Projeto 50 anos do SENAC de São Paulo
Entrevistado por Cláudia Leonor Oliveira e Carmen Natale
Depoimento de Antônio Fernando dos Prazeres
Entrevistado por Carolina Ruy e Nádia Lopes
São Paulo, 10 de julho de 1995
Transcrito por Lúcia Marina Guedes de Azevedo Oliveira
Realização: Museu da Pessoa
SENAC_HV003_ Antônio Fernando dos Prazeres
P/1 - Bom, eu queria que você falasse seu nome completo, o local e data de nascimento.
R - Antônio Fernando dos Prazeres, nasci no dia 20 de junho de 1943 aqui em São Paulo no bairro da Penha, Rua Domingos Silva.
P/1 - Certo. E o nome dos seus pais e onde nasceram?
R - Meu pai, Antônio dos Prazeres, português, nasceu na Quintela da Lapa. Minha mãe, Anna Maria Marcos dos Prazeres, nasceu em Freixo D'Espada Cintra, também em Portugal.
P/1 - Você sabe quando eles vieram para cá?
R - Eles vieram para cá ainda jovens, adolescentes, em busca naturalmente de melhores condições de vida. Meu pai veio para cá... Devia ter uns 14 anos de idade e minha mãe mais ou menos também com 11 ou 12 anos e aqui se conheceram, no Brasil. Uma época em que vieram muitos portugueses para cá, bem mais do que vem atualmente, com certeza.
P/1 - E qual era a atividade que os seus pais exerciam?
R - Quando começo a ter naturalmente a consciência da existência da família Prazeres, meu pai era motorneiro da CMTC, uma função que é hoje ocupada por motoristas de ônibus elétrico. Minha mãe era comerciante, trabalhava com roupas feitas e levando ao interior próximo de São Paulo, cidades como Atibaia, Bragança Paulista, Itatiba, levando as últimas tendências da moda de roupas femininas.
P/1 - Quais as lembranças que o senhor tem da infância?
R - Eu começo a lembrar minha infância quando eu mudo da Penha para o Parque São Jorge, moramos em uma rua que terminava e ainda termina hoje em frente ao Corinthians, uma rua paralela a Rua São Jorge. Foi uma infância como um garoto que morava em ruas de terra, terra...
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Entrevistado por Cláudia Leonor Oliveira e Carmen Natale
Depoimento de Antônio Fernando dos Prazeres
Entrevistado por Carolina Ruy e Nádia Lopes
São Paulo, 10 de julho de 1995
Transcrito por Lúcia Marina Guedes de Azevedo Oliveira
Realização: Museu da Pessoa
SENAC_HV003_ Antônio Fernando dos Prazeres
P/1 - Bom, eu queria que você falasse seu nome completo, o local e data de nascimento.
R - Antônio Fernando dos Prazeres, nasci no dia 20 de junho de 1943 aqui em São Paulo no bairro da Penha, Rua Domingos Silva.
P/1 - Certo. E o nome dos seus pais e onde nasceram?
R - Meu pai, Antônio dos Prazeres, português, nasceu na Quintela da Lapa. Minha mãe, Anna Maria Marcos dos Prazeres, nasceu em Freixo D'Espada Cintra, também em Portugal.
P/1 - Você sabe quando eles vieram para cá?
R - Eles vieram para cá ainda jovens, adolescentes, em busca naturalmente de melhores condições de vida. Meu pai veio para cá... Devia ter uns 14 anos de idade e minha mãe mais ou menos também com 11 ou 12 anos e aqui se conheceram, no Brasil. Uma época em que vieram muitos portugueses para cá, bem mais do que vem atualmente, com certeza.
P/1 - E qual era a atividade que os seus pais exerciam?
R - Quando começo a ter naturalmente a consciência da existência da família Prazeres, meu pai era motorneiro da CMTC, uma função que é hoje ocupada por motoristas de ônibus elétrico. Minha mãe era comerciante, trabalhava com roupas feitas e levando ao interior próximo de São Paulo, cidades como Atibaia, Bragança Paulista, Itatiba, levando as últimas tendências da moda de roupas femininas.
P/1 - Quais as lembranças que o senhor tem da infância?
R - Eu começo a lembrar minha infância quando eu mudo da Penha para o Parque São Jorge, moramos em uma rua que terminava e ainda termina hoje em frente ao Corinthians, uma rua paralela a Rua São Jorge. Foi uma infância como um garoto que morava em ruas de terra, terra batida, com uma liberdade muito grande para brincar, bastante terreno baldio, bastante árvore para imitar os super-heróis da época? Naturalmente sem deixar de assistir treinos e jogos do Corinthians que exerceu evidentemente uma grande influência naquela época pela escolha de um time que a gente passa a admirar, a frequentar o clube, conhecer os jogadores, ter um pouco mais de intimidade, passa a torcer e vibrar naturalmente. Naquele tempo se vibrava já com os gols de Baltazar e as defesas fenomenais de Gilmar, vibrando nos dias atuais com o Marcelinho, e, no futuro, quem estiver vendo essa entrevista vibrando com os craques que tiver naquela época reprisando o mesmo sucesso destes craques do passado.
P/1 - Você falou que vocês brincavam imitando os super-heróis, quem eram esses super-heróis?
R - Sim, naquele tempo nós tínhamos o Batman, como tem hoje, só que a gente acreditava, por exemplo, que o Super-Homem voava mesmo, com certeza, aliás, com muito mais técnica hoje de filmagem a gente vê muitos defeitos, naquele tempo a gente não enxergava defeito, talvez próprio pela idade que a gente vivia. Então eram esses, era o Batman, o Superman, o Super-Homem, tinha, enfim, o homem-robô e outros mais que faziam parte, digamos, daquela cultura de super-heróis daquele tempo, pareciam mais reais do que hoje.
P/1 - Fernando, você estudou? Aonde que você estudou?
R - Fiz meu curso primário numa escola estadual, escola pública, no Carlos Escobar, lá no Tatuapé, depois fiz o ginásio comercial com uma tendência já de buscar informações na área de comércio, terminei o ginásio comercial na Escola Técnica de Comércio Duarte de Barros, também no Tatuapé. Fiz o curso técnico em Contabilidade nessa mesma escola, ao terminar, enquanto me preparava para ingressar na faculdade, simultaneamente ao curso preparatório fiz um curso de formação e aperfeiçoamento para professores do ensino comercial. Ingressei na faculdade, fiz faculdade de economia, sou bacharel em ciências econômicas na Faculdade Economia, Finanças e Administração de São Paulo, lá no Brás. Ao terminar a faculdade já estava então no SENAC, fiz o curso de pedagogia na Faculdade Farias Brito em Guarulhos.
P/1 - Mas, voltando um pouquinho, você foi fazer ginásio comercial?
R - Certo, o ginásio comercial.
P/1 - O que te levou a procurar esse curso? Você teve alguma influência da família, alguém que você conhecia?
R - Eu sempre tive uma tendência, gostava de atividades ligadas ao comércio e o ginásio comercial, e, ao mesmo tempo, atendia a essa satisfação pelo fato de entender melhor as atividades, ou os assuntos relacionados ao comércio. Eu também tinha uma oportunidade de ingresso mais rápido ou ingresso imediato no mercado de trabalho. A minha origem é uma origem de família que vivia com dificuldades, embora não passando necessidades, todos precisavam contribuir com o seu trabalho, com o seu rendimento e uma forma de começar a ganhar já um dinheiro exercendo uma atividade seria terminando uma escola que me desse uma profissão a um prazo mais curto. Minha mãe exercia muita influência já nessa época, ela era comerciante e eu achava que era uma atividade interessante, que poderia ser discutida e estudada, como de fato isso acabou acontecendo de uma maneira mais metódica, mais formal, frequentando uma escola que ensinasse a prática do comércio.
P/1 - Ela te incentivava, a sua mãe?
R - É, minha mãe sempre me incentivou a estudar. Ela, embora não tivesse nunca frequentado uma escola, era uma pessoa que sempre valorizava muito o fato das pessoas terem uma formação, terem uma escolaridade, ela nunca mediu esforços para disponibilizar recursos a fim de que eu pudesse estudar.
P/1 - Como era o dia-a-dia da escola, do ginásio que você estudava?
R - Eu estudava a noite em uma escola que, para a época, dentro dos padrões que a própria época exigia, eram escolas rígidas em que ainda tinham toda aquele ranço da escola em que você vai lá como um castigo, você vai por certa obrigatoriedade. Você passa assim por situações de punição, sempre a culpa para respostas não da maneira como as perguntas eram feitas, eram dos participantes, dos alunos, a culpa era minha e não de quem deveria estar colocando a informação de forma tal que eu pudesse dominá-la. Tirava zero, o bom professor é o professor que dava zero para a maior parte da turma. Passei por todas aquelas dificuldades normais que qualquer escola naquela época apresentava, né? Matemática zero, português nota quatro sempre com dificuldades para conseguir a promoção para o ano seguinte. Agora a gente tinha um pouco de irresponsabilidade de tudo isso, a gente procurava também responder da mesma forma já que as avaliações eram feitas de maneiras não muito lógicas, a gente procurava usar também da ausência de lógica para estudar. Então preparava colas, procurava meios que na época eram punidos como hoje também, de responder aquelas perguntas que interessavam muito mais ao professor do que propriamente pra gente.
P/1 - O que te levou a fazer... você fez pedagogia também?
R - Sim, fiz pedagogia depois da formação em Economia e aí nós já vamos começar a falar da minha atividade dentro do SENAC. Quem me levou a fazer pedagogia foi realmente o SENAC.
P/1 - Quando você entrou no SENAC?
R - Veja bem, quando terminei o meu curso de ginásio comercial, fiz meu curso Técnico de Contabilidade, evidentemente estava fazendo toda uma carreira voltada para essa área, digamos assim, do ensino técnico comercial. Tanto que terminei o Técnico de Contabilidade e vou prestar o meu vestibular para uma faculdade de ciências econômicas. Até então não pensava em área de educação, não pensava numa atividade educacional como o meu futuro profissional. Naquele tempo, como acontece ainda hoje, 1995, as escolas se preocupam muito em preparar para o emprego e não para o trabalho, isto é, as escolas tinham preocupação de preparar o indivíduo para trabalhar numa empresa, de preferência uma multinacional, naquele tempo também era assim, eu queria ser um economista para trabalhar numa empresa multinacional. Quando me preparo, termino o curso técnico e faço um curso preparatório para professor no ensino comercial, acabo enveredando por essa área, eu diria, quase que acidentalmente. Sou convidado a trabalhar no Ginásio Vocacional Oswaldo Aranha, vou para o Ginásio Vocacional Oswaldo Aranha, isso em 1965, final de 64, início de 65. Entrei na faculdade de economia em 64, em 65, estou no Vocacional, como Professor de Práticas Comerciais e levando os meus alunos para conhecer uma escola cuja preocupação era unicamente preparar para o comércio e serviços, vou fazer uma visita juntamente com eles no SENAC. E aí no SENAC fico realmente deslumbrado com a abundância de recursos, com os equipamentos todos que eram disponibilizados para uma aprendizagem mais adequada, me interesso em buscar esses recursos para levá-los pro ginásio estadual, e ao aprofundar esse contato recebo um convite para trabalhar no SENAC. Então inicio minhas atividades no SENAC no dia 3 de janeiro de 1966.
P/1 - Que recursos eram esses? Recursos didáticos?
R - Naquela época nós tínhamos os diapositivos, que atualmente são substituídos pelos slides. Embora para o ensino, esses diapositivos para aquela disciplina em que eu era responsável, embora não fossem naturalmente o recurso mais adequado porque eram fotos de documentos comerciais, já naquele tempo a gente já usava o próprio modelo, isto é, o documento comercial mais verdadeiro. Mas esses diapositivos me chamaram a atenção, eles reproduziam livros contábeis, reproduziam cheques e que somados com o documento real ficava mais fácil para o ensino e dispunham também de um farto documento de modelos, de documentos escolares, já existia naquele tempo o Escritório-Modelo, existia, digamos, toda uma orientação do fluxo destes documentos dentro de uma empresa. Tinha uma empresa comercial montada para facilitar o acesso à informação dos alunos, e no ginásio do Estado nós não tínhamos nada. Nós tínhamos que copiar ou reproduzir no famoso quadro negro o modelo de documento e cada um imaginava o tamanho que fosse. Então você reproduzia, por exemplo, uma nota fiscal e a pessoa pensava que a nota fiscal fosse daquele tamanho do quadro negro, o aluno, digamos assim, que não tinha o contato com esse documento fiscal, a não ser quando, de vez em quando, o pai comprava alguma coisa e levava um documento para a casa, mas nem sabia que a nota fiscal era aquilo ali. E o SENAC realmente sempre teve instalações, sempre teve muito cuidado em investir nos recursos a fim de facilitar, digamos, a aprendizagem. E essa documentação toda tinha muita falta dela e fui procurar o SENAC, obter, digamos, doação desse material. Buscando, me interessando por esse material que acabei, acho, provocando, por parte das pessoas que me atenderam o interesse, de me convidar para trabalhar no SENAC naquela época.
P/1 - Então quando você começou a trabalhar no SENAC você começou fazendo o que exatamente?
R - Eu comecei como Orientador de Ensino, trabalhava na sede do SENAC, na Rua Dr. Vila Nova, 228, onde funciona ainda hoje. Comecei como Orientador de Ensino na área de Escritório, tinha como função subsidiar as escolas do SENAC com orientações pedagógicas para o desenvolvimento da disciplina de prática de escritório. Essa era a minha função, passava meu tempo todo planejando, pesquisando, visitando as escolas do SENAC, reunindo professores, conversando com os professores sobre o ensino de escritório.
P/1 - Para os alunos, assim, o que era oferecido de matérias, de cursos sobre escritório?
R - Nessa época o SENAC tinha o Ginásio Comercial, depois tinha o curso Técnico em Contabilidade, a orientação pedagógica era restrita ao chamado ensino regular, não que os outros fossem irregulares, mas o ensino regular entendido como ensino seriado, aquele ensino sujeito às normas e sujeito a toda a legislação educacional. Então tinha o Ginásio Comercial que tinha na sua estrutura curricular as disciplinas de cultura geral, como matemática, português, história, geografia, inglês e tinha a formação especial, então era a prática de comércio, a prática de escritório, datilografia, que eram aquelas disciplinas mais técnicas. O Técnico de Contabilidade também, com a parte de cultura geral e a parte de formação especial. Existia então naquela oportunidade uma seção chamada Seção de Orientação Pedagógica, era a seção que eu pertencia enquanto Orientador de Ensino que cuidava dessa parte da orientação pedagógica do Ginásio Comercial e do Técnico de Contabilidade. O SENAC já oferecia naquela época os cursos de formação rápida, existia uma divisão chamada Divisão de Formação Acelerada, que são os cursos de qualificação, os cursos de preparação mais imediata para determinadas ocupações. Nós tínhamos programas para vendedores, programas para balconistas chamado Vendedor Interno, tinha os programas para a formação do auxiliar de escritório em termos de conhecimento de notas fiscais, faturas, duplicatas, fluxos de caixa, tinha já programas voltados para a área hoteleira, com curso de Garçom, curso de Cozinheiro, Recepcionistas de Hotel. O SENAC já possuía uma área de formação acelerada, de formação rápida e uma área chamada de Ensino Regular ou de Formação Seriada, trabalhava na divisão que cuidava da orientação pedagógica do Ginásio Comercial e dos cursos Técnicos de Contabilidade.
P/1 - Fernando, nessa época você tinha contato diário com os alunos?
R - Não, nessa época o meu contato era diretamente com os professores, com os professores que ministravam a prática de escritório ou que davam aula de contabilidade. Só com esses professores, não tinha contato com corpo Docente todo do curso, não me relacionava com os professores de português ou de matemática, tinha colegas na Seção de Orientação Pedagógica que eram responsáveis pela orientação junto a esses professores.
P/1 - Mas como que você detectava assim a orientação que você ia dar?
R - Você tinha um programa básico e visitas feitas às escolas SENAC. Você conversava com esses professores e juntamente com as pessoas você levantava essas necessidades de aperfeiçoamento, de documentação comercial ou de conceitos que deveriam ser melhor explorados. Enfim, você tinha uma avaliação do trabalho que você realizava no contato direto com a rede de professores do Estado de São Paulo todo, formava em auxiliar de escritório.
P/1 - Certo. E aí, que é que aconteceu com você?
R - Bom, essa época foi a época em que nós tivemos, digamos assim, um desenvolvimento mais agressivo inclusive do Escritório-Modelo, da Loja-Modelo, diversas inovações, digamos, metodológicas, ou aperfeiçoamentos metodológicos para o ensino destas disciplinas. Quando chegou depois em 73, 73 para 74 começam a ter algumas mudanças na própria estrutura do SENAC, uma mudança na diretoria regional, há uma nova filosofia de trabalho em que a gente passa a contemplar, evidentemente, uma ação mais abrangente do tratamento didático-pedagógico da produção do SENAC. Nós começamos, passamos a ter, digamos, os gabinetes de orientação pedagógica nas próprias unidades, nas escolas SENAC, a gente começa a ter uma maior oferta de programas de formação acelerada também, o SENAC passa a ter ampliada a sua atuação que se restringia somente ao prédio em que ele estava instalado e passa a atender toda uma região ou cidades vizinhas, as cidades sedes do SENAC. Eu vou para outra divisão, para a Divisão de Formação Acelerada e passo a responder, digamos assim, pelo suporte técnico-pedagógico de programas da área de vendas, escritório e armazenagem, de uma maneira mais ampla com todos os programas, não só o Ginásio Comercial mas em especial os programas que preparavam mais rapidamente as pessoas para o ingresso no mercado de trabalho.
P/1 - Fernando, o que é que aconteceu assim com a mudança de pensamento do SENAC que voltou mais para essa formação acelerada, o que vem a ser essa formação acelerada?
R - O que acontece é o seguinte, quer dizer, o pensamento do SENAC acompanha o pensamento social e na época a necessidade de preparação de pessoal para outras áreas se faz sentir de maneira muito acentuada, né? Há todo um desenvolvimento do comércio que passa a reclamar por pessoas com habilidade, com conhecimentos de responder mais de imediato exigências específicas, digamos assim, do setor de comércio e serviços, nós precisamos ter pessoas mais ágeis em termos aí de cálculos de custo, em termos de conhecimento de legislação, ou de tributação, conhecimento de imposto de renda, conhecimento do ICM, IPI. Enfim, há uma própria solicitação por parte do mercado de profissionais preparados mais rapidamente e em quantidade maior. O SENAC atendia somente, ou basicamente cidades onde tinha prédio instalado e existia toda uma comunidade ao redor que também clamava por uma atuação do SENAC, que o SENAC levasse até eles o conhecimento organizado para que eles pudessem evidentemente interagir com esse conhecimento, adquirir a informação e poder prestar serviços. Então é todo um momento em que as coisas acontecem conjuntamente.
P/1 - Na prática como é que você fez como Diretor dessa Divisão de Formação Acelerada para chegar nas cidades em que o SENAC não tinha sede própria?
R - Eu era Chefe de uma seção, eu pertencia a uma parte de uma divisão, não é, essa divisão naturalmente ela tinha outros setores também, nós tínhamos, por exemplo, ainda surgindo nessa divisão, e depois transforma-se em uma unidade autônoma, uma unidade de formação chamada de UNIFORT, Unidade de Formação e Treinamento, que eram equipes multiprofissionais que se deslocavam para cidades onde o SENAC não mantinha prédio, não mantinha instalações físicas. Essa equipe era composta por profissionais de diferentes áreas de formação que, chegando nessas cidades, eles montavam, digamos, um apoio para o desenvolvimento de suas operações e atendiam a comunidade. Eles faziam uma intervenção deliberada nessa comunidade juntamente com as lideranças formais e informais dessa comunidade, eles estruturavam toda uma programação e desenvolviam um trabalho junto com esse pessoal todo. Esse era outro setor, que trabalhava integradamente com aquilo que eu fazia, participava do processo seletivo desses profissionais, da elaboração dos recursos didáticos para que esses profissionais pudessem levar essas informações a essas diversas comunidades.
P/1 - Parece que você falou lá fora que essa necessidade da ação comunitária foi uma coisa que a própria comunidade começou a pedir, a sentir falta.
R - Porque é o seguinte, o que acontece é o seguinte, todas as comunidades atualmente têm problemas e naturalmente o SENAC era chamado a intervir em problemas voltados à formação e desenvolvimento de pessoas. Então essa intervenção, quando essa equipe móvel chegava em uma cidade, juntamente com essas lideranças, esses problemas eram retificados, eram equacionados, e juntamente com essa comunidade a solução era buscada. É importante esse trabalho, inclusive ainda hoje é desenvolvido porque o SENAC faz junto e não para, faz junto à comunidade uma intervenção, faz junto com a comunidade um trabalho de forma tal que ao sair essa equipe dessa comunidade, essas lideranças têm condições de dar uma continuidade ao trabalho que foi iniciado.
P/1 - Você pode dar um exemplo para a gente na prática de uma ação da UNIFORT?
R - Por exemplo, você pode fazer uma intervenção para discutir com a comunidade como você pode atuar em rendas alternativas, como é que as pessoas que pertencem a essa comunidade pode ter uma renda complementar à renda principal, digamos assim, do homem que trabalha, da mulher que trabalha. Então você pode estar formando até cooperativas de trabalho, você pode desenvolver programas para preparar pessoas para realizar trabalhos de Buffet, bolos, tortas, salgadinhos, você pode preparar pessoas para trabalhar com arranjos florais, com flores artificiais. Essas pessoas organizadas, elas poderão começar, e passam a prestar esses serviços para terceiros, para bares, restaurantes que comercializam esses produtos, ou mesmo para lojas que comercializam flores, né? Então esse é um exemplo. Agora, seria interessante realmente uma tomada desse grupo agindo dentro de uma comunidade, o que seria muito interessante.
P/1 - Fernando, você também tem uma ação junto com a PRODEMP?
R –Os de profissional do SENAC, né, eu dizia a você então que eu estava nessa Divisão de Formação Acelerada e quando foi em 75 eu vou para uma cidade do Interior, né, eu vou ser, naquela época, o título era esse, Diretor do SENAC em São Carlos, na cidade de São Carlos. Hoje, nós temos lá Gerentes, título atual do profissional que dirige, organiza, que a gestão da unidade operativa do SENAC gerente, como também Gerentes que atuam em outros órgão da sede. Então eu fui para lá como Diretor do SENAC, nós estávamos nessa oportunidade para inaugurar novas instalações, o SENAC tinha, atuava numa casa, uma instalação bastante precária, muito pequena, né, para a demanda, e pela própria necessidade de crescimento e nós vamos lá pra participar, exatamente com o grupo que lá estava, da organização da unidade e novas instalações. Foi um trabalho bastante significativo, a primeira vez que eu tive realmente a oportunidade de participar com um grupo na formatação de uma proposta para uma unidade operar com os cursos, os programas que o SENAC oferecia, foi a primeira oportunidade também de interagir com uma comunidade menor, fazer parte de clubes de serviço, enfim, conhecer uma comunidade menor da maneira como ela se organiza, como que ela vive, né? E depois de São Carlos, nós ficamos lá até 1979, aí nós fomos para Sorocaba, né, com a família. Chegando em Sorocaba fomos organizar uma unidade numa cidade que não existia nenhuma unidade instalada do SENAC, existia ações como a UNIFORT, mas era uma ação de intervenção junto à comunidade de uma abrangência menor do que você ter uma unidade física instalada. Aí chegamos lá, organizamos toda uma equipe de trabalho, colocamos a unidade em funcionamento, né, contamos com a colaboração de todas as lideranças, foi a oportunidade que a gente vivenciou novamente experiências junto a clubes de serviços, a associações de classes, né? De Sorocaba, ficamos até 83, né, viemos para São Paulo participar então de uma nova fase do SENAC, que era a fase da implementação das unidades especializadas, e a nossa missão aquela oportunidade era de organizar o SENAC Escritório, que hoje tem a denominação de Centro de Tecnologia de Administração, na Rua 24 de Maio. Nós tivemos todo um trabalho de reestruturação de equipe, de reorganização do quadro produtivo do SENAC, inauguramos essa nova unidade, e tão logo que houve a inauguração aí então eu vou para o PRODEMP, né? No PRODEMP eu chego lá em 84, final de 84, início de 85. Então o PRODEMP, que era o Programa de Desenvolvimento Empresarial do SENAC, hoje é o Centro de Tecnologia de Negócios, funcionava ali na Rua Doutor Vila Nova mesmo, o primeiro andar tinha as suas salas de aprendizagem e tinha a gerência no quarto andar. Depois saímos daquele local, fomos inaugurar um novo espaço na Rua São Vicente, no bairro do Bexiga, ficamos ali ao lado da Vai-vai, escola de samba alvi-negra, durante um bom tempo em parceria com eles, quando eles ensaiavam, nós naturalmente tínhamos outro tipo de prática de aprendizagem, não poderia ser aquela tradicional, a gente procurava entrar, dançar conforme a música. E quando nós tínhamos atividades de aula eles respeitavam também, então nós tínhamos uma convivência bastante pacífica com a Vai-vai, e foi muito interessante também porque a gente teve um plano de ir para um bairro muito tradicional de São Paulo e ver o que significa chegar num bairro sem querer naturalmente ser incomodado e também sem incomodar as pessoas que lá estavam. E toda uma negociação novamente, muito parecida até com aquelas negociações em cidade pequenas do Interior. Foi uma experiência bastante rica de vida e profissional também, uma vida profissional também, foi muito interessante porque foi um desafio bárbaro, né, nós estávamos atravessando uma fase crítica da economia brasileira com as empresas voltadas para a oferta de serviços de treinamento, passando por muitas dificuldades, e nós não ficamos impunes a isso, nós tivemos realmente um enxugamento enorme em termos de ofertas de programas, em termos de procura, em termos de quadro. Saímos de lá depois de algum tempo e fomos para a Rua Abílio Soares em uma casa já mais adequada à proposta que o SENAC passou a ter na área de atendimento empresarial, e depois quando foi aí uns quatro anos atrás, 90, 91, nós fomos para o Centro de Educação em Saúde, que é a unidade especializada no SENAC responsável pela oferta de programa na área de saúde que eu estou atualmente sendo responsável por ela.
P/1 - Eu queria voltar um pouco, que você falasse um pouco mais de como foi a ação do PRODEMP, o que significou na época, você ter esse programa.
R - Quando eu fui para o PRODEMP, o PRODEMP já existia, o PRODEMP, ele surgiu em 75. Eu chego lá com o PRODEMP já estruturado e desenvolvendo, oferecendo seus programas aí à área empresarial e a profissionais de nível de chefia média, e alta chefia. Eu já encontro o PRODEMP com uma equipe, encontro o PRODEMP como programação já consolidada em termos de seminários, e intervenções junto a empresas e ofertas de programas para esse público, um público de chefia média, chefia intermediária, chefia superior também. E encontro uma unidade que, dentro da estrutura, dentro do universo de unidades operativas do SENAC, tinha uma característica bem diferenciada de atuação das outras e também não tinha assim um trabalho tão integrado, tão pertencente a estrutura como um todo. Era algo visto separadamente dentro da estrutura do SENAC naquela oportunidade, pela própria forma ou pelo próprio caminho que encontrou. O PRODEMP tinha essa sigla, PRODEMP - Programa de Desenvolvimento Empresarial - e alguns profissionais do mercado não associavam essa sigla à sigla SENAC. Alguns ficavam surpresos até porque a imagem externa do SENAC não levava as pessoas a acreditar que o SENAC tivesse uma ação voltada pra área empresarial no nível em que fazia. E por outro lado a atuação do PRODEMP não fazia nenhuma questão de estar associando a imagem ao SENAC porque a imagem do SENAC não dava a credibilidade, digamos assim, naquela época, para se apresentar no mercado como uma consultoria de intervenção junto a área empresarial no nível que o PRODEMP se propunha a fazer. Então o trabalho que deveria fazer e que eu procurei cumprir, foi o de fazer com que o PRODEMP fosse, como de fato era, uma unidade ao lado de outras unidades do SENAC prestando serviços para a área empresarial, mas que ele fosse assim, como naquela oportunidade já existia o SENAC Informática, o SENAC Escritório, o SENAC na área de Hotelaria, existia o SENAC para a atuação empresarial. Ele devia fazer parte de uma unidade operacional do SENAC ao lado das demais unidades operacionais e não uma unidade vista como alguma coisa que não pertencia a esse contexto mais amplo. Então o meu trabalho foi um trabalho mais de integração realmente da filosofia ou da proposta de trabalho do SENAC à atuação do PRODEMP. E a gente teve então essa possibilidade de viver também essa nova experiência, uma experiência diferente de toda aquela que eu tinha vivido até então na minha vida profissional, na entidade mudança muito significativa na vida da organização. O SENAC passou por diversas fases, por diversas mudanças, se nós pegarmos em termos de história, nós temos uma fase até 73, 73 nós tivemos uma outra fase, o SENAC se abre mais para a comunidade, até 83 mais ou menos. Em 83 surgem os núcleos básicos, surgem às unidades especializadas, há uma maior possibilidade de você investir no desenvolvimento de competências, em realmente armazenar mais informações, a tratar o SENAC mais empresarialmente, a discutir mais como áreas de negócio as propostas de trabalho. E se você pegar atualmente uma nova mudança, e essa mudança, hoje, você discutindo já há algum tempo o papel do SENAC como sendo uma instituição que dissemina o conhecimento, que trabalha com o conhecimento e o conhecimento disponibilizado não só através de aulas, mas especialmente através de software, através de vídeos, de publicações, né, há uma maior abrangência da ação do SENAC. A gente encara isso realmente como sinais dos tempos, o SENAC faz parte de toda essa movimentação e toda essa mudança pelo qual passa o mundo, ele não poderia ficar alheio a acompanhar essa mudança imposta pela própria sociedade.
P/1 - Você falou um pouco assim da videoconferência, do software, queria que você falasse da sua experiência como pedagogo, até como, no período em que deu aula, o que você acha dessa coisa do ensino a distância, de como é o aprendizado da videoconferência, dessas novas possibilidades?
R - Eu acho o seguinte: se você for analisar em termos de história da educação você vê que nós temos umas idas e vindas, a gente parte de histórias, de momentos em que está muito claro na cabeça de todo educador que a aprendizagem é alguma coisa interior ao indivíduo, e não alguma coisa exterior, é alguma coisa que nasce dentro dele, alguma coisa que faz, que ele brota no seu interior, que as pessoas aprendem, não são pessoas que ensinam, as pessoas, elas, a partir de informações que são disponibilizadas elas normalmente vão construindo no seu interior o conhecimento e uma vez esse conhecimento construído, ele passa a usar esse conhecimento como uma sobrevivência, naturalmente dentro de uma sociedade que ele pertence. O SENAC, ele vem fazendo grandes investimentos em organizar essas informações de forma tal que ela possa estar disponibilizadas para o maior número possível de pessoas, e de forma tal que essas pessoas interagindo com essas informações consigam construir os conhecimentos e está muito claro para o SENAC de que a aprendizagem se dá de dentro para fora, se dá autonomamente, isto é, a pessoa que aprende, ela pode aprender e até em melhores condições fora da própria sala de aula, num auditório, através de uma videoconferência, ou dentro da sua própria casa através de um... Interagindo com um software, com o vídeo, com uma publicação. É por isso que o SENAC vem provocando, ou vem participando dessa revolução mundial de que a aprendizagem se dá em múltiplos locais. Evidentemente que você tendo algumas condições físicas, você pode até disponibilizar, organizar a informação, facilitar cada vez mais com que as pessoas construam o seu próprio conhecimento, construa o conhecimento que ela vai utilizar. Se nós fizermos um, voltando um pouco na história, na história que digo, naquela história dos bancos escolares em que a gente ia para a sala de aula como um castigo, toda vez que tinha início de ano letivo era uma choradeira, ninguém queria ir, aquilo que a gente mais aprendia era cabular, era dissimular, era fugir da sala. Eu lembro e acho que todos que viveram essa fase devem lembrar também que o momento mais rico da escola era o intervalo era o momento que dava o sinal para o intervalo, então era uma euforia, era uma alegria, tanto que a gente voltava para a sala suado, cansado, e mal entrava na sala, pedia para ir lá fora, levava bronca, porque naquela época e ainda acontece em algumas situações atuais, o momento mais rico de ele aprender o professor achava que ele devia aproveitar para ficar no banheiro, sentadinho, quietinho. Eu acho que a escola deveria ser um grande intervalo, nós íamos ter, se fosse para dar tempo, devia ser 45 minutos de intervalo e 15 de aula, devia ser o inverso, já que é no intervalo que você tem aquela... Toda a riqueza, e quantas coisas nós aprendemos no intervalo, quantas coisas nós aprendemos para nos virar realmente em termos de vida. Eu lembro de muitas coisas que aprendi no intervalo, muito mais do que em muitas aulas, que lembro que tinha que aguentar aquela encheção dos diabos, tanto que eu dormia, e via os meus coleguinhas dormindo também, porque era muito monótono tudo isso. Então, está muito claro hoje que a aprendizagem tem que ser algo mais prazeroso, tem que ser alguma coisa assim que as pessoas que procuram obter a informação tem que ter realmente uma vontade muito grande em conseguir essa informação, tem que brigar até para que realmente essa informação continue sendo disponibilizada dessa maneira tão agradável. Eu acho que tinha que ter um movimento assim, é briga por intervalo, o intervalo tem que ser o principal momento. Agora compete aos educadores aproveitar, sem intervir, aproveitar o intervalo para organizar informações de forma tal que as pessoas brincando acabem adquirindo determinados tipos de conhecimentos que são úteis para a vida deles. Matemática através de jogo de bafo, de figurinha, desse tipo, ou a ética, ou a honestidade. É uma questão de você explorar um pouco mais os momentos ricos em que o próprio indivíduo acaba mostrando como é que a aprendizagem deve se dar. Então uma videoconferência, uma teleconferência, um software amigável, desafiante, um livro atrativo, de maneira nenhuma, a maneira como a informação está organizada e a atração que ela pode estar exercendo é muito mais rico do que algumas pessoas que ainda acham que entram na sala de aula e começam a falar, falar, falar e as pessoas estão aprendendo, estão aprendendo. E depois quando faz uma avaliação e ainda acham que as pessoas não respondem adequadamente porque não estudaram, quer dizer, ele nunca consegue avaliar a dificuldade que ele teve de comunicar-se a ponto das pessoas terem inadequadamente as perguntas que ele está fazendo, normalmente são perguntas mais para a curiosidade pessoal dele, não é tanto para saber se realmente aquilo que está sendo respondido tem ou não alguma utilidade. Depois a gente sabe também que a avaliação acaba sendo feita é no momento que você vai exercer sua atividade, acaba sendo feita no momento em que você vai estar no seu emprego, ou vai fazer o seu trabalho através das pessoas que vão te procurar para receber os serviços nos quais você se preparou ao longo da sua vida acadêmica.
P/1 - E hoje, Fernando, mais atualmente você está no SENAC Saúde? Eu queria que você falasse um pouco da ação do SENAC Saúde e como que se desenvolve.
R - Tudo bem, o SENAC Saúde ou Centro de Educação em Saúde do SENAC, que é a terminologia nossa, atual, a sigla é CES - C, E, S, é uma unidade especializada do SENAC, tem uma ação corporativa, eu vou explicar já porque é um termo que a gente pode usar a expressão corporação para diversas finalidades, que se aprofunda, se preocupa, estuda organizar informações a fim de disponibilizá-la de forma tal que as pessoas que pretendam desenvolver atividades no campo da saúde possam realmente ter a oportunidade de se desenvolver e exercer essa atividade de maneira como o mercado espera que essas pessoas atuem. O Centro de Educação em Saúde está localizado na Avenida Tiradentes, 822, entre o metrô Tiradentes e o metrô Armênia. É um prédio que faz parte da história do SENAC, foi inaugurado em 1968, e passou por diversas reformas; nós tivemos lá desde o início, quando foi, quando ele foi inaugurado, o Presidente na época, Brasílio Machado Neto, e talvez tenha sido, acredito eu, a última inauguração enquanto vida, passado alguns meses depois ele veio a falecer. Nós tivemos a área hoteleira, marcou muito aquele local, até hoje, veja bem, 68, nós estamos falando em 95, até hoje as pessoas vão lá em busca de informações sobre o restaurante-Escola que funcionou lá, realmente aquele bairro, como não tinha, como hoje, 95, também não tem muitos restaurantes, restaurantes assim mais, tem as churrascarias ali ao longo da marginal, evidentemente como está acontecendo na marginal como um todo. Então aquela Escola de Hotelaria, aquele Restaurante-Escola era um ponto turístico realmente, era um local em que... Turístico no sentido de restaurante, de comidas típicas, de comidas diferentes, formação de Garçons, de Cozinheiros, Ajudante de Cozinha, tivemos curso de Classificador de Produtos Vegetais, né, o famoso Degustador de Café, cursos de aprendizagem comercial, tinha o Ginásio Comercial, tivemos cursos para Auxiliar de Enfermagem, tivemos cursos de Manequim, cursos de Inglês, curso de Datilografia, enfim, uma diversificação muito grande de cursos e de programas que eram oferecidos para as mais variadas ocupações. Algumas mudanças foram feitas e atualmente, já desde 1985, 84, por aí, ele vem investindo em recursos voltados para a área de saúde. Aquela unidade oferece hoje programas para auxiliares de enfermagem, auxiliares de farmácia, cursos na área de saúde bucal, como curso de Prótese Dentária, cursos de aperfeiçoamento para cirurgiões dentistas, inclusive cursos na área de cirurgia bucal, cursos na área de ótica para a formação do Técnico em Ótica, formação do Montador de Lentes Oftálmicas, cursos para Adaptação de Lentes de Contato, cursos para Consertos de Armações de Óculos, temos programas também na área de saúde ocupacional, cujo programa mais conhecido é o Técnico em Segurança do Trabalho. Nós temos cursos para empresas, para a constituição e aperfeiçoamento de estudos para as Comissões Internas de Prevenção de Acidentes, as CIPAs, curso de Mapas de Riscos, cursos para que as empresas elabore seus planos de prevenção de riscos, cursos de Avaliação de Riscos Ambientais, é uma área bastante grande, bastante desenvolvida essa área saúde ocupacional, e a tendência é ela crescer mais ainda como também a área bucal, a área de ótica que eu acabei de falar agora pouco. A área hospitalar, que é a área tradicional nossa, que atua com programas voltado para o Auxiliar de Enfermagem, o Técnico de Enfermagem e programas de administração na área hospitalar, qualidades nestes serviços, programas voltados para equipamentos próprios, esses problemas relacionados com manutenção, problemas de gasoterapia, programas enfim, pegando, digamos, o hospital como um todo. E temos também uma preocupação muito grande com programas voltados para a área ambiental, que ao mesmo tempo existe certa sinergia com a área ocupacional, a área de Saúde ela se integra como um todo, mas é mais voltado para aquele aspecto do meio ambiente, da interação, da convivência do homem em relação ao meio ambiente. Então nós estamos discutindo, ou aprofundando a discussão da existência do gestor do meio ambiente entre as empresas e hoje é muito utilizado inclusive pelo seu aspecto de marketing, empresas que não poluem, empresas que não agridem o meio ambiente. A empresa feita pelo homem, esse mesmo o homem que vai se beneficiar, se prejudicar com a agressão que ele está fazendo ao meio ambiente em que ele está vivendo. Temos também alguns programas voltados para as chamadas terapias não-convencionais que são os programas aí voltados para a área de acupuntura, de massagem, enfim, são aquelas terapias não-convencionais, mas que existem, digamos assim, muita procura, uma vez que a nossa preocupação é com o bem estar da pessoa, integração de todas as áreas possíveis de forma tal que o indivíduo seja o beneficiado último da ação que a gente desenvolva na preparação das pessoas. Então quando você pensa a área de Saúde, é uma área bastante ampla, bastante complexa, mas ela acaba ficando relativamente fácil de ser entendida quando você pensa em todas ações que levem ao bem estar das pessoas. Então, algumas vezes até, nós discutimos a oportunidade de estarmos levando para uma mesa de análises e aprofundamentos de estudos a medicina com o apoio da religião que também é muito comum, é praticada e as pessoas procuram a sua cura, procuram o seu bem estar através disso. A gente sabe que tem algumas áreas que são bastante polêmicas, são bastante discutidas, existe bastante denúncias, existem algumas pessoas que aproveitam-se muito das crenças para a busca de fortunas, para a busca de dinheiro. E quando você fala de saúde você tem que estar também voltado para discutir essas questões, nós não podemos estar achando que nós temos a verdade com determinado tipo de terapia. Isso dá uma abrangência muito grande que ao mesmo tempo nós temos que fugir dessa abrangência no nosso dia-a-dia e concentrar a nossa ação em atividades mais objetivas. Então hoje, a principal atividade nossa está em cima dessas áreas que eu citei, na área hospitalar, a área de farmácia com o Técnico de Farmácia, acabou de ser autorizado a sua instalação este ano, até então nós só tínhamos o Auxiliar de Farmácia. A área bucal com o Técnico em Prótese Dentária, que é um programa bastante conhecido, oferecido pelo SENAC, e os programas voltados para cirurgiões dentistas nessa área bucal, na área de ótica com o Técnico de Ótica e os demais programas que eu citei e a saúde ocupacional que hoje responde por uma quantidade bastante grande de oferta de programas.
P/1 - Certo. Fernando, infelizmente o nosso tempo já está acabando e eu ia pedir para você falar para a gente, para terminar, o que é que você achou de ter passado essa hora com a gente, falando da sua experiência de vida, da sua experiência de trabalho com o SENAC?
R - Eu acho muito importante porque é uma oportunidade de você estar conversando sobre algo que está acontecendo, falar a respeito do SENAC de 1995, sem falar do SENAC de 1946, de quando ele iniciou suas atividades, seria muito difícil de entender. Eu acho muito importante realmente esse registro que sendo feito constantemente, tem muita contribuição a dar para o campo da pesquisa, para o campo até de propostas e projeções futuras de trabalho. O que eu acho muito importante é procurar, naturalmente, situar e conhecer e falar de SENAC, tentando entender a época em que o assunto está sendo falado, eu acredito que o SENAC, e tenho certeza de que ao longo desses anos todos, aquilo que mudou, mudou porque a sociedade mudou também, e aquilo que fez, fez porque era aquilo que era exigido naquela oportunidade. Então, temos fases melhores ou piores, temos fases mais vibrantes, fases mais animadoras, o importante de tudo isso é que o SENAC sempre ofereceu a oportunidade de que cada um se sentisse como sendo ele o SENAC, haja visto que é uma instituição atípica, não tem um dono, não tem um proprietário, não tem um grupo de acionistas que colocam seus recursos em busca de um retorno financeiro, o SENAC pertence a todos aqueles que fazem a sua história.
P/1 - Está o.k., a gente agradece muito a sua participação, Fernando.
R - Obrigado.
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