P1- Bom dia! R- Bom dia! P1- Eu gostaria de estar começando o nosso depoimento com o senhor se apresentando: nome, local e data de nascimento. R- Meu nome é Oscar Alonso de Souza, nasci no Recife, estado de Pernambuco, no dia 4 de setembro de 1925. P1- Quando o senhor veio para São Paulo? R- Eu vim para São Paulo em 1947, exatamente no dia primeiro de outubro de 1947. P1- E o senhor veio com seus pais? R- Não, a minha trajetória para São Paulo foi a seguinte: eu saí do Recife em 1945, um pouco depois da Guerra, e fui tentar a vida no Rio de Janeiro. De 45 a 47 eu trabalhei numa empresa no Rio e em determinado momento, paralelamente, eu comecei a trabalhar numa outra organização, numa firma americana e me dei bem com aquele teste, um estágio. E aí fui convidado a vir trabalhar em São Paulo, me desliguei da primeira empresa e vim para São Paulo. P1- E seus pais ficaram em Recife? R- Meu pai nessa ocasião já fazia alguns anos que ele era falecido, e minha mãe ficou no Rio de Janeiro com um irmão. P1- O senhor tem irmãos? R- Tenho, ainda continuo com os três irmãos, dois homens e uma mulher. P1- E o senhor voltou a Recife depois que o senhor veio para o Rio, São Paulo? R- Sim, três vezes. Saudades, né? Fui rever alguns parentes que ainda estavam lá, ainda hoje tem um pouquinho lá, em 1952, 1972 e 1985. E mais em 1997, para ser mais preciso. P1- E o senhor sentiu que em Recife o bairro que o senhor morava foi mudando, a cidade? R- É, eu visitei um pouco o bairro onde eu residi por mais tempo e notei algumas mudanças, realmente, que em parte deixaram saudades porque acabaram com alguns ítens que eu estava acostumado com eles né? Mas é a evolução mesmo natural das coisas, as mudanças todas, é prédio que substitui o outro, ou porque é reformado e também muda o visual, essa coisa toda. P1- Os seus pais eram de Pernambuco mesmo? R- O meu pai era de Alagoas, a minha mãe era de Pernambuco. P1- E o senhor...
Continuar leituraP1- Bom dia! R- Bom dia! P1- Eu gostaria de estar começando o nosso depoimento com o senhor se apresentando: nome, local e data de nascimento. R- Meu nome é Oscar Alonso de Souza, nasci no Recife, estado de Pernambuco, no dia 4 de setembro de 1925. P1- Quando o senhor veio para São Paulo? R- Eu vim para São Paulo em 1947, exatamente no dia primeiro de outubro de 1947. P1- E o senhor veio com seus pais? R- Não, a minha trajetória para São Paulo foi a seguinte: eu saí do Recife em 1945, um pouco depois da Guerra, e fui tentar a vida no Rio de Janeiro. De 45 a 47 eu trabalhei numa empresa no Rio e em determinado momento, paralelamente, eu comecei a trabalhar numa outra organização, numa firma americana e me dei bem com aquele teste, um estágio. E aí fui convidado a vir trabalhar em São Paulo, me desliguei da primeira empresa e vim para São Paulo. P1- E seus pais ficaram em Recife? R- Meu pai nessa ocasião já fazia alguns anos que ele era falecido, e minha mãe ficou no Rio de Janeiro com um irmão. P1- O senhor tem irmãos? R- Tenho, ainda continuo com os três irmãos, dois homens e uma mulher. P1- E o senhor voltou a Recife depois que o senhor veio para o Rio, São Paulo? R- Sim, três vezes. Saudades, né? Fui rever alguns parentes que ainda estavam lá, ainda hoje tem um pouquinho lá, em 1952, 1972 e 1985. E mais em 1997, para ser mais preciso. P1- E o senhor sentiu que em Recife o bairro que o senhor morava foi mudando, a cidade? R- É, eu visitei um pouco o bairro onde eu residi por mais tempo e notei algumas mudanças, realmente, que em parte deixaram saudades porque acabaram com alguns ítens que eu estava acostumado com eles né? Mas é a evolução mesmo natural das coisas, as mudanças todas, é prédio que substitui o outro, ou porque é reformado e também muda o visual, essa coisa toda. P1- Os seus pais eram de Pernambuco mesmo? R- O meu pai era de Alagoas, a minha mãe era de Pernambuco. P1- E o senhor começou a estudar no Recife? R- No Recife. E terminei a primeira parte toda no Recife, que o segundo grau que eu tenho, só, em termos de formação, lá no Recife mesmo. Vim para o Rio de Janeiro, fiz um curso de inglês iniciante, para poder me familiarizar com o pessoal daquela organização americana, porque havia essa exigência de saber um pouco e depois desenvolver, né? E o resto foi feito em São Paulo, assim como cursos extra-curriculares, seminários, palestras, treinamentos, essa coisa toda, foi a minha experiência. A escolaridade eu adquiri através disso aí. P1- E o seu primeiro trabalho qual foi? R- Eu era balconista numa associação comercial. P1- Esse foi seu primeiro trabalho? R- Isso, o primeiro trabalho. O segundo foi nessa empresa americana, eu comecei como vistoriador de cargas sinistradas, cargas importadas, que a firma representava um grupo de seguradoras americanas. E depois que eu vim transferido para São Paulo, ainda como vistoriador, passei à condição de... Durante um pouco tempo, interinamente eu fui enviado à filial de Santos, passei um ano lá, até que conciliassem a admissão de um personagem que residisse em Santos, porque eu residia em São Paulo e eu não queria morar em Santos, porque a pressão familiar, mudança, essa coisa toda... Voltei para São Paulo, aí me deram o cargo de encarregado de salvados. Salvados são as mercadorias sinistradas que não interessam mais ao importador, então a seguradora indenizará para recuperar o que for possível. Essa era a minha função, eu tinha os auxiliares, que então saíam a campo para pesquisar quem se interessava pela mercadoria, esse era o tipo de trabalho que eu fazia na empresa. Quando fazia as vistorias, emitia relatórios, então vinha aquela condição de saber um pouco de inglês para esses relatórios podem ser emitidos aos Estados Unidos, a fim de lá chegarem os dólares para os importadores, eram indenizações. Aí eu entrei na Nitro Química como auxiliar de escritório, voltado para essa atividade de seguro, porque a Nitro Química havia recebido, além das importações normais de matérias primas, um embarque destinado a isso aí. Eu sei por fragmentos que eu fui adquirindo depois que eu estava na Nitro Química, ligando um pouco aquela atividade na empresa americana, um equipamento que veio dos Estados Unidos para renovar a fiação de rayon, a área de rayon da empresa. Ela foi constituída com a finalidade de produzir rayon e produtos químicos. E durante, se não me falha a memória, três vezes, eu fui à fábrica da Nitro Química para vistoriar equipamentos que chegaram danificados. Ficamos conhecendo um ao outro, a Nitro Química conhecendo um pouco algum elemento de lá e quando a empresa americana resolveu fechar o escritório em São Paulo e mandar o pessoal para o Rio e dispensou alguns, que alguns eram de São Paulo, que aí não interessava levar o contingente que era meio grande, eu resolvi ficar aqui. E aí a Nitro Química me convidou para ir trabalhar lá, foi quando me deu o cargo que eu já citei, de auxiliar de escritório, para cuidar da parte do seguro, que ela estava tentando resolver lá junto à seguradora. Então eu tinha uma experiência do outro lado, passei para lá. Alguns meses depois de estar praticamente tudo resolvido com a minha correspondência, Estados Unidos, aquela coisa toda, aí eu fui para o cargo de correspondente, fui cuidar da comunicação escrita da empresa, com seus clientes e fornecedores. De modo geral, atendia à diretoria e à todas as seções, havia um grupo pequeno de funcionários subordinado a mim e alguns anos depois, deixe-me ver, uns três para quatro anos, eu fui indicado para provisoriamente dar assistência a uma secretária que estava sendo montada para atender ao jurídico, que a Votorantim resolveu instituir na Nitro Química. O jurídico antigamente era centralizado na Votorantim, todas as empresas entregavam seus casos, seus processos àquele grupo de profissionais, então a Nitro Química passou a ter uma unidade autônoma. Eu, durante algum tempo organizei as secretarias lá, as rotinas, e depois fui convidado a ficar com as duas secretarias, a executiva e a jurídica, e assumi. Ali me foi de grande utilidade em termos de bagagem, aprendi muito junto ao pessoal do jurídico, os advogados, foram nove anos, 1965, nove, dez anos eu fiquei lá. P1- Voltando um pouquinho, como foi para o senhor mudar de empresa? O senhor saiu da empresa que o senhor trabalhava antes, uma empresa americana, para a Nitro Química. Como foi essa mudança, o senhor sentiu muito, era uma outra forma de trabalhar? R- É, a forma de trabalhar era um pouco diferente, o sistema administrativo que existia na empresa americana, as normas eram diferentes daquelas que eu encontrei na Nitro Química e isso ensejou que eu me sentisse mais à vontade, mais entusiasmado, embora quando eu passei a trabalhar na Nitro Química eu estivesse com a idéia de voltar para o Recife, a terra natal. Então, o que eu fiz? Fiz uma inscrição no Banco do Brasil pensando: “Aqui é o caminho para voltar sem estar fora de atividade”. Porque era importante eu ter atividade na parte financeira, coisa e tal. Aí fiz a inscrição e a prestação do exame seria mais para a frente, aí eu comecei me entusiasmar, como eu disse, com o sistema, as normas da Votorantim, e desisti de voltar para o... Desisti até de prestar o concurso, fui me adaptando bem aquele clima que existia. Interessante e um detalhe importante, intimamente eu sentia assim: o meu chefe geral era da minha terra, o Dr. José Ermírio de Moraes era um pernambucano, veio para cá formado em engenharia, essa coisa toda, era um líder e isso me deu essa motivação. P1- O senhor se sentia em casa? R- Exatamente. P1- E só para nós marcamos mais um pouquinho, isso foi em que ano? R- Eu ingressei na Nitro Química em 1952. P1- Senhor Oscar, antes de ir para a Nitro Química, o senhor já conhecia o Grupo Votorantim, o senhor já tinha ouvido falar? R - Não, muito superficialmente eu escutava dizer: “A Votorantim...”. A Nitro Química não, porque como eu lhe disse, fui algumas vezes lá, já conhecia a empresa, sabia que era ligada a Votorantim, mas não estava ainda dentro do meu conceito, antes de ingressar na Companhia, o que eram aquelas empresas; que existia a Votorantim e algumas outras que estavam ligadas a ela e depois outras foram surgindo ao longo dos anos. P1- E quando o senhor chegou na Nitro Química, São Miguel em 52 era um lugar que não era muito grande, né? R- Aí então, vamos ver, eu ingressei na Nitro Química no centro da cidade, no escritório central, rua Álvares Penteado. Um pouco antes desse endereço ela havia estado em outros locais, que eu não me lembro bem o nome, mas era no centro, escritórios que ela teve em outras ruas na região. E foi mudando naturalmente, à medida que ia crescendo procurava mais espaço. Em 1952, ao ingressar na Nitro Química, ficamos naquele prédio na Rua Álvares Penteado até 1969, mudando por questões de espaço para a praça Antonio Prado, um local ali próximo da rua São Bento. De 59 até 65, aí a Votorantim já se interessava em agrupar suas empresas num ponto só. De início houve uma intenção, se não me falha a memória, de irmos para um prédio na Rua Riskallah Jorge, mas não chegamos a concretizar a ida da Nitro Química, outras empresas teriam ido lá porque eu cheguei a ir à rua Riskallah Jorge tratar de algum assunto lá. Em 65 nós fomos ocupar um prédio no antigo Hotel Esplanada, na praça Ramos de Azevedo, junto com outras empresas, um grande número de empresas, eu posso citar ali a CBA, a Siderúrgica Barra Mansa, a Indústria e Comércio Metalúrgica Atlas, e algumas outras. Em 1966 que houve minha mudança de posição, aí começamos a trabalhar para, devagar, chegarmos a uma centralização dos serviços e isso só tomou um cunho mais acentuado ao redor de 1973. A diretoria então resolveu que o melhor seria realmente a transferência para aquele local, então a partir de 1976 é que realmente eu passei a atuar no recinto da fábrica e acabamos com o escritório central, o nosso escritório da Votorantim permaneceu com outras, o prédio está lá. P1- Agora eu entendi. Você quer perguntar alguma coisa, Juliano? P2- Como era o dia a dia de trabalho quando o senhor entrou na Votorantim? R- Quando eu entrei? Bom, o dia a dia do trabalho seria equivalente a eu lhe dizer... As rotinas, os horários eram outros, naquela ocasião eles eram um pouquinho mais puxado, porque era, a própria legislação permitia essa situação, era normal na indústria, no comércio, esse horário. Então o trabalho para mim sempre foi eivado de grandes momentos, contando com a solidariedade, com a compreensão do pessoal todo e se desenvolvia de uma maneira, entendo que satisfatória, tanto é que me deixaram ficar tantos anos. Durante todo esse tempo que eu estive lá as rotinas eram aquelas normais, a hora do ingresso, a abertura de expediente, atendimento às dificuldades ou facilidades até o encerramento da ocasião. Mas isso do dia a dia, o resto seria rotina do trabalho, os expedientes que você tem, que às vezes surge os imprevistos, coisas que você não conta, isso é normal, né? O que mais? P2- O senhor começou como auxiliar de escritório, cuidando daquela parte do seguro, depois como é que vai evoluindo? R- Sim, como eu disse anteriormente, passei a chefe de secretaria executiva jurídica depois da parte de correspondente, seguro. Na seqüência teve mais ou menos assim, me permita explicar, em 52 eu ingresso na Companhia, em princípio de 53 como correspondente, que era cuidar da área de comunicação, naquela ocasião havia esse cargo de correspondente, fazia toda a troca de correspondência com as outras organizações. P1- Com o grupo? R- Não, em geral, clientes, fornecedores, bancos, tudo vinha a cair na minha mão para distribuir e era um serviço feito datilograficamente. E arquivo dos controles, acompanhamento, seria a agenda, né, chamava follow up, expressão americana. Aí em 1956 eu passei então a acumular o cargo de uma secretaria denominada secretaria executiva, trazendo a bagagem da área de correspondência com a parte jurídica. Em 1966, dez anos depois, eu fui convidado a ser chefe do escritório, aí já na Praça Ramos de Azevedo, a chefia do escritório abrangia os serviços gerais de recursos humanos, recrutamento, seleção, essa situação toda de pesquisa. Não era uma área que estivesse, naquela ocasião, assim como hoje, tecnicamente mais voltada para as administrações de salário numa área, pesquisador de outro, treinamento, então era tudo mais ou menos centralizado de uma maneira que depois foi evoluindo com o decorrer do tempo, com a tecnologia, vamos dizer, que nós temos hoje e os serviços especiais ligados à diretoria, disciplina do pessoal e essa coisa toda. Em 1973, quando começamos a acentuar mais a necessidade de mudar o escritório para a fábrica, por que essa mudança? Uma centralização, unificação de serviços seria mais indicada, nós tínhamos uma contabilidade na fábrica e praticamente uma contabilidade no escritório, nós tínhamos área de recursos humanos na fábrica e a outra área de recursos humanos no escritório, então quando eu digo que cuidei da área de recursos humanos, eu cuidei de uma área um tanto limitada, porque a fábrica tinha perto de 4000 funcionários, por aí, chegou até ter bem mais e no escritório nós chegamos a ter uns 150, 160. Mas a minha atuação então era voltada na área de recursos humanos, não só para o pessoal do escritório, em termos de recrutamento, de seleção, de admissão, essa coisa toda, rotina de admissão, de registros, como voltado para uma parte da fábrica ligada aos níveis mais altos, Engenharia, Química, essa parte toda, os técnicos, né? E uma parte do serviço ligada à folha, também. Então, em 73 começamos a mudança. Foi gradual, seção por seção, depois de montado lá na fábrica nós íamos fazer levantamento dos edifícios porque alguns edifícios das reformas que a própria Nitro Química fizera ao longo dos anos, reformas que eu digo no sentido de uma unidade que foi desativada porque já não interessava mais, então mudou aquela unidade, unificou com outra, aí sobrava um prédio, ou parte de um prédio, então adaptava-se ali as reformas daquele prédio para adaptar às seções que fossem do escritório. Então gradualmente foi fazendo a mudança do escritório lá para São Miguel, e não só com essa questão de unificação para evitar às vezes o conflito de interpretações de um encarregado de um lugar, encarregado de outro, o mesmo tipo de serviço. O importante é frisar que essa mudança que nós fizemos do escritório para a fábrica foi precedida de um trabalho que fizemos lá na fábrica para recrutar pessoal a fim de ficar com um serviço no escritório, transferindo para São Miguel a chefia de princípio. E aqueles que realmente se interessasse, então foi feito um trabalho de pesquisa: “Você gostaria de ser transferido para São Miguel?” “Ah! Não interessa porque aí eu vou ficar mais longe da minha família; problema de estudo, uma faculdade; uma coisa e outra”. Então, na medida que nós sentíamos que determinado personagem não se interessava em ir para a fábrica, nós recrutávamos pessoas para ocupar os lugares que ele iria ocupar. Então, grosso modo, o pessoal com a transferência foi aproveitado da região de São Miguel, facilitava bastante. Então, como eu disse, as chefias e alguns encarregados e algum ou outro funcionário foi do Centro de São Paulo para lá, moravam nos bairros aqui. Em 76 terminamos a mudança, a ultima área, era exatamente a área que eu comandava, o resto da minha área ficava, fui deixando a secretaria, que já nessa altura a secretaria executiva já era atendida por outra pessoa. Aí um certo tempo ela foi para lá também, e daí em diante a minha atuação foi em São Miguel. Eu vinha eventualmente ao prédio da Votorantim, para algum assunto especial que a diretoria pedisse ou alguma coisa lá. P1- O senhor acompanhou, o senhor ficou quantos anos lá? R- 36, exatamente 36 anos. P1- O senhor acompanhou o crescimento da Nitro Química? Como ela foi desenvolvendo? R- Bom, eu posso falar um pouco do que eu fiquei sabendo através de companheiros, através de transmissão oral, né? E através de algum escrito, algum documento ou alguma coisa. Preciso falar de como ela nasceu, mais ou menos? P1- Se o senhor quiser, por favor? R- Então, deixa eu por um pouco a mão na memória. Sim, porque até 1952 são fragmentos, de 52 para cá já há mais possibilidades de me perder. A Nitro Química nasceu da idéia de criar dentro da Votorantim, na pessoa do Dr. José Ermírio de Moraes, com aquela firma Klabin Irmãos e Cia., de trazer para o Brasil um equipamento que estaria sendo descartado nos Estados Unidos, para a fabricação de um fio similar ao fio do bicho da seda, que eles chamavam fio chardonne, alguma coisa assim. Não lembro o nome da firma que estaria descartando aquele equipamento, então teve uma fábrica toda trazida para o Brasil, toda a fábrica, toda as instalações. Isso surgiu, essa idéia, em 1935 e já em 1935 a Nitro Química foi constituída. A data eu lembro que foi 11 de setembro, a constituição da empresa. Agora, ela só foi inaugurada oficialmente após estar em atividade, só em 1940, com a presença do presidente Getúlio Vargas, esse é um detalhe que tenho marcado. Durante esses cinco anos ela começou a produzir o rayon, antes do rayon ela produziu um produto químico, porque a constituição dela foi voltada para a fabricação do rayon, que seria considerado aquele chardonne, bicho da seda, como eu disse antes, aquele fio similar ao bicho da seda e produtos químicos, ácido sulfúrico, colódio, era o potencial dessa empresa, colódio, ácido sulfúrico, nitrocelulose, éter e alguns outros produtos mais que não me ocorrem agora. Então em 1940 com Getúlio Vargas foi oficialmente inaugurada a empresa, daí para a frente ela foi criando uma estrutura mais forte, não só em termos de operações industriais, como também a questão social. Durante um número de anos até perto da guerra ou coisa assim, ela criou restaurante para os funcionários, criou berçário, Escola Senai, fundou o Clube de Regatas Nitro Química. E voltando um pouquinho no início, quando ela comprou a gleba para instalar a fábrica lá em São Miguel, ela já pensou na fábrica em si com facilidade para transporte ferroviário, porque a fábrica está bem próxima da ferrovia, antigamente chamada Estrada de Ferro Federal, alguma coisa assim, e do Rio Tietê, para captação de água, tratamento de água. Então nessa gleba ela pretendeu e construiu ao longo desse tempo uma vila operária para os seus funcionários. Depois de 1945, depois da guerra, ela pretendeu, ou talvez antes, eu não tenho a idéia certa, renovar a instalação original, a produção de rayon por uma outra tecnologia, vamos dizer, chamada viscose. Essa instalação, quando estava prestes a funcionar, houve um incêndio que destruiu a instalação antiga, esses detalhes aí a gente fica sabendo mais para a frente. Algumas dificuldades ela teve com alguns produtos e como é natural foi alterando sua linha de produção, mudando se não tecnicamente, mas eliminando uma ou outra, em benefício de mais algumas. Agora de 1952 para frente, e aí quando eu me posicionei melhor na empresa, algumas coisas eu posso recordar. Na área social, por exemplo, a Nitro Química criou um hospital, inaugurou um hospital lá na região de São Miguel, em 1954 ou 55, uma coisa assim. Um hospital voltado para atender seus funcionários e dependentes, voltando a atenção para criar novas atividades na gleba, que era grande. Ela criou uma fábrica de tintas, criou uma fábrica de soda cáustica, que a soda cáustica era também importante para a fabricação de rayon, os processos de banho, essa coisa toda, produtos intermediários. Então, o que aconteceu? Houve muita dificuldade em certos casos, na fábrica de tinta em 1973, depois de até produzir bastantes artigos na praça, alguns ítens importantes de tinta à óleo, tinta para parede, essa coisa toda. Houve um incêndio na fábrica também, aí em 76 essa fábrica foi desativada, deixou de ser interessante. A fábrica de soda também houve uns percalços, que motivaram a desativação. Ela se tornou, como se dizia, anti-econômica, e questões técnicas também influíram para a desativação dessa fábrica, problemas com fornecedores de equipamento, de tecnologia. Daí fomos até o ano de 1965, passamos por algumas dificuldades econômicas, dificuldades sociais, algumas greves nós sofremos, mas houve uma greve muito importante, muito difícil em 1957, aí eu já tomava mais conhecimento daquela dificuldade lá na fábrica. Em 1965 a empresa, o Grupo, a diretoria e seus acionistas resolveram reformular os critérios administrativos e operacionais, assim em termos de tecnologia e produção, aí ela começou a alterar toda a parte administrativa mesmo, aí é de pessoal. O rayon foi sendo aperfeiçoado, começou uma época exportando, procurando exportar e chegamos a exportar bem o rayon, a concorrência que havia na praça foi desaparecendo, melhorou um tanto a performance da empresa nesse campo de comercialização, assim em termos de empresas. Depois o resto seguiu normal até 1988, quando eu me afastei da empresa por aposentadoria. Muitas unidades foram desativadas por não serem mais atrativas, não mais interessantes para empresa, a tinturaria aqui, mais uma outra lá, então nessa desativação, quero deixar claro aqui, o pessoal que às vezes teria que ser eliminado daquela área era transferidos para outras áreas, com alguma exceção, porque muita gente, a empresa tinha essa filosofia, ao mesmo tempo que envelheceu, mas ainda dedicava atenção à empresa, havia sempre muitos encarregados, muitos chefes, mas eles foram normalmente sendo aposentados, porque aí já não caberia ter aquele grupo de pessoas grande na nova atividade. Eu preciso de um número de dez, grupo de cinco, então a gente convidava a conversar, era um trabalho assim, foi isso a desativação de certas unidades. Aí em 1988 eu me afastei da empresa, ela tinha ainda um bom número, já nessa altura começávamos a usar os serviços de outras organizações mais especializadas em certas atividades que a empresa desenvolvia, que não era muito interessante ficar dirigindo o pessoal de áreas que não tinham relação com a produção, tais como o serviço de limpeza, o restaurante, então tudo isso passou a ser como hoje em dia nós chamamos de terceirizado. Eu lembro um fato muito importante para a empresa: em 1969 começamos a ingressar na área de informática, computação; durante uns quatro anos mais ou menos jogamos essa área de informática em firma externa, terceirizada, mas fomos trabalhando para contar com um serviço próprio e para esse trabalho também foi feito um recrutamento do pessoal que seria necessário, um recrutamento dentro da fábrica, porque já se pensava que iria transferir o escritório para lá um dia. Então o pessoal da fábrica se interessou em participar do recrutamento. Depois das análises de cada currículo apresentado, um grupo foi selecionado inicialmente para ser submetido a um teste pelas empresas que forneciam equipamentos, na ocasião nós tínhamos as empresas boas Siemens e IBM, então foi escolhida a IBM, que fez uma entrevista com cada um daqueles personagens que nós havíamos conversado, começado a trabalhar, recrutar. E depois dentro desse grupo já a parte técnica da IBM determinou “iniciar com tantos, estes”. Aí determinou quais os funcionários que teriam o potencial para iniciar, os outros iam sofrer um treinamento, então foi um trabalho bom, gostoso de fazer, agradou aos funcionários que estavam na empresa, deu oportunidade a eles e no início desse serviço de processamento de dados, que foi em 1974 com a instalação do equipamento IBM, a chefia era contratada externamente, porque era uma questão de bagagem, de conhecimento, então mais para a frente. Então certas chefias do CPD passaram a ser exercidas por funcionários, que haviam entrado no esquema. Ao longo do tempo passou a essa modificação. P1- E as pessoas estranharam essa nova forma, a introdução da informática, todo esse processo? Como foi essa chegada das máquinas? R- Natural. Sentimos em certas ocasiões, às vezes, não bem claro, veladamente, a crítica, porque é sabido que o equipamento tecnológico tira oportunidade das pessoas, ou pelo menos de parte das pessoas, mas a empresa cuidava para que se houvesse, vamos dizer, a redução de um número de pessoas numa área, essas pessoas pudessem ser aproveitadas em outra, fazia um trabalho para oferecer uma oportunidade dessa pessoa se desenvolver em outro trabalho, não aquele em que ela estava acostumada na seção. Então casos até houve de promoções, né, depois de ingressar em uma outra atividade a pessoa demonstrava uma capacidade, versátil no caso. Então realmente o início foi assim um pouquinho tumultuado, embora não com agitações, mas veladamente a gente sentia isso, o pessoal sentia. P1- Senhor Oscar, voltando um pouquinho, antes de falar da informática o senhor falou das greves. Essas greves duravam muito? R- Não posso lhe dizer com exatidão muito, mas não era greve de dois, três meses, um mês. Era coisa de 15 dias, porque a de 1957 eu lembro, por exemplo, que eu citei na história da Companhia, a pior. Eu não participei porque eu estava no escritório, então eram notícias de longe e era uma época também que ainda não chegara a agravar muito as situações que ocorriam na fábrica. A partir de 58, 59, talvez de 60 é que eu fui me inteirando um pouco mais, havia um interesse maior em saber, em gravar as coisas, mas depois que eu estava em São Miguel aí nós tivemos uma greve ou mais de uma, mas não lembro bem, não chegou há 10 dias porque havia um interesse da empresa em conciliar com o sindicato, que eles trabalhassem para os empregados entenderem as crises que a empresa passava, porque a greve às vezes era decorrente de uma reivindicação que a empresa não podia estar atendendo, devido às crises econômicas, às crises que vinham assolando o país naquele momento, né? Mas dentro do possível, isso é natural, há sempre um entendimento, uma negociação né? Não foram greves longas, longas, a não ser que eu pesquisasse para lhe informar melhor em que ano houve alguma greve mais acentuada (risos). P1- Aproveitando que o senhor falou dessas crises da economia, o senhor se lembra qual foi o pior período para a Nitro Química? R- Um período que eu sentia naquela proximidade das deliberações, dentro da diretoria, foi aí perto de 60 para 65, alguns anos nós tivemos muitas dificuldades, e essas dificuldades quem nos socorria eram outras empresas do Grupo. Dificuldade, vamos dizer, financeira, chegamos a ter problemas assim de sair correndo para pagar título em cartório porque não havia o recurso necessário. Então essa foi a época que eu acho pior, considerando a parte financeira, porque em outras épocas, pelo que eu recordo de comentário, alguma coisa houve um pouco de dificuldade, como eu disse, social, de greve. Mas assim, em termos de qualidade da mercadoria, de aperfeiçoamento tecnológico, porque a empresa dependia muito de orientação de técnicos do estrangeiro, técnicos, eu lembro da Itália, por exemplo, no caso assim de aperfeiçoar o rayon para chegar a um ponto de se exportar melhor, mas a crise que eu lembro pior foi essa. Não lembro se de 60, 50 e tanto, perto de 60 até 65, foi um monte de anos, então saímos bem depois da crise toda, das dificuldades, mas com a ajuda dos companheiros de outras empresas chegamos bem lá. P1- E qual foi a melhor fase? R- A minha melhor fase? P1- A melhor fase em que o senhor esteve na Nitro Química? R - Depois do desenvolvimento, da criação nos últimos anos de outras atividades, eu diria a partir do final da década de 70 até quando eu me desliguei, acho que foi a melhor fase. Houve a melhor fase por quê? Porque aí começamos a criar novas linhas de produção, por exemplo, coisas que a empresa não fabricava antes; a criolita é um dos exemplos. Tivemos dificuldades com problemas de sinistros em alguma área, alguma coisa, mas a partir do fim da década de 70 realmente, aí veio a unidade nova de ácido sulfúrico, a criolita era novidade, a criolita é voltada para o comércio e para a fabricação de alumínio usando um produto que, se não me falha a memória, chama pirita, acho que é pirita sim. Aí teve a nitrocelulose, que eu deixei com você aquele, a nova unidade, porque a outra antiga foi desativada. É essa, é o que posso dizer, a melhor fase foi nesses últimos tempos, assim, em termos de melhor fase da empresa se expandir e em todo o período que eu estive na empresa foi uma fase boa para mim porque adquiri muito conhecimento, muita experiência que eles me propiciaram. P1- A Nitro Química sempre exportou? R- Não, a exportação começou na década de 70, depois da melhoria na qualidade do fio rayon. Ela fornecia, não de exportar assim para fora, mas aqui no Brasil ela tinha uma gama muito boa de clientes; não só aqui em São Paulo como em outros Estados, ela tinha bastante clientela. P1- O senhor lembra de algum dos clientes mais importantes, que comprava mais? R- Aí já não me ocorre muito, eu posso lembrar de um, porque aí havia o problema de representante; por exemplo, em Santa Catarina havia um representante chamado Buschle e Lepper e Companhia, Buschle e Lepper devia ser alemão, né? Então havia um movimento muito grande através desse representante, em São Paulo algumas firmas do interior de São Paulo, não me ocorre o nome realmente da empresa cliente da Companhia. Fibra, de Americana, mas a Fibra... É, havia algumas empresas de tecelagem que compravam fio, não posso lhe dizer com exatidão o nome de empresas. P1- E qual o principal destino desses produtos que a Nitro Química produz? R- Bom, o fio rayon era destinado a tecelagem, é um fio sintético, que era em boa parte misturado com o algodão. Alguns produtos eu cheguei a ver, fabricados só com o fio rayon, saía um tecido muito macio, muito sedoso, então o ideal dele me parece que seria sempre a mistura com algodão, que ainda hoje existem muitas outras fibras. Os produtos químicos tinham sua destinação bem diversificada, como eu não era da área de produção nunca me aprofundei nessa parte de química ou de comercialização, mas a nitrocelulose, produto fabricado pela Nitro Química, como ela teve fábrica de tintas, se usava em fabricação de tintas; nas tintas no início começou a trabalhar com a nitrocelulose, depois passou a dispensar essa matéria prima nas fórmulas de sua criação lá. Aí vinha enxofre, que ela colocava em determinados produtos, deixe-me ver o que ele ia fazer, fazia o ácido sulfúrico, é a destinação final de ácido sulfúrico, de éter, de colódio. Colódio era um produto parece-me também destinado à fabricação de tintas em determinado momento no período de após guerra; em 45 ela fabricou também TNT, produto que é voltado para explosivo. O exército depois da guerra, acho que desenvolveu num determinado momento um interesse em fabricar mais explosivos, ou seus fornecedores não davam conta, aí a Companhia começou a fabricar bastante TNT para fornecer ao exército. Aí eu lembro bem quando nas nossas correspondências trocamos com a fábrica de Piquete aqui no interior de São Paulo, num determinado momento a demanda foi diminuindo, o exército tinha muito estoque, sei lá, qualquer coisa parecida, aí a Companhia desativou também esse negócio de pólvora, de TNT, que era destinado a explosivo. Então é uma gama muito grande de produtos que ela produzia e depois foi desativado e eu não poderia lhe dar com a qualidade de uma pessoa da área de produção. Acredito que como foi dito, aquele personagem que já esteve aqui ontem à tarde teria condições, que ele é um engenheiro químico que tratou aquela área toda de produção. P1- E o senhor falou também das pessoas das áreas que foram se modificando e o aproveitamento dos próprios funcionários, isso era uma política da Nitro Química ou uma política do Grupo Votorantim? R- Eu digo que é uma política do Grupo porque do que eu conheci com a convivência com o pessoal de outras áreas a nossa filosofia era uniforme no Grupo, de diversas empresas. Outras sentíamos que não era só aquela qualidade de tratamento que a Nitro Química dava, na evolução, no treinamento, no interesse do funcionário crescer com a empresa, então era muito agradável essa situação. O Grupo Votorantim sempre deve ter continuado com essa situação. P1- O senhor acredita que essa política venha da família, que são valores, são coisas que eles acreditam? R- Acredito que sim, não tive muita convivência com todos os integrantes da família Moraes; com um deles, que foi o presidente da nossa empresa, e ele aí eu sentia essa intenção sempre de se fortificar, prestigiar aquele personagem que dentro de qualquer empresa pudesse crescer, pudesse sempre colaborar, porque ele sentiria também a colaboração da empresa em todos os níveis, vamos dizer durante muito tempo. Por exemplo, na Nitro Química, eu vou voltar um pouquinho, na Escola Senai, ela propiciou aos funcionários e até a filhos de funcionários, bolsas de estudo durante uns 30 anos, mais ou menos. Eu lembro, porque eu lembro quando terminou, eu já estava quase indo para a fábrica, já estava me inteirando melhor disso, mas foi perto de uns 30 anos, então eram bolsas de estudos que ela dava ao pessoal e procurava ao mesmo tempo que eles se formassem até em áreas que não eram de grande atividade na empresa, mas que eles pudessem continuar. E nós tivemos muitos exemplos de gente que se formou numa área, mas ele não foi atuar naquela área que se formou, ele continuou desenvolvendo o seu potencial naquela área que ele começara a trabalhar e chegando a um cargo de chefia daquela área com bom desenvolvimento, uma boa performance. P1- O senhor lembra quando acabou a Escolinha do Senai na Nitro Química? R- Ela deve ter acabado em 1970, na década de 70. P1- Eu imagino que a escola... R- É, eu vou explicar porque, sabe como é difícil a gente dizer com exatidão aquela data, quando nós transferimos o escritório da Companhia para lá, fomos criando, paulatinamente, áreas autônomas dentro de um conceito e essas áreas autônomas me fazem lembrar o seguinte: Recursos Humanos, que é uma área que eu trabalhei antes, nós tínhamos assim tudo unificado, recrutava, selecionava; para fazer a seleção você tem a entrevista, depois tem que submeter às chefias uma seleção daqueles que você achou mais viável. Então vamos dizer, política de salários, tudo centralizado ali num elemento só ou um grupo de elementos numa área só, então nós começamos a instituir a primeira, foi a área de administração de salário, depois treinamento, depois separamos uma área só para recrutamento e seleção. Então a empresa depois da mudança foi crescendo, em função disso a área de treinamento absorveu aquilo que a Escola Senai estava dando. A Escola Senai fornecia e ministrava diversos cursos profissionalizantes, tais como de torneiro mecânico, torneiro encanador, torneiro mais isso e aquilo, aqueles cursos voltados a quê? A que o pessoal formado, normalmente eram filhos de funcionários, eles passassem a integrar o conjunto da Companhia. Ela também paralelamente começou a fornecer cursos noturnos voltados mais para a formação escolar de filhos de funcionários, então fazia uma seleção. Aí a área de treinamento da Nitro Química criou uma estrutura em que ela iria formar esse pessoal, acompanhar na formação desse pessoal. Como resultado houve a extinção da Escola Senai, mas continuou a formação de pessoas para essas áreas que interessavam à Companhia. Eventualmente, o sujeito podia depois, vamos admitir, formou um grupo X de funcionários para aquela área, mas eu só precisaria de um número menor, os outros iriam procurar uma colocação melhor, mas era uma recomendação, uma formação da Escola Senai ou da Nitro Química, já. Então foi assim que houve a extinção disso aí, no fim da década de 60; a Escola Senai, o prédio continuou usado por pessoas ligadas à Nitro Química, mais objetivamente dentro do esquema da Nitro, porque a Escola Senai era um tanto subordinada às diretrizes do Senai. Quantas vezes eu fui resolver algum assunto lá na sede do Senai, tinha um dirigente, uma pessoa que depois foi substituída, por isso que eu recordo bem o nome, professor Luis Goulart. Então foi assim que aconteceu a extinção da Escola Senai, mas não deixou de existir a atividade, as máquinas, aqueles equipamentos todos, e outras coisas mais, continuaram. Hoje não existe mais, quer dizer, está desativada mesmo, pelo que me informaram. Eu passei, vi o prédio e me disseram “acabou”. P1- Não tem mais. Você quer perguntar alguma coisa, Juliano? P2- Dos produtos, retomando um pouquinho, havia muita concorrência? Para a criação, era interessante só numa determinada época, como naquele caso do TNT? R- Não, eu não posso lhe dizer com muita propriedade sobre esse problema de concorrência, porque é uma área diferente, né? A minha área não estava muito atenta a todos os detalhes da área comercial, então captava alguma coisa. O que eu lembro, por exemplo, que era o caso do rayon, havia uma certa concorrência, que era por parte de duas indústrias, que depois se desativaram e aí a Nitro Química ficou sozinha. Era Matarazzo e Rhodia, no caso do fio rayon; no tocante a esses outros produtos aí eu já não tenho condição de lhe dar essa informação, se havia uma concorrência, como eu lhe disse, não lembro quem seria o maior consumidor, qualquer coisa parecida, já foge realmente, devido à minha distância da área comercial. P2- Mas do que o senhor acompanhava, havia mesmo um incentivo da Nitro Química no sentido das pesquisas? R- Ah, sim, um trabalho para desenvolver a fim de ter sempre uma condição de fornecer maiores quantidades dentro daquilo que era possível produzir. P1- Senhor Oscar, eu tenho muita curiosidade, eu acho muito importante falar a respeito do clube; a Nitro Química pelo que eu sei tinha um clube enorme e tinha também um time de futebol? R- É, quando eu ingressei na Nitro Química nós tínhamos o Clube de Regatas Nitro Quimica Brasileira, então eu já citei o Luciano, quantas regatas a Nitro Química promoveu no Rio Tietê e talvez em alguns outros lugares, não sei. Não sei se o pessoal embarcou para competir em alguma outra localidade, mas o Rio Tietê oferecia condições de uso para essa finalidade. Ela tinha um time de futebol que seria inscrito em alguma Federação, era um time oficial, ele jogava fora bem, não era só para aquele lazer do pessoal, um time organizado. Tinha, lembro bem que até lutador de boxe nós tínhamos em determinado momento da criação dela, durante anos; e alguma outra atividade, não sei se lá na parte de natação ela tinha algum nadador em evidência por aí. P1- E todos eram funcionários da Nitro Química? R- A princípio era o funcionário, o destino do Clube era usar a capacidade do funcionário participar daquelas atividades, pode ser que um ou outro profissional da área de boxe tenha participado lá como sendo representante da empresa, mas eu acredito que geralmente era tudo pessoal de lá, em determinado momento. Eu ainda conheci o ringue, cheguei a conhecer o ringue de boxe lá e depois acabou com essa situação. Mais para a frente, perto de 1980 ele deixou de ser chamado Clube de Regatas Nitro Quimica e passou a ser Associação Desportiva Classista Nitro Química, aí já talvez para atender, acredito que em normas jurídicas, trabalhistas, qualquer coisa assim. Aí já me foge um pouco isso, aí mudou o nome para... Talvez para ser essa finalidade. P1- E sempre se fazia eventos no Clube, era um clube mesmo, com piscina, quadra de tênis? R- É, um clube que tem a Praça de Esportes, que inclusive eu deixei aí uma fotografia mostrando a fachada, a portaria da Praça de esportes e outras fotografias mostrando só uma parte do campo, um espaço lá dentro. É pena que eu não tenha mais dados para lhe fornecer, assim em termos fotográficos, mas é um clube com piscinas, voltado para adultos, piscina olímpica, piscina para crianças, um campo de futebol completamente alambrado com arquibancadas, que servia também para apresentações em certas solenidades. Eu posso citar algumas vezes o pessoal da polícia militar levando os cães, que marcava-se domingo uma festa, uma reunião de funcionários e familiares, aí nos tínhamos apresentação dos cães e outras demonstrações mais, né? E determinados momentos usávamos o campo de futebol para, por exemplo, aniversário da empresa, nós tivemos num aniversário, quando fez 50 anos, 45 anos também com solenidades aproveitando o espaço, a arquibancada, muitos convidados e oferecendo churrascada, festa mesmo para o aniversário da empresa. Numa dessas oportunidades tivemos uma apresentação muito importante que agradou muito a coletividade, que foi da Orquestra Sinfônica de Campinas, regida pelo Maestro Benito Juarez. Fomos lá, contatamos eles e ele aceitou a participação. Foi muito bonito. Noutra ocasião tivemos uma apresentação circense lá no campo. Bom, essa é a parte do que chamávamos praça de esportes, fora tem um prédio, que era sede social do Clube, em frente à fábrica próximo já mais ao centro, e ali realizava-se bailes, as nossas confraternizações de fim de ano ou qualquer uma outra situação sempre voltado para o entretenimento do pessoal da empresa e seus familiares, talvez em algum momento tenha chegado a se admitir pessoas externas como sócias, eu acredito que se chegou a esse ponto, não tenho controle. Nesse prédio muito grande, em determinado momento nós fizemos uma reformulação num restaurante, que era um outro prédio enorme, mas que atendia todo o pessoal da fábrica de fábrica de ________, uma separação, mas para facilitar a vida de uma parte do pessoal administrativo e deixar outro pessoal lá, então houve uma alteração no lay out, na qualidade de atendimento, nas instalações também, porque ao decorrer do tempo determinada coisa torna-se obsoleta, né? Então foi alterada, é essa a situação do Clube que eu posso lhe dizer, foi muito bom, era muito importante para o pessoal. P1- Senhor Oscar, quais os investimentos sociais da Nitro Química que o senhor acha mais importante? Existem esses investimentos? R- Você diz sociais em termos de benefício para o seu pessoal? P1- Para o pessoal da própria Companhia, para o pessoal de fora, para a comunidade? R- Bom, eu poderia dizer o seguinte: quando a empresa foi constituída, que voltou sua atenção para a criação da fábrica em São Miguel, para a vila operária, era uma situação, digo, era uma região parece que bem crua, nada de desenvolvimento, uma região antiga, pelo que eu sei da história, em princípio de qualquer coisa como 1500, 1600 por aí, que ela surgiu. Parece que é uma região que morava uma tribo de índios, uma nação de índios, aí ela teve também uma participação muito grande no desenvolvimento dessa região, porque na medida em que ela foi dando espaço a pessoas trabalharem nela, essas pessoas procuraram residir na região e logicamente fazer aquisições de produtos que lhe interessavam, então ao longo de anos ela foi criando aquilo que já citei; seria o Restaurante, o Berçário, a Escola Senai. Ela criou algumas empresas voltadas para benefício do funcionário e que também beneficiariam outros residentes na região, tais como... Eu lembro quando ingressei na empresa que eu ouvia falar, farmácia era uma empresa, Farmácia Nitro Química Ltda., seria essa denominação, Açougue, Armazém de abastecimento, Distribuidora de materiais de construção. Nesse caso de materiais de construção ela teria durante muitos anos, dentro de uma propriedade que ela adquiriu ali também na região de Guarulhos, alguma coisa assim, ela fornecia um benefício muito grande a funcionários que iam residir na vila operária, porque a vila operária seria limitada a um número de funcionários e ela tinha muito mais funcionários, então o que ela fazia? Ela fornecia, ela produzia tijolos numa olaria e fornecia a um preço bem acessível a esses funcionários para construir suas residências. Resultado: a região se desenvolveu em função da Nitro Química. Aí foram surgindo outras unidades comerciais que devem ter motivado, ainda num passado mais remoto para minha mente, desativado a farmácia, o açougue eu escutava falar: “Teve o açougue, teve a farmácia”. Mas alcancei bem porque ainda houve uma gestão minha durante um bom tempo. O armazém de abastecimento e o distribuidor de materiais em São Miguel, que aí ao longo do tempo, devido ao crescimento da região esses benefícios deixaram de ser vantajosos para a Companhia conceder a um número menor, porque havia uma concorrência e hoje aquela região é enorme. Muita gente que foi trabalhar lá comprava terrenos na região e fazia como eu lhe disse: o tijolo produzido pela empresa para construir suas casas, não só o tijolo como aí a Votorantim participava também com o fornecimento a custo bem bom, do cimento e do ferro que sairia da indústria e Comércio Metalúrgica Atlas, que ela trabalhava com ferro também. O que mais? Outro benefício foi o hospital; o hospital foi constituído para atender funcionários e dependentes. Mais para frente da criação, ele foi arrendado a uma organização médica, composta em parte por médicos que já eram funcionários da Companhia e passaram então a ter a sua autonomia; organizaram uma empresa, se não me engano, antes era Hospital e Maternidade Nitro Química e depois passou a ser Hospital e Maternidade Santa Terezinha. É, então esses médicos se agruparam com mais alguns outros e formaram uma sociedade para explorar o Hospital fornecendo à região, não só aos seus funcionários como a terceiros que se interessassem. Então ela tinha principalmente a questão da maternidade, era muito procurada. A empresa, sempre procurou oferecer os melhores benefícios ao pessoal lá. P1- Quando o senhor falou do açougue, do material de construção, era só para os funcionários ou isso atendia a comunidade também? R- Com certeza atendia a comunidade, porque ela criou para facilitar a vida do funcionário. Porque vamos dizer, você tem os funcionários e seus familiares com dificuldades para adquirir certos artigos, então ela disse: “Nós vamos ajudar aqui”. É um interesse dela então propiciar, mas os particulares também podiam adquirir o produto, se ficasse limitado somente ao funcionário, acredito que não seria viável essa implantação, colocar em prática esse ou esses estabelecimentos, seria muito limitado o retorno. É um investimento, mas de qualquer maneira, ainda que voltado só para ser a funcionários, seria bem visto, né? P1 - Muito bem visto. R - Mas a situação cresceu e a concorrência foi surgindo em tudo quanto era comércio lá. P1 - E logo que o senhor começou a sua fala, o senhor falou da creche que a Nitro Química tinha; aí eu imagino que para se ter uma creche é porque tinha um número grande de mulheres trabalhando na Nitro Química? R - É, a creche tinha os seus funcionários especializados ali, cada um na sua atividade. Ela tinha inclusive um serviço dentro desse prédio, um serviço ambulatorial; tinha um corpo médico no início, para atender esse pessoal da fábrica e seus familiares. Eram médicos especializados, eu recordo bem que havia oftalmologista, havia clínico geral, fisiologista, dentre os médicos que eu tive oportunidade de saber por isso e por aquilo, conhecer pessoalmente. Então mais tarde, que foi depois desse corpo médico, é que foi criado o tal hospital, mas havia no berçário o atendimento dado por pessoal que trabalhava só com aquela finalidade, contratado para aquela finalidade. Era um funcionário da Nitro Química trabalhando no berçário. P1 - Ah, sim. E o senhor acha que a Nitro Química é uma referência para a indústria brasileira? R - Poderia até ter se tornado, se não fossem certas dificuldades, ter se tornado uma referência muito maior do que ela foi dentro da parte da área química. Se não fossem certas dificuldades tecnológicas, que talvez geraram os problemas de produção, ela seria muito maior como referência, eu entendo, do que ela chegou a ser. P1 - A Nitro Química contribuiu muito para o crescimento econômico do país? R - Uma suposição de que sim. Não me aprofundei em análise, qualquer que seja, em acompanhar estatísticas, coisas assim, mas eu acredito que ela teve uma influencia boa, sim; principalmente se for considerar São Paulo. O crescimento nosso aqui era uma referência, ela era uma referência, ela era falada em termos dos produtos que produzia, que fornecia. Acredito que sim, para o país pode ter, teve sua parcela de influência. P2- Havia também uma preocupação com a questão ambiental? R - Sim, ela chegou, esse equipamento que veio motivar a constituição da Companhia teria vindo acompanhado da instalação de uma unidade, diríamos assim, termoelétrica. Logicamente, na ocasião ele não estaria tão avançado, mas eu até penso que quando o doutor José Ermírio de Moraes e a Indústria Klabin se uniram para formar essa sociedade, ele tenha considerado uma região como era a de São Miguel, propícia a não causar problemas ambientais dado que era sabido que produtos químicos, qualquer coisa assim, solta gases, solta algum poluente, então estaria numa área mais distante do centro da cidade. Eu lembro quando eu ia a São Miguel, vou abrir um parêntesis aqui: na época que eu ainda trabalhava naquela outra empresa, o corredor de tráfego do centro da cidade até São Miguel era puro mato, a partir da Penha, mais ou menos; puro mato, um ou outro edificiozinho, alguma coisa assim, então realmente houve um crescimento. Mas voltando ao problema ambiental, num determinado momento passamos a ter problemas maiores porque a comunidade cresceu, começou a sentir alguns efeitos, então eu lembro de uma época em que a Cetesb estava muito no pé da gente, como se diz vulgarmente, saía aquela unidade de termoelétrica, passou a ser chamada de casa de força, era conhecida como casa de força e nos últimos anos, quando eu estava lá, ela era gerida por um engenheiro de nome Rômulo Soares. A casa de força de vez em quando soltava um fumaceiro negro, que apavorava a população. A Cetesb vinha correndo e eu só escutava o pessoal técnico envolvido: “Mais um problema”. Quer dizer, eu escutava e via (risos), mas aí houve trabalho para se eliminar essa situação com filtros apropriados. A empresa foi colocando não só na casa de força, como em outras unidades, tipo instalação da nitrocelulose, também já veio com tecnologia mais avançada para acabar, para eliminar, pelo menos reduzir o máximo possível esse problema ambiental, esse problema de poluição que atingia aquela área. Realmente é ruim, né? P2- O senhor falou da creche, da criação toda que teve em redor da vila da fábrica; havia também a preocupação com a educação, havia escolas para as crianças? R- Não, a preocupação é que houvesse escolas para atender a demanda que era proveniente de quê? Filhos da fábrica, o pessoal das famílias que vinham trabalhar, muita gente trabalhou; você veja a filosofia da empresa, teve praticamente famílias inteiras que trabalharam na Companhia. Então ela tinha interesse que esse pessoal tivesse uma educação adequada. O que ela teve, em algum momento que eu não recordo, teria tido acho que na vila operária, uma unidade escolar, não sei, voltada para que grau... Porque como eu disse, é coisa mais do passado, mas como eu disse antes, ela começou a patrocinar na Escola Senai; a Nitro Química através da Escola Senai, porque era feita a triagem lá, as bolsas de estudo, então era um pessoal que já vinha com certa formação. Mas acho que houve realmente uma unidade escolar, sim. P1 – O senhor gostaria de mencionar algum ponto importante da história da empresa a que nós não nos referimos? R - Alguma coisa importante que eu possa dizer a respeito da empresa, excluindo aquilo que se vivia no trabalho diário, no nosso dia a dia, excluindo comentários que eu tenha colocado a respeito da atividade de cada área, alguma coisa que posso considerar como importante é a filosofia de trabalho que foi colocada nessas empresas pela família Moraes. Como eu disse antes, eu tive oportunidade de conviver um tanto com o doutor Ermírio Pereira de Moraes, que é o irmão mais moço da turma lá, né? Um pouco com o doutor Antônio, sempre recebendo dele as melhores atenções possíveis; pouco contato eu tive com o doutor José Ermírio de Moraes, por força do tipo de trabalho dele, da área que ele tomava conta mais; e outros personagens. Aí eu lembro como fato importante, um fato importante que não chegou a se concretizar, que eu gostaria que tivesse se concretizado para nós termos uma ideia melhor da qualidade do doutor Antônio, foi quando em 1986 ele se candidatou ao Governo de São Paulo e que nós participamos, todas as empresas, dentro do possível, participamos com montagem de comitê, orientação de pessoal, instalações, aquela coisa toda e que por motivos óbvios ele não chegou ao ponto final. Mas para mim foi muito importante viver aquele momento, prestigiando aquele que nos prestigiava, é essa a colocação que eu faço. P1- Senhor Oscar, não pensando agora na Nitro Química, mas pensando no Grupo todo, como é que o senhor avalia a atuação dele no país na questão desse desenvolvimento econômico, desse crescimento; o senhor acha que o Grupo colaborou muito? R- Sem dúvida colaborou em diversos aspectos, porque ele foi crescendo, cresceu mais depois do meu desligamento de atividade numa das suas empresas, ele foi crescendo e gerando com isso para o país os melhores benefícios, empregos. Se por motivos tecnológicos alguns empregos foram extintos, outros foram criados e gerando divisas, de um jeito ou de outro, seja por fornecimento à indústria nacional, ou seja, por exportações; que acredito diversas empresas do Grupo estejam fazendo mesmo. Houve a criação de unidades que eu tenho acompanhado pela empresa, de alguma coisa mais voltada para a parte de energia, a parte até financeira; tem um Banco criado nos últimos anos. Então tudo isso aí é benefício para o país, a meu ver sob diversos aspectos. P1- E como o senhor avalia esse crescimento do Grupo? Por que ele conseguiu crescer tanto? R- Considerando os aspectos que eu li numa biografia do doutor José Ermírio de Moraes, a sua participação nas atividades industriais a partir da Fábrica Santa Helena em Sorocaba e considerando o que mais na frente eu fui deduzindo, o trabalho que eu via, que eu sentia quando não participava junto, mas da colocação feita pela família Moraes, o desenvolvimento aí foi gerado pela filosofia que eles adquiriram e que foi iniciada pelo doutor José Ermírio de Moraes, porque me consta que desde aquela época da fábrica Santa Helena ele já demonstrava uma capacidade criativa, uma capacidade de boa liderança e com isso ele estaria sendo bem visto junto à comunidade do país, à comunidade política, à comunidade econômica, à população, enfim. Eu acredito que tenha sido adquirida, herdada por esses componentes que aí estão hoje, daquela filosofia, daquele modo de trabalhar do doutor José Ermírio de Moraes, que num determinado da nossa vida política chegou a senador. P1- Como o senhor vê o Grupo Votorantim pensando neste projeto que o senhor está participando, desses 85 anos da Votorantim, da sua existência, no resgate dessa história; como o senhor vê a importância disso? R- Bom, em primeiro lugar é uma satisfação sentir essa montagem porque nos dá aquela situação de saudade, saber que vocês estão fazendo isso a pedido da Votorantim. Eis que num determinado momento as pessoas vão tomar conhecimento de como foi a evolução de uma empresa e ao mesmo tempo a participação ou a influência grande que as outras geraram nessa empresa, citando-se como empresa a empresa que eu trabalhei, a Nitro Química; as outras todas participam ao seu redor para que uma ou todas cresçam. Em segundo lugar é um fato muito interessante para a posteridade, porque amanhã quando se falar, sei lá, daqui há um pequeno número de anos, ou um grande número de anos, quando se falar numa empresa que hoje, estamos no ano de 2003 e ela goza de um conceito excelente no mercado, a condição que ela oferece à nossa economia, à nossa questão social, de um jeito ou de outro, alguém vai ter o elemento suficiente para poder avaliar a qualidade que ela apresentou dentro do nosso destino. P1- Como o senhor se sente em estar aqui dando um depoimento, contando a sua história para nós e para a Votorantim? R- Eu não poderia sentir outra satisfação, senão a de um grande agradecimento, um entusiasmo muito grande em poder propiciar um pouco, dar um pouco de informação daquilo que nós vivemos. É realmente muito gratificante para mim. Foi realmente... O convite que fizeram, a indicação que fizeram, a aceitação que fizeram de poder singelamente estar ao dispor dando essas informações. P1- O senhor quer falar mais alguma coisa, deixar uma mensagem? R- É, eu deixo uma mensagem à família Moraes, muito especialmente ao doutor Ermírio Pereira de Moraes, com o qual eu tive uma convivência maior do que com os outros, né? Ele saberá entender porque a minha colocação, dado essa convivência grande que eu tive com o doutor Ermírio Pereira de Moraes, muitas vezes junto, vendo até os filhos pequenos dele, assistir ao casamento dele. Para mim foi uma enorme satisfação ter sido convidado para aquele casamento e eu só faço votos que toda a família Moraes continue dando ao nosso país a contribuição que vem dando através de suas empresas, porque os benefícios eu não preciso enumerar, eles estão aí para se avaliar. Muito obrigado. P1- Obrigada, senhor Oscar. O Museu agradece, a Votorantim agradece pelo senhor ter vindo. R- Muito obrigado, foi uma satisfação conhecer vocês. Numa outra hora, por qualquer outro motivo podemos nos encontrar, Elisabeth, Juliano, Charles e Alexandre, não posso esquecer. (Fim da entrevista)
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