Sou o Wagner Woelke, brasileiro, nascido em Mogi das Cruzes, cidade histórica da região metropolitana de São Paulo em 30 de Março de 1959, filho de Luiz Woelke e Edite Veloso Woelke. Sou escritor, dramaturgo, e também tradutor. Desde a infância sempre gostei de ler, hábito incrementado e mu...Continuar leitura
Sou o Wagner Woelke, brasileiro, nascido em Mogi das Cruzes, cidade histórica da região metropolitana de São Paulo em 30 de Março de 1959, filho de Luiz Woelke e Edite Veloso Woelke. Sou escritor, dramaturgo, e também tradutor.
Desde a infância sempre gostei de ler, hábito incrementado e muito pela minha mãe, que literalmente me obrigava a ler para ela, em voz alta, trechos que ela escolhia da revista “Seleções”, de Reader’s Digest, enquanto ela lavava a roupa da família no tanque. Era o final dos anos 1960’s. Enquanto ela lia, ela me corrigia na pronúncia, e no ritmo da leitura das frases. Nunca soube se ela fazia isso para me instruir na língua portuguesa, pois os textos geralmente eram as resenhas dos grandes romances, que eram publicados ao final da revista, ou se o objetivo dela era me fazer adquirir gosto pela leitura, ou se era o de me fazer ter contacto com os pensamentos de alto nível dos grandes escritores contemporâneos embora de outros países, com isso me fazendo ver que existem valores morais e intelectuais que são cultivados de fato por muitas pessoas, em vários lugares (várias vezes eu mesmo voltava a ler a reler sozinho, escondido em meu quarto, os mesmos textos, deliciando-me e me emocionando com as coisas que ali estavam descritas), ou se ela fazia isso para ela mesma se inteirar do teor das obras... Fosse o que fosse, os resultados desta atitude que ela me impôs por alguns anos (eu devia ter uns 8 ou 9 anos na época) se fizeram ver em várias áreas de minha vida: tanto eu terminei por adquirir gosto pela leitura, como também me apaixonei pela língua portuguesa, como ao mesmo aprimorei minha dicção, meu ritmo de leitura em voz alta e minha dicção, como me tornei eu mesmo um exímio redator, já naqueles anos do curso primário, que eu cursei na escola Professor Justiniano de Resende e Silva, em Suzano, cidade vizinha de Mogi das Cruzes. Cursei esta escola desde o meu primeiro ano do antigo curso primário, onde ingressei em 1966, até a conclusão do 2º.grau, em 1976. E sempre me destaquei em sala pelas minhas habilidades em redação e em leitura, além de outras habilidades. Sempre fui um dos três melhores alunos da classe (os outros dois eram o Sérgio Pinto Nishishita e a Maria Rita da Silva – nunca mais soube deles depois que terminamos o primário, em 1969.)
Naqueles tempos, as coisas não eram nada fáceis para a classe operária. É que os salários dos trabalhadores, penso eu, eram muitos baixos, e as coisas, muito escassas e inacessíveis. Meu pai era mecânico de manutenção de máquinas, e nos anos 1960 ele trabalhava na empresa Elgin, que fabricava máquinas de costura. Depois, por motivos familiares delicados, ele perdeu o emprego nesta empresa por volta de 1972, e passou anos desempregado, embora sua profissão fosse muito valorizada. Certa vez, nessa época, graças ao meu desempenho escolar, ganhei uma bolsa de estudos da prefeitura de Suzano. Foram dois funcionários da prefeitura na minha casa me entrevistar para ver se eu merecia ou se precisava da tal ajuda (Eu precisava!!!). Quando souberam que meu pai tinha profissão e estava desempregado há um bom tempo (meu pai chegou a ficar desempregado por anos seguidos – além de as coisas serem difíceis, ele ainda tinha se entregado ao vício da bebida), questionaram-me a respeito: “Como seu pai está desempregado, com uma profissão dessas?” Eu não soube responder. Não ganhei a tal bolsa. Minha professora, a Dona Nair Romano Navajas, quando soube, ficou muito furiosa, e disse que iria falar lá na prefeitura, para que eles corrigissem o erro. Não deu em nada. O resultado é que eu ia para a escola com uniforme desadequado, com camisa do uniforme velho de meu irmão Kleber, que era quatro anos mais velho do que eu, com sapato maior que meu pé, muitas vezes, furado, com cadernos de modelo diferente dos que estavam na lista de materiais, afora o resto dos materiais: lápis de cor? Era o da caixinha de meia dúzia (alista pedia de 12 cores.) Régua? Era de madeira, a velha, do ano anterior, toda suja e riscada, com os números já ilegíveis – a régua era a mesma que meu irmão já havia usado anos atrás (a lista pedia régua de plástico.) Livros? Eram os do meu irmão. Se houvesse algum novo, ou eu ficava sem, ou eram conseguidos a muito custo, já no meio do ano letivo. A fotografia de minhas carteiras de identificação escolar, ao longo dos anos, manteve-se a mesma, evidentemente carregando as marcas dos anos, pois, findo o ano, no ano seguinte, devendo apresentar nova fotografia, o que eu fazia era retirar a imagem da carteirinha do ano anterior, com todo o cuidado, às vezes uma tarefa um tanto medonha, pois teve um ano em que ela estava colada, e eu tinha que arrancá-la com uma faca, com muito cuidado, e a foto finalmente saiu, mas levando a marca da cirurgia. É claro que eu escondia como podia de meus colegas o meu documento, morrendo de vergonha de minha foto defasada, deformada, imunda, mas minha providência não me protegeu de passar por um grande constrangimento em relação também a isso: Uma professora, ao me entregar a carteirinha de volta, já que ela ficava retida em cima da mesa dela, fez piada do estado de minha foto, perguntando: “Wagner, a fotografia de sua carteirinha é de 1.800? – A sala de aula todinha caiu na gargalhada. E minha carinha ferveu de novo e, certamente, ficou vermelha como um pimentão. Lembro-me que nos intervalos da hora do lanche (que eu, como muitos, não tínhamos – naquele tempo não havia merenda escolar), eu invariavelmente ficava apartado dos meus colegas, não participando das brincadeiras de “pega-pega”, de “dim”, e outras, pois tinha muita vergonha daquelas minhas roupas, geralmente velhas, puídas e enormes para mim (para disfarçar o tamanho da camisa que eu herdara de meu irmão, eu sempre usava casaco, mesmo nos dias mais quentes, e a mencionada Dona Nair algumas vezes ralhou comigo em sala, exigindo que eu tirasse o casaco, o que eu nunca fiz, e ela me falou algumas palavras muito ofensivas – minha mãe nunca soube disso), do meu sapato enorme, ficava quase que escondido, para escapar das gozações dos coleguinhas (É, esse negócio de “bulling” é antigo, muito antigo, mas naquela época, não se dava a mínima importância a isso. Uma vez a própria inspetora de alunos, a Dona Maria, me pegou no corredor, com o meu casaco e meu calção diferente e, no meio dos outros alunos, segurou-me pela borda do calção, questionando o modelito, bem no meio dos outros alunos – naquele tempo a gente fazia fila do lado de fora das salas de aula, e só entrávamos no local após a ordem da professora – todos eles olharam, vários riram de mim, e eu, obviamente, só pude abaixar a cabeça e ficar de novo com o rosto fervendo, certamente daquela já mencionada cor de pimentão.) O que me salvava é que eu geralmente era, como disse, um dos melhores alunos da classe, em todas as matérias, quando não o melhor, e muitos colegas acabavam por gostar da minha amizade. A bem da verdade, eu não era o único aluno que ostentava aquela situação de ter que ir para a escola sem uniforme, sem materiais, e coisas assim. Muitos e muitas coleguinhas meus passavam pela mesma situação, e vários e várias deles e delas simplesmente foram abandonando os estudos ao longo dos anos... Bem, o garotinho que eu era sobreviveu a este processo de humilhação torturante praticamente dos seus 7 aos 14 anos de idade, e entrou no curso de 2º. Grau em condição ligeiramente melhor, pois eu havia conseguido meu primeiro emprego, aos 15 anos, na empresa Resana S/A, onde trabalhei nas férias do final de 1975 até o começo de 1976. Com o dinheiro que consegui, comprei uniforme e sapatos decentes, e diminuiu meu constrangimento. Houve alguém que me conhecia, de minhas origens e fases anteriores, que chegou a comentar, com admiração: “Quem te viu, e quem te vê, hein!” Formei-me no colegial, e entrei na faculdade de Administração de Empresas em 1977, nas Faculdades Bras Cubas de Mogi das Cruzes, para grande surpresa de toda a minha família, tanto meus pais e meus irmãos, como da parentela distante, concentrada em Bauru, interior do estado. Arranjei de imediato um emprego de auxiliar de escritório na empresa Indústria Têxtil Tsuzuki, em Suzano, onde e recebia um salário mínimo, cerca de 780 cruzeiros brutos por mês, e pagava a mensalidade da faculdade, de 650 cruzeiros por mês, mais a condução. “Sobravam” uns 5 cruzeiros que eu juntava com as verbas de mais alguns colegas universitários também tão “duros” quanto eu, e dividíamos, geralmente nas aulas de sábado à tarde, uma garrafa de água tônica... Dava um golinho para cada um, e a gente ria de nossa miséria... ahahaha. No final de 1978, mudei de emprego, e fui trabalhar na contabilidade da empresa IBAR, do grupo Votorantim, em Calmon Viana, cidade de Poá, vizinha de Suzano, com salário ligeiramente melhor. No início de 1980, sai da IBAR e fui para a Komatsu, em Suzano, na função de operador de máquina contábil, uma espécie de computador rústico. O salário melhorou substancialmente e eu comecei a pensar seriamente em ir cuidar da minha vida, saindo de casa. Meu pai havia falecido em 1978, aos 48 anos, atacado de pancreatite aguda, e eu não estava me dando bem com minha mãe e minha irmã, que interferiam demais nos meus assuntos pessoais. Casei-me em 1982 com Felinha Rodrigues do Nascimento, em meu filho Guilherme nasceu em Maio de 1983. A esta altura, eu já trabalhava na empresa Aços Anhanguera, em Mogi das Cruzes, do Grupo Caemi, na função de Operador de Computador. Esta empresa era simplesmente a mais cobiçada pelos profissionais de da região, pois os salários eram estratosféricos, e eu tratei de começar meu patrimônio: comprei carros bons, terrenos, comecei a construir casas, e a vender, e a comprar mais terrenos. Fui proprietário de carros, motocicletas, chácaras... Em 1988, o Grupo Villares adquiriu a empresa e começou um grande processo interno de reestruturação. Trouxe chefes de suas unidades de São Paulo, e aos poucos foram destituindo de suas atribuições os funcionários locais. Em 1990, regredi: passei de “Operador de Computador” para “Auxiliar de Contabilidade” (de novo!), sob muitos protestos de minha parte. Logicamente que era uma tática de fazer com que nós, funcionários antigos, vazássemos dali, o que acabou acontecendo, embora, no meu caso, de uma forma mais complicada do quem aconteceu com outros, conforme vou relatar rapidamente em seguida. Eu fazia parte, por indicação da própria administração da Aços Anhanguera, do corpo de jurados de Mogi das Cruzes, já há alguns anos. Pois bem, com a chegada do pessoal dos novos proprietários da empresa, do Grupo Villares, a diretoria e os chefes anteriores da empresa foram sendo rapidamente substituídos, e funcionários do 3º e 4º. escalões, como eu, nos sentíamos pressionados a sair da empresa por nossa conta, passando por humilhações e provações de vários tipos. No final de 1990, mais precisamente no dia 22 de Novembro, logo pela manhã fui chamado ao departamento pessoal da empresa, tendo sido conduzido às salas localizadas mais aos fundos do setor, locais em que eu, em 8 anos de empresa, jamais havia entrado. Na sala em questão, estavam dois funcionários do setor de RH da empresa, um deles, de péssima fama, justificada ou não, eu nunca havia me preocupado em avaliar esse mérito, entre o restante dos trabalhadores da empresa, devido a umas estórias de alguns episódios e algumas atitudes que eles havia protagonizado entre os colaboradores. Justamente este apresentou-me um papel, onde estava redigida uma carta endereçada ao juiz de direito responsável pelo fórum criminal da cidade, onde eu renunciava à minha condição de membro do corpo de jurados. Era só eu assinar. O outro ficou só me olhando. Lembro-me que fiquei injuriado com aquilo, tanto pela ousadia de me apresentar uma carta a mim, como se eu a tivesse redigido por minha conta, como pela determinação de minha exclusão do fórum, sem sequer haver conversado ou me sondado a respeito. De imediato, fiquei muito p..., e disse que não iria assinar! Como ele insistisse para que eu assinasse e eu insistisse na minha recusa, ele finalmente apresentou-me um outro documento, este, uma carta endereçada a mim, vinda do próprio fórum criminal de Mogi das Cruzes, onde o juiz responsável, o Dr. Freddy Lourenço, a quem eu aprendi ao longo dos anos a admirar pois fui jurado em alguns julgamentos intermediados por ele e pude ver o que era uma pessoa realmente decente, onde ele agradecia meus anos de haver estado á disposição daquele fórum, e me convidava para continuar pertencendo ao quadro do corpo de jurados do município no ano seguinte. Fiquei mais p... ainda, pois eu simplesmente não sabia da existência daquela carta do magistrado! Então quer dizer que eu, de boa fé, me sujeitaria a assinar uma carta não redigida por mim, pedindo para sair do fórum, achando que com isso estaria garantindo minha permanência no emprego, enquanto havia uma carta-convite do próprio juiz, endereçada a mim, da qual eu não tinha conhecimento, me convidando para permanecer? Fiquei injuriado! Assinei a tal carta do juiz, aceitando o convite para continuar, e sai da sala, pensando, fulo da vida, em como é que uma carta pessoal endereçada à minha pessoa estava assim, aberta e escancarada para outras pessoas conhecerem o seu teor, no caso, o tal sujeito do RH da empresa. Acabei descobrindo que o oficial de justiça que foi encarregado de entregar as cartas-convite, ao invés de procurar os jurados um a um (havia outros funcionários da Anhanguera que pertenciam ao corpo de jurados que também foram endereçados com o mesmo documento, todos individualmente), ao invés de chamar um por um na recepção da empresa e entregar-lhe pessoalmente a correspondência pessoal, na verdade havia entre as cartas no departamento RH da empresa, para que ela mesma colhesse as assinaturas dos interessados. Descobri nos dias seguintes que o tal funcionário do RH, aquele que me constrangera a assinar o documento, havia chamado um a um dos destinatários e conseguido deles que assinassem a carta-renúncia. Não sei se eles ficaram sabendo que havia a carta-convite do Dr. Freddy. O fato é que, vários deles acabaram sendo demitidos, mesmo após haverem cedido a mais um constrangimento imposto pela então direção da empresa. Bem, retornei à minha mesa de trabalho, apenas para, poucos minutos depois, ser novamente chamado, desta vez para a sala de meu chefe “villariano”, que havia substituído meu antigo chefe “caemista” poucos meses antes da ocorrência destes fatos que estou agora a narrar. Chamou-me na sala dele, convidou-me a sentar, e iniciou assim a “conversa”: “Então Wagner, quer dizer que você quer ser jurado? “Como eu ainda estava muito p. da vida com a experiência pela qual eu havia acabado de passar,respirei fundo, e iniciei a tentar explicar que não havia cabimento alguém regigir uma carta em meu nome, identificando-me nela, e depois me passando o papel, para eu apenas assinar. O rapaz então me disse, do alto de sua juventude (ele tinha 24 anos, e cometia várias imprudências, que podiam ser facilmente imputadas à sua pouca experiência de vida, esta foi apenas mais uma delas): “Sabe o que é, Wagner, a empresa está muito empenhada em tirar todos os funcionários d corpo de jurados...” Eu estava realmente muito p., e disse insisti com ele que não era assim que se faziam as coisas, e que eu não iria assinar a carta-renúncia redigida pela empresa! O moço mudou de atitude, levantou-se, dizendo, de cara feia: “Ah, você quer ser jurado? Então “tá” bom, continue sendo jurado. Saiu da própriasala, e me largou lá, sentado sozinho, feito um pamonha. Após alguns segundos, levantei-me meio sem rumo, e voltei a sentar e minha mesa de trabalho. No dia seguinte, logo cedo, fui chamado ao RH, onde recebi a comunicação que eu estaria entrando de férias a partir da próxima segunda feira – era uma quinta-feira, portanto, havia simplesmente mais uma irregularidade aí, pois eu não estava programado para sair de férias e, se estivesse, eu teria que ser comunicado, segundo as leis trabalhistas o determinam, com 30 dias de antecedência. O crédito do valor de minhas férias também não caiu, como manda alei, antes do início de meus dias de descanso, no caso, na sexta-feira, demonstrando que nem mesmo a empresa estava programada para me colocar em férias. Outra irregularidade: O pagamento de minhas férias só foi cair” na minha conta bancária na terça-feira, um dia depois de meu início de fruição das férias. Enquanto e estava de férias, ocorreu, em um sítio da área rural, uma churrascada de confraternização dos funcionários da administração da empresa, e eu lá estive, cuidando de assar as carnes, juntamente com meu colega de setor, o Valdir. Nós já havíamos pilotado churrasqueiras em outras ocasiões na empresa, gostávamos de fazer isso, e as pessoas também gostavam. Estavam lá vários funcionários, inclusive me jovem chefe e os dois do RH, protagonistas do episódio que narrei acima. Sai um pouco das carnes e fui dar um mergulho na piscina que havia no local. Mas ou menos uma hora depois, retornei para a tarefa de colocar carne na grelha, e o Valdir, que havia ali permanecido, pilotando a churrasqueira, me confidenciou que eu fora objeto de comentários enquanto tomava sossegadamente meu banho na piscina. Disse-me ”É, você foi falado aqui, agora há pouco...” Perguntei: “Que aconteceu? Quem falou?” O Valdir disse: “Os caras estavam comentando sobre o episódio da retirada dos funcionários da empresa do corpo de jurados. Estavam ali nessa conversa o meu jovem chefe, mais o tal do sujeito do RH, ,mais o chefe dele, e mais algumas outras pessoas, e o do RH disse: “Conseguimos tirar todo mundo, menos aquele ali...”, e apontaram para mim, que estava a uns 20 metros, na piscina. “Foi o único que se recusou a assinar a carta pedindo para sair do corpo de jurados... “ Ouvi isso e fiquei mais p. aindacom o que me haviam tentado impor... Quando finalmente acabaram-se os dias das minhas férias, retornei ao serviço na Anhanguera. Retomei posse da minha mesa de trabalho, mas notei que acesso ao sistema de computadores da empresa estava bloqueado, e eu simplesmente não conseguia trabalhar. Estava impedido de trabalhar, pois nada podia fazer sem acessar a rede de computadores da empresa. Justo eu, que era o funcionário que mais tinha acessos liberados, tinha até uma carta de menção assinada pela diretoria pelos meus valiosos esforços e eficientes serviços prestados nessa área, pois eu era de fato, muito dedicado e competente em meu serviço de operador de computador. Percebi que era apenas mais uma humilhação que me era imposta, e não fui procurar meu jovem chefe, para indagar sobre o bloqueio de meu acesso ao sistema. Fiquei exatamente dois dias sentado em minha mesa, sem fazer nada, a não ser arrumar minhas gavetas. Meu chefe passava por mim e nada dizia. Finalmente, por volta das 11 horas da manhã do terceiro dia após meu retorno, o rapaz chamou-me a uma sala de reunião apartada, não a dele próprio, e me comunicou que a empresa passava por uma fase de reestruturação, e que eu deveria passar no DP, pois eu estava demitido. Soube que meu colega Valdir havia sido demitido alguns dias antes. Fui ao DP, assinei a carta de demissão, corri para casa, tomei um banho, vesti um terno, e corri ao fórum de Mogi das Cruzes, para conversar com um promotor de justiça a respeito do que me acontecera nos últimos dias na empresa , que, eu sabia, era dia de entrevistas. Conversei longamente com o promotor, um jovem, que me ouviu com muito interesse, desde o episódio dentro da sala do RH, passando pelo ocorrido em seguida na sala de meu chefe, até a conversa ouvida pelo Valdir na tal da churrascada. Ao final, disse-me que via indícios de que algo grave acontecera lá. Deu-me três intimações, que ele mesmo datilografou,
para que eu entregasse: uma para meu agora ex-chefe, outras duas para os dois funcionários do RH, para serem ouvidos em audiência com ele mesmo no dia seguinte. Perguntou-me se eu tinha alguma testemunha, pelo menos de parte dos fatos que eu narrara. Eu disse que podia contar com a pessoa que me contou os fatos da piscina, pois era quase que um irmão meu, e muito esclarecido. O jovem promotor me disse que seria bom se ele fosse, ara confirmar pelo menos parto da minha história. Sai do fórum e dirigi feito um louco até a casa do Valdir. Contei-lhe o ocorrido, e pedi-lhe que fosse. Nessas horas, muita gente que fala grosso, afina, cai fora. Não foi o caso do Valdir, que prontamente aceitou meu pedido e iria testemunhar a meu favor. Na manhã do dia seguinte, compareci á empresa, e pedi para falar com meu ex-chefe, o qual me recebeu em sua sala. Entreguei-lhe a notificação, dizendo apenas: “Tenho essa notificação do fórum para você.” O semblante do rapaz transformou-se, apresentando um ar de curiosidade e espanto. Abriu a correspondência, eu sabia que ela mandava que ele comparecesse ao fórum tal, da Comarca de Mogi das Cruzes, tal dia, tal hora. Este horário era dali a menos de 3 horas. Sem levantar o olhar, perguntou-me em voz baixa para que ele deveria comparecer ao fórum. Respondi-lhe que era para conversar com um promotor de justiça. Sempre falando baixo, perguntou-me sobre o que era. Eu respondi-lhe que o promotor lhe explicaria, na hora da audiência. Peguei o comprovante de entrega devidamente assinado por ele, pedi licença e retornei para a recepção, onde pedi para falar com os outros 2 funcionários, os do TH, um de cada vez. Assim o fiz, e ambos também ficaram muito surpresos quando receberam as intimações. Fui para casa, almocei, vesti-me com um terno preto, muito distinto, e gravata, e retornei ao fórum, pois a audiência com o promotor estava marcada para as 13:30 horas. Logo o Valdir chegou. Apresentamo-nos à recepcionista do promotor, que nos anunciou ao jovem magistrado. O meu ex-chefe, os dois funcionários do RH, mais o advogado da empresa logo chegaram também. Ficou um curioso contraste: eu e o Valdir, vestidos de ternos, gravatas, sapato social engraxado; os três funcionários da empresa, vestindo camisetas, jeans, e um deles calçava tênis, para conversar com um promotor de justiça. A recepcionista então nos procurou, a mim e ao Valdir, e pediu que a seguíssemos. Ela abriu a porta da sala onde estava o promotor, e que lá entrássemos, e o jovem magistrado nos recebeu de muito bom grado. Apresentei-lhe o Valdir, dizendo que foi ele quem presenciara, não só os fatos da piscina, como também havia visto o dia em que meu chefe, digo, meu ex-chefe, me deixara sentado sozinho na sala dele, enquanto saia. O promotor perguntou se o pessoal da Aços Anhanguera já havia chegado. Dissemos que sim, ele ela falou: “Ótimo, ótimo!” Pediu que sentássemos em frente à mesa dele, e inquiriu o Valdir longamente, por seguramente mais de meia hora. Eu não abri a boca. O Valdir confirmou tudo, desde o princípio da história, até a conversa que ele ouvira no dia da churrascada, quase exatamente como eu havia relatado ao rapaz. Foi incrível! Se tivéssemos combinado para falar igual, não teria dado tão certo! Nada como falar a verdade e ter razão! Ao final, o promotor, muito satisfeito, agradeceu, e pediu então que nós nos retirássemos e aguardássemos, que ele iria conversar com a outra parte. Saímos, sentamo-nos no banco ao lado, e o pessoal da empresa Anhanguera estava sentado mais perto da recepcionista. Eu dava uma olhadinha de vez em quando para eles. Reinava o silêncio. Depois de um longo tempo, mais ou menos uma meia hora, finalmente o promotor acionou a recepcionista, e ela pediu a eles que a acompanhassem. Foram os quatro conversar com a autoridade: meu jovem ex-chefe,
rapaz mal-digerido do RH, o outro funcionário do RH da empresa, aquele, que estava na sala quando eu fora chamado para assinar a carta-renúncia. Outra meia hora aproximadamente, e finalmente a porta da sala do promotor abriu-se, e de saíram os quatro. Meu ex-chefe, em sua juventude e pouca experiência de vida, estava visivelmente abatido, pálido, com ar muito preocupado. Ouviram, os três, algo que o advogado da empresa lhes explicou, todos com muita atenção. Por fim, retiraram-se. O jovem promotor saiu de sua sala e veio conversar conosco ali mesmo, na recepção, muito satisfeito e sorridente. Disse-me: “Há indícios de que ocorreu um crime dentro da empresa contra você, Wagner. Vou mandar instaurar um inquérito policial para esclarecer os fatos e apurar responsabilidades, e depois, provavelmente, o Ministério Público vai processar os responsáveis. Agora é só aguardar”, finalizou, sempre muito gentil e satisfeito. Bem, o caso teve muita repercussão dentro da empresa, segundo fiquei sabendo, muito por alto, pois a esta altura eu já me empregara em outra empresa, e me dedicava a minha nova função. Mas outros colegas de meu tempo de Anhanguera me confidenciaram que, naquele dia, correu pela empresa toda a notícia. Por exemplo, o Gilson, outro quase irmão meu, que trabalhava no mesmo setor, me procurou em minha casa para saber o que de fato havia ocorrido (Eu já havia conversado com o Valdir que iríamos dar o mínimo de informações possível a outras pessoas, pois temíamos que se pudessem dar argumentos para que eles virassem o jogo contra a minha pessoa, encontrando algo recriminável em minha própria conduta) Ele, o Gilson me disse que o meu ex-chefe voltou aquela tarde para a empresa, muito alterado,falando alto, dizendo que eu e o Valdir tínhamos ido falar mentiras contra ele para o juiz, e que nós dois não prestávamos, e que eu fui processá-lo, que eu estava errado, pois eu devia processara empresa (Ah, esqueci de contar: o próprio promotor me orientou que procurasse um advogado especializado em trabalhismo, e que pleiteasse uma reintegração de cargo, pois ele entendia que talvez pudesse ter esse direito. Frisou que não era a área dele, pois ele era especializado na esfera criminal, mas que ele entendia que talvez pudesse haver isso, sim. Foi o que fiz. Mas isso é uma outra história que contarei mais para a frente...).
Bem o meu amigo Gilson me confidenciou que o rapazinho estava furioso comigo, a empresa colocou ordem na portaria proibindo eu e o Valdir de voltar a adentrar as dependências da empresa sem escolta, pois ambos éramos “elementos que haviam causado dano à empresa e que éramos persona non-grata”, ou algo parecido, segundo nos contou um outro funcionário, esse, do RH, que se aposentara pouco depois. Já o outro funcionário do RH, aquele que também fora ouvido pelo promotor, pouquíssimo tempo depois também foi demitido da empresa, de onde saiu falando o bicho. Ele mesmo me contou
que aconteceu dentro da sala do promotor, quando eles três entraram, com o advogado, para conversar com a autoridade. Contou-me: “Entramos, nos identificamos, e logo o promotor fez uma pergunta direta: “O que vocês fizeram com o Sr. Wagner Woelke, na manhã do dia 22 de Novembro de 1990, nas dependências da empresa Aços Anhanguera S/A.?” Como todos foram pegos de surpresa, o promotor especificou: “Vocês elaboraram ma carta-renúncia em nome dele e o quiseram obrigar a assinar, ao mesmo tempo em que retiveram e ocultaram ilegalmente uma correspondência que a ele era endereçada, enviada por uma autoridade do judiciário, a saber, o juiz da comarca de Mogi das Cruzes?”, contou-me o rapaz. “Como ninguém esperava que a conversa seria essa, nós três quisemos explicar, e, logicamente, nos atrapalhamos todos. Principalmente porque o próprio advogado da empresa ignorava o caso completamente! Cada um falou uma coisa, que sim, que não, um dizia que não, o outro dizia que sim, mas que ninguém ia me obrigar a fazer nada, tanto que eu não a assinei, uma atrapalhação geral, principalmente depois que o promotor ainda repetiu, na nossa frente, a conversa que tivéramos na piscina da churrascada, e também que quando você retornou das férias, as quais foram visivelmente inventadas às pressas logo após aqueles fatos já que sequer a empresa estava preparada para calcular os valores, segundo ele, foi impedido de retomar suas atividades normais, já que seu acesso à rede de computadores foi deletado, tendo você sido demitido dois dias depois. Aí, não tínhamos mais o que argumentar com ele, e o advogado disse que precisava conversar com a gente para esclarecer melhor as coisas, e depois conversar em nova audiência que ele, o promotor poderia designar para a semana seguinte. O promotor disse que não havia necessidade disso, pois ele mesmo já decidira que iria mandar esclarecer os fatos via instauração de um inquérito policial para averiguação dos fatos ocorridos na manhã do dia 22 de Novembro de 1990, nas dependências da empresa Aços Anhanguera S/A., envolvendo vários funcionários da empresa no intuito de constranger o funcionário Sr. Wagner Woelke”, concluiu o rapaz, que me disse que me contava aquilo para que eu ficasse a par do assunto, já que, segundo ele mesmo disse, “a empresa era muito suja, e te sacaneou.” Bem, foi instaurado o tal inquérito policial que correu durante quase dois anos, na delegacia do Bairro da empresa, e a polícia ouviu, além do Valdir e dos outros três (me ex-chefe, e os dois do RH) várias outras pessoas, que estavam na churrascada e viram o rapaz de apontar, inclusive pessoas que eu nem sabia que testemunharam a conversa – isso foi descoberto a partir do depoimento de alguns a delegado. Tudo o que o me ex-chefe disse a meu respeito na empresa posteriormente à audiência com o promotor foi repassado ao delegado, juntado nos autos da inquérito. O final, a conclusão do inquérito, levou o MP a denunciar meu ex-chefe e o funcionário do RH, aquele, que me mandou assinar a carta-renúncia, por CONSTRANGIMENTO ILEGAL” – obrigar alguém a agir contra a sua própria vontade, ou impedi-la de agir segundo a sua própria vontade. Os dois foram a julgamento quase dois anos depois, e eu virei testemunha da acusação. Não acompanhei o processo até a sentença deles, pois e já era chefe em outra multinacional e fiquei meio preocupado com alguma coisa que chegasse a meu atual emprego, onde eu era muito bem cotado. Bobagem de minha parte. Sobre a ação trabalhista, a qual correu em paralelo ao inquérito policial, procurei um bom advogado de fora de Mogi das Cruzes, e ele entrou com uma ação com onze reivindicações contra a empresa, inclusive a tal da “reintegração de cargo”. Essa, que era a principal, eu a perdi, mas ganhei oito outras, que me renderam um valor correspondente a mais de 10 mil dólares, segundo a cotação da época. A empresa foi recorrendo, recorrendo, em todas as instâncias que pôde, e o processo correu na justiça por mais de 5 anos, pois a empresa foi perdendo nas várias instâncias, mas sempre recorreu de tudo, até o dia em que a justiça trabalhista estabeleceu prazo de 8 dias para eles me pagarem, ou teriam todas as linhas telefônicas seqüestradas em meu favor – naquele tempo, uma linha telefônica fixa valia uma pequena fortuna, ainda mais de uma empresa – a Anhanguera possuía umas 10 linhas.
(Meu advogado foi participar de um cruzeiro na Grécia, com
dinheiro dos honorários que ganhou com o meu processo, e eu construí mais uma casa...). Isso tudo que narrei desenrolou-se por volta de 1990 a 1995, mas tive pendências relacionadas a esta “questão Anhanguera” que só foram se resolver em 2012! Bem, a partir de 1992, minha vida pós-Anhanguera desenrolou-se. Trabalhei com caminhões de Fevereiro de 1991 até Julho de 1992, quando entrei para a empresa ECC – English China Clays, que explorava caulim na zona rural de Mogi das Cruzes. Lá, minha carreira contábil deslanchou: entrei, aos 31 anos, como auxiliar de contabilidade. Seis meses depois fui promovido a Analista Contábil, mais dois meses, passei a Supervisor do departamento de contabilidade. Sempre trabalhei em contabilidade, desde 1977, mas minha formação era de Economista, e para trabalhar em contabilidade, era necessário formação na área, é uma exigência do Conselho de Contabilidade. A empresa acabou por me pagar o curso de Ciências Contábeis, na UMC – Universidade de Mogi das Cruzes. Terminei o curso em 1995 e peguei minha carteirinha de registro profissional como contabilista no dia 20 de Dezembro do mesmo ano. Em 1º. de Janeiro de 1996 tornei-me contador da ECC, e de todas as empresas do grupo, com unidades em Mogi das Cruzes (SP), Campos de Goytacazes (RJ), e na cidade de Castelo (ES), onde era explorado minas de carbonato de cálcio. Nem preciso dizer que fui acumulando tarefas, muito além daquelas típicas de um contador: chefe da contabilidade, chefe do departamento pessoal, auditoria interna, coordenador do programa de obtenção da certificação pelas normas ISO... E o salário, ó! A gerência da empresa acostumou-se a jogar nas minhas costas todas as novas tarefas que surgiam, porém, esqueceu-se do outro lado, o da recompensa financeira e profissional pelos meus esforços (que não eram poucos, não! Eu adquirira o hábito errado, diga-se de passagem, de trabalhar de Domingo a Domingo, trabalhar no Natal – os funcionários saíam no dia 24 de Dezembro ao meio-dia e iam embora, e eu ficava até as 7 ou 8 da noite; no dia 31 de Dezembro, teve uma vez em que são da empresa 11 e meia da noite, e no dia 1 de Janeiro, lá estava eu, sozinho na empresa, acompanhado só do porteiro, às 8 da manhã! Era fechamento contábil!), e eu recebia um salário mediano para um contador, embora minhas tarefas e responsabilidades fossem muito estendidas. Pedi ao meu gerente um aumento salarial, justificando-o com o acúmulo de responsabilidades, e ele ficou de pensar. Como demorasse muito nessa tarefa de pensar, eu acabei trocando a ECC pela empresa americana Katun, localizada no bairro da Lapa, em São Paulo, em Outubro de 1998, ganhando quase o dobro do salário anterior, embora minha função ainda fosse a de contador.
Em janeiro de 1999, fui enviado para um treinamento na matriz da empresa, em Minneapolis, estado de Minesota, nos Estados Unidos da América.
Mais um ano e fui promovido a Gerente de Contabilidade, e novamente fui à matriz nos EUA para um treinamento na empresa Oracle, pois o grupo estava implementando este ERP a nível mundial (até então, na unidade do Brasil, utilizávamos o sistema Magnus da empresa nacional Datasul, o que dificultava a comunicação “on-line” com a administração financeira do grupo, em território americano. Visitei a unidade do Uruguay, em Montevideo.Depois, devido a um escândalo financeiro envolvendo o proprietário da empresa nos EUA, ele foi obrigado a vender a empresa para um grupo de investidores, entidade muito comum naquele país, e a administração anterior sofreu uma devassa, a nível mundial, sendo que diariamente recebíamos a notícia de que algum executivo da empresa foi demitido. Os meus amigos americanos da matriz da empresa em Minneapolis me falavam que o clima era de terrorismo: o pessoal comparecia para trabalhar pela manhã, e, após retornarem do “lunch time”, recebiam a notícia que mais um deles fora demitido, substituído por alguém de fora, em processo semelhante ao que eu vivera na empresa Aços Anhanguera 15 anos antes. Era uma reestruturação total. O projeto Oracle foi abandonado. Não deu outra: dentro dos reflexos no Brasil, uma nova empresa de auditoria foi contratada, entre as “big-four”, e após recebermos uma visita da nova vice-presidente de finanças da empresa, nomeada pelos investidores, o gerente-geral do Brasil foi chamado aos EUA., e de lá, ao conversar por telefone com ele, já percebi uma mudança no tom que ele falava comigo, antes respeitoso, agora áspero e irritadiço. Ao retornar ao Brasil, pouco depois fui demitido. Eu fui o escolhido para ser rifado no Brasil. Lógico que houveram outros aspectos que influenciaram nesse processo de “escolha”, inclusive de um tipo de “salve-se quem puder”, além de disputas internas entre os gestores da unidade do Brasil, muitas delas, nada honestas. A verdade é que eu estava de fato muito cansado, chegava a trabalhar de Domingo a Domingo na empresa: simultaneamente às minhas funções de contador, cursava mestrado na PUC, ministrava aulas nas faculdades São Luiz e de Valinhos, além de prestar consultoria a uma empresa de logística de Campinas, no interior do estado. Cheguei a passar mal na empresa, sentindo tonturas, e comecei a sentir muitas dores nos ombros, nos braços e nas pernas. Fui ao médico e ele, após me examinar e me entrevistar, me disse que eu estava com estafa física, e que eu devia diminuir o ritmo, sob pena de ter um treco, pois o ritmo de trabalho meu de então era muito intenso, com muito estresse. Eu estava com 45 anos de idade, com excesso de peso, pesava 102 quilos, para meus 1,73 metros de altura, e era um exímio conhecedor de quase todas as churrascarias de rodízio da cidade de São Paulo! Ou seja, eu era altamente elegível para ter um enfarte ou um AVC. Havia me divorciado dois anos antes, em 2002, e iniciei namoro com uma garota muito linda, de Campinas. Saído da Katun, fui trabalhar com a empresa de Campinas, que era na verdade muito pequena. Mudei-me para a magnífica cidade de Vinhedo. Logo conseguimos muitos contratos de terceirizados nas áreas de portaria, limpeza, recrutamento e seleção, e logística interna. Pegamos um contrato na empresa Coca-Cola em meados de 2004, começamos com 12 funcionários prestando serviços de retrabalhos, e chegamos a ter mais de 70 colaboradores lá, atuando em várias áreas, sempre de apoio na produção, e também em Cosmópolis, próximo a Paulínia, interior do estado. Lógico que isso chamou a atenção do sindicato dos trabalhadores da indústria alimentícia de Jundiaí, que era muito forte. (Também eu, que fora o responsável direto pelo incremento de funcionários de minha empresa (eu havia me tornado sócio dela) na gigante de bebidas de Jundiaí, de novo, havia caído na armadilha do excesso de trabalho: chegava a ficar 39 horas seguidas no ar, freqüentemente chegava à empresa às 6 da manhã, ”saía” às 11 da noite, dormia no carro no estacionamento da própria Coca-Cola, trabalhava de Domingo a Domingo... Estava novamente à beira de uma estafa, nem precisava de ir ao médico para saber disso!) No final de Março de 2008, quando dávamos suporte a várias linhas de produção da empresa, um delegado do trabalho foi à unidade Jundiaí, identificou, pelo uniforme, um a um dos funcionários de minha empresa, entendeu que eles prestavam serviço em atividade fim, o que era vedado pela legislação trabalhista de então, e deu um prazo até 15 de Abril para que a Coca-Cola os contratasse diretamente. E eu tive que demitir e pagar as verbas rescisórias de cerca de 60 funcionários, em um mês. Fora os que entraram com ações trabalhistas contra minha empresa, que também geraram gastos com indenizações e advogados. Quebrei. Perdi tudo, absolutamente tudo o que tinha. O carro, financiado em 60 meses, acabou sendo tomado de volta pela financeira alguns meses depois. Fiquei só com a roupa do corpo. Não conseguia sequer pagar o aluguel do meu apartamento, agora em Valinhos. Para espairecer, lembro-me que fui passear um dia no Shopping Dom Pedro, em Campinas. Foi a primeira vez em que, finalmente, andei por aquele espaço gigantesco em sua totalidade. Para mim, tudo aquilo era uma redescoberta, pois faziam anos que eu não sabia o que era passear descontraidamente pelas alamedas de um shopping Center, olhando vitrines. Fui ao cinema, depois de anos! Estava passando um filme nacional, aquele do episódio real que ocorrera no Rio de Janeiro, em que um rapaz seqüestrara um ônibus urbano e fez os passageiros de refém. Fiquei muito surpreso com a qualidade do filme, com a edição, com a narrativa, com o desempenho dos atores. O cinema nacional havia evoluído, depois de quase extinto na época do presidente Collor. Chorei quando acabou o filme. Lembrei-me que, quando jovem eu era apaixonado pela sétima arte, principalmente os filmes brasileiros. Ia semanalmente ao cinema, o saudoso Cine Saci, de Suzano, mesmo em meio à pobreza em que sempre vivera. Houve uma fase de minha vida de adolescente em que eu ia ao cinema todo domingo, vestido com o uniforme da escola, pois era a única roupa de sair que eu tinha. Meu pai se esforçava e me dava o dinheiro da entrada, todo Domingo, eu pagava meia. Assisti a muitos filmes do Mazzaropi, e todos os do Roberto Carlos, do Renato Aragão. Quando passei á maioridade, comece a assistir vários filmes brasileiros, do Tony Vieira, David Cardoso, do Ody Fraga, do Clery Cunha, do Francisco Cavalcanti e vários outros dos quais não me lembro. Era a turma do cinema da boca do lixo paulistana, cujos filmes eram conhecidos injustamente pela alcunha de “pornochanchada”. Fui até a uma “avant-première” do filme “O Porão das Condenadas”, do Francisco Cavalcanti, a quem fui apresentado, em um cinema da Avenida Ipiranga, acho que em 1978. Na época da faculdade (1977/1980), eu saía das aulas da faculdade no Sábado, e ia direto para o cinema, ou o Cine Avenida, ou o Urupema, ou o Odeon, em Mogi das Cruzes, assistir os filmes. Eu era apaixonado pela Ana Maria Kreisler, ela era muito linda! Tinha a Helena Ramos, a Missaki Tanaka, a Aldine Müller, a Nicole Puzzi, a Sandra Bréa (essa era do cinema do Rio de Janeiro, havia, e ainda há, muita disputa entre esses dois principais núcleos produtores de cinema no Brasil). Aprendi a amar o cinema brasileiro, mesmo com todos os seus defeitos, que não eram poucos, mas entendi que os recursos, tanto financeiros quanto técnicos, pelo menos para o pessoal de São Paulo, eram parcos, e esse pessoal que fazia cinema na boca do lixo eram verdadeiros heróis! Redescobri tudo isso, todas essas impressões voltaram à minha mente nos meses que se seguiram á minha bancarrota de 2008! Durante uns dois meses, passei a ir praticamente todos os
dias ao Shopping Dom Pedro (Ia a outros shopping’s de Campinas e região, também, mas ia principalmente ao Dom Pedro), almoçava, passeava, tomava um suco, ia nas lojas ver TV’s, geladeiras, ia ao cinema, ao teatro, ia na FNAC, testar computadores, ver livros, comprar livros... Com a minha falência, meu ritmo de vida mudara naturalmente, e eu nem precisei ter um enfarte ou uma estafa para que isso acontecesse. Eu sobrevivia cobrando e recebendo dinheiro de algumas dívidas de algumas pessoas e empresas, que me deviam, algumas, até de valores significativos, além da ajuda de alguns conhecidos meus de Valinhos, que chegavam a me dar coisas. Um dia recebi um valor de uma empresa, que me devia dinheiro já havia algum tempo, e comprei um fusca, meio caído, que eu vira encostado em uma agência de Valinhos. Ele estava com a pintura sem brilho. Lavei, passei cera, dei um trato no carro, troquei óleo, ele ficou bonitinho, tinha todas esportivas. Eu tinha tempo de sobra. Um dia, ao retornar para meu apartamento em Valinhos, passei em frente a uma escola de música, e vi no cartaz que davam aulas de canto também. Lembrei-me de que, quando eu era criança, era escolhido pelas professoras para cantar. Tinha a voz alta e naturalmente afinada. Quando estava na igreja, quase toda semana eu cantava nos cultos, sem técnica alguma , pois nunca estudara canto, mas as pessoas gostavam de me ouvir cantar, diziam que eu cantava bem. Manobrei o carro e retornei à tal escola, com a intenção de saber das aulas de canto. Fui informado lá de que a pessoa responsável não estava, estava almoçando, e que retornaria para ali em breve, e que eu deveria retornar depois. Fui embora, pensando que eu iria estudar canto! Cheguei em casa em fui cantar músicas do Elvis Presley! É, depois de trabalhar por 12 anos em empresas inglesa e americana, participar de “conference-calls” e treinamentos no exterior, meu inglês era reconhecidamente fluente (Certa vez, na Katun Brasil, fui escolhido informalmente pelos funcionários como o 2º. Melhor inglês da unidade. O 1º. Colocado era um americano o Bruce, que era gerente de vendas na unidade Brasil!). Acabou que não retornei à tal escola de música no dia, pois acabara me esquecendo do assunto. Pouco depois, fui procurado pela minha ex-empregadora de anos antes, a Katun, para explicar um assunto de fechamento contábil, que eu procedera durante a minha gestão. Ao retornar a ligação, a telefonista, a Rosa, a quem eu mesmo contratara para a empresa anos antes, reconheceu a minha voz no telefone tão logo eu comecei a falar com ela, e me disse: “Nossa! Wagner! Meu Deus, você não morre mais!” Perguntei: “Por que, o que aconteceu?” Ela:”Você não acredita, mas ontem ligou aqui uma pessoa te procurando, era um antigo professor seu, o nome era Mariano, você conhece?” Eu:”Claro que conheço! Ele foi meu professor de faculdade, deu aulas para mim lá por volta de 1994!” Ela: “Pois é, ele ligou aqui, te procurando! Ainda ontem!” Eu: “Nossa! O que será que ele quer?” Ela disse que não sabia, mas que ele parecia muito interessado em me localizar. Agradeci a informação, e pedi que ela me passasse para o responsável atual pela contabilidade da Katun, para eu saber o que ele precisava de mim. Era uma coisinha a toa, e eu o redirecionei para alguém da empresa de auditoria multinacional que orientara, na época, o que eu havia feito. Voltando á questão do meu professor, o Mariano, fiquei muito intrigado. Ele fora meu professor na UMC, há mais de 20 anos atrás! Lembrei-me de que ele dava aula na PUC, onde eu, quando cursei mestrado lá, o encontrei algumas vezes pelos corredores. Certamente foi daí que ele teve a idéia de me procurar na Katun, pois eu havia entregue a ele um cartão de visitas meu, que ele, pelo visto, guardara. Procurei-o na PUC, fui informado que sim, ele ainda dava aulas, aliás, mais do que isso, era coordenador do curso de graduação em Ciências Contábeis lá. Deixei meu telefone com a secretária do curso de contábeis, e ele logo me telefonou em retorno. Queria conversar comigo para sondar uma possibilidade. Marcou ma conversa para o dia seguinte, na PUC da Rua Monte Alegre, no bairro das Perdizes, em São Paulo. Compareci ao encontro, e ele me disse que havia uma oportunidade de um cargo de gerência em São Paulo, onde ele acabara de ser eleito presidente, e precisava de uma pessoa de confiança lá. Se eu me interessaria. Era a chance de eu começar a me reerguer! Voltar a São Paulo! Aceitei na hora! Em Outubro de 2008, assumi como gerente executivo do Sindicato dos Contabilistas de São Paulo. Mudei-me para São Paulo em Dezembro de 2008.
Fui morar no centro velho de São Paulo, na Avenida Ipiranga, perto de tudo o que eu queria, Teatro Municipal, Galeria Olido, Biblioteca Mário de Andrade, metrô, um antigo sonho meu! Virando a esquina de meu prédio, descobri uma escola de música, a Rockabilly! Fiz um teste lá, descobri que sou tenor! Matriculei-me, e minhas aulas todas eram dadas em cima de canções do Elvis Presley! Comecei a me apresentar nas audições da escola. As pessoas ficavam impressionadas com meu canto! Cheguei a ensaiar em um coral, o da Fundap, mas nunca me apresentei em público com eles. É lógico que e não sou profissional: tenho muito o que aprender, sou apenas um pouco mais do que um cantor de banheiro, mas as pessoas gostam! E eu também!) Montei um blog, o www.1970inesqueciveis.blogspot.com. Lá, mais de 300 vídeos com todas as músicas que povoaram minha infância e adolescência, e agora, eu cheguei a cantar quase todas elas! Olhem uma amostra:
Wagner Woelke sings “ALWAYS ON MY MIND” https://www.youtube.com/watch?v=JVEdGNhBgxI
Voltei a dar aulas, desta vez, na Universidade Ibirapuera.
Dos livros que eu li, comece a escrever. Publiquei meu primeiro livro em 2010, o “TRATADO GERAL DA MEDITAÇÃO E HARMONIZAÇÃO COM O UNIVERSO”, cuja edição, até onde eu sei, encontra-se esgotada, ainda que eu não tenha recebido a totalidade dos meus direitos sobre todos eles. Tornei-me assíduo freqüentador da Biblioteca Mário de Andrade e também da Sérgio Milliet, no Centro Cultural de São Paulo. Resultado: Comecei a escrever sem parar, já são 8 obras de minha autoria publicadas, mais 2 traduções que fiz para o português de obras que considera importantes. Veja a relação de meus livros publicados (há outros em fase diversas de elaboração – serão sempre lançados ao ritmo de um ou dois por ano):
- 2016 – “AKASHA – Nossos Registros na Eternidade” - e-book – Amazon.com – Uma das primeiras obras nacionais a analisar com seriedade e isenta de doutrinas espirituais a longa trajetória da alma humana, desde o início de tudo. (Também disponível em versão na língua inglesa)
- 2015 – “ENERGIAS QUE NOS SUPORTAM!” – e-book – Amazon.com – Todas as energias que dão suporte à existência humana e sua permanência, abarcando inclusive aqueles mais recentemente “descobertas” pela ciência.
- 2015 – “VÓRTICES DA VIDA – Uma Investigação Não-Mística das Diretrizes do Destino Humano” – e-book – Amazon.com – Uma análise profunda e com abordagens diversificadas a respeito da angustiante questão do destino humano.
- 2015 – “I-CHING PARA BRASILEIROS – A Milenar sabedoria Chinesa Trazida Para os Trópicos” – e-book – O livro analisa as 64 possíveis situações que um ser humano enfrenta em seu relacionamento com seus semelhantes, descrevendo-a sob uma ótica bastante acessível ao pensamento tupiniquim.
- 2014 - “O HOMEM E A MALHA CÓSMICA – Nosso Lugar no Infinito do Espaço e do Tempo” - Editora Giostri - Uma investigação sobre o ser humano, desde sua origem mais remota conhecida, os tipos humanos que surgiram, as relações da civilização atual, seu relacionamento com o Criador, e as perspectivas que o futuro aponta.
- 2013 – “EU SUBLIMINAR – O Verdadeiro Condutor da Lei Universal da Atração” – Editora Giostri - Um mergulho no interior do ser humano, desnudando suas forças, suas fraquezas, as ferramentas de que foi dotado, e como as tem manejado para obter o que deseja e almeja. (Também disponível em versão na língua inglesa) http://www.livrariacultura.com.br/p/eu-subliminar-30760857 Ou fale com o Autor.
- 2011 – “CRIANDO REALIDADES – Trate Seus Assuntos Diretamente Com o Universo” – Editora Belacop - Um convite à libertação de pensamentos e crenças limitantes de todos os tipos, em direção a um relacionamento com o cosmo muito mais intenso e sincero. Um grande sucesso entre os leitores. (Também disponível em versão na língua inglesa)
- 2010 – “TRATADO GERAL DA MEDITAÇÃO E HARMONIZAÇÃO COM O UNIVERSO” – Editora Livre Expressão - Um livro de bolso que vai direto ao ponto. Meditação é a chave para o equilíbrio e a paz interior e para um relacionamento mais equilibrado com a vida. (Também disponível em versão na língua inglesa)
Virei assíduo freqüentador de teatros paulistano (Afinal, moro ao lado da Praça Roosevelt, com seu pólo teatral/cultural, e ao lado do Teatro de Arena Eugênio Kusnet!). Conseqüência disso: Conheci atores, diretores, produzi peça, e... passei a escrever peças teatrais, vejam:
- São textos teatrais em várias vertentes: voltados para as questões modernas, para as raízes brasileiras, e também adaptações de clássicos da literatura e personagens universais.
- “MULHER ESPIRITUALMENTE DANIFICADA” – Drama em monólogo - Executiva de meia idade percebe que está cada vez mais solitária e passa a investigar o processo vital que a levou àquela condição. Ela quer mudar os rumos de sua vida, mas... será que não é muito tarde para isso?
- “A ATRIZ” – Comédia Dramática – Uma ingênua e atrapalhada dona de casa recém-divorciada deseja retomar a “carreira” de atriz que havia interrompido 20 anos antes para se casar. Mas as coisas não serão nada fáceis: tem os filhos, o ex-marido, a “amiga”, o produtor de teatro, as obrigações da vida ordinária...
- “EU NÃO VI MEU MARIDO GANHAR CABELOS BRANCOS” – Drama em monólogo – Mulher de meia idade encontra acidentalmente na rua o ex-marido, a quem não via há vários anos. Fica muito impressionada com os cabelos brancos que o homem ganhou e, após o rapidíssimo contato, começa a especular as formas de como o ex-amado pode tê-los obtido, ao mesmo tempo em que tenta lembrar-se das razões pelas quais se separaram.
- “ENSAIO SOBRE A FALTA DE ESCRÚPULOS” – Jovem executivo recém demitido de uma multinacional após uma vil armação interna, encontra seu antigo professor, e os dois amigos passam a conversar sobre a competição nas relações corporativas atuais, e desse diálogo nasce uma investigação sobre o comportamento grupal humano desde os primórdios.
- “EU, PERI, GUERREIRO GOYTACAZ DESTEMIDO, 30 ANOS, BELO, APAIXONADO...” – Drama épico – Adaptação livre da personagem do épico nacional “O GUARANI”, de José de Alencar – No Séc. XVI, no interior da província do Rio de janeiro, em meio aos primórdios da colonização do selvagem Brasil, o bravo guerreiro Peri apaixona-se pela bela e caprichosa Ceci, filha do poderoso colono Antonio de Mariz. O amor é impossível, mas uma tragédia coloca o casal frente a frente.
- “NEGRINHO DO PASTOREIO – A PEÇA” – Drama – Adaptação da conhecida lenda do Sul do Brasil – Negrinho escravo, encarregado do pastoreio dos animais da fazenda, perde o cavalo preferido do violento e malvado feitor. Furioso, o homem lhe imputará terrível castigo por isso, mas também terá uma grande surpresa.
- “CAMÕES EXPLICA “OS LUSÍADAS” – Adaptação do poema épico de Luis de Camões – Agora Luis de Camões, o próprio, quase em estado de mendicância, vem explicar o grande poema que narra a história e as conquistas da grande nação lusitana, surpreendentemente desconhecida para nós, os brasileiros.
- “É SHAKEASPEARE, MEU!” – Drama, tragédia, comédia, na apresentação de conhecidos textos da obra do bardo: “Hamlet”, “Macbeth”, “Rei Lear”, Romeu e Julieta”, etc.
- “A PATA DA GAZELA – A PEÇA” – Comédia de costumes, adaptação do romance homônimo de José de Alencar – No Séc XIX, a florescente metrópole do Rio de Janeiro, capital do império, era o cenário perfeito para o inveterado conquistador Horácio dar em cima das belas donzelas da corte. Mas o destino vai pregar uma peça no jovem larápio.
- “TIA, O QUE EU VOU SER QUANDO CRESCER?” – Lúdico Infanto-juvenil – Jovem professora descreve para seus pequenos alunos as possibilidades das profissões que podem abraçar quando foram adultos, esclarecendo suas dúvidas e dando orientações.
- “A ORDEM DO REI” – Drama – Adaptação de uma personagem secundária do romance “Nossa Senhora de Paris”, de Victor Hugo – A velha Gúdula anda gritando e falando palavrões pelas ruas e vielas da Paris do Sec. XIV. As pessoas a chamam de louca, mas eles sabem o que a levou àquela condição? E mais: será que ela está realmente louca?
- “NAVIO NEGREIRO E OUTRAS DORES” – Drama – Adaptação do poema de mesmo nome de Castro Alves, e de outros textos do jovem autor bahiano – A dor e a humilhação das longas viagens dos escravos vindos da África, e os clamores a Deus pelo fim do flagelo inominável da escravidão, adaptado para teatro.
- “I-JUCA-PIRAMA – A PEÇA” – Épico Indígena Brasileiro – Adaptação do poema de Antonio Gonçalves Dias - Guerreiro Tupi se acovardou em uma situação corriqueira, envergonhando profundamente o velho pai. Mas o destino lhe preparou nova oportunidade de demonstrar sua bravura e redimir-se
perante o pai e o povo indígena todo.
- “NERO, DIÁRIO DE UM DOIDO VARRIDO” – Tragicomédia – Adaptação livre da história do imperador Nero - O controvertido Nero assumiu o trono do imenso Império Romano com apenas 16 anos de idade, matou o meio-irmão, matou a primeira mulher, mandou degolar a própria mãe, mandou o tutor cometer suicídio, colocou fogo em Roma, mudou as regras das Olimpíadas para ganhar mais medalhas que todos... que mais? Bem, não é que o rapaz anotava tudo detalhadamente , tintim por tintim, no seu “querido diário”?
Cinema? Bem, uma vez de volta a São Paulo e enfiado no meio cultural, logo acabei indo ao MIS – Museu da Imagem e do Som, e acabei participando de oficinas da área de cinema: Oficina de fotografia, oficina de roteirista, oficina de filmagem e edição, oficina de sonorização! Minha paixão pelo cinema brasileiro me fez criar o blog especializado em cinema brasileiro, o www.socinemabrasileiro.blogspot.com. Lá, hoje são mais de 700 traileres de filmes nacionais (Criei este blog porque eu ficava falando para as pessoas que haviam muitos filmes nacionais que valiam a pena assistir, e a maioria, devidamente cooptados pelo marketing e pela força do cinemão americano, não me criam, pois haviam desenvolvido profundo preconceito contra a 7ª. arte desenvolvida aqui em Pindorama! Como eu tinha grande dificuldade de enumerar e descrever os filmes, criei o blog com os traileres, e convidei a muitos a o visitarem para ter uma amostra de nossas fitas. Sei que muitos deles meio que tiveram suas convicções contrárias à nossa produção local um pouco diminuídas. Eu mesmo acabei me ligando a um pessoal de cinema, e passei a escrever roteiros e a divulgar de forma mais efetiva a produção nacional. E vem mais por aí nessa área, me aguardem! Por enquanto, vejam estes petiscos:
Curta realizado após oficina de cinema do MIS: SUA MÃE, SEU PROBLEMA”, direção de Anderson Lima, com Wagner Woelke e Samara Monteiro https://www.youtube.com/watch?v=FGxhaeAVxtU
Teaser de “O FUGITIVO”, Direção de Leandro Maekawa, com Wagner Woelke, Killer Christian e outros. https://www.youtube.com/watch?v=ma4-7KAMEQ8
E segue a vida...Recolher