Projeto: "Qual é o seu Centro?"
Realização Instituto Museu da Pessoa
Entrevista de Matilde Salomon
São Paulo, 28 de abril de 2001
Código: CCBB_CB079
Transcrito por Adriana Rosa
Revisado por:Beatriz Guerra de Sant’Ana
P/1- Boa tarde.
R- Boa tarde.
P/1- Por favor, o seu nome completo o ...Continuar leitura
Projeto: "Qual é o seu Centro?"
Realização Instituto Museu da Pessoa
Entrevista de Matilde Salomon
São Paulo, 28 de abril de 2001
Código: CCBB_CB079
Transcrito por Adriana Rosa
Revisado por:Beatriz Guerra de Sant’Ana
P/1- Boa tarde.
R- Boa tarde.
P/1- Por favor, o seu nome completo o local e data do seu nascimento.
R- É Matilde Salomon, eu nasci em São Paulo dia 11 de abril de 1938.
P/1- Dona Matilde, qual é o seu centro aqui nessa cidade? Onde a senhora frequenta mais?
R- Bom, meu centro é minha casa e eu frequento a cidade inteira. Eu gosto muito de conhecer lugares diferentes da cidade. Sempre que tem alguma coisa interessante, eu vou mesmo que seja em bairro desconhecido.
P/1- Agora, no Centro mesmo da cidade bem aqui no Centro, onde a senhora circula mais? Que ruas, que lugares...
R- Diria no Teatro Municipal e arredores lá da Praça Ramos de Azevedo.
P/1- E nessa sua frequência, teve algum momento que aconteceu alguma coisa inusitada que a senhora guarda na memória, alguma coisa bem interessante?
R- Olha o que eu guardo na memória é quando eu era menina pequena, acho que no fim da década de 1940 começo dos anos 1950, o chá que tinha no Mappin na época de Natal. E, o Centro da cidade era um lugar muito elegante, eu me lembro que minha mãe ia de chapéu e que a gente precisava se vestir bem prá vir no Centro da cidade. Mais tarde um pouco, foi a "Confeitaria Vienense" e quando eu era mocinha eu gostava muito de vir ao Centro ainda na década de 1950. O Centro era um lugar muito gostoso, bonito e a gente sempre tinha que se vestir bem. Eu muito cedo comecei a vir pro Centro da cidade sozinha porque eu tinha muitos irmãos e tudo, minha mãe não podia se dedicar e mesmo como estudante, eu fazia curso de francês na "Aliança" na Rua Barão de Itapetininga e outras coisas. O Centro era um lugar muito interessante pra mim, tanto pelo comércio como pelas livrarias, como pelas pessoas que a gente via. Mas, ultimamente, o Centro me dá vontade de chorar e todo o prazer que eu tinha de vir prá cá já está acabando de ver tanta sujeira e a miséria da população que frequenta aqui.
P/1- E atualmente a senhora frequenta ainda, um pouco?
R- Olha, raramente. Eu venho pro Centro da cidade só quando tem um, vamos dizer, alguma coisa muito importante, uma razão importante, pra vir prá cá. E hoje eu digo: "Ah, eu acho que vai ser mais tranquilo que um dia de semana e eu quero muito conhecer o Centro Cultural do Banco do Brasil. Está se falando tanto sobre a revitalização do Centro que eu gostaria de ver o que está se fazendo nesse sentido". Mas, eu acho que infelizmente não vai dar pra fazer grande coisa enquanto houver tanta sujeira nas ruas, enquanto as pessoas e o povão mesmo, não se esforçarem em manter limpo e encarar o Centro de outra maneira. Quer dizer, como parte da cidade deles, não só como um lugar de passagem.
P/1- E o que a Senhora tá achando dessa exposição para tentar revitalizar o Centro?
R- Eu acho ótimo, mas eu acho que, eu ficaria muito feliz, só que tem tanta coisa pra ser feito. Desde a educação do povo à, como se diz, melhorar o ar da cidade, o visual. A poluição visual também é um horror, então tem muita coisa. E eu acho que tem que ver, mais do que tudo com educação, com a preocupação das autoridades. Não é só uma coisa. Vamos dizer que uma firma importante vá assumir o patrocínio de uma reforma ou arrumar uma rua ou coisa parecida, eu acho que é uma coisa mais global.
P/1- Tá certo então. Muito obrigada pela sua colaboração.
R- De nada.
--- FIM DA ENTREVISTA ---Recolher