Otavio e Maria: biografia de uma família
Eu, Jane Regina de Oliveira, nasci em 1977 no dia 24 de abril na cidade de Cuiabá/MT. Aos 3 anos de idade tive um acidente, cair da rede, de uma altura que para minha idade era prejudicial, de uns 2 metros de altura e bati com muita força a cabeça no chão, sem duvidas nenhuma fui para o hospital e fiquei alguns dias por lá....
Após algumas semanas e alguns exames não me lembro se foi a ou o pediatra, disse para minha mãe que com a queda eu perdi 20% da audição. Isso foi o motivo da minha mãe sempre me ver como uma pessoa frágil e por isso me queria sempre por perto.
Aos 9 ou 10 anos de idade sofri outro acidente, esse eu me lembro bem, estava na rede, mais uma vez, minha irmã, Bianque pediu que queria deitar comigo eu deixei, outra irmã, a Buga nos balançava, e a gente pedia mais alto, porém nossa casa estava em construção e minha mãe armou a rede de um lado na janela e de outro em caibro que ia ser usado no telhado da casa, enfim, nesse balança mais alto o caibro não suporto e veio sobre a gente e por um pouco menos de sorte, caiu sobre minha cabeça, novamente voltei ao hospital fiquei alguns dias levei uns 20 pontos na cabeça e prejudicou um pouco mais minha audição e também prejudicou meus estudos que era o que mais amava na vida.
Fiquei muitos meses sem estudar..., meu ouvido doía muito. Após 1 ano desse acontecido meu ouvido começou a purgar saia um liquido amarelo com cheiro horrível que não me deixava permanecer na escola e isso me destruía por dentro. Um pediatra disse a minha mãe que eu não podia ficar forçando minha vista e nem minha mente, pois a queda ajudou na diminuição da audição e no aumento das dores de cabeça, que me deixava alucinada. Com isso não conseguir concluir meu ensino médio que na época era o 2° grau, isso em 1993.
Entre 1993 a 2002 não conseguia terminar esse bendito 2° grau, sempre acamava e depois com o apoio da minha mãe desistia. No...
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Eu, Jane Regina de Oliveira, nasci em 1977 no dia 24 de abril na cidade de Cuiabá/MT. Aos 3 anos de idade tive um acidente, cair da rede, de uma altura que para minha idade era prejudicial, de uns 2 metros de altura e bati com muita força a cabeça no chão, sem duvidas nenhuma fui para o hospital e fiquei alguns dias por lá....
Após algumas semanas e alguns exames não me lembro se foi a ou o pediatra, disse para minha mãe que com a queda eu perdi 20% da audição. Isso foi o motivo da minha mãe sempre me ver como uma pessoa frágil e por isso me queria sempre por perto.
Aos 9 ou 10 anos de idade sofri outro acidente, esse eu me lembro bem, estava na rede, mais uma vez, minha irmã, Bianque pediu que queria deitar comigo eu deixei, outra irmã, a Buga nos balançava, e a gente pedia mais alto, porém nossa casa estava em construção e minha mãe armou a rede de um lado na janela e de outro em caibro que ia ser usado no telhado da casa, enfim, nesse balança mais alto o caibro não suporto e veio sobre a gente e por um pouco menos de sorte, caiu sobre minha cabeça, novamente voltei ao hospital fiquei alguns dias levei uns 20 pontos na cabeça e prejudicou um pouco mais minha audição e também prejudicou meus estudos que era o que mais amava na vida.
Fiquei muitos meses sem estudar..., meu ouvido doía muito. Após 1 ano desse acontecido meu ouvido começou a purgar saia um liquido amarelo com cheiro horrível que não me deixava permanecer na escola e isso me destruía por dentro. Um pediatra disse a minha mãe que eu não podia ficar forçando minha vista e nem minha mente, pois a queda ajudou na diminuição da audição e no aumento das dores de cabeça, que me deixava alucinada. Com isso não conseguir concluir meu ensino médio que na época era o 2° grau, isso em 1993.
Entre 1993 a 2002 não conseguia terminar esse bendito 2° grau, sempre acamava e depois com o apoio da minha mãe desistia. No ano de 1999, tiver uma convulsão, foi assim do nada, do nada mesmo comecei a me entortar toda, fui apara o hospital e fiquei internada por semanas e por alguns meses fiquei na beira da morte. Quando melhorei com a ajuda de Deus, meus pais e minha família, retornei para aquilo que mais amava na vida, meus estudos.
Em 2007 já com um filho nos braços, graças a Deus terminei o já então, ensino médio, glorias ao Pai. Dei inicio a maratona do Enem. Todo ano fazia e não conseguia entrar na tão sonhada universidade de psicologia.
Em 2014 após 7 anos tentando e eu já com 37 anos de idade e meu filho Gabriel Sadraque de Oliveira com 11 anos de idade, o sistema do Enem deu dois cursos optativos, ou seja, se na primeira chamada o estudante não entrava tinha a chance de entrar na segunda, e foi isso que me fez entrar. A minha primeira opção foi mais uma vez para Psicologia pelo sistema de cota, mas não conseguir. A segunda opção foi o curso de Serviço Social, meu marido, Enésio Francisco me ajudou na segunda opção a escolher o curso, e nesse eu conseguir entrar. Como tinha inscrito pelo sistema de cota, para alunos indígenas a instituição UFMT me pediu uma autodeclaração assinada pelas lideranças indígenas da minha etnia. Foi aí que descobrir que não éramos e que não sou descendente do Bororo e sim dos Guató. E passei a pesquisar tudo sobre meu povo de origem.
Entrei em 11 de janeiro de 2016, devido a greve de 2015 e graduei em 1 de abril de 2020. No termino dos 4 anos de curso decidi escrever sobre os Guató, concluir minha graduação e fiz Mestrado em Políticas Social e pretendo ir mais longe, ao lindo doutorado com a ajuda do Pai Celestial. No dia 25 de fevereiro de 2021, dei início as narrativas da família Oliveira minha família.
Meu nome é Jane Regina de Oliveira, hoje vou começar a escrever as historias que ouvia dos meus pais, Otavio Alves de Oliveira e Maria do Carmo Oliveira.
Quando entendi por gente, isso por volta dos meus sete a oito anos de idade, meus pais me diziam, que eu e meus 9 irmãos éramos descendentes de indígenas, bem, lembro-me que isso me deixava orgulhosa e feliz. Ainda me deixa, sou sim descendente de índio e me orgulho disso. Como meus pais moraram em São Pedro de Joselandia e ali, por volta de 1988 a 89 só se ouvia falar de uma única etnia a dos Bororo tinha em mente que éramos descendentes dos Bororo que próximo dali vivia, e vivem ate hoje.
Muitos anos se passaram e eu e meus irmãos tínhamos isso dentro de nos que éramos descendentes de índios, mas nunca os meus irmãos mostravam interesses sobre o assunto. Eu sempre quis saber de onde eu vim, qual minha cultura, o que eu fazia neste mundo louco. E por isso escrevia e lia muito, muitas coisas e isso tornou-se minha paixão.
Então decidi escrever essas narrativas, lembranças que estão na minha mente e que daqui ninguém poderá nunca apagar.
Eu não nasci na aldeia, não nasci na zona rural, mas a aldeia e a zona rural não saem de mim, nasci na cidade, fui criada na cidade, ia muito para São Pedro de Joselandia e hoje tenho uma residência lá e agora quero conquistar minhas origens, por que de lá eu vim e é para lá que vou voltar.
Oh saudades de ouvir meus pais novamente contando as historias deles o que eles viveram. Ouvir meu pai dizer muitas vezes que era neto de índia e que ela era muito feia, que parecia uma saracura fina nas pernas e gorda no corpo. Que o avô dele a pegou no laço e no lugar que a capturou ali mesmo eles ficaram e construíram uma casa e tiveram alguns dos seus filhos, oh saudades….
Tudo nesta vida passa isso é o mais verdadeiro do tempo, e por conta disso quero registrar essas narrativas. Quero que meu filho saiba da sua origem, quero que ele conte ao seu filho, que eu a sua avó, era descendente da etnia Guató e se orgulhava demais disso.
Vamos lá
Sempre pela manha ao tomarmos nosso café ou guaraná ralado, sentávamos em roda na nossa área para conversarmos, minha mãe é o meu pai começavam a lembrar do passado, na verdade mais minha mãe, meu pai tinha que tomar umas doses de pinga antes para se soltar, ele era bem tímido quando sóbrio. E minha mãe começava: ...
Mãe: “Logo após a guerra, não sei qual guerra, o avô do seu pai, Matias Alves de Oliveira, um homem muito ruim, assim contava seu Agostinho”.
Agostinho Alves de Oliveira o meu avô paterno. E minha mãe continuava...
Mãe: “Que ele saiu pela mata de Mimoso sem rumo, sem olhar para traz a procura de um esconderijo. Seu Matias havia matado um homem lá em Mimoso e muitos diziam, que ele matou o irmão dele por causa de terra, não sei se isso é verdade, mas quando casei com seu pai todos de São Pedro contavam essa história”.
Se é verídica ou não, não sabemos, o que sabemos é que os mais antigos de São Pedro sempre falavam do meu bisavô, como um homem muito ruim, autoritário, patriota e defensor da família.
Mãe: ” Lá em São Pedro tinha duas tribos uma era dos bororo e outra era Guató. O seu Matias chegou lá nesses índios os Guató, finado Compadre Delmiro, falava que era um povo feio, e ficou por lá, naquele tempo o homem que tinha família, não ia para guerra e não podia ir preso, então o seu Matias tratou logo de pegar uma índia de lá para ele. A dona Maria Eulália nome que seu Agostinho, falava que ele o seu Matias que pôs nela. Ela fugiu dele, ele pegou ela no laço e a levou para o mato, lá eles ficaram e construíram uma casinha e ela teve seu Agostinho e alguns dos outros filhos dela lá. Seu Agostinho que era o filho mais velho dela, ele falava que ela ficou muito doente antes de morrer e que sofreu muito. Ela teve uns 11 filhos, Seu Agostinho, Domingo, Maria, Antonia, Maximo, João, Augusta, e seu pai que sabe o nome deles. Ouvi muito seu Agostinho o seu Maximo falar que o pai deles era um homem muito ruim, bravo e não levava desaforo para casa, que gostava de uma pinga e a dona Maria Eulália também tomava pinga. Dona Firmina sempre falava que não gostava deles, por serem assim e eu para implicar com ela falava que ia amar eles. Uma vez ouvi seu Agostinho contar que a pedido do fazendeiro que ele trabalhava ele o seu Matias surro tanto uma mulher, que depois eles próprios a Dona Maria Eulália e os filhos tiveram que cuidar da mulher, isso é pra vcs verem o quando o bisavô de vocês era ruim”.
Firmina de Oliveira, minha avó paterna. Essa estória me deixava ressentida, com a testa enrugada, meu bisavô tirou a avó do meu pai da casa dos pais dela, laçou ela, ficou com ela e ainda fazia ela cuidar das pessoas que ele maltratava.
Ai sempre vinha um pedido feito por mim, mãe fala mais da minha bisavó.
Mãe: “A Jane sua bisavó, assim eles contavam os próprios filhos dela que era o seu Maximo, seu Domingos e o próprio seu Agostinho, que ela era índia daquelas legitima mesmo que gostava de viver no mato, ela sempre queria voltar para a tribo, mas o seu Matias trabalhava de capataz do fazendeiro João Benedito Gonçalves, pai de Cesário e Ciro Gonçalves esses irmãos que seu pai também trabalhou para eles. Ele não levava ela e sempre falava para ela voltar se quisesse. Eles chegaram de morar na tribo, mas depois foram para São Pedro e lá ficaram ate a morte. Seu Agostinho, seu Maximo e o seu Domingos eu conheci bem, até morei perto do seu Domingos no Bacaiuval eles gostavam de ser chamados de índio. Conheci também um tio de seu pai que chamava João e umas duas tias Maria e Antonia. O resto não conheci não, sei que a maioria deles foram trabalhar na cidade ainda jovem, os que ficaram que foi o Maximo, Agostinho casaram por São Pedro mesmo e ali ficaram ate a morte. O Seu Domingos foi morar em Poconé acho que esta lá ate hoje”.
Depois de terminávamos essa prosa íamos cuidar dos afazeres domésticos, e eu ficava com esses causos na cabeça, imaginando eu naquele cenário, vendo minha bisavó sendo pega pelo laço, meu bisavô sendo visto como um homem ruim, e de fato até a data de hoje, quando se fala de Matias por aquelas bandas, só se ouvi isso, homem ruim. Eu passava dias com isso na cabeça, e me sentia um máximo por ser bisneta de indígena, de uma guerreira, de uma mulher que se privou dos seus familiares, mas cuidou, ensinou muito bem a essência indígenas aos seus filhos, netos e bisnetos.
Meu avô Agostinho nasceu no dia 28 de agosto de 1912 em Barão de Melgaço em uma localidade denominada São Pedro de Baixo. Morreu em 07 de outubro de 1989, em Cuiabá. Aos 16 anos de idade, já morando em são Pedro de Joselândia, meu avô já era dono de si, trabalhava com o fazendeiro João Benedito Gonçalves e os seus filhos Cesário e Ciro Gonçalves. Ele se tornou capataz assim como meu bisavô. Cuidava da casa dos fazendeiros, das invernadas, dos gados. E nas horas vagas fazia o que mais gostava de pescar e caça. Um dia seus patrões pediram para ele juntar uns homens e levar uma boiada para Corumbá em uma fazenda ás margens do rio Paraguai.
Ele foi, e chegando lá, ele conheceu minha avó Firmina, minha avó até hoje ninguém sabe nada sobre ela. O que todos nos sabemos e que ela era de Corumbá e trabalha nessa casa onde meu avô a conheceu, ela não sabia o nome da mãe nem do pai e nem de ninguém de sua família e infelizmente eu até o momento não conseguir nada sobre ela.
Meu avô perguntou para ela qual era o nome dela e ela respondeu que era Firmina ele perguntou novamente, só Firmina? Ela respondeu sim, só Firmina. Ele a pediu em namoro e em casamento ao mesmo tempo e ela aceitou então ele a levou para São Pedro e lá se casaram e minha avó passou a se chamar Firmina de Oliveira. Eles tiveram 6 filhos, Otavio Alves de Oliveira. Adotivo Alves de Oliveira. Benedita de Oliveira, Eunice de Oliveira, Antonio Alves de Oliveira e Maria Guia de Oliveira.
Eu não tive muito contato com minha avó e nem com meu avô, os via uma vez por ano, quando meus pais iam cumprir o direito de cidadão pertencentes a uma sociedade alienada e com maus costumes o dia da eleição, mas como era bem pequena não tenho muito lembranças. Lembro-me bem da morte dos dois, minha avó adoentou-se e a trouxeram para Cuiabá na casa da minha tia Benedita. Os médicos disseram que já não tinha mais nada o que fazer os rins dela já havia sido destruído por conta do tumor e que só era preciso aguarda sua morte. Foram dias de muitas tristezas e ao mesmo tempo esperança. Não prestamos atenção em nosso avô, todos estavam muito focados em minha avó que estava na cama já coro e osso. Meu avô passou mal, meus primos o levaram para o pronto socorro, ele não resistiu a nada e morreu. Todos ficamos pasmados disso, se perguntando como isso ocorreu. Meu pai e seus irmãos pediram ao medico que explicasse o que aconteceu, pois, a mãe deles estava morrendo e de repente o pai morre antes dela, o que foi isso?
Os médicos disseram que ele estava com um tumor na bexiga e estourou devido a fortes emoções que vinha passando. E como falar isso para minha avó? Foram dias bem difíceis. No velório do meu avô tive a oportunidade de conhecer outros tios e tias e alguns primos e primas que não conhecia. Lembro-me ainda que minha avó ficava-nos perguntando o que estava acontecendo e porque Agostinho não ia vê ela e chamava por ele, muito debilitada não conseguia se mover foram cenas, que não me esqueço.
Após sete dias da morte do meu avô, minha avó já estava muito agoniada, triste sem entender o que estava acontecendo por onde andava o marido dela? Porque todos ficavam chorando? Meu pai decidiu que era melhor contar para ela, da morte de vovô.
E assim os irmãos fizeram, ela chorou muito e disse que ia ficar com o marido dela, o homem que ela mais amou na vida, o homem que a tratou como mulher e nesse mesmo dia morreu. Meu avô morreu em 07/10/1989, minha avó em 14/10/1989 ele com 77 anos e ela com 76 anos de idade.
Com a morte dos dois, meu pai e minha mãe não iam mais para são Pedro, minha mãe transferiu o título dela para Cuiabá e o meu pai passou a não votar mais.
Meu pai nos contava que ele e o irmão dele, o Adotivo, eram muito unidos, eles faziam tudo junto, trabalhavam juntos, viajavam juntos, pescavam e caçavam juntos. Meu pai nasceu em 13/10/1938 aos 7 anos de idade sofreu um acidente de cavalo, caiu e bateu à cabeça em um mourão. Ele ficou dias dormindo, quando acordou ficou muito tempo sentido dor de cabeça e era tratado com remédios, esfumações, chás caseiro e benzeções.
Aos 17 ou 18 anos, por volta de 1956, ele e seu irmão Adotivo foram levar uma boiada, (assim como meu avô eles também trabalhavam para Ciro e Cesário), para Corumbá. No caminho meu tio falou para meu pai que não queria viver essa vida de pião, ele queria ser livre, fazer o que quer gosta com o tempo dele, queria estudar ser alguém na vida. Meu disse para ele que ele era alguém na vida que era o irmão dele e que naquela vida era tudo que eles tinham, e seguiram a viajem. Quando chegaram entregaram os gados tiveram um dia de descanso. No outro dia meu pai arrumando as traias no sapiquá, tomando o guaraná ralado ele percebeu que o meu tio não estava ali, chegou a hora de partirem o barco ligado e o meu tio chegou e falou para o meu pai que não ia voltar, que ia seguir a intuição dele, mas que um dia quem sabe ele voltaria para ver meus avós e o meu pai.
Meu pai contava que chorou muito e pediu para ele não ficar, e ele chorando pedia para o meu pai ficar com ele. E ali se despediram e nunca mais se viram. Eu não sei nada do meu tio Adotivo, mas ainda vou saber!
Meu pai não ficou por que já conhecia minha mãe Maria do Carmo Oliveira.
Meu pai nasceu em 1938 exatamente no dia 13 de outubro em São Pedro de Joselândia e morreu em 15 de março de 2004 em Cuiabá aos 66 anos de idade. Causa da morte um tumor maligno no cérebro devido ao uma queda que ocorreu com ele aos sete anos de idade.
Sobre minha mãe.
Minha mãe se chamava Maria do Carmo da Silva nasceu em 16/07/1942.
Casou em 20/06/1960, e passou a assinar Maria do Carmo Oliveira. Minha mãe ate o casamento não tinha certidão de nascimento assim como meu pai, ambos conquistaram os primeiros documentos cívicos e oficiais em 20/06/1960. A certidão de Casamento.
Minha mãe contava que no dia do casamento dela o tabelião do cartório de São Pedro de Joselândia, seu Edy Pereira Duarte, alterou as datas e o mês de seu nascimento, porém isso ela foi descobrir quando foi registrar sua primeira filha. Portanto as datas de nascimento ficaram em 16/06/1940. Minha mãe morreu em 02/01/2011, de acordo com os documentos com 71 anos de idade, de acordo com a natureza aos 69 anos de idade.
Vamos as narrativas de mamãe.
Mãe: “Eu tinha 15 anos quando conheci seu pai, eu já trabalhava na casa de dona Fiinha lá no Pirizal, minha mãe sempre quis que eu estudasse e fosse diferente dela, então ela deixava nós ir trabalhar para ter nossas próprias coisas. Papai fazia uma festa lá em casa no Carvoa onde nos morava, era festa de santo, dos santos São Benedito, Nossa Senhora da Guia”.
Carvoa fica no município de Nº Senhora do Livramento/ MT
Domercio Jose da Silva meu avô materno e Izaltina Romana da Silva minha avó materna. Erondina Romana da Silva, conhecida como, tia Má irmã mais velha da minha mãe, faleceu no dia 03/01/2021. E minha mãe continuava...
Mãe: “Seu pai trabalhava na lida de gado e chegou lá a trabalho, como tinha uma festa ele ficou por lá. Lá ele conheceu Má que convidou ele para ir na festa, eu ia chegar só a noite com a dona Fiinha. Quando cheguei na festa me arrumei, eu tinha comprado um corte de tecido e eu mesmo fiz meu vestido, e fui vê o povo dançando no salão. Avistei Má dançando com um homem, pensei essa Má não perde tempo mesmo. A música acabou e, Má veio me apresentar o homem que estava dançando com ela. Ela me chamava de Lalá já e falou: ” Lalá este é Otavio ele é de lá de São Pedro”. Quando eu vi ele e ele me viu já pegou na minha mão e não soltou mais. Má saiu para pegar uma bebida para ele e ele me chamou para dançar e eu fui. Depois disso nunca mais afastei dele. Má zangou demais comigo, mas ela tinha namorado e eu e seu pai nos apaixonamos.
Acabou a festa e ele me falou que voltaria no próximo ano para me ver e perguntou se eu esperaria por ele, eu disse que sim.
Esse namoro durou 3 anos, eu vi seu pai 3 vezes e na quarta ele já me levou para São Pedro para o nosso casamento. Ah eu estava muito feliz, papai mamãe também, Otavio era um homem bonito moreno cabelo lisos, todos gostavam dele lá no Pirizal e em São Pedro também. Os pais dele me receberam com festa, estava tudo muito bom. Até que chegou a hora do casamento. Seu pai foi se arrumar na casa dos primos e eu na casa dele. La ele ficou bebendo e bebendo que hora que eu estava indo para a igreja, vieram avisar que Otavio não estava na igreja ainda e que estava bêbado.
Pedi para papai que queria ir embora não queria casar mais, mas a mãe dele falou que ele estava muito feliz com o casamento, que ele era um bom homem e que nós íamos ser muitos felizes ali. Então seu Agostinho foi lá buscar ele e levar para a igreja. Casei com seu pai, com ele bêbado, depois de uma semana não queria ficar mais lá ele ficava só bebendo, me arrependi, mas eu gostava dele e queria que ele parasse de beber. Pensava eu podia esta bem no meu trabalho, quem sabe eu ia estudar ser alguém na vida, mas estava ali casada com um homem bêbado e gostava dele.
Isso durou um ano fiquei grávida, tive muitos desejos e ele fazia para mim tudo que eu pedia para ele, bebendo mais fazia. A mãe dele, dona Firmina não gostava de mim, falava que eu era negra e que o filho dela merecia mulher melhor do eu, nos brigava demais eu e ela. Fomos morar em lugar chamado Passa Fria, ficava mais próximo do Pirizal, e eu queria mesmo era ir para minha família. Tive Joanil, aí nesse lugar, ficamos lá bastante tempo engravidei de Vanita e voltamos para são Pedro, pois com a chegada das águas não tinha como ficar ali”.
Joanil Maria de Oliveira, minha irmã mais venha.
Jovanice Bomdospacho de Oliveira Vanita minha segunda irmã mais velha. Minha sempre foi uma mulher de garra, de resistência, de respeito e de justiça. O motivo de hoje eu está aqui escrevendo esses causos e histórias e por ela. Através dos seus cuidados e de seu amor por mim e pelos 10 filhos que ela teve, hoje posso escrever nossa história, embora não seja uma história de contos de fadas, mais é a história verdadeira de uma família que se viu obrigada a se mudar para cidade para poder criar seus filhos com dignidade.
Mãe: “ Depois que tive Vanita em São Pedro as coisas foram ficando piores, em depois de um ano do nascimento de Vanita tive Jonil e isso não parou em seguida Janete. Com quatro filhos para criar eu e seu pai resolvemos nos mudar de São Pedro onde morávamos com meus sogros e confesso que morar com sogro e sogra não é nada bom. Arrumamos serviço em uma fazenda próxima de São Pedro, em uma comunidade que chamava Custa me Ver, mas antes de saímos de São Pedro eu engravidei de Pretinha, aí ficamos em São Pedro até o nascimento dela”.
Depois de Vanita vem o Jonil Edson de Oliveira depois de um ano a Janete Carmen de Oliveira, chamada pelo apelido de Chim entre nós irmandade e na sequencia minha irmã Juracy Joana de Oliveira conhecida também com Pretinha. Após o nascimento da Pretinha meus pais partiram para Custa Me Ver, tiveram momentos difíceis, minha mãe cuidava da casa e da comida dos piões e mais dos seus 5 filhos, meu pai cuidava do gado e das terras dos patrões e bebia muito nas horas vagas e isso entristecia muito, minha mãe, que sempre sonhava em dar uma vida digna aos seus filhos.
Mãe: “ Nós trabalhávamos com seu Gegé e dona Miguelina, eles eram muitos bons para mim, me ajudavam com as crianças. Ali engravidei de Picaca e em menos de um ano de Rose, foram anos difíceis o que me alegrava e me enchia de esperança era ver meus filhos todos bem, sem nenhuma doença ou deficiência. Com Picaca pequeno e Rose recém-nascida eu fiquei de mãos atadas, como trabalhar, para garantir o sustendo dos meus filhos, foi quanto resolvemos nos mudar novamente para mais perto dos familiares de Otavio, e com ajuda dos patrões fomos para trabalhar em uma fazenda mais próxima de São Pedro no Porto Limoeiro na beira do rio Cuiabá”.
Após o nascimento de Pretinha minha mãe teve o Jair Gonçalo de Oliveira e em seguida a Benedita Rose de Oliveira com a diferença de 11 meses e 20 dias.
Mãe: “ Depois de um ano no Porto Limoeiro, com Rose já quase completando 2 anos de idade eu engravidei de Buga, os tempos difíceis foram devagar se fortalecendo e eu ficando cada vez mais querendo ir para cidade pois Minquim já estava com quase 15 anos e eu não queria que ela casasse com ninguém de lá daquelas bandas, porque ela sempre foi sapeca e já estava com esses pensamentos exóticos. Mas não tinha onde ficar na cidade, só por isso não saia daquele lugar”.
Rosangela de Oliveira, popular Buga, minha oitava irmã.
A vida da minha mãe nunca foi fácil, ainda me lembro bem os dias em que ela se desabava em choro, lembrando dos momentos difíceis que teve na sua vida, lembrando dos lugares em que morou e o que passou para poder cuidar dos seus filhos. Meu pai sempre valorizou mais a união da família, para ele se todos estivessem perto dele já bastava, valoriza a comida, a bebida e a saúde da sua família. Mais minha mãe sempre pensava para além daquilo que via e sempre sonhou com o nosso caminho. Ela sempre pensava “meus filhos não vieram ao mundo para ficar aqui neste lugar, eles serão doutores, professores”, sonho que infelizmente ela não realizou.
Mãe: Para mim está aqui hoje, precisei chorar, sofrer muito, por isso, quero sempre vocês perto de mim, porque não quero que vocês sofram e nem chore. Depois que tive Buga fomos morar na casa do pai de Vereda lá em São Pedro, lá eu engravidei novamente mais perdi a criança ainda na barriga, a lida não era fácil Joanil, Vanita, Janete e Jonil que era os mais velhos me ajudavam mais nem sempre era suficiente porque Pretinha, Picaca e Rose e Buga ainda eram bem pequenos. Aí passou acho que um ano quase dois, engravidei de Bianque, aí eu já conhecia cidade e pensei não ter esse filho aqui, vou ter em Cuiabá, e chegando lá vou atrás de um lugar para morar, depois volto e pego meus filhos”.
Assim aconteceu, minha mãe foi para cidade de Cuiabá ter minha nona irmã, Cláudia Bianca de Oliveira, apelidada de Bianque. Depois que teve o bebê, ela ficou uns dias na casa da tia Má, mas foram dias cruéis, minha mãe não tinha dinheiro suficiente para ajudar nas despesas e minha tia não contribuía muito, então minha mãe voltou para São Pedro de Joselândia, com o coração triste, mais com muita esperança de dias melhores, sempre clamava ao Deus para que meu pai parasse de beber e sonhasse o mesmo sonho dela, de formar seus filhos. Na volta para São Pedro, meus pais foram morar novamente com meus avós e isso foi tortuoso para minha mãe e irmãos e irmãs.
Lá minha mãe engravidou de mim, e dessa vez ela prometeu que não ficaria mais em São Pedro e foi organizando tudo para sua partida.
Mãe: “Ah, foi difícil ter que voltar, mas não tinha outro jeito, voltei para São Pedro, chegando lá, seu pai que não tinha responsabilidade, não cuidou da casa direito e precisamos sair de lá e ir morar com Seu Agostinho de novo, não foi fácil, pois as crianças tudo pequeno ainda, muita boca para comer, Dona Firmina, nunca me tratou bem, o salvava era que Seu Agostinho amava meus filhos demais e sempre me ajudava na criação das crianças. Bianque estava uns nove meses quando engravidei de você Jane. Aí eu decidi, não vou mais ficar aqui, vou morar na cidade, as crianças vão estudar, trabalhar vão me ajudar e tudo vai se resolver, meus filhos são bonitos, inteligentes não merecem viver aqui, sem estudo, e ainda mais casar com gente daqui eu não quero que meus filhos passassem tudo que passei. Não foi fácil sair e deixar meus filhos, mais precisei fazer isso. Perto de ter você Jane, combinei com compadre Delmiro que ia para Cuiabá ter você lá e que ia morar para, mas que não era para ele contar para Otavio, e que ia levar dividir os meus filhos ia levar Vanita, Chim, Rose e Bianque e ia deixar Minguin, Jonil, Picaca e Pretinha. Quase morri de tanto chorar deixando eles para traz, mais eu não tinha casa lá, como ia fazer se levasse todos, e Otavio com seu Agostinho não ia deixar também. Mais pedi para seu Delmiro que levasse eles para mim depois de um mês do seu nascimento, porque aí eu já estava bem”.
E assim aconteceu, depois de um mês da minha chegada ao mundo, o seu Delmiro compadre da minha mãe, cumpriu com o combinado e levou meus irmãos para Cuiabá. Meu pai ficou furioso, mas não foi com as crianças. Minha mãe ficou na casa da tia Má com nós, ela sempre falava que foram dias de muita angustia, pois ela não podia fazer muita coisa, ainda não tinha emprego, foram dias humilhantes, mas minha mãe sempre de cabeça erguida, sempre cuidando de nós, nos protegendo de tudo e de todos. O sonho dela de nos ver, crescer na vida era maior do que qualquer situação, para ela era uma questão de honrar fazer e contribuir com a educação dos seus filhos.
Após cinco meses que estávamos morando em Cuiabá, meu pai chegou, e graças a Deus me conheceu, e tentou raptar seus filhos para levar para São Pedro novamente, mas como ele bebia muito não conseguiu sair de Cuiabá. Ele pegou Rose, Picaca e Bianque, mas antes de ir, resolveu para em um bar e tomar umas doses da cidade para retirar o cansaço e foi aí que ele perdeu, minha mãe chegou no bar e carregou as crianças de volta, meu pai foi aparecer outro dia, para tomar satisfação, isso porque ele ficou bem chateado com o acontecido....
Um belo dia minha tia Zenaide irmã de criação da minha mãe, chegou para visitar minha mãe na casa da tia Má. A tia Zenaide já morava em Cuiabá próximo da casa da tia Má, no Bairro Novo Terceiro. E falou para minha mãe que atrás da casa dela estava saindo um grilo, (grilagem de terra), que era bom minha mãe ir lá e pegar um para ela. Na hora minha mãe foi, com sua força, coragem e determinação e conquistou seu espaço. Levantou seu barraco com lona, trabalhou muito juntos com meus irmão e irmãs mais velhas, para fazer um barraco de tapua, ganhou telhas e madeiras e recebia minha ajuda de alimento dos amigos e vizinhos, pois de todos que ali estavam era ela a que tinha mais filhos.
Vocês devem estar se perguntando, “com tantas dificuldades, sofrimento ela não parava de ter filhos, um atrás do outro”? É verdade como isso acontecia?
Bom de acordo com os fatos minha mãe sempre amou meu pai, o amor entre eles sempre foi correspondido, ela não queria separar dele, havia respeito entre eles. Naqueles tempos não havia prevenção e nem muita coisa para se fazer ao anoitecer, como ela era boa parideira, a família foi crescendo.
Meu pai voltou para São Pedro para pegar a mudança que não era muita coisa, apenas roupas e algumas vasilhas. Ele decidiu ficar ao lado da minha mãe, não iria abandonar seus filhos. E construíram seu barraco de tapua, muito amado e valorizado por eles, pois era um começo, um começo de esperança, de um futuro prospero, minha mãe estava imensamente grata a Deus, a vida por essa conquista.
Mais existe um ditado que diz “tudo que é bom dura pouco”, meus irmãos e irmãs já matriculados na escola, minha mãe passou a lavar roupas de ganho, minhas irmãs a ajudava iam na beira do rio Cuiabá lavar as roupas, meu pai arranjou emprega de carteira assinada, tudo muito bom, mas, meus irmãos e irmãs não gostavam de estudar, gostavam da vida livre de tinham, gostavam de pescar, caçar, subir em arvores, correr no cavalo, tomar leite da hora, ah, ah, ah, de ser livre, ser chamados de índios. Mas tudo isso acabou, eles se sentiam presos e com muitos afazeres domésticos e com uma responsabilidade enorme a de realizar o sonho da minha mãe.
Mas isso não aconteceu, minha irmã Vanita que já trabalha fora e não estudava ficou grávida, sem ter namorado, isso foi uma decepção para minha mãe, não para meu pai, pois ele já previa que isso aconteceria. Em sequência, minha irmã Minguin foi forçada a casar com um homem que não gostava, porque o mesmo a desonrou, segundo ela sem seu consentimento, mas minha mãe não queria o nome da filha na boca do povo, e logo ela também engravidou, ambas abandonaram os estudos, quanta decepção.
Minguin foi morar em outra cidade, deu à luz a um menino, seu primeiro filho, Hermínio Cesar Rodrigues de Araújo, diferente do Welton, o Hermínio estava com seus pais, os relatos sobre a vida dela não são agradáveis, porém, necessário contar. Por ela não amar o marido dela o Argemiro, conhecido como Miro, ela não se dedicava de corpo e alma com suas obrigações de esposa e dona de casa, gerando revolta da parte do Miro, que batia nela, a humilhava, a abusava sexualmente dela, ela implorava para largar dele, mas não conseguia, em seguida engravidou da Elizabeth Patrícia Rodrigues de Araújo e foi morar mais próxima de nós, na mesma rua da nossa casa. Minha mãe mandava minhas irmãs ir ficar com ela, como apoio, mais o Miro, assediava minhas irmãs e também batia nelas, eu sempre choro com a história.
Quando minha irmã conheceu o Miro eu era bem pequena ainda e não tinha nome, ele chamava minha irmã Janete de Jane, e sugeriu para minha mãe em colocar esse nome em mim, então meu nome Jane veio dele, mas isso não faz dele um bom homem, tenho muito ressentimento dele e desejo que Deus o deixe bem longe de mim e de todos meus familiares.
Após dois anos do nascimento da Patrícia minha irmã engravidou da Hosana Santana Rodrigues de Araújo sua terceira e última filha, ela morava na parte da frente na casa da minha mãe, quando Hosana nasceu após um ano o Miro a deixou e foi viver com outra mulher, para minha irmã foi um alivio, mas ele a deixou desamparada com os três filhos, graças a Deus meus pais assumiu os netos e minha irmã foi trabalhar e viver o que nunca tinha vivido depois que chegou na cidade, a liberdade. Joanil tem 3 filhos, 8 netos e 3 bisnetos uma das suas netas está na faculdade.
Vanita deu à luz ao primeiro neto dos meu país o início da nossa segunda geração, ela não casou com o pai dele, pois o mesmo já tinha família e meu sobrinho nem se quer o conheceu, Welton de Oliveira, foi criado pelos meus país como nosso irmão mais novo. Vanita, ficou rebelde depois que veio para cidade, se tornou gananciosa, orgulhosa se sentia a última bolacha do pacote, sua vida foi repleta de festas, encantos que trouxe a ela muitos desencantos amorosos, sem se casar, ela engravidou novamente, porém perdeu os bebês com seis meses de gestação, teve muitos amantes e uma vida de luxuria, trabalhava de domestica com uma senhora muito rica e que gostava muito dela, sempre nos dava roupas usadas da sua filha que tinha mesma idade que eu e a Bianque. Vanita tinha uma coisa boa, ela queria que filho dela se tornasse um grande homem, por isso investiu na educação dele, mas ela não era uma boa mãe para ele em questão de afeto, não tinha paciência e o batia muito ao o ajudar com os deveres escolares, deixava muita mãe com muita raiva, e gerava uma discórdia muito grande entre elas.
Nesse mundo de festas, riquezas, belezas, Vanita era muito bonita, todos a desejava, uma verdadeira índia de cabelos liso e longos, olhar penetrante e corpo esculpido. Tínhamos um tio radialista casado com a irmã da minha mãe Gonçalina, o Moraes. Um belo dia o cantor Amado Batista veio a Cuiabá fazer um show, e foi até a radio onde meu tio trabalhava, Vanita estava lá, logico que ela não iria perde a chance de conhecer o grande cantor e ídolo da minha mãe. Amado Batista se encantou com ela, e eles ficaram juntos até terminar o show, ele pedia a ela que fosse embora com ele, não para se casarem, mais ele disse que faria dela uma grande mulher. Ela não acreditou, e não tiro a razão dela, mas penso que valeria tentar. Recusou o convide e ele se foi, e ela depois desse acontecido foi a cada dia mais se afundando nos seus próprios encantos.
Com o passar do tempo, veio morar do lado da nossa casa uma família de 4 pessoas mãe já viúva, filha e filho. Vanita se encantou com o jovem Adalto, rapaz bonito, cheio de vida, trabalhador, porém, fazia muito uso da bebida e do cigarro. Se conheceram e se apaixonaram, ela mais velha do que ele uns dez anos, mais não via problema algum nisso. O que ela não sabia é que ele seria o início de um mar de tristeza na vida dela. Todos a avisou que ele iria destruir a vida dela, ele tinha fama de cantor, modesta parte tinha uma voz bem afinada, mas sempre deixava sua vida na mira de um 38, por conta da bebida, cigarro e outros entorpecentes. Ela a chamou para ir morar com ele em uma outra cidade, ela sem pensar foi, deixou sua família, seu filho, seu emprego e foi viver esse amor cruel e desonrado. Engravidou do João Renes de Oliveira Souza, até o nascimento do primeiro filho deles estava tudo em ordem, mais depois a vida deles se tornou um inverno, ambos caíram na bebida, no cigarro, nos entorpecentes. O Adalto passou a bater muito nela e no filho deles, ela ficou muito tempo sumida, meus pais achava que Vanita e o menino havia morrido, por conta da vida que eles levavam. A procuramos por longos dias, colocamos foto dela na TV e tudo, mas nada deles. Um belo dia ela chega em casa, com o João e grávida, dizendo que largou o Adalto que não queria mais essa vida cruel, triste e desonrada que vivia e pediu que queria ficar com a gente. Minha mãe a acolheu com muita compaixão, mas, infelizmente após o nascimento da Joana Renes, o Adalto apareceu e ela caiu nos seus encantos novamente e partiu com ele, após uns três meses ela apareceu com a filha muito doente, e ela e João com muita fome, foram dias tristes. Joana Renes não resistiu sua fraqueza e morreu sem mesmo ter um registro de nascimento. Eles partiram e ficamos muito tempo sem nos ver. Vanita tem dois filhos e um neto, o seu filho mais velho é formado em Engenharia elétrica e seu neto está bem encaminhado, graças a Deus. Ela hoje está sumida, não sabemos do paradeiro dela.
Meu irmão Jonil também abandonou os estudos decidiu que trabalhar é melhor que estudar, “melhor ter barriga cheia de comida do que ter a mente cheia de conhecimento”, como não serviu o quartel ele optou em trabalhar, fazer da vida o que mais gostava, de ser livre. Nós tínhamos uma vizinha a dona Vera, e essa tinha três filhos Oseias, Hosana e Shirley. Hosana era muito bonita, evangélica, e gostava de estudar e foi o primeiro amor do meu irmão Jonil. Era muito lindo os dois, uma história de amor que até hoje arde no coração dele, por ela ele mudaria sua vida, mas o destino não quis que isso acontecesse, a mãe dela nunca aceitou o namoro deles, por meu irmão ser pobre, falava que a filha dela não teria um futuro digno com meu irmão, mas eles se amavam, estavam completamente apaixonados, e decidiram fugir, infelizmente a fuga não deu certo a dona Vera impediu e a mando para Cáceres, meu irmão ficou atormentado, não conseguia trabalhar começou a beber, a se meter em brigas outra decepção para minha mãe. Até que um dia conheceu Leonice, uma mulher estudada, independente e que se apaixonou por ele, graças a Deus, Leonice o tirou desse lamaçal, começaram a namorar, ela trabalhava em um jornal da cidade de Cuiabá o Diário de Cuiabá e meu irmão trabalhava em uma serralheria, foi Leonice que despertou em mim o interesse pelos livros, pois a achava muito inteligente e queria ser igual ela. Eles ficaram noivos e depois casaram na igreja, foi o único filho que minha mãe fui se casando em uma igreja. O casamento deles foi muito lindo, embora meu irmão ainda amava a Hosana, mas se manteve firme ao lado da esposa que transportava de felicidade. Eles têm dois filhos, Silvestre Ramer Conde de Oliveira e Driellen Faline Conde de Oliveira e dois netos o Caio e a Rebeca filhos da Driellen, meu sobrinho Ramer é homossexual e ainda não tem filhos. Hoje meu irmão é separado de Leonice, mais ambos são amigos estão sempre se apoiando um no outro.
Minha irmã, Janete, também não deu sequência aos seus estudos, ela foi trabalhar com uma tia nossa irmã da minha mãe, tia Gonçalina, uma das irmãs da minha mãe mais bem de vida, ou seja, tinha uma vida boa, era casada com um radialista e queria alguém para cuidar da casa dela. E minha irmã Janete foi. Lá continuo seu ensino fundamental, mas, logo conheceu o Marcos e logo se casou, deve uma vida muito sofrida pois o Marcos era usuário de drogas. Ela deve dois filhos a Renata e o Eduardo, e hoje tem dois netos. E hoje ainda sofre e ainda um pouco mais, pois os seus filhos são dependentes químicos piores do que o pai. Ela mora em Campo Grande, mas, sonha em retorna para sua terra natal.
Minha irmã Joana, estudou um pouco mais, mas também não concluiu o ensino médio, aos 16 anos se casou aos 17 deve sua primeira filha. Tinha uma vida boa, se tornou testemunha de Jeová e seguia sua vida na presença do Senhor. Teve o seu segundo filho e continuo na presença de Deus até vim uma traição por parte do seu, Nilson. Eles se separaram ela decidiu viver o que não tinha vivido na sua vida, sair, fazer novas amizades, trabalhar e namorar e até casar novamente. Passou por alguns sofrimentos, mais nada comparados com os que outros passaram. Hoje ela é casada com o José, tem 3 netos e é evangélica da igreja Assembleia de Deus.
Meu irmão Jair, o Picaca, aos 18 anos de idade foi embora para o acre. Lá terminou o ensino médio e se casou com a Eliete, teve uma filha, que nasceu com um problema cardíaco, que aos três anos e idade, precisou fazer um transplante. Meu irmão e cunhada viviam para a filha que infelizmente aos 28 anos de idade veio a falecer. Meu irmão e cunhada se firam destruídos e nós também. Meu irmão, não suportou a perda da filha, no ano passado morreu, teve uma parada cardíaca. Infelizmente não teve netos.
Minha irmã Rose, não estudou e casou muito nova, aos 12 anos de idade e ao 15 já tinha 3 filhos, casou com um homem mais velho, ela sempre nos relatava que fazia amor com ele sem querer e que doía muita. Ela hoje tem 4 netos e com a ajuda de Deus os três filhos são formados e uma neta está na faculdade.
Rosangela, minha oitava irmã, também não concluiu ensino médio, teve 3 filhos e não casou com o pai de nenhum dos filhos, o seu filho o Rodolfo faleceu em 2009 foi assassinato por engano, uma dor que nunca, mais nunca será reduzida em nossos corações, hoje ela é casada e vivem bem, suas filhas estão bem, ela tem 3 netos.
Bianque, minha nona irmã, concluiu o ensino médio, mais parou por ai, teve um filho aos 16 anos de idade mas infelizmente faleceu aos primeiros meses de vida, o que a fez ser uma pessoa, amarga e com desejos luxuosos, casou com um homem bem mais velho e viveu com ele por 15 anos, engravidou e separou dele e foi para São Paulo, com a filha bebezinha e lá viveu 12 anos. Hoje ela mora em Cuiabá, sua filha estuda na IFMT, graças a Deus pensa em entrar na faculdade.
Eu, vocês já me conheceram, aqui registro um pouco a história da familia de Otavio e Maria, que se foram, não conseguiram nenhum dos seus 10 filhos formados.
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