Texto escrito por Karen Worcman, fundadora do Museu da Pessoa.
Pensamos que só nós, humanos, temos memórias. Ao viajarmos por uma das sete estradas mais perigosas do mundo, que liga, no Peru, o litoral às Cordilheiras Brancas, nos deparamos com a imensidão das memórias minerais.
Se soubéssemos ler, escutar, ver e sentir outras memórias que não as exclusivamente verbais, quantas não seriam as histórias que as montanhas nos revelavam? O que conta o rio que corre violentamente entre as montanhas? O que conta cada cor que marca a montanha? Cada pedra que rola?
Como nasceram as tantas formas que descortinam os milhões de anos de contato entre água, ar, terra, vidas e fogo? Quantas e quantas memórias estão imersas nas paisagens grandiosas que presenciamos?
Percorrer essa estrada, que durou mais de dez horas de tensão e maravilhamento, foi, sobretudo, um imenso exercício de humildade e consciência de nosso tamanho frente ao tempo, as montanhas e ao Universo.
