Morávamos no Peru. Lá não há a tradição de comemorar a Páscoa com ovos de chocolate, mas minha mãe carregava essa bagagem da sua terra natal, o Brasil.
As condições financeiras não eram das melhores, então ela utilizava ovos comuns, fazendo um furo dos dois lados e deixando-os secar, depois ela os pintava com tinta guache e a decoração ficava linda. O recheio era de amendoim torrado e picado e acho que era com açúcar.
Minha mãe sempre me contava que o coelho vinha no dia da Páscoa para escondê-los. Era todo um ritual: colocar os ovos no prato, deixar em um lugar especial e aguardar a sua chegada
Lembro que eu sempre dizia que iria ficar acordada para ver o coelho chegar. É claro que nunca consegui. E no outro dia ao acordar. SURPRESA Não havia mais ovos no prato e a busca pela casa era divertida e cada ovo achado era uma alegria. Minha mãe era muito criativa, ora escondia um na ponta do lençol pendurado no varal, ora dentro da gaveta dos talheres... era maravilhoso
Houve uma parte triste: quando ela faleceu eu tinha dez anos e já estávamos morando no Brasil, a primeira Páscoa sem ela fiz o ritual dos ovos e foi muito doloroso ver no outro dia que todos estavam lá.
Hoje lembro com carinho tudo o que ela fez por mim, seu carinho, seu cuidado e continuo essa história com meu filho de três anos, pois a fantasia faz parte da nossa vida.
POIE: Silvia Reinke – EMEF Profª Marina Melander Coutinho – Capela do Socorro