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Por: Museu da Pessoa, 26 de julho de 2013

Vida dura no Amapá

Esta história contém:

Vida dura no Amapá

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Eu nasci no dia 22 de junho, mas não sei a data do ano! Eu nasci no Bom Jardim, perto do Munguba, lá da beira de baixo, da fábrica.

Da mamãe era Raimunda Pinto de Azevedo.

O meu pai era Hermenegildo de Carvalho.

Eles cortavam seringa, ele cortou balata, tirava castanha.

Eles eram de Boa Vista.

Faziam para vender para os atravessadores.

Quando nós chegava tirava uma estrada para ele.

Todo verão ele cortava aquela estrada.

Temos um irmão que a mamãe teve com outro homem.

Minha mãe se separou do primeiro marido dela e depois ela casou com o papai.

Com outro ela tinha quatro filhos.

Só tem um homem, o resto só é mulher.

O nome dele é Benedito e das meninas uma Conceição, outra é Raimunda e outra é Vicença.

O primeiro marido morreu afogado.

Ela foi e ficou solteira e foi o tempo que o papai chegou e eles se juntaram.

Depois que tiveram as nossas outras irmãs mais velhas e casaram.

Eu fiquei com eles.

Tenho 12 irmãos de pai e mãe.

Só morreram duas.

Tudo mulher! A Josefa, a Ornélia, a Ana, a Sônia, a Telma, eu.

A Maria, a Socorro, que já estão mortas.

Nós nascemos tudo para lá, mas nos nós se criemos bem dizer aqui.

Papai botava uma vela na canoa e nós vinha todo tempo remando.

No dia que a gente saia, nós saía de manhã, dormia no meio de viagem ali por Arapiranga, baixada do Laranjal do Jari.

Quando era no outro dia, amanhecia nós peitava no remo que era para chegar aqui.

Quando era de baixada, a mesma coisa.

Até que o padre Frei Ricardo, nessa época andava fazendo batizado assim pela beira, chamou o papai se não era bom ele escolher um lugar que ficasse, ou bem lá ou bem aqui, ele foi e escolheu que nós ficasse aqui.

Nós vinha tirar a coleta da castanha.

Em baixo a gente fazia roça.

Quando era mês de janeiro, nós subia... Continuar leitura

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Correios 350 anos aproximando pessoasDepoimento de: Antônia Carvalho Pinto da SilvaEntrevistado por: Karen Worcman Comunidade de São José, 26 de julho de 2013Realização: Museu da PessoaHV_059 Transcrito por: Pedro CarlessiHistória de vida:P/1 – Olha, eu queria começar nossa entrevista, começando bem do início contando o seu nome completo de novo, e o dia e data que você nasceu. O que você lembrar.R – O meu nome é Antônia Carvalho Pinto da Silva. P/1 – E quando você nasceu?R – Eu nasci no dia 22 de junho, mas não sei a data do ano! (risos). P/1 – Você não lembra da data do ano? R – Não lembro.P/1 - E onde foi que você nasceu?R – Eu nasci no Bom Jardim.P/1 – Bom Jardim fica perto de que cidade?R – Do Munguba. P/1 – De nenhuma?R – Do Munguba. Lá da beira de baixo, da fábrica.P/1 – Como era o nome do seu pai e da sua mãe, Antônia?R – Da mamãe era Raimunda Pinto de Azevedo. Do meu pai era Hermenegildo de Carvalho. P/1 – E o que eles faziam quando você nasceu?R – Eles cortavam seringa, ele cortou balata, tirava castanha. P/1 – Eles eram daqui mesmo ou tinham vindo de outro estado?R – Eles eram daí... como era mesmo o município que papai morava? Era Boa Vista.P/1 – E eles faziam seringa e cortava castanha para quem?R – Para vender para os atravessadores.P/1 – Mas o seringal era de alguém?R – Era da natureza.P/1 – Era da natureza?R – Era da natureza e quando nós chegava tirava uma estrada para ele. Todo verão ele cortava aquela estrada.P/1 – Você tem quantos irmãos?R – Eu mesmo com papai e a mamãe nós não tenho nenhum irmão meu.P/1 – Não?R - Não, Nós temos um irmão que a mamãe teve com outro homem.P/1 – Quer dizer que ela se separou do seu pai?R – Não. Ela se separou do primeiro marido dela e depois que ela casou com o papai.P/1 – Ela se separou, e ela tinha quantos filhos?R – Com outro ela tinha quatro. P/1 – São seus irmãos?R – São.P/1 - Eles foram criados... Continuar leitura

Título: Vida dura no Amapá

Data: 26 de julho de 2013

Local de produção: Brasil / Pará / Laranjal Do Jari

Transcritor: Pedro Carlessi
Entrevistador: Karen Worcman
Autor: Museu da Pessoa

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