O mateiro Edilson está abraçado com um tronco de uma árvore, suspenso. Atrás dele há matas. Está escrito: "Mateiros do Brasil"

Mateiros do Brasil: o que podemos aprender com eles?

Em meio às vastas florestas brasileiras, os mateiros desempenham um papel essencial na relação entre o ser humano e a natureza. São especialistas em reconhecer rastros, identificar espécies, compreender ciclos naturais e navegar por territórios desconhecidos com um conhecimento que atravessa gerações. Mas, apesar de sua importância, essa sabedoria tem sido historicamente subestimada, relegada a um plano secundário frente aos chamados “saberes científicos”. 

Por isso, o projeto “Mateiros do Brasil”, realizado pelo Museu da Pessoa, busca a valorização dos mateiros e de suas atividades enquanto aspectos fundamentais no entendimento de diversas dinâmicas socioambientais do país, bem como elementos centrais para a (re)construção de saberes e procedimentos que visam o futuro sustentável do planeta.

Este projeto é viabilizado pelo Programa Nacional de Apoio à Cultura (PRONAC 235372) por meio do Ministério da Cultura com patrocínio do Instituto Cultural Vale apoio da Vale , consultoria conceitual de Binho Marques e realização do Museu da Pessoa.

📌 Coleção de histórias de vida “Mateiros do Brasil”

Jair da Costa Freitas, um dos mateiros entrevistados para o projeto, olha para o céu e estica os braços para cima. Atrás dele, há uma mata. Ele usa óculos de grau e camiseta verde.

Quem são os mateiros?

Os mateiros são homens e mulheres que conhecem a floresta como poucos. Muitos deles vêm de comunidades indígenas, quilombolas e ribeirinhas, tendo aprendido suas habilidades desde a infância. Então, eles sabem interpretar os sinais da mata, prever mudanças climáticas, encontrar água e alimentos e até mesmo produzir medicamentos naturais a partir da flora local. São guias em expedições científicas e turísticas, além de serem fundamentais para ações de conservação ambiental.

Reconhecendo essa importância, o projeto “Mateiros do Brasil” contou com a consultoria de Binho Marques, ex-governador do estado do Acre. Sua participação contribuiu com a missão de registrar e pesquisar as experiências e os conhecimentos dessas pessoas. Segundo Marques, os mateiros são:

“Especialistas locais que conhecem profundamente a floresta, suas plantas, animais, e a dinâmica dos ecossistemas. Eles desempenham papéis essenciais em expedições científicas, projetos de conservação e turismo sustentável, guiando e compartilhando seu conhecimento para a execução dos mais diferentes projetos relacionados com a floresta, predominando aqueles dedicados à proteção e preservação da biodiversidade e dos recursos naturais”.

Saberes tradicionais e ciência: um diálogo necessário

Durante muito tempo, os conhecimentos dos mateiros foram considerados inferiores ao conhecimento acadêmico. No entanto, cada vez mais pesquisadores e cientistas reconhecem que as práticas dos mateiros são fundamentais para entender e preservar a biodiversidade brasileira.

Edilson Consuello de Oliveira, um dos mateiros entrevistados para a coleção de histórias de vida do Museu da Pessoa, vive no Acre e colaborou com instituições como o The New York Botanical Garden e a Universidade Federal do Acre. Assim, ele destaca como seu aprendizado empírico tem ajudado cientistas a identificarem novas espécies e a compreenderem melhor o comportamento da mata. “A nossa floresta é uma farmácia completa e uma biblioteca para quem a quer estudar”.

Jair da Costa Freitas, outro mateiro entrevistado, trabalhou por décadas no laboratório botânico da Embrapa. Em seu depoimento, reforça que a troca entre os saberes tradicionais e acadêmicos pode ser enriquecedora para ambos os lados: “A gente aprende muito com os pesquisadores, mas eles também aprendem com a gente”.

Coleção digital de histórias de vida “Mateiros do Brasil”

O projeto “Mateiros do Brasil” busca não apenas registrar essas histórias, mas também garantir que esses conhecimentos continuem sendo passados adiante. Guiados pela pesquisa de Binho Marques, elegemos seis pessoas atuantes na Amazônia Legal para representar este recorte da classe mateira.  Utilizamos a metodologia do Museu da Pessoa, a Tecnologia Social da Memória, para entrevistá-los. 

As entrevistas foram realizadas com pessoas da Comunidade Bela Vista do Jaraqui, no Igarapé do Rio Negro (AM), Rio Branco (AC) e Belém (PA). Em dezembro de 2024, todos os mateiros entrevistados se reuniram em uma roda de histórias, promovida pelo Museu da Pessoa. Seu objetivo foi a troca de vivências e fortalecer a rede de conhecimento tradicional.

Para conhecer mais sobre as histórias de vida dos mateiros do Brasil, acesse a coleção completa: Mateiros do Brasil.

Luiza, uma mulher branca, de cabelos loiros, está sentada, abraçando seus joelhos e olhando para Manoel, um dos mateiros entrevistados. Ao lado de Luiza, há uma câmera enquadrando em Manoel. Ele, em frente a ele e a câmera, está com a mão direita apontada para cima e a boca aberta. Sentado, ele usa um boné e camiseta pretas.

Vidas, Vozes e Saberes em um Mundo em Chamas

O Museu da Pessoa reafirma seu compromisso com a memória, a diversidade e a reflexão sobre os desafios do mundo contemporâneo com sua Programação. Exposições, mostras audiovisuais e projetos educativos fazem parte dessa trajetória, ampliando o diálogo e valorizando as histórias de vida como ferramentas de transformação social. Acompanhe nossas ações de “Vidas, Vozes e Saberes em um Mundo em Chamas” ao longo do ano e participe dessa jornada!

A Programação Cultural do Museu da Pessoa é viabilizada pelo Programa Nacional de Apoio à Cultura, por meio do Ministério da Cultura, com patrocínio máster da Petrobras, patrocínio do Mercado Livre, e realização do Museu da Pessoa.

📌 Programação completa