A minha família, por parte de pai, é italiana. Meu bisavô desembarcou aqui no Natal de 1900, com um filho de 3 meses. Eles atravessaram o Atlântico, e no desembarque o filho nasceu. Parece que ele era órfão e ele saiu meio fugido. Mas não temos muita informação dele. Sei que ele foi trabalh...Continuar leitura
A minha família, por parte de pai, é italiana. Meu bisavô desembarcou aqui no Natal de 1900, com um filho de 3 meses. Eles atravessaram o Atlântico, e no desembarque o filho nasceu. Parece que ele era órfão e ele saiu meio fugido. Mas não temos muita informação dele. Sei que ele foi trabalhar na região do café, em Serra Negra. Foram muitos avós que vieram para São Paulo.
Por parte de mãe, o avô era português, que veio na década de 30 para o Brasil. Nunca se naturalizou brasileiro, nunca quis. Ele foi trabalhar na lavoura também e se estabeleceu na região de Jaú.
Minha vida inteira foi uma transição entre interior e capital. Eu nasci no interior, em Limeira. A minha infância foi muito divertida. Era uma cidade pequena, a gente ainda via os limites da cidade. Na época, a televisão era branco e preto e pegava poucos canais onde eu morava. Então era uma infância muito na rua, onde a gente brincava. A brincadeira de esconde esconde delimitava o bairro como o lugar para brincar. Então a gente fazia muitas amizades. E nos divertíamos muito quando ia alguém de São Paulo para lá. Era um evento. São Paulo era um lugar muito distante, sobre o qual a gente não tinha informações.
Eu comecei a namorar nos bailinhos, que era algo muito esperado. Os pais e mães iam também. Não ficavam na mesma mesa, mas estavam lá, nos vigiando o namoro. Mas eu não cheguei a ter um namoro muito sério. Desde adolescente eu já pensava em sair, ir fazer a minha vida em outro lugar.
E eu vim para São Paulo, trabalhar no banco, independente da minha família. Morei numa pensão. Pra você ter uma ideia, tinha uns buracos no assoalho do meu quarto, que era o teto do cara de baixo. E dava pra ver o cara, que era um nordestino que tocava o mesmo disco todos os dias. Eu tive que comprar dele, para não ter mais que ouvi-lo.
No banco, havia uma pressão para eu fazer Administração. Mas como eu trabalhava de madrugada e tinha um amigo que fazia Cinema, na USP, acabei me envolvendo na área e entrei na ECA, Escola de Comunicação e Artes. E no ciclo básico acabei indo fazer jornalismo, que virou minha profissão.Recolher