As histórias de vida sempre fizeram parte da sociedade, atravessando culturas, espaços e tempos diversos. A memória, por meio da criação de narrativas, permite que imaginemos futuros e compreendamos o passado no presente.
O líder indígena e pensador Ailton Krenak descreveu a memória humana como um grande rio, formado por diversas experiências que se entrelaçam e fluem juntas. De acordo com ele, esse “rio de memória” é o que permite que nos compreendamos e nos conectemos como humanidade.
O que é uma história de vida?
Uma história de vida é a narrativa construída a partir da memória de uma pessoa. Ou seja, é como organizamos e traduzimos para o outro parte do que vivemos e conhecemos. No entanto, essa construção não se resume apenas à recordação de eventos passados. Ela envolve um processo seletivo de lembranças, influenciado pelo momento presente e pela intenção de quem narra. Ao contar sua história, a pessoa não apenas revive suas experiências, mas também atribui novos significados a elas, refletindo sobre sua identidade e trajetória.
As histórias de vida podem ser registradas de diferentes formas, como entrevistas, relatos escritos, gravações em áudio ou vídeo e até mesmo fotografias. Mais do que um simples registro factual, essas narrativas expressam emoções, valores e perspectivas, revelando tanto o passado vivido quanto as aspirações para o futuro. Assim, ao compartilhar sua história, cada indivíduo contribui para um mosaico maior de memórias coletivas, fortalecendo o senso de pertencimento e conexão entre as pessoas.

Minha história, nossa história
A História nunca está pronta nem é absoluta. Pelo contrário, ela é um processo vivo e permanente que nos ajuda a compreender quem somos e para onde vamos. Mais do que lembrar o que foi vivido, a narrativa histórica transmite valores e visões de mundo. Contudo, muitas vezes a História foi contada por poucos e preservada em narrativas oficiais. Por isso, o desafio é democratizar essa construção e garantir que diferentes grupos possam registrar e compartilhar suas próprias histórias de vida.
Além disso, cada pessoa é protagonista da História e tem o direito de decidir o que contar sobre sua trajetória, como contar e para quem transmitir. Dessa maneira, não existem histórias mais ou menos importantes; cada narrativa tem valor e merece ser preservada. Assim, integradas, essas histórias individuais tecem uma nova memória social, plural e democrática.

📌 Pequeno Manifesto do Museu da Pessoa
Por que histórias de vida?
Se cada pessoa reconhecer que toda experiência humana é valiosa e que cada história de vida tem um lugar na memória coletiva, então construiremos uma sociedade mais conectada por sentimentos, emoções e experiências compartilhadas. Dessa forma, as histórias individuais se tornam parte do patrimônio imaterial da humanidade e, consequentemente, têm o poder de combater a intolerância ao promover empatia e compreensão.
De acordo com uma pesquisa realizada pelo Museu da Pessoa, o contato com histórias de vida desempenha um papel significativo no combate à intolerância. Especificamente, 98% dos participantes relataram que essa interação os motivou a intervir socialmente contra atitudes intolerantes, enquanto 97,7% notaram uma melhoria na qualidade de suas relações interpessoais. Além disso, 90,8% dos entrevistados afirmaram que esse contato intensificou seus vínculos com as pessoas ao seu redor.

📌 Relatório de avaliação de impacto
O Museu da Pessoa e a preservação das histórias de vida
O Museu da Pessoa é um museu virtual e colaborativo de histórias de vida, que acredita na memória como elemento fundamental para se enfrentar os desafios da sociedade. Desde 1991, atua para inspirar, provocar e transformar a sociedade por meio das histórias de vida.
O museu nasceu com a missão de garantir que qualquer pessoa possa eternizar sua história de vida como parte da memória social. Essas memórias não são lineares e podem surgir como sensações, imagens e emoções. Assim, contar uma história de vida se torna uma experiência única de autodescoberta e transformação.
Eternize sua história de vida
Com a experiência digital Conte Sua História, o Museu da Pessoa permite que qualquer pessoa tenha um espaço para registrar suas memórias em tempo real e de graça, criando um acervo vivo e acessível a todos. Por meio de textos, áudios, vídeos e imagens, você pode compartilhar sua trajetória e preservar momentos importantes da sua vida e da vida de quem é especial para você.
Afinal, toda história de vida importa. Mais do que simples relatos, essas histórias têm o poder de transformar tanto quem as conta quanto quem as escuta. Por isso, convidamos você a fazer parte desse movimento! Compartilhe sua história, eternize suas lembranças e contribua para a construção de uma memória coletiva.
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A Programação Cultural do Museu da Pessoa é viabilizada pelo Programa Nacional de Apoio à Cultura, por meio do Ministério da Cultura, com patrocínio máster da Petrobras, patrocínio do Mercado Livre, e realização do Museu da Pessoa.
Referências
- FUNDAÇÃO BANCO DO BRASIL; MUSEU DA PESSOA. Tecnologia social da memória: para comunidades, movimentos sociais e instituições registrarem suas histórias. São Paulo: Museu da Pessoa, 2009. Disponível em: https://museudapessoa.org/pub-metodologia/cuarderno-de-formacion-tecnologia-social-de-la-memoria
- Pequeno Manifesto do Museu da Pessoa. Disponível em: https://museudapessoa.org/sobre/o-que-e/manifesto/
- Plano Museológico Museu da Pessoa 2025/2030
- Relatório de avaliação de impacto. Disponível em: https://museudapessoa.org/wp-content/uploads/2021/06/relatorio-avimpacto-museu-da-pessoa_02-05-2021-3.pdf
- WORCMAN, Karen. Quem sou eu? Memória e Narrativa no Museu da Pessoa. 2021. Tese (Doutorado) — Universidade de São Paulo, São Paulo, 2021. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8161/tde-04072022-165147/publico/2021_KarenWorcman_VOrig.pdf