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Por: Maria Cristina Hennes , 5 de março de 2025

Confesso que vivi: da (mal)dição à superação

Esta história contém:

Confesso que vivi:  da (mal)dição à superação

A primeira imagem que me vem à memória de mulheres (mal)ditas em minha família é de tia Constança, casada com o irmão mais velho de minha mãe. Meu tio costumava visitar os pais aos domingos, sempre desacompanhado da esposa. Tinha um olhar triste e distante. “Tancinha”, como era conhecida na família, era a nora e a cunhada considerada (mal)dita por todos [maldita, do latim maledicere, significa “falar mal de alguém”, sendo male indicativo de “mal” e dicere, “dizer, falar”; na função de adjetivo, significa aquele(a) que é alvo de alguma maldição]. Ainda criança, nunca pude entender a razão de tamanha maledicência. Talvez porque ela fosse uma mulher à frente de seu tempo e não se ajustasse à “cultura” e aos “hábitos” da família do marido. Era professora, posição privilegiada e atípica para mulheres nos primórdios do século XX, naturalmente predestinadas ao cuidado do lar, do marido e dos filhos. Quando meu tio faleceu de infarto fulminante, vovó, que já era viúva, compareceu ao velório do filho. Tancinha, com ar abatido, estava prostrada junto ao caixão. Ninguém da família demonstrou-lhe compaixão ou teve um gesto de solidariedade. Anos mais tarde, já adulta e prestes a me casar, encontrei tia Tancinha casualmente na rua. Soube por mamãe que ela se tornara uma pessoa muito religiosa. Fiz questão de falar com ela e convidá-la para o meu casamento que seria celebrado em cerimônia íntima, restrita à família – a mesma que a amaldiçoara no passado. Comovida, até me enviou um presente, mas não compareceu. Nunca mais tive notícias de minha tia e nem de meus primos cuja convivência me fora subtraída pela (mal)dição que recaíra sobre ela e sua família. Muitos anos se passaram e jamais poderia imaginar que a (mal)dição de “Tancinha” pudesse repetir-se algum dia.

Recém-casada, aportei “nas terras dos altos coqueiros”, um mundo novo e desafiador a ser descoberto, desbravado e...

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Participação da 3a. Antologia dos Acadêmicos da Academia de Belas Artes do Rio Grande do Sul, com o

Dados da imagem O história narra a trajetória de mulheres vítimas de assédio moral intrafamiliar, conectando a história da protagonista à de sua tia Constança, chamada de “Tancinha”, difamada e isolada pela família do marido por não se submeter às normas patriarcais. Muitos anos depois, a narradora se vê no mesmo ciclo de opressão ao casar-se e enfrentar uma cultura machista que impunha às mulheres a submissão e o serviço doméstico. Diferente de Tancinha, ela decide resistir, enfrentando décadas de difamação e assédio moral. Ao romper definitivamente com seus detratores, salva a si mesma, sua família e as futuras gerações da perpetuação dessa violência. O conto finaliza com uma reflexão sobre a luta das mulheres contra a opressão e a conquista de direitos, destacando a importância da Lei Maria da Penha no reconhecimento e criminalização do assédio moral intrafamiliar.

Local:
Brasil / Pernambuco / Recife, State Of Pernambuco, Brasil

Imagem de:

História:
Confesso que vivi: da (mal)dição à superação

Crédito:
ISBN 978-65-86528-22-00 Academia de Belas Artes d

Palavras-chave:
1. resiliência 2. opressão patriarcal. 3. assédio moral 4. libertação

O história narra a trajetória de mulheres vítimas de assédio moral intrafamiliar, conectando a história da protagonista à de sua tia Constança, chamada de “Tancinha”, difamada e isolada pela família do marido por não se submeter às normas patriarcais. Muitos anos depois, a narradora se vê no mesmo ciclo de opressão ao casar-se e enfrentar uma cultura machista que impunha às mulheres a submissão e o serviço doméstico. Diferente de Tancinha, ela decide resistir, enfrentando décadas de difamação e assédio moral. Ao romper definitivamente com seus detratores, salva a si mesma, sua família e as futuras gerações da perpetuação dessa violência. O conto finaliza com uma reflexão sobre a luta das mulheres contra a opressão e a conquista de direitos, destacando a importância da Lei Maria da Penha no reconhecimento e criminalização do assédio moral intrafamiliar.

Complementos

A história narra a trajetória de mulheres vítimas de assédio moral intrafamiliar, conectando a história da protagonista à de sua tia Constança, chamada de “Tancinha”, difamada e isolada pela família do marido por não se submeter às normas patriarcais. Anos depois, a narradora se vê no mesmo ciclo de opressão ao casar-se e enfrentar uma cultura machista que impunha às mulheres a submissão e o serviço doméstico. Diferente de Tancinha, ela decide resistir, enfrentando décadas de difamação e assédio moral. Ao romper definitivamente com seus detratores, salva a si mesma, sua família e as futuras gerações da perpetuação dessa violência. O conto finaliza com uma reflexão sobre a luta das mulheres contra a opressão e a conquista de direitos, destacando a importância da Lei Maria da Penha no reconhecimento e criminalização do assédio moral intrafamiliar.

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