: “Eu não vou poder ir com você, mas vai à Santa Casa” – que eles moravam ali no Bom Retiro – “Vai à Santa Casa ver o que está acontecendo, que eu vou pro treino e vou ficar lá o dia inteiro”. E eles não tinham telefone em casa, tinha só o telefone numa lotérica que ele tinha, que eles viviam também disso. Ela chega na maternidade ali da Santa Casa, a médica faz o teste e falou: “O nenê está morto. Nós vamos precisar fazer um fórceps pra tirar essa criança daí”. Ela falou: “Ah, meu Deus!”. E ela disse: “É bom avisar o seu marido”. E ela: “Mas ele está num lugar que não tem telefone, nós não temos telefone em casa e ele não está em casa, ele está na academia e eu não sei o telefone de lá”. Ela disse: “Bom, não é...

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Título: 275 viagens contra o Alzheimer

Data: 15 de agosto de 2018

Local de produção: Brasil / São Paulo / São Paulo

Personagem: Cléa Magnani Pimenta
Entrevistador: Nori Navarro
Editor: Viviane Aguiar
Revisor: Viviane Aguiar
Autor: Museu da Pessoa

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