Programa Conte Sua História
Depoimento de Achim Thomas
Entrevistado por Felipe Rocha
São Paulo, 16/11/2017
Realização Museu da Pessoa
PCSH_HV642_ Achim Thomas
Transcrito por Mariana Wolff - MW Transcrições
Editado por Raquel de Lima
P/1 – Bom, como eu já disse, obrigado pela presença. ...Continuar leitura
Programa Conte Sua História
Depoimento de Achim Thomas
Entrevistado por Felipe Rocha
São Paulo, 16/11/2017
Realização Museu da Pessoa
PCSH_HV642_ Achim Thomas
Transcrito por Mariana Wolff - MW Transcrições
Editado por Raquel de Lima
P/1 – Bom, como eu já disse, obrigado pela presença. É um prazer ter você aqui. Como eu tava falando, é uma conversa, então se você não entender muito bem o que eu falar, pode me perguntar, pode interromper. Se você se sentir desconfortável ou quiser fazer algum preludio, falar alguma coisa em inglês, a gente vai desenvolvendo também, enfim. Mas eu sempre começo perguntando, pedindo para você me falar o seu nome completo, o local e a data de nascimento, por favor.
R – Ok, o meu nome do passaporte é Achim Thomas ___00:01:13____, mid-name Thomas, né? A data de nascimento, sete de janeiro, 1959.
P/1 – E o local?
R – Local chamava Brackwede, mas hoje chama Bielefeld, porque essa cidade foi incorporada numa cidade maior. São cinco quilômetros do centro de ____00:01:35___, mas chamava ____00:01:36_____, uma palavra estranha, né?
P/1 – Na Alemanha?
R – É, isso fica tudo na Alemanha, a província chama Norte-Vestefália, né?
P/1 – Eu gostaria que você falasse um pouquinho sobre os seus pais, qual o nome do seu pai, da sua mãe, o que eles faziam?
R – Meus pais vieram da Alemanha oriental que hoje é a Polônia. nessa época, posso falar antes, quando a Guerra aconteceu, que terminou em 45, meu pai tinha 18 anos, ele nasceu em 27, minha mãe tinha 12 anos, ela nasceu em 33. Então, antes de terminar a Guerra, meu pai foi… pegaram ele e ele foi… em 44, ele sumiu um ano brigando não sei contra qual país, mas em 45, ele foi prisioneiro quatro anos então ele nunca falou sobre isso. Ele faleceu quando eu tinha 19 anos, então já faz tempo, né? Então, o meu pai era carpinteiro, isso foi a nossa base de sobrevivência, né? E minha mãe… eles nasceram bem perto, acho que 20 quilômetros de distância lá na Alemanha Oriental. Em 45, minha mãe também teve que fugir, porque os russos foram pra Polônia e os poloneses foram para a Alemanha Oriental. Então, os meus pais tiveram que fugir até Berlim. Não sei a história em detalhes, mas minha mãe ficou em Berlim alguns anos e depois fugiu antes da construção do muro. Meu pai já foi mais adiante, até Bielefeld e eles se encontraram na casa, não sei como, um amigo, uma pessoa conhecida, aconteceu, né? Em 53, eles se casaram, em 54 meu irmão nasceu, em 55, minha irmã nasceu e eu nasci em 59. Somos três filhos. Os pais da minha mãe eu nunca vi, eles morreram em Berlim, mesmo, e os pais do meu pai morreram um pouco depois também do meu nascimento. Com dois anos, tenho uma foto o avô que se chama ____00:04:08______ da Guerra Mundial, a Primeira Guerra, ele morreu em 61 quando eu tinha dois anos. Família pequena, né?
P/1 – Então, você não chegou a conhecê-los, né?
R – Os pais do meu pai eu conheci bem pouco, os pais da minha mãe, nunca. Também tem um irmão do meu pai que eu nunca vi, ele estava preso na Alemanha Oriental, porque começou em 61 o muro, era como prisão, né? Eles não podiam sair do país, nós não podíamos entrar, só com convite especial, foi bem complicado até 89, né? Então, nunca a família do meu pai, um tio, eu tinha mais uma tia, ela faleceu acho que uns cinco anos atrás. Minha mãe só teve um irmã. Ela faleceu a semana passada, né? E o marido dela é ainda vivo, mas deve ter 80 anos com muitas doenças, toma muito remédio para ficar um pouco mais vivo, né?
P/1 – Tá legal. Tem alguma história da família que seja famosa dentro aí que tenha ficado dos seus avos, enfim, alguma história de coisas que eles faziam, ou que você se lembra deles?
R – Não. Eram bem tranquilos. A história como eu contei... Teve uma coisa interessante, a gente viveu nesses anos achando… eu nasci na… eu não lembro, mas a minha mãe falou que eu nasci nessa casa onde eu também fui criado até a idade acho que de 20 anos, minha mãe então me teve em casa, mostrava as pessoas. Essa casa era uma casa, um apartamento com seis famílias, porque na Alemanha é muito comum ser seis famílias, quatro, oito uma casa. Não tem tantas pessoas que tem uma casa própria. E nesse apartamento tinha um quarto, você entrou, lado esquerdo tinha o quarto de dormir dos pais, lado direito tinha um quartinho e depois, tinha uma cozinha. não tinha corredor, então foi tudo apertado, nós três filhos num quarto, né? E com dez anos, minha idade, o meu pai conseguiu nosso canto… mais um quartinho em cima do nossos apartamento que era o sótão. E o meu pai como carpinteiro, fez alguma coisa com madeira e esse quarto foi depois para meu irmão e eu e minha irmã ficou lá embaixo, mas o quarto não tinha privacidade, então minha irmã muito cansada dessa situação, ela saiu da casa com menos de 18 anos, um mês antes, né, normalmente não pode, né? Ela saiu da casa com 17 anos. Ela já estava fazendo uma educação como secretária, então a família já estava diminuindo, né?
P/1 – E os seus pais acharam tudo bem ela sair?
R – Acho que não gostaram, mas tinham também às vezes rancores, brigas, às vezes, pequenas brigas dos meus pais. E o meu irmão saiu com 23 anos, quando ele terminou o estudo de Engenharia Civil, ele foi a Hannover, são 120 quilômetros de distância, ele fez serviços civil, policia militar, ele fez serviço civil. Eu fui a militar, como disse, com 18 anos, não gostei, mas foi difícil evitar isso, né, é uma obrigação, né? Quinze meses, então eu fui lá, quando eu voltei com 19 anos e nove meses, fiquei mais três semanas, entrei em meu estudo de engenheiro, meu pai faleceu nos meus 19 anos.
P/1 – Vamos voltar um pouquinho. Você falou que você nasceu nessa casa, você falou um pouquinho sobre a casa, como que era o ambiente? Como que era a convivência?
R – Uma casa de seis famílias, eram três famílias turcas, três famílias alemãs e lá embaixo, tinha uma moça com uma senhora velha com cadeira de rodas, então era uma casa bem estranha. Nosso vizinho era alemão, brigava muito, batia no filho dele. Era __00:08:20___ um pouco, né, não era favela, mas era também um pouco __00:08:26___, eu achava isso, né? Nossa família tinha o dinheiro para ter tudo, mas não tinha carro, não tinha luxo, nem tinha férias, duas férias em 20 anos não acho muito para uma família, né? Neighborhood, né, tinha bastante gente, crianças, a gente também fazia bastante jogos, às vezes, brigas, mas tinham algumas pessoas fazendo muita bagunça e isso foi meio praxe, né? Eu como caçula, não chamava muito a atenção dos pais, né, meu pai não queria muito dar atenção, minha mãe estava muito ocupada com ela mesma, né? Falando muito, fazendo pouco, eles estavam em casa e quando o dinheiro não era suficiente, ela começou a limpar outras casas para ter mais dinheiro, mas ela não conseguiu muito bem guardar o dinheiro, ela gastou mais do que tinha. Isso também foi um pouco problema, né, mas não tinha dividas, mas não tinha dinheiro extra, né, para isso, né?
P/1 – Você falou dessa férias. Você lembra delas? Pra onde vocês foram?
R – Uma… tem uma foto também, das férias coma minha família, a tia, o tio eu não lembro. A tia que está na foto, só. Ela tinha carro essa tia, né, a nossa família nunca teve carro, fomos a ___00:09:49___, perto de ____00:09:51____, perto de Hannover, né? Ficamos na barraca, camping. Eu não lembro nada. E as outras férias foi com 12 anos, dez anos depois, ao contrário, ao sul, na fronteira, já quase Suíça, né? ____00:10:10____ são montanhas, muita neve, era no inverno mesmo, né? não me lembro muito, mas achei chato. Esse povo que mora na vila, eles vão dormir às oito da noite, eles desligam toda a luz. E a gente não tinha muito jeito. Eu não lembro, mas eu sou como uma coruja há muito tempo, eu gosto da noite, eu nasci às nove da noite, acho que por isso, eu gosto muito. Fico acordado mais tempo do que a maioria das pessoas que eu conheço, ou namorada mesmo, né, que às vezes, tem um problema em casa, né? Eu durmo às vezes, uma ou duas da madrugada e acordo as oito. mas tem gente que vai dormir das três às 11.
P/1 – E na infância, do que você gosta de brincar?
R – Eu gostava muito de aventura, como os meninos fazem, né? Bagunça, né, roubando a cozinha, entrando na dispensa e roubando chocolate, vizinhos que não gostamos, mandamos ele pro taxi para não atrapalhar, para fazermos bagunça, né? Como chama? Mas você lembra, quando você chama o taxi para uma pessoa e ele não pediu o taxi, né? Não sei como chama. Quando tem ano novo, você tem aquele foguete, né?
P/1 – Ah! Fogos de artificio.
R – Tem também o fogo artificial pequeno. Tenho um amigo, que passamos cinco anos juntos na escola, de classe cinco a classe nove, passamos cinco anos juntos, ele era muito esperto, mais que eu. A gente fez coisas como aquele fogo artificial, até bombinhas, né? Um cano da aço, fecha, fecha, deixa um pouco aberto para entrar uma coisa para ascender a luz e boom. Aí, eu lembro o que colocamos lá dentro, ou a gente fez uma fumaça colorida e os vizinhos já sabiam quem fez isso, né? Algumas bagunças. Aventuras mesmo, né? Mas estava um pouco ___00:12:21___ nessa época, né, isso foi porque na família eu não pude expressar… meu pai estava mandando, ou falando: “Cala a boca”, como ficar quieto, então é um silencio solitário. Então, por isso, quando eu brinquei, às vezes, foram para se expressar ou às vezes, também, porque às vezes, pede.
P/1 – E como que era a escola que você estudava?
R – não lembro tanto da escola, mas na minha classe tinha uma moça bem velha, quase aposentada que usava um bambu pra bater nas mãos quando você não prestava atenção. Depois, eu lembro de um professor que deu apelidos para todo mundo, sem querer, né? Me chamava cuncar não sei porque. Ainda me lembro dessa palavra.
P/1 – Cuncar?
R – Não sei, era apelido. Não sei porque. Esse rapaz, esse professor era assim, ele deu vários nicknames, apelidos para os alunos. Depois mudei para outra escola cm minha irmã também que ficou na mesma escola, era main school, basic school, classical e main school. E lá fiquei seis anos. Nessa, tinha quatro anos uma professora que não gostou de mim, também não foi tão fácil, né? Quando eu fazia bagunça, na escola às vezes não fui, né, poucas vezes não fui. A minha irmã estava na mesma escola, tinha alunos perguntando: “Seu irmão não vem?”, ela ficava surpresa, né, porque ela não sabia que eu não tinha ido para a escola. Mas isso só foi acho que uma vez por dois dias. Isso acontece quando a sua família vai para a mesma escola, né? Mas eram 90 diferentes classes, a última, classe nove, a última classe nono ano e eu tinha outra professora, eu gostava dela mais, ela gostou de mim também e eu consegui uma qualificação para poder estudar, para poder fazer a classe dez, a decima classe. Eu me tornei eletricista depois, dois anos depois e assim, eu consegui entrar para a escola classe 12, porque eletricista é classe 11. Então, eu fiz depois classe avulsa e depois consegui entrar numa escola para estudar. Não chama universidade, mas chama em alemão ____00:15:09___, uma universidade particular eletrotécnica. Nessa época, foi também um caminho e eu nunca fiz ginásio. Sem ginásio, normalmente não pode estudar, mas tem o segundo caminho assim, né? Cheguei a entrar na escola e estudar, foi muito importante, né?
P/1 – Então, você fez esse técnico de eletricidade, é isso?
R – Sim, eu já tinha a educação como eletricista, então eu estudei Engenharia nos próximos quatro anos. Mas antes de eu poder fazer isso, eu tinha 18 anos, entrei no militar, passei lá 15 meses, o mínimo, quase teria prolongado por dois anos, mas felizmente não fiz. E quando eu estava lá dentro dessa maquinaria, não pode sair mais, tem, que ficar 15 meses, né? Eu não gostei. Muita hierarquia, muita violência, as pessoas só ficam contando os dias que faltam para sair, né? Todo mundo tem que ir, quem não fica dois ou quatro anos, fica lá 15 meses.
P/1 – Tem alguma situação no Exercito que foi muito desagradável, assim?
R – Pra mim, nessa época foi não tão difícil com violência, porque eu tenho problema em um olho e por isso, não consegui ter uma licença de ___00:16:21____ e esse lugar onde eu fiquei é um batalhão de transporte. Quando você não tem bons olhos, você não pode fazer a licença, então você não pode sair. Então, eu peguei um trabalho na secretaria de cálculos, fazer as contas de comida, tinha uma posição muito gostosa, porque todo mundo queria ser meu amigo pra não perder dinheiro, né, porque eu podia falar: “Você chega tarde, não vou te dar”, mas as minhas autoridades, meu chefe não muito gostoso, era militar mesmo, né, tinha às vezes, conflitos, né? Mas antes tinha outros problemas com violência que acho importante, quando eu tinha 15 anos, 16 anos, quando eu era eletricista, meu tio trabalhava lá e me ajudou para achar um lugar para prender isso tinha violência. Eu também era uma vítima de um grupo de quatro pessoas e eles, às vezes, uma pessoa que não sabe bem se defender. Nessa época, eu não sabia me defender porque estava influenciado pelo meu pai, então esse primeiro ano foi difícil, até eu aprender a me defender, até ____00:01:45___ e como me defender. Mas depois, quando eu passei isso, me defender, não tinha mais problema nessa empresa, mas via as pessoas lá velhas e pensava: ‘Nunca vou ficar velho aqui, não quero ser eletricista por 45 anos, chega”, aí sai. Quando eu estudei, eu também me separei do militar, eu participei de uma iniciativa contra os militares, aquilo foi muito importante, nunca mais vou para o militar.
P/1 – Então, depois você começou a ser anti militarista?
R – Sim. Isso chama reservista, mas sem precisar voltar para o militar. Tem que fazer um teste, como aqui, com as pessoas, eles perguntam muitas perguntas estranhas, você sempre tem que ter uma resposta de violência, então você tem que ter muito cuidado com o que você responde, sempre tem que responder: “Não sei, eu não sou violento”, um avião que vi matar uma vila com bombas, você vai acertar o avião ou vai deixar o piloto bombardear uma vila? Cada resposta mostra se você é violento, então tem que responder diferente, né? Muito difícil, mas consegui na segunda vez. Na primeira não deu, na segunda, esperei dois anos para ter a segunda chance, né? Mas nunca vou voltar ao militar e nem iria hoje, né?
P/1 – E esse trabalho como técnico de eletricidade, ele foi o seu primeiro trabalho?
R –Eu nunca trabalhei como eletricista, quando terminei com 17 anos, eu fui para o militar direto, não, isso tá errado. Eu com 17 anos, eu fui para a escola, classe 12 e com 18 anos, em 77, eu terminei, eu fui direto para militar em junho, julho e fiquei lá 15 meses, porque 15 meses só perde um ano e não queria perder dois anos nessa época e depois, comecei a estudar, né? Minha vida mudou muito, era como do inferno para o paraíso. Você começa as aulas quando você quer, mas mesmo engenheiro, você tem que ir lá cinco vezes por semana, tem 30, 35 aulas por semana, mas esse foi o primeiro estudo, né, uma preparação para o segundo estudo.
P/1 – E o segundo estudo foi esse de Engenharia?
R – O primeiro estudo era engenheiro, chama em alemão ___00:20:17___, que em inglês e em português trabalha com informação. Em 82, não tinha ____00:20:28____, que hoje acho que nem tem muito, não precisa. De 60 até 80, já tinha muito, né, para começar as coisas, uma sala daqui cinco vezes, também não sei, nem sei como faz, eu aprendi coisas que eu já esqueci. Eu consegui passar a teste, terminar o diploma em janeiro e pronto. Em 82, terminei e eu aprendi como aprender, só aprender o que precisa aprender. Eu estava também cuidando dos exames nos últimos anos com os professores, era um trabalho meu lá na escola e assim, eu aprendi com esses exames, fazendo, né, e sai como engenheiro, não sei como, né? Aprendi só o mínimo, terminei com o diploma em estatística ____00:21:29___. Mas em 82, eu terminei e já decidi esse horário novo. Isso tudo já mudou a minha vida um pouco porque militar para estudar já é um passo grande, né, mas para estudar de novo, social, trabalho social que foi depois de novo porque é mais fácil entrar com o trabalho social. É difícil, mas eu consegui e a condição é seis meses de pratico. Seis meses, 26 semanas tenho que fazer coisas, então eu fui dez semanas
no jardim de infância do Waldorf, foi bom, eu passei seis semanas na Áustria, com crianças de 11 até 17 anos e senti que esse não foi um bom trabalho pra mim ser um cuidador dos adolescentes, né? Eu passei três semanas no papel em Kibutz e fiquei em Israel, três semanas no Kibutz e três semanas viajando. Mas eu consegui dez semanas, né, então antes, juntei 26 semanas e consegui estudar em 83, né?
P/1 – Você falou que no fim das contas, você falou que não era pra você, por que você acha que ser cuidador, essa experiência…
R – Eu acho… eu tenho dificuldades de liderar grupos, né? As vezes, tenho momentos que eu não posso fazer isso, eu tenho que ir, mas eu não gosto muito, né? Igual como adolescente, lá na Áustria, fizemos um… você faz umas férias com um grupo para ficar três semanas lá nas montanhas e ninguém gosta de caminhar. O que você faz na Áustria nas montanhas? Eles querem namorar, eles querem ficar sozinhos, eles querem música e dança, mas a gente tá lá para cuidar deles. Nós tínhamos a responsabilidade para nenhuma menina engravidar, né? E então, o que fazer com eles? A gente tentou, então, o melhor possível e não sou uma pessoa que gosto muito de falar em rente de 20, 30 pessoas, né? Então, isso foi um pouco difícil, mas também foi uma experiência, né?
P/1 – Eu queria voltar num ponto que a gente passou, mas que já foi um pouquinho. Você falou que lá, quando você tinha 18, 19 anos, você perdeu o seu pai, né?
R – Sim, eu tinha 19 anos quando entrei na universidade, aquela ____00:24:04__ igual engenheiro, chama ___00:24:06___, uma universidade especial, ela tem essa terminologia eletro e outra chama social… um centro social. Porque tem a escola de trabalho social, que eu fiz no inicio, depois eu mudei para pedagogo social, tem os dois no departamento social, né?
P/1 – Mas então, quando você tinha 19 anos, você perdeu o seu pai. Eu queria que você falasse um pouquinho sobre como você se sentiu, como foi essa experiência. Claro, se você quiser falar sobre isso.
R – Eu voltei do militar, eu fiquei três semanas em casa, minha mãe nessa época tinha problema com a psique dela, ela não estava em casa, ela ia numa psiquiatra, não sei qual, porque ela tinha alguns problemas, né, então eu estava em casa quando o meu pai morreu. Eu tinha 19 anos, então eu chamei os meus irmãos, eu chamei a policia e a ambulância. Eu perdi o primeiro semestre dos estudos, porque eu tinha que fazer muita coisa, arrumar a coisa toda, o trabalho dele, muita coisa. E eu nunca tive uma conexão forte com o meu pai, então eu também não senti tanta falta, mas mesmo assim, foi chocante, né, porque ele sumiu, né, perdi, não estava mais conosco. Minha mãe estava comigo, morando juntos, mas nessa época, na psiquiatria, né, e meu irmão já estava morando em Hannover, minha irmã já era casada, porque eu tinha 19, ela já com 23 anos, já tinha saído ha cinco anos antes. Então eu fiquei sozinho com o meu pai quando isso aconteceu, né?
P/1 – Tá legal. E você tava falando um pouco desse curso de trabalho social…
R – É um estudo, né?
P/1 – Estudo, isso. E você falou quando a gente tava falando você falou: “E daí pra frente, comecei a me virar e tentar trabalhar”, quando que começa… quando que acontece esse movimento de você parar de estudar e começa a trabalhar e por que você decidiu fazer isso?
R – Vários passos, né? Primeiro passo era do militar para o engenheiro, já foi muito bom. Mas agora, ainda melhor foi decidir de engenheiro para trabalhar, eu gostei mais ou menos, mas perdi muito o interesse de estudar, muita terminologia, pessoas muito chatas, professor lá, nesse centro técnico, você só fala em alemaozi, então não fala du como u, então as pessoas lá, às vezes, (corte de áudio). Então, quando estava no fim dos estudos, já sabia: “Vou mudar”, vou querer trabalhar com outras coisas, com outro tipo de pessoas, então trabalho social já estava… tinha amigos que fizeram isso, então eu me interessei muito e fiz. Quando eu comecei, já foi um paraíso, eu já fui três vezes por semana pra estudar, segunda não, de terça até quinta, né, foi bem leve. Eu procurei as coisas mais práticas e fiz cursos, atuei em teatro, participei de um ano em teatro que não foi tal fácil e também teve problema, às vezes, de se conectar com algumas pessoas, tive poucos amigos, mas tive. Fiz vários cursos, fiz ___00:27:44___, cursos que eles mostraram ou ofereceram, como uma pessoa que tem problema na família e não resolve, não vai ser uma pessoa que pode resolver
problemas da outra família, né? Então, fiz muita coisa assim, mas estudei oito semestres, quatro anos e fiz uma interagem dos textos, né, em alemão chama textoexame, então eu não terminei, mas eu gostei muito desse estudo e ser um trabalhar nessa área também, mas me ajuda agora para me financiar, isso é uma coisa bem importante, nos estudos, no começo semestre, eu já percebi que não tinha dinheiro, minha mãe que me ajudava, não tinha muito dinheiro, então eu desisti, falei:
“Não quero sem dinheiro”, meus irmãos tinham a vida deles, nunca pedi e nunca recebi de nenhum deles, só recebi um pouco de dinheiro do meu pai que morreu, tinha uma aposentadoria do infante, né? Foi pouco, 150 dólares, né, por mês, mas eu recebi isso até 26 anos. Então, estudei até meus 27, mas o meu problema era ganhar dinheiro, né, então eu tinha fim de semana livre, de segunda até sexta, esses quatro dias tinha quase nunca aula, né, então eu comecei as coisas. Uma foto mostra eu estava trabalhando ___00:29:17___, mas não deu certo, então eu trabalhei em outra coisa. Ensinei Matemática, mas não deu certo, a moça passou a ter nota negativa, então acabou isso aí, né? Tinha outro trabalho de fazer transportes. Eu fiz, mas encontrei uma pessoa interessante que me mostrou um calendário com todos os mercados da Alemanha do ano, completo, chama ___00:29:41___, feito na Alemanha, foi muito importante, um calendário com muitos eventos ___00:29:50____, eu fui então em contato com essa pessoa, tem propaganda, pode vender isso, camisas, pode vender sapatos, pode vender brinquedos, pensei que podia ser uma coisa interessante. E também no Kibutz que passei lá as dez semanas nesse mesmo ano, em 83, conheci uma pessoa em Münster, é perto de Bielefeld, 80 quilômetros, ela foi pra cidade comigo, falou pra mim: “Você tem que trabalhar”, ela vendia pôsteres, eu vi como ela vendia o pôsteres, fez 50 marcos alemães em 45 minutos, ela vendeu e com 80% de ganho, né, coloca no bolso, né? Eu pensei: “Fenomenal”. Ela não queria me falar do endereço, mas eu peguei fogo um pouco e finalmente, fizemos acordo, eu usei o meu carro, tinha um carro pequenino, chama Fiat 900, um italiano, bem pequeno e a gente foi juntos. Ela me mostrou onde compra os pôsteres, e eu usei o meu carro. E ela fazia esse trabalho porque tinha um namorado israelense, todo esse negocio era dos israelenses, né? Isso foi tudo as conexões no Kibutz, né? Então, a gente foi junto no mercado de Nuremberg em Munique, 600, 700 quilômetros, o carro nem conseguia chegar lá, quebrou, ficou lá na autopista, acabou a
história, né? Chamou o guincho, ele foi para o ferro-velho, né, e nossa história continuou, alugamos um carro. A gente fez dez dias, eu acho juntos, ____00:31:36___ e ganhamos ainda dois mil marco alemão em dez dias, nossos lucros. Pagamos o carro alugado, ficamos num albergue juntos ou numa pousada, ou um amigo, uma pessoa nos convidou. No total, ainda ganhamos nessa época 100 dólares, 200 marco alemão por dia cada um. Foi bom, porque naquela época 100 dólares era mais do que hoje, né, em 83. Assim começou a história, o carro quebrou quando eu voltei a ____00:32:10_____, comprei outro carro pequeno, continuando assim, né? Um carro pequeno que quebrou, comprei um outro carro que andou dez meses que quebrou. depois, comprei um carro pequeno ___00:32:24____, andou mais ou menos, mas tinha ainda bastante problema. E depois em 85, comprei um carro que aquela foto mostra, né? mas para chegar lá, eu tive que trabalhar bastante, então 83 comecei a trabalhar, em 84, comecei a trabalhar em outros países, como Franca, Espanha, Portugal, mas lá não ganhei muito, só ganhei
férias, né, trabalhei duas vezes por semana, deu para financiar a minha viagem. Na fronteira Bélgica-França, eu tive que pagar uma multa porque eles pegaram o meu carro com toda mercadoria sem estar declarada, então paguei tudo que tinham, dois mil dólares, paguei tudo pra eles. Não foi mil dólares, foi seis mil francos, então estava totalmente a zero, só tinha quadros, eu voltei para
_____00:33:15_____ , Holanda, né, é uma aliança. Comecei de novo a trabalhar, até que em 84, no fim das férias, para mim não eram férias, né, economizei algum dinheiro como 500 dólares. Deu para sobreviver. Mas eu comecei a ganhar em 85 quando eu comecei a trabalhar na Escandinávia e assim, eu trabalhei o verão inteiro e ganhei o suficiente, acho, foi 22 mil marcos, esse carro que tem lá, esse eu comprei, esse foi o meu passe para continuar assim. Já tinha perdido um pouco o interesse nos estudos, né? Aí, não estudei.
P/1 – E que tipo de mercadoria você vendia? Você falou de pôsteres?
R – Sim, só pôsteres. Nós quase mudamos, porque tinham pôsteres novos, outros tipos, começou com Pierrot, aquela Colombina, que tem lagrima, cachorro, macacão, coisa assim, gatos com olhos grandes. Depois mudou para pinturas pequenas, com pássaros e depois também mais gatos e mais cachorros pequenos, foi outro negócio, com vidros junto, com moldura, já tinham quadros grandes com três paginas, tinham vários tipos… às vezes, vendia outra coisa, o que não deu certo, eu vendi também isqueiros uma vez no Natal, em 92, não sei quando, 92 talvez. Vendi poucas coisas diferentes, tentei a joalheria, comprei no México, mas nada deu certo, sempre fui bom com quadros. Mas eu mudei os quadros e esse tipo de quadros que comprei em estoque, eu vendi até 92, quando eu vendi esse carro em 93, eu comecei a me preparar para o fim das vendas, né? Eu terminei os meus estudos em 87 e continuei trabalhar, viajar, trabalhar, viajar, trabalhar… porque antes de 87, eu fui a primeira vez para Índia, e assim, eu já comecei a pegar fogo das viagens longe, foi minha primeira viagem a Ásia, né? Oitenta e sete fui para o México com a minha namorada que eu ainda tinha, em 88, fui para Índia encontrar o meu mestre iluminado, chama ___00:35:51___, hoje chama Osho que faleceu em 90, né? Encontrei ele, não pessoal, mas a distância, né? Então, já mudei meu nome para ___00:36:01____, meu nome do passaporte, não uso muito, só no passaporte mesmo, né, ou quando vou fazer negócios com bancos, coisa assim, né?
P/1 – Então, só retomando, a primeira viagem grande que você faz é pro México em 86 e depois, pra Índia.
R – Vamos ver juntos. Em 83 fiz minha primeira viagem a outro continente, fui aos Estados Unidos com o meu dinheiro que tinha economizado, oito semanas em Califórnia e Nova York e duas semanas no México. Quando voltei para a Alemanha, era entre os dois estudos, né, então em 83, eu voltei pra Alemanha, fiquei lá acho que uma ou duas semanas. E fiz uma segunda viagem com o dinheiro que ainda tinha economizado, porque vendi o meu carro, né, por isso eu tinha um pouco de dinheiro, usei o carro, fui com minha namorada. Em 83, ficamos oito semanas nos Estados Unidos, e duas semanas no México. E quando voltei, fiz aquele negócio na Áustria e depois, comecei a estudar. Segunda viagem longa foi em 86, foi a primeira viagem a Índia, terceira foi em 86 para o México de novo, acho que eu fiquei três meses, México, Guatemala, Belize, nem lembro tudo, mas posso ler na minha biografia. Então, em 88 fui a segunda vez a Índia, encontrei o meu mestre espiritual e eu comecei com mais terapia, pra mim, é muito importante fazer uma terapia quando tem necessidade, né? Eu comecei com esses estudos de psicodrama e teatro e na Índia, eu fiz mais coisas. Depois comecei treinamento de massagem, craniosacral, reiki, e tibetan pulsing, que chamam aqui de pulsação tibetano.
P/1 – Então, a viagem da Índia é um marco importante pra você, porque você tem… foi a primeira vez que você teve contato com todas esses outros conhecimentos, essa medicina…
R – Sim. Eu já estava um pouco interessado com psicoterapia mas não fiz na Alemanha. Uma das causas é que era tudo mais caro, nessa época, Índia era muito mais barato, né, e também não tinha tanto dinheiro,. Quando eu trabalho no verão e viajo no inverno, o dinheiro se limitava. Quando você faz terapia, você gasta o dinheiro bem rápido, né? Então, ainda tinha uma escolha. Eles chamavam de ____00:38:45___ o maior centro de terapia do mundo. Tinha vários cursos. Hoje vai pagar mais caro lá do que aqui no Brasil ou na Alemanha. Incrível, mas nessa época, deu para pagar e também quando
não faz curso, paga pouco, só paga comida e para entrar no ____00:39:05____ para o seu quartinho, você vive com 25 dólares por dia, hoje talvez, 30 ou 40 dólares, ainda dá para gastar tanto, não é tanto como aqui gasta, né?
P/1 – E aí, você tava vendendo esses pôsteres e aí, você vai para a Índia, depois volta e aí, em 93, você para de;;; você encerra os pôsteres, então?
R – Deixa eu me ver como foi isso. Eu fui a Índia em 90, eu fui a Índia em 88, terceira vez, 90 a quarta vez e depois, eu fui uma só para viajar, então, eu não… em 87, eu terminei os estudos, terminei, mas não… sem diploma, né? Eu cancelei, né? Até 87, eu morei com outras pessoas em apartamentos. Primeiro, quando eu sai da casa da minha mãe, eu morei sozinho, segunda casa eu morei sozinho, mas passou três meses só no primeiro apartamento. No segundo apartamento, eu passei lá um ano e meio, depois morei junto com, minha namorada num campo, acho que foi um ano e meio e depois, morei com duas comunidades pequenas, uma vez, quatro pessoas, uma vez com cinco e passei em cada uma um ano. Então, em 87, eu comecei a morar num trailer e também em 87, eu terminei o estudo, eles me terminaram, porque não fui me rematricular, né? Oitenta e sete foi um ano que eu comecei mais a só trabalhar e viajar. Antes foi ainda estudo também, não tinha tempo para tudo, então tinha que ver o que fazer agora, então terminei o estudo, que não senti falta, né?
P/1 – Dos pôsteres que você vendia, teve algum que foi marcante, assim, que você ou não queria vender ou que foi uma venda muito legal, teve alguma história especial por trás?
R – Os pôsteres que eu vendi no passado, eram, coisas que eu comprei no estoque, então eu comprei as coisas de melhor, como Bob Marley, Che Guevara sempre bom, essas duas pessoas, né? Quando eu… depois em 92, eu não comprei mais, eu só vendia o que tinha, mas depois eu perdi os ingressos e nos anos 90, eu consegui duas pessoas que me passaram esses ingressos de novo, que foi bom, mas eles não tinham mais os pôsteres como… era mais laminado, com plástico, havia coruja, não sei o que, coisas… golfinhos, baleias, bonitinho, mas não vendia muito, não, não fazia muito dinheiro. Então, em 2002, eu vendi, continuei e ganhei menos e menos, isso foi a única fonte de ganhar. Mas eu ainda tinha investimentos que foi cada ano pior, né? Eu me virei bem nos anos 90, mas em 2002, eu fiquei bem pra pensar o que fazer agora. Então, em 2003, pequei uma maca de massagem, fui a França e a Espanha e tentei fazer massagem na praia. Foi bom mais ou menos, eu ganhei no máximo uma vez 100 ou num dia, mas eu gastei mais do que ganhei, então não foi bom. Fui até Ibiza, fui a Mallorca, mas não deu bem eu fazer massagem na praia você não ganha bem, ou você tem que ser uma mulher, coloca uma barraca, cria um espaço de uma intimidade turística. Eu também vendi pôsteres de vez em quando, mas eu não ganhei muito, sempre chegou policia, particularmente na França e Espanha, né? Então, ate a policia lá na Espanha uma vez roubou todas as minhas coisas, levaram tudo para a delegacia, eu tive que pagar uma multa de 25 mil pesetas, é mais ou menos, 850 euros, né, nunca paguei porque o valor dos pôsteres era inferior, deixei com eles, em Valencia, na Espanha. Em 92, 93 vendi esse carro e fiquei numa casa de terapia na Holanda, muito forte, chama Human University, o criador, são dois, Samario e uma mulher holandesa, ele jamaicano, ele faleceu acho que faz um ano, era um dos melhores terapeutas que eu conhecia, ele é uma pessoa ___00:43:54_____, ele fez muitos processos. Ele criou muitas terapias e muitas meditações que eram iniciadas pelo Osho, mas ele continuou e fez muitas coisas boas. Ainda hoje, existe essa casa da terapia, ____00:44:11____. Eu passei lá cinco meses, muito forte, né? Eu passei lá um mês no vero de 92, eu vendi o meu carro antes, não tinha mais carro, não tinha mais casa na Alemanha. Então, eu passei lá em Amsterdam morando num
quarto de uma pessoa conhecida cinco meses e voltei para essa terapia mais duas semanas, fui a Índia e depois, voltei para essa casa em 93, né? Lembro tudo em detalhes, mas foi mais ou menos assim. Então, nessa época, fiquei cinco meses num quarto, mas em 97 não tinha mais apartamento, eu morei num trailer e quando eu sai da índia, eu aluguei um quarto, tinha uma mala, uma mochila, que é tudo que precisa, né? Eu tinha um pouco de mais bagagem com quatro caixas grandes antes de 2002, e depois, conheci uma brasileira que morava em Cabo Frio, ainda mora lá, ela me chamou e então eu decidi desfazer da minha bagagem, uma caixa era lixo, uma caixa eram livros que vendi, uma caixa era… duas caixas eu juntei, fiz uma caixa de madeira e mandei tudo a Cabo Frio, sete meses durou a viagem das caixas, chegou no Rio com muita dificuldade, né? Porque achar uma caixa no porto do Rio é impossível. Mas eu consegui. A amiga de Cabo Frio tinha uma amiga no Rio que tinha uma pessoa conhecida que trabalhava no porto. Eu consegui o número do container porque se eles não te passam o número do container, você não acha nas suas coisas. No Brasil tinha que pagar mil reais para receber minhas coisas, eles falam: “Porque você pode vender as coisas”, minhas coisas, né, e eu paguei um imposto para importar as minhas coisas, mas paguei aluguel no porto. Minha caixa ficou lá três semanas, quatro semanas, você tem que pagar para tudo, ainda paguei mais ou menos mil reais para receber as minhas coisas. Isso foi em 2002. Fiquei seis meses em Cabo Frio, morando e depois, quando não deu mais cero o relacionamento, deixei as coisas lá no lugar dela, num deposito, mas nosso relacionamento terminou, né? Mas em 2002, 2003… 2004 então comecei de novo com uma ideia muito boa, comecei a imprimir os meus pôsteres, minhas ideias. Então, pego uma das minhas ideias e imprimo, né? Faço uma copia em preto e branco e eles. Tem alguns casos que venderam muito bem, como Al Pacino, James Dean, como já falei, Bob Marley, Che Guevara, Nelson Mandela, Martin Luther king, coisas assim, vendia muito bem.
P/1 – Mas você que fez as artes dos pôsteres, então?
R – Eu comprei… eu fiz tudo num tamanho bom que não tem muito, 50 e 60 centímetros, é um tamanho, quando você compra, é o tamanho maior ou metade, mas esse tamanho eu consegui…comecei com esse tamanho, já tinha esses pôsteres dos anos 80, né, mas outros pôsteres do mesmo tamanho. Eu também fiz preto e branco, que é mais barato e o povo compra e acha o tamanho legal preto e branco. Muitas coisas de nostalgia é melhor preto e branco, como o Charlie Chaplin, mais lindo. Agora também tem cidades como o Rio, Paris, Londres e nova York, né? Então, são bons para mostrar uma variedade, né?
P/1 – Então, a partir de 2003, você começa a produzir os seus próprios pôsteres?
R – Em 2004.
P/1 – Dois mil e quatro.
R – A ideia cresceu em 2003, quando eu vendi cada vez menos. Podia vender qualquer coisa, mas não sabia o que, né? Eu comecei com 40 pôsteres, agora tenho 400 pôsteres diferentes.
P/1 – No catalogo?
R – não, o catalogo não existe, mas eu fiz 40, depois fiz mais 40, mais 40 e em média, 40 por ano, agora, dez, 12 anos depois, tenho 400, mais ou menos. Eu perdi um pouco a conta da vista, né, tem mais ou menos 400.
P/1 – Você vende no mundo inteiro?
R – Atualmente, não, porque não pode vender sem carro, você tem que transportar, né? Então, eu só vendo em… mas minha experiência ruim em Espanha, França, principalmente em Valencia, se vende bem, mas tem problema, né? Então, eu vendo melhor na Escandinávia, eu tô vendendo na Escandinávia já desde 85. Quase todos os anos, só que lá em 90, eu viajei um ano, então não vendi esse ano, né? E vendi muitos anos em mercado da Alemanha até não sei quando.
P/1 – São aqueles mercados de pulga?
R – Não, não! De pulga, não. De pulga é segunda mão, não posso vender de segunda mão, porque os pôsteres são novos, eles vão te dar 20 centavos. Eu vendo por um preço entre dois e quatro dólares, tem que ser uma mercadoria nova. Parque de diverso é bom, mas também não é tão bom, as pessoas bebem, é como uma festa, álcool, muita música alta, você fica lá próximo do carrossel, uma coisa que eu via era essa, montanha russa, você tem o alto falante e você fica lá outo horas por dia, imagina como você se sente depois. Isso eu não fiz muito tempo, né? Mas mercados também deu, mas agora vou fazer em cidades, quando as lojas abrem, eu abro, quando eles fecham, eu fecho. Às vezes, eu vendo domingo, porque na Finlândia, as lojas abrem domingo, na Alemanha não. Então, vendo quando eles abrem. Quando eles não abrem, você não tem movimento na rua. Então, é um pouco melhor, fico lá.
P/1 – Por que você acha que na Escandinávia vende melhor?
R – Por que eu vendo melhor na cidade?
P/1 – Na Escandinávia.
R – Uma das causas, eles tem menos policia, porque eu vendo sem licença, eu vendo na cidade, às vezes, pago por um lugar. Na Finlândia, tem uma cidade, chama ___00:50:49____ umas três horas, 20 dólares ____00:50:55____ pra alugar, mas eu coloco primeiro as coisas, depois eu pago. Eu não gosto que você pague e vão te mostrar um lugar lá atrás da casa e não tem movimento, não vende nada, né? Então, esquece, né? Então, eu procuro um lugar, na Escandinávia, já tive muito problema com estacionamento, você para o carro, geralmente eu não pago, deveria pagar, mas como ____00:51:23____ problema. Só uma vez eles guincharam o meu carro porque não paguei as multas por dez anos e eles viram: “Esse carro já é conhecido”, então eles guincharam o carro até eu pagar as multas, que foi de dois mil euros a multa completa. Porque guinchar é 400 euros quase, e taxi para pegar o carro é quase 100 euros, né, então paguei bastante, mas geralmente tem pouco problema lá na Escandinávia. E outra coisa, eles compram as coisas, eles não acham o preço caro quando eu cobro três ou quatro… lá eu cobro 30% mais e Dinamarca mais caro, porque fica do lado dela, então cobro sem problema, né?
P/1 – Qual foi o pior problema com a policia que você já teve?
R – Acho que duas, uma lá em Valencia, que a policia levou tudo em 87 e a outra coisa acho que foi chocante que guincharam o meu carro, estava lá com as minhas coisas e o carro sumiu, né? E a policia não sabia onde estava o carro, porque a companhia que tinha, que foi efetuar, eles passaram a informação para a policia, a policia ainda não sabia que estava lá à noite tramalhando, isso é um absurdo, né? Na Finlândia, falta dinheiro, o policial falou uma vez pra mim: ”A policia não tem dinheiro para manter uma delegacia aberta no fim de semana”, eles abrem as nove da manhã e fecham as 15 horas da tarde, uma delegacia perto da estrada. Até essa coisa, eu vendi em ___00:53:04___ ano passado em junho e quando voltei, danificaram o meu carro, nunca aconteceu isso antes, mas isso no ano passado. Nem sei quem fez isso, mas posso imaginar que os ___00:53:16___ fez isso, né? Uma pessoa… porque os ___00:53:17___ tem uma rede social como a Alemanha tem uma base para sobreviver, mas acho que são povos que vem sabe de onde. ____00:53:32____ eles estavam procurando… não acharam.
P/1 – Você falou que você mora no trailer, né, hoje, e vai pra Índia que você tem um quarto lá, certo?
R – Não tenho um quarto, eu alugo um quarto. Então, eu vou a Índia, agora tô menos viajando, parece que não muito… mas quando eu estou trabalhando, eu viajo muito porque eu viajo… muitas vezes, eu fui para uma cidade, outra, outra, cada dia mudei a cidade. mas nos últimos anos eu tenho outra tática, outra estratégia, eu vendo numa cidade, quando eu vou, eu fico durante uma semana, porque em 85 eu tive problema com a policia quando entrei em _____00:54:23_____, eles me levaram três vezes para a delegacia, paguei três vezes uma multinha de 50 euros, mais ou menos, então desde 85, eu mudava a cidade todo dia, mas faz uns três, quatro anos que eu não faço isso mais, mais relaxante, fico numa cidade e às vezes, as pessoas estão querendo pôsteres, falando: “Você voltou, que bom”, a policia às vezes não liga, até uma vez, em Finlândia, um policial, uma mulher comprou um pôster, eu pensei: fenomenal, né? Um policial comprou um pôster. Mas na Finlândia… suecos tem muita liberdade, eles não fazem muita coisa, eles não tem policiais suficientes. Quando tem festa, quando tem fim de semana, tem policial na rua, fim de semana à noite tem muito policial, mas durante o dia, você quase não vê ninguém, não precisa. Na Alemanha, você fica uma hora na rua, já tem uma pessoa para te mandar embora, por isso eu vou a Escandinávia.
P/1 – E por que você aluga um quarto na índia? de quanto em quanto tempo você vai pra lá? E por que você…
R – Índia, no passado fiquei muito tempo no Osho, no inicio, viajei mais, mas começando em 88, quando eu tomei _____00:55:43____, fiquei mais de três meses por ano no Osho e o resto eu viajei um pouco para o Nepal, mas dentro do Osho não da para morar, você aluga um quarto fora, então eu fiquei lá fora, aluguei um quarto baratinho, como um mês por 200 ou 150 dólares. Hoje já e um pouco mais caro. Então, eu alugo junto com as coisas, quando sai, fiquei nove meses lá fora, eu comprei caixas, chama trucking em inglês, guardei as coisas, ficou num lugar os nove meses guardados em cada caixa, ate que no fim, em 2002, tinha quatro caixas, né? Então, quando eu voltei, em outubro, novembro, fiquei lá até marco, três meses, quatro meses, já tinha uma caixa, já tinha coisas que não precisa levar cada vez com minha mochila. E você pega visto normalmente, igual brasileiro, acho que pega seis meses e agora, peguei meu visto para o ano que vem e peguei um ano, sem querer. Eu pedi para seis meses, eles me deram pra um ano.
P/1 – E por que você volta para a Índia com frequência?
R – Tem partes que eu não gosto, mas a parte que eu gosto é maior, a parte que eu não gosto eu posso mencionar, o barulho, sujeira, pessoas não respeitam a intimidade, então você não pode ficar em seu espaço. Algumas coisas que eu não gosto tanto, tudo desorganizado, tudo lotado, para andar de trem tem que comprar sua passagem três meses antes. Agora, uma coisa que eu gosto é a liberdade, né, você tem sua liberdade, lá tem muitas coisas interessantes, quando você tá buscando coisas além das… a maioria das pessoas são iluminadas, se iluminam na Índia e a maioria são indianos, eu acho. Ou algumas pessoas são do oeste que se iluminam, em Índia tem mestres indianos ou que vão para a Índia, né? Quando você esta envolvido em meditação, vai a Índia e acha muita coisa. Índia oferece muita coisa, você pode ficar no Osho, pode fazer nada, pode trabalhar no Osho, pode fazer grupos, cursos, treinamentos, meditação, terapia, você pode se tornar um terapeuta, mesmo, né? Pode fazer muitas coisas, não tem limites. Eu voltei, eu fiz treinamento em fisioterapia, mas não fiz em psicoterapia. Fiz grupos para mim, mas em fisioterapia, eu fiz massagem, posso ensinar massagens, posso ensinar reike, mas nunca fiz. Mas posso dar aulas, me virar, né? Tinha uma maca, a maca eu vendi faz um mês, agora, a maca fica aqui em São Paulo, uma maca de massagem, né?
P/1 – Então, você pode dar o curso, mas você nunca quis dar muito porque….
R – Para dar curso de massagem, eu gostaria de primeiro assistir um treinamento para renovar porque eu fiz o curso de massagem em 89. Foi nesse ano, 89, 90, foi quando o meu mestre Osho faleceu, eu estava lá no Osho, foi muito forte, eu fiz o treinamento de massagem por três meses e depois, mesmo, eu já comecei dar sessão não no mesmo ano, mas alguns anos depois eu trabalhei no Osho também com massagem, você não ganha, você só é voluntário, né, você gasta a sua energia e faz quando quer, como hoje, né, a gente faz por prazer, né? E eu fiz treinamento de reike, eu posso iniciar no reike, mas nunca fiz e acho muito bom e interessante fazer isso primeiro como ajudando uma pessoa, assistindo e depois, poder fazer isso, né?
P/1 – Você falou que foi muito bom conhecer o seu mestre no Osho, como era conhece-lo? Como era a presença dele?
R – No Osho falam que todos os objetos são esotéricos, ___01:00:01_____. Acho que não tem nenhum assunto que ele não… só sexualidade, porque nós temos muito suprimida a sexualidade, mas algumas pessoas estão ___01:00:17____, não sei. Em cada país, tem pessoas que tem problemas. Agora, Osho, meu mestre que falou sobre sexualidade muito livre. Ele é em rebelde, então em Índia, ele tinha muitos problemas, porque os indianos são mais suprimidos do que qualquer outro país no mundo. Acho que tem mais homens do que mulheres na Índia, e disso também vem uma regra lá, que quando você casa, você tem que dar um presente, chama ___01:00:45____, como que chama esse presente em português? Você casa, você…
P/1 – Ah, dote.
R – Dote. Então, em Índia, quando a mulher casa, a mulher vai para a família do homem, então a mulher, a família da menina vai dar… pagar, eles pagam um dote e a família do homem vai pedir, vai querer cem mil rúpias, que são cinco mil dólares, não sei quanto, eles vão pedir dez vacas, talvez, quem sabe? Eu não sei, é só um exemplo. A família que tem filhas e não filhos, vão ficar pobres, então o que acontece? Se a família tem duas filhas e não tem filho, o que acontece às vezes é que eles matam uma das filhas. Em vilas ainda tem hoje, talvez tenha, não sei, é um controle, mas ilegal, claro. Mas assim, você vê nas ruas muitos mais homens do que mulheres, né? Tem outras razoes para isso, mulheres ficam mais em casa, homem fica mais na rua. Quando você vai comer uma coisa no restaurante, ou vai para uma loja, supermercado ou mercado mesmo, você vê muito poucas mulheres. Talvez 20% da população são mulheres e o resto é homem. Vai ao Paquistão, vai a Bangladesh, você vai ver que tem 5% só de mulheres, ainda menos, né, porque são países 100% mulçumanos. Índia é 80% hindu, o resto é tudo. Budismo, judeus, cristão, tem bastante cristão lá, mas alguns milhões, mas finalmente é só 3% ou 5% da população. Como
em Goa são mais cristãos, né?
P/1 – E esse mestre tinha, então, uma politica um pouco mais livre?
R – Da religião?
P/1 – É, o mestre que você… ele era
um pouco mais livre com essas questões de sexualidade, então…
R – Ele falava muito bem sobre as coisas, muito livre, ele nunca fez regras, era sempre dar opções, né, assim, fala uma coisa e você decide.
P/1 – E você tava lá quando ele acabou falecendo. E como que foi esse?
R – Quando eu estava lá, ele deu discursos, né, palestras, né? Em 88, eu fui pela primeira vez para a palestra dele, ele falou duas vezes por dia, 90 minutos, mais ou menos, às vezes, estava doente, ele já tinha doenças como asma, não sei muito as doenças porque ele estava em prisão nos Estados Unidos, pegou uma coisa de radioatividade, ele estava já diminuindo a vitalidade, né? Ele dava palestras duas vezes por dia e ele parou. Em 89, eu voltei a Índia, ele deu uma palestra por dia, mas durava de três até quatro horas, incrível, ficar duas horas e meia sentado sem fazer xixi e nada, né? Fica lá bem relaxado. Ele falou, a última palestra em 89, em março, abril. _____01:03:51______. Ele já sabia nove meses depois que ia sair do corpo. Uma pessoa iluminada fala assim, né? Ela sabe já que vai falecer, ele faleceu em 1990, janeiro, 19. Eu vi ele as ultimas vezes saindo, ele saiu, entrou onde tinha palestra, mas ele estava no silencio. Não tinha mais palestra. Palestra foi assim, ele chegou, fez um Namaste para todo mundo e daí voltou. Durou acho que um minuto, dois, três minutos, ele voltou para o carro, foi de carro, aquele Rolls-Royce até a casa dele que fica perto, Buddhahall, 50 metros, foi um espetáculo. E a última vez quando eu vi ele foi em 17 de janeiro, ele estava muito frágil. Em 18 de janeiro, ele não saiu e em 19, as cinco da tarde, ele faleceu. A noticia foi trazida pelo médico dele, ela passou a mensagem e no mesmo dia, a gente queimou o coro do mestre que durou 36 horas.
P/1 – Foi uma cremação publica, assim?
R – Sim. geralmente, na Índia, o povo hindu queima a pessoa morta. Mulçumanos não queimam, cristãos às vezes, fazem cremação, como minha família, minha tia foi cremada, não sabíamos porque, estava na Alemanha, aconteceu a semana passada, né? mas cremação na Índia é normal, eles nunca enterram.
P/1 – Qual foi a viagem, de todas as viagens que você fez, qual foi a que te marcou mais, assim?
R – A que eu gosto mais?
P/1 – É.
R – Eu fiz bastante viagem,. sabe, quase nenhuma viagem eu falaria que foi ruim, talvez uma que não goste… mas posso falar ao contrário, é mais fácil, né? Uma viagem no Marrocos que não gostei tanto, fiquei três dias em Marrocos, fui da Espanha e voltei com a minha namorada que tinha em 2002. Só pedindo dinheiro, qualquer coisa você tinha uma pergunta, me dá agora um chá… nada de graça, foi Marrocos mesmo, riam pra caramba da minha namorada, guia que queria bastante dinheiro pra criar duas filhas, antes ele falou: “You pay as you like”, mas só no inicio, depois ele queria 100 dólares, 50 dólares assim. São árabes, né, em Marrocos. Essa viagem eu não gostei. Também não gostei tanto do Paquistão, e Bangladesh fiquei só um dia, achei interessante, mas achei que não precisava ficar mais. São países bem pobres, né? também não gostei tanto de Belize, né, que é perto do México. Mas a viagem que gostei muito, que me marcou muito, Índia mesmo, mas tem que achar o lugar certinho, como hoje, eu só vou a Goa, as praias, onde tem também meditação, também tem iluminados fazendo palestras, tem praias, tem festa, tem sessão de bateria, tem dança, é lindo, né? lindo da maneira indiana, não tem aquele nordeste como São Paulo, Rio que não pode, né? Índia é a Índia, né? mas eu gosto também muito… eu passo ainda bem pouco, passei uma semana e pouco, acho em ____01:07:45____, hoje chama ___01:07:46____, é uma coisa muito interessante a diferença, em ____01:07:46___ você é visitante, você não é parte do povo, você tá visitando e todo mundo lá são empregados, são discípulos até hoje. Só pessoas militando, não são mais empregados, não são mais militadores, não são mais discípulos, agora um Osho, eu trabalhei lá, eu me senti mais como uma família, né? Isso mudou bastante, aumentou o exponencial, agora par entrar esta por volta de 25 dólares por dia e antigamente, pagava a entrada do restaurante, hoje pago por um grupo de massagem, sessa de massagem paga 100 euros, na Alemanha paga 80 euros, aqui não sei quanto, mas n índia é mais caro, né? Então, pensa duas vezes, né? Agora as viagens que eu gosto muito então ____01:08:37___ um dos lugares mais sagrados ____01:08:40___ Dalai Lama, tem muitos turistas, porque me sinto mais ligado com o Budismo do que com qualquer outra religião, mas geralmente não estou ligado com nenhuma religião. mas quando alguém pergunta, eu falo Budismo. Mais perto, né? Mesmo não gosto muito do Budismo, não gosto de tudo, porque não precisa ler o Dhammapada, para se iluminar, o Buda não ia isso, isso foi escrito depois. Jesus estava iluminado, sem duvida, pelo menos, nos últimos momentos dele, ele nunca leu a Bíblia, porque não precisa ler para se iluminar, só isso. ____01:09:21_____, quando chega uma pessoa, você não vai conseguir, porque são todo mundo diferente. Como a minha história é diferente, cada pessoa tem uma história diferente, não somos melhores ou piores, somos únicos, isso é muito importante, né?
P/1 – Então, o que significa o Budismo pra você?
R – Eu acho um coisa linda o Budismo, por exemplo na Índia, você chega lá, eles falam: “Namaste”, e às vezes, as pessoas não sabem a forma certa de cumprimentar significa em inglês “The Buddha in me is greeting the Buddha in You” então eu sei que você tem um Buda dentro e eu tenho um Buda dentro
e tem mestres que falam que somos iluminados, só que não sabemos, ainda temos alguns padrões, ainda somos inconscientes. Agora o Buda é consciente, não tem mais padrão, não tem mais um passado que atrapalha, tem passado, claro, ele lembra as coisas bem melhor do que nós, mas não tem mais essa carga de energia. Ele fala de elementos do passado sem ter nenhum problema, ele vê as coisas diferente, por isso eu gosto muito de ficar numa presença de um iluminado, eu já tive várias oportunidades, com o Osho não foi possível, porque ele estava no corpo em 89, ate 90, com dois, três mil pessoas, então não cheguei perto. Eu quando me iniciei, eu não consegui ficar perto como no passado que tinha aquele encontro pessoal, não tinha mais. Eu me iniciei depois, com outro mestre que é iluminado do Osho, que chama Vasant Swaha. Ele É ___01:11:05_____, encontrei no Brasil porque o mestre Vasant Swaha fica no Brasil, ele tem duas casinhas, acho, não tenho certeza se são compradas ou alugadas., mas ele é um mestre verdadeiro que está aqui, eu fiquei perto para fazer uma iniciação e ele me deu o nome _____01:11:27___ que significa sábio, sabedoria e essa iniciação aconteceu em dezembro de 2013, então faz quase quatro anos.
P/2 – Mas você consegue colocar em palavras qual foi a importância tanto do Osho quanto desse mestre na sua vida?
R – A diferença ou a importância?
P/2 – A importância.
R – Para mim, a importância… Osho pra mim é a pessoa que falou sobre meditação, não tinha nenhuma ideia de que eu tinha habilidade para meditação. Eu faço até hoje, meditação dinâmica, tem medicação de movimento, que o Osho criou, tem meditação social que foi criado na Holanda, do discípulo ____01:12:12_____, muito importante falando de meditação e Osho é um professor que ensinou isso, mas palestra com o Osho é muito boa, quando fica numa presença ao vivo, isso não é igual no vídeo. Mas ver no vídeo é muito bom, melhor do que nada, melhor do que um áudio, né? Mas deixar um áudio perto, um áudio você pode ouvir e fechar os olhos. Osho mesmo fala muito da sexualidade, que acho muito bom. Osho cria o Oshoum para fazer terapia, psicoterapia, fisioterapia, se não Osho não teria feito isso agora com o ____01:12:58___, uma coisa parecido, mas Osho é o mestre dos mestres. Só há um mestre, só é mestre uma pessoa que não fala tanto, ele faz excluso quatro vezes por semana, e cada excluso tem entre 30 e 60 minutos, são bem curtos. _____01:13:17_____
muito espontaneamente, tem que saber que você pergunta e a resposta, ela um dia vai responder, você escreve a pergunta no papel e deixa numa caixa.
PAUSA
P/1 – Você tava falando um pouco sobre esses iluminados, sobre… você falou um pouco, como era o nome desse que tá aqui no Brasil agora?
R – Ele chama Vasant Swaha, isso também é interessante, Swara é um nome… esse nome, o Osho deu a ele, ele é iluminado, ele se iluminou nos anos 90, fim de 90, mas ele ficou com o Osho por muitos anos, guarda-costas, ele estava com o Osho guardando ele, como segurança e depois, ele ficou um tempo… abriu um centro de meditação de Osho em Tulum, no México, ele desenvolveu a técnica de psicoterapia, ele dá palestra e ele fica depois com o papa iluminado em Índia, papa deu o nome Vasant, então assim, ficou Vasant Swaha. Eu encontrei ele faz dez anos, oito anos lá em Santa Catarina, o lugar chama Ibiraquera, bem pequeno, mas gostoso, Barra de Ibiraquera, né? Perto de Florianópolis, o centro de meditação. Ele me iniciou. Eu gosto do trabalho dele, palestra bem livre, ele também tem muita coisa boa para contar, mas não tem essa sabedoria como o Osho. Osho deve ter lido acho que 20 mil livros, mas não como uma pesos ale, ele lê assim, né, como scaning, ele marcou coisas.
Swaha tem lido alguns livros, ele fala de ____01:15:39_____ pessoas que fizeram muito boa poesia no passado, Swaha
tem menos anos, mas ele deve ter agora uns 60 anos, né, mas ainda gosto muito do trabalho, palestra é bom, leve. E o lugar é bom lá para fazer retiro, lá vou agora de novo, daqui uma semana, vou passar lá uma semana em silencio. Só palestra, ouvir, mas a gente não fala, né?
P/1 – E tem algum outro mestre hoje que tá vivo que você gosta do trabalho, que você gosta de ouvir?
R – Para fazer esse encontro… tem várias pessoas muito interessantes, quando passo no Rio, fiquei um tempinho, eu encontrei uma pessoa chamada Mooji, ele já é famoso agora no Brasil, ele mora em Belo Horizonte e vai ter um Skype domingo também, eu tenho ele mesmo aqui porque ele é muito interessante. Ele é da Jamaica, visitei ele já na comunidade nova que está ainda na criação, criando lá em Portugal, entre
Algave e Lisboa. Chama Monte Sahaja. E ele é único…
P/1 – Qual que é o nome?
R – Mooji, ji significa uma pessoa do amor, né, como Papaji, Ji muito famoso assim. Mooji ele não convoca, mas ele vai diretamente para a causa das coisas, tudo que ele fala é certo e tocante. Difícil imitar ele, ele é único, né, é bom, tem livros, já em português,. Eu vi ele lá em Portugal também, fiz dois retiros lá, e participei de palestras. Mas lá não tem terapia, quando tem problemas e precisa de terapia, precisa achar outro lugar, né? E também tem pessoas iluminadas chama ____01:17:39___ que eu conheço lá em ____01:17:41____. Outro rapaz que chama ____01:17:43____ na Bélgica, que também viaja pelo mundo, até no Brasil, né? Não me lembro muito das pessoas, mas tem várias, né? E cada pessoa é diferente e único, né?
P/1 – E você, o que você busca quando você vai ouvir, vai atrás desses mestres? Quando você vai procurar esses conhecimentos e essa sabedoria.
R – Pra mim, o mais importante é me liberar do passado, de uma maneira… ser livre, né? Acho que além do dinheiro, que é bom para sobreviver, eu não preciso ser rico, só o suficiente para comer, né, eu não preciso muito luxo, vivo no carro, não tenho trabalho fixo, não tenho casa, não sou um alemão comum que está normalmente pensando nisso. Então, pra mim, é importante outras coisas. Minha família não está aberta para isso,
mas eu sou diferente. Então, iluminados me dão outro caminho, me mostram como ver as coisas diferentes e as palestras me ajudam muito para olhar mais pra dentro. E quando tem terapia necessária é bom fazer, mas as vezes, não preciosa, só é bom ouvir os discurso que tocam e ver as coisas diferentes. E quando você tem consciência, eu acho que isso é uma das coisas mais importantes, a consciência é uma palavra-chave que muda as coisas. Quando nós vivemos em padrão, repetimos os mesmos erros. Uma das frases mais lindas do Osho é “É estupido repetir o mesmo erro”, pra mim é muito importante. Então, quando aprendo com um erro, não precisa acusar ou falar que isso foi ruim, então vivo sem julgamentos, um iluminado que vice sem julgamentos acho uma boa meta pra mim, também, não julgar, não criticar. Não perde tanta energia, né, fica só aqui, não vice no futuro, porque não tem, não vive no passado, porque já passou, né? Todos os lugares tem aquele livro
“O Poder do Agora”, um livro para falar que seja aqui, só isso. É legal esse livro, né?
P/1 – E quando que vem essa ideia de você escrever um livro seu, sobre a sua vida?
R – O livro meu?
P/1 – Isso. Uma biografia, quando que vem… por que você decidiu fazer um biografia?
R – São duas coisas, uma é da biografia que fiz porque já fiz tantas viagens que não lembro amis onde eu fui em 94, onde fui em 97, por isso, a biografia me ajuda. Quando estou pensando: Quando fui a última vez a Bali? Ou a Índia? E às vezes, tenho que ler. Mas escrever um livro é outra coisa. Tinha uma época que fiz… quando viajo, eu viajo quase sempre sozinho, eu gosto. Eu não gosto de fazer muitos compromissos. Quando são mais pessoas, mais compromissos, né, quando são quatro pessoas, tem que cortar 25%, então escrevo às vezes, quando não tenho companhia, eu escrevo as coisas num diário. Entende? Assim, eu juntei muitas coisas. Ainda tenho bastante livros que não sei mais ler minhas escrituras que escrevi, mas tento. Então eu penso que isso poderia ser um livro. Agora o problema são viagens nos últimos 25 anos, então faria dois livros: um livro sobre Ásia, South East, Sudeste, incluindo um pouco o Oriente, minha viagem a Turquia, Ira, Paquistão, Índia, tenho bastante experiência em Tailândia, Indonésia, Filipinas, mas nunca fui a Coreia, nunca fui ao Japão. É mais caro, eu prefiro ter um convite, né? Conhecer uma pessoa e assim, também posso falar como cheguei no Brasil primeira vez foi também porque eu conheci uma pessoa que falou: “Vem cá, vai conhecer minha família em Florianópolis”, assim que eu cheguei no Brasil. E outra coisa, outra pessoa que me vendeu pôsteres nos anos de 88, 89, acabou a Ditadura no Brasil anos 80, né? Não sei quando terminou a Ditadura no Brasil, eu fui a primeira vez com ela em 91. Essa pessoa que vendeu pôsteres pra mim nessa época, ela já estava aqui, 88, 89, 90. Em 90, eu viajei aqui para o Brasil, isso, 90 foi a primeira vez que vim para o Brasil, 91, a amiga brasileira me visitou na Alemanha, foi assim. Mas foi bem interessante, me apaixonei pelo Brasil com tudo, país, gente, idioma. Até já voltei no mesmo ano para ficar aqui sete meses e fiz um curso de Português lá no Largo Machado, no Rio.
Isso foi só o Brasil. E você perguntou sobre os livros, mesmo, tem bastante viagens e não sei como colocar tudo como uma viagem a Ásia e uma viagem a América do Sul, incluindo Jamaica, México, Guatemala, Costa Rica, né? Não sei, vamos ver.
P/1 – Então quando você decidiu fazer uma biografia, na verdade, é contar um pouco dessas viagens?
R – Eu comecei fazer só palavras, agora já comecei a fazer frases, essa biografia se torna em outra biografia com frases, com textos, com parágrafos e já se torna maior, maior, então comecei de novo ler, relembrar, escrever no agora… fiquei preso. Agora estou só na segunda página, na minha adolescência. Mas eu vou continuar com isso, mas não sei se isso vai ter muito… biografia, autobiografia, quem sabe? Mas esses livros seriam uma mistura, avisos, informações, são coisas que eu fiz que o livro não deveria fazer, talvez, mas às vezes é bom fazer pra aprender, né, nunca julgar, mas deixa fazer , mas às vezes, é bom saber. Você viaja para o Paraguai, você não sabe que lá no norte tem imigração na fronteira, quando você não sabe, você vai viajar, eles vão te mandar de volta ou você vai ter problema. Quando você sabe algumas coisas, você lê um livro que te informa, você já sabe, então já vai pegar carimbo de saída de Assunção ou numa cidade logo depois, mas lá no norte não tem nada, então às vezes, tem países sem infraestrutura, mesmo no Brasil, peguei uma vez uma entrada lá do Uruguai, entrei sem visto e sem carimbo, não tinha policia federal na fronteira lá no Rio Uruguai, perto de Missiones, lá do outro lado tinha o Rainbow, arco-íris, bem legal, foi em 2012 ou 13. Eu voltei pra cá sem visto, sem carimbo, estava quase deportado porque estava aqui já há uma semana e o rapaz lá na fronteira da Receita Federal, alfandega, ele falou: “Pega visto lá, carimbo lá na Policia Federal em Florianópolis”, porque estava indo a Santa Catarina. Cheguei em Florianópolis, falaram: “Não, você tem que voltar para a fronteira”, Policia Federal pode ser bem dura. Eles estavam assim comigo, então eu não voltei, 1500, mais 1500 pra voltar, eu falei: “Não”. Eu tentei tudo, Policia Federal, até uma moça queria me ajudar e depois, ela também ficou quieta, não sei porque, Policia federal tem regras e eles podem ser muito rígidos, e comigo eles estavam. Até queriam que eu casasse, não tinha mulher pra casar, né? Estava com uma amiga. Eu tive que sair até Foz do Iguaçu, peguei um ônibus de contrabando de São Paulo, foi mais barato, 50 reais, fui até Foz do Iguaçu, todo mundo lá no carro, brasileiros só fazendo contrabando, e eu o único passageiro, passando a fronteira para sair e voltar com o carimbo e com a entrada legalizada, né? Voltei a São Paulo, comprei um negocinho eletrônico lá em Paraguai, tudo lá é vagabundo, né? Mas eu entrei, então, com visto, de entrada legal e peguei mais… não lembro mais, mas tinha 90 dias, essa regra é nova, acho que faz quatro anos, mais ou menos, agora, só tem 90 dias ou seis meses. Quando passam de seis meses, você tem direito para três meses de novo. Antigamente, eu tinha que… prolonguei três meses, eu fiquei seis meses, mas uma vez eu fiquei sete meses não sei como. não tive problemas. E uma vez também eu casei por causa do visto, mas não um casamento verdadeiro, sai do aeroporto, fiquei sete meses no Brasil e no aeroporto o rapaz falou: “cadê o seu visto?” “Acabou”,
em primeiro de agosto acabou o visto, em dois de agosto tinha casamento e estava no fim de agosto, passei mais um mês, ele ficou muito bravo comigo, eu falei: “Eu não sabia”, eu estava inocente, mas ele falou: “Não pode”, mas ele me deixou passar, porque eu falei do casamento, ele falou que não vale nada porque tem que tirar papeis, né? Finalmente, seis meses é o máximo, e agora, três meses, né?
P/1 – Outra coisa, você tava falando da vigem da Índia, que você gosta muito de lá, tem as festas, você falou dos batuques, você gosta muito de música, então? Você gosta de conhecer música? Como que é essa relação?
R – Eu tenho muita ligação com música, em parte porque eu toco um pouco de violão, desde os 30 anos, eu toco um pouco de violão, mas nunca aprendi muito bem a tocar, estou querendo… quando surgir um livro de canções, de minhas canções. Nos anos 90, eu fiz muitas composições, as vezes, falta uma banda, né, eu tenho as palavras, agora tenho um violão aqui, um bom violão, eu toco em casa, às vezes, mas às vezes, falta ambição e quando eu viajo, às vezes, é difícil um violão. Na índia não pode viajar com violão, o indiano se atrapalha, ele fala: “Toca, toca”, e outra coisa, você não cabe no ônibus, porque ônibus tá sempre lotado. Tenho um violão em casa aqui em São Paulo, tinha um violão no meu carro, mas foi roubado no ano passado, então eu comprei agora um violão novo, estou feliz que tenho agora dois violões. O meu maior hobby não é tocar, mas é juntar, colecionar músicas. Minhas músicas são 30 mil faixas, mais ou menos, não sei quantos CDs cabem essas músicas, dois mil CDs mais ou menos, eu gosto de música.
P/1 – São 20 CDs?
R – não, eu tenho tudo digitalizado, são CDs digitalizados, mas tudo cabe num chip, hoje tem um chip de 128 Gigabytes, que ele cabe num smartphone. Eu tenho esse smartphone em casa, né? Incrível, né?
Até hoje numa caixa em Índia, caixa de 800 fitas cabe, então, 1200 CDs e hoje, cabe num chip, é uma caixa, então vê a diferença do passado e hoje, né?
P/1 – E você leva pras viagens?
R – Eu tenho, mas quando eu viajo, eu não tenho tanta música, alguma, mas é fácil levar, Antigamente foi difícil, com as fitas e CDs, né? Também não existiam músicas na internet, mas eu gosto muito, né?
P/1 – Qual a sua música favorita?
R – Oh! Boa pergunta. Depende do meu humor, my mood, às vezes, quando estou mais calmo, gosto de coisa esotérica, como ___01:30:03____ gosto às vezes de Pop, como ___01:30:07____ Pink Floyd, várias coisas, difícil, né? depende do meu humor. Eu gosto bastante de ambiente, né, longe, Cafe del Mar, esse é um tipo de música ambiente que você esta ouvindo e tomando café na praia, né? Você ouve a música e faz pensar, né? Às vezes, gosto de música para dançar, gosto muito de Genesis, às vezes, quando estou pensando vem, tem que pensar, América, ____01:30:45____. Às vezes, quando penso, tem bastante coisa, Santana. Tem uma variedade, não gosto muito de soul, funk e jazz. Às vezes, mas não são minhas favoritas.
P/1 – E as suas composições? Normalmente, eles falam sobre o que?
R – O estilo de música é mais como folk rock, música são textos, criticas e do amor, que fazem um pouco consciente, que às vezes, peguei algumas linhas e às vezes, o que eu tinha na minha cabeça, né? Umas coisas simples, né? Agora tô tocando mais mantras que eu também gosto, porque mantra é um tipo de música da índia, como ____01:31:36___, que você repete, poucas palavras e elas vão te dar uma calma, um relaxamento e as palavras de mantra são geralmente em sânscrito, tem um efeito, como aquele “aummmm”, “namaste”, são palavras que você provavelmente já ouviu…
P/1 – Como é um mantra? Você pode…
R – Um mantra?
P/1 – Como que você canta um mantra? Pode fazer um pouquinho?
R – [cantando mantra]
São muitas linhas simples e palavras poucas, às vezes, mantras mais complicados, muitos mantras entre dez, 12 palavras.
P/1 – Já vou entrando agora num bloco mais final, para depois….
R – Ah, já?
P/1 – Não?
R – Ok.
P/1 – Mas eu queria perguntar uma coisa que eu ia perguntar lá atrás e eu acabei deixando passar. O que é uma viagem ideal pra você? Uma viagem ideal, no sentido do plano ideal, se tudo corresse do jeito que você gostaria.
R – Primeira coisa, depende de qual pessoa. Uma pessoa gosta de ficar na praia fazendo nada por duas semanas e ficar vermelho depois de ficar no sol queimando a pele, né? Outra pessoa gosta só discoteca à noite e dorme muito, como Ibiza, né, uma ilha que é famosa para festas. Outra pessoa gosta da caminhada, ela vai como uma vez eu fui a ____01:33:58___, caminhando duas semanas e meia, caminhando 2500 quilômetros em duas semanas e meia, uma caminhada muito linda, como aqui na Bahia, Vale do Pati, uma das caminhadas mais lindas. Agora, primeira coisa, o que a pessoa precisa ou o que ela gosta. Isso é importante, uma atividade ou relaxamento. Outra coisa é depende de dinheiro, né, tem países caros como Japão, eu nunca fui. Tem países baratos e bonitos como Equador, Índia, não gasta muito e tem muita coisa boa lá. Acho bom uma combinação que eu faço retiro como aqui, semana que vem, eu vou para um retiro, no fim de semana no começo do ano, vou passar tempo em Goiás com João de Deus, uma casa de cura, muito lindo para mim. Pra mim, parte da viagem é também viagem para dentro e cura, tudo junto, como um pacote, né? Também é bom misturar, ficar em alguns lugares, como agora eu vou a Índia em janeiro, fico lá três meses ou dois meses e meio e eu só vou ficar lá em quatro lugares, como nos últimos três anos, né? Não viajo muito, mas uma viagem de A a B e de B a C é força, viajar pra Índia já é difícil, melhor você… deixa pra fazer outra pessoa, mas isso é parte da aventura, né, vai na Índia, tem que fazer isso, você vai também gostar de outro lado, você conseguiu. Caso você consiga uma coisa, você consiga uma passagem, você chegou, muito bom, você chega, fica lá uma semana. Então, ótimo para mim, não viajo e um dia já vai para outro lugar, como um brasileiro que vai conhecer a Alemanha em três dias, não dá. Muito rápido, melhor viajar mais tempo, como Ásia, acho um mês ainda é pouco. Você tem que ficar lá um pouco, uma semana para se acostumar, depois na segunda semana, ainda passa por alguns problemas com o estomago, a comida que é pouco higiênica, você vai passar mal, às vezes, todo mundo vai ter um problema ou outro, né? Eu também, às vezes pego uma diarreia, mas em duas horas passa, né? Mas um dia passa, mas quando tem o estomago frágil, você não passa em um dia, passa por duas semanas, fica até no hospital quando tem um veneno u alguma coisa ruim na comida. Então quando vai para um país mais pobre, te prepara um pouco, né? Come bem, não come tudo na rua, só no inicio não como na rua, nada. Só começando devagarzinho, né? Algumas coisas, não bebe nada aberto, é muito bom se cuidar, se estiver doente, não vai gostar. Quando eu cheguei na Índia, a primeira vez estava doente, cheguei lá com diarreia, cheguei lá já com febre, com flu, cheguei na Índia com começo de doença, que
sai da Alemanha, passei em Istambul, Turquia, fui ao Paquistão, fui a ___01:36:56____, uma pessoa morreu, estava comigo no quarto, ele morreu, eu não sabia quem era ela, policia chegou perguntando quem era ele: “Eu não conheço, a gente dividiu um quatro, conhecemos no trem, ele morreu com uma overdose nem sei do que, ninguém me falou,
acho que alguma droga mais forte. Ele estava em cima de um jipe, estava morto, então eu estava no Paquistão, doente, com febre, depois fui ____01:37:25_____ perto da fronteira com Índia, né? ____01:37:29____, eu passei mal no trem, quase desmaiei, tive uma blackout, quando tem mais de 38, 39 graus de febre. E na Índia, tive diarreia, a gente estava indo de comboio e não tinha jeito para fazer um negócio lá no lado da rua, todo mundo na Índia faz coco no lado da rua, e não podia parar porque a gente estava de comboio com militares, tinha uma revê, tinha um problema com ___01:37:55____ brigando em 86 com algumas coisas, querendo separar, ser independente. Então, só começou as férias mesmo, verdadeiras, quando terminou minha diarreia, então é uma coisa muito importante, a saúde.
E saúde hoje é barato na Índia, você não precisa ___01:38:17____ da saúde, só para saber. E 18 anos, estava ___01:38:21_____ da saúde. Só paguei o médico direto, gastei 100 dólares por ano. Hoje eu paguei quase 200 dólares por mês e ainda é muito barato, uma pessoa da minha idade, normalmente paga duas, três vezes mais caro, tive muita sorte, porque é como se tivesse ganhado uma coisa especial, todo mundo tem que se preocupar com a saúde, isso é muito importante.
P/1 – E que lugar hoje você considera o seu lar? Que lugar você ainda chama de casa?
R – Boa pergunta. Difícil decidir um lugar. Sabe, eu gosto muito de bali, né, Bali, Indonésia é uma ilha linda, um paraíso, né? E barato, amável, lá tem quase tudo, água quente, praias, cachoeiras. ___01:39:10____ não sei, tem problemas com visto, mesmo quando você casa, você não pega visto de permanência imediatamente, né? E não sei, porque não sei muito disso, uma amiga esta casada em Bali, né? Índia, eu gosto muito das coisas, mas nunca morar lá, vejo gente que aluga um quarto para tudo, nunca faria isso, só alugo quando estou lá, três meses por ano. Em Brasil, eu gosto, poderia morar, mas ainda não sei onde, pode ser Santa Catarina, talvez, mas agora tenho mais uma escolha, ficar com o mestre Mooji que é bem perto comigo também e ele vai criar uma comunidade, eu como eletricista, com a capacidade por ser um carpinteiro, tenho uma possibilidade de ajudar, mas não sei quando vai dar certo, ser realmente mais uma escolha. No Brasil, mesmo, pode ser, mas tenho que deixar rolar, ainda tenho que trabalhar, então parte do ano, ainda estou tralhando, né, ainda não tenho economizado nada, porque para terminar esse caso do dinheiro, eu ganhei bem, estava livre, perdi quase tudo, agora tenho quase nada, só o meu carro e tenho um deposito com 60 mil pôsteres. Com isso, posso vender tudo no ano, cinco mil, dá 20 mil euros, ótimo. Mas ano passado já foi pior do que ano retrasado e o ano atual foi pior com a crise, mesmo na Europa, mesmo na Escandinávia. Então o futuro, é melhor não pensar tanto no futuro, só gastar menos. E a gente está rico quando gastamos no lugar errado, é muito importante. não precisa muito, né?
P/1 – E a Alemanha?
R – Alemanha. Lá tem meu carro, lá tem o resto da minha família, meu irmão que tem três filhas e mulher no Brasil, é o amor da vida dele, né, no Mato Grosso e minha irmã que é casada, tem um filho que tem 25, 28 anos mais ou menos, e ela divorciou, o marido foi embora com outra mulher, né? Meu irmão teve uma história parecida, porque a mulher hoje, ele tem 62 anos, a mulher tem 41. A mulher dele antiga também foi embora com outro amigo do meu irmão, né? Então, é uma história de família, né? Então, ele tem duas filhas, ela tem um filho, nossa família é pequena, né?
P/1 – Você os vê com alguma frequência ou…?
R – Eu vejo minha irmã às vezes, mas tem muito tempo sem ver, ela nunca via, tinha um tempo que ela era muito arrogante e fechada e nos últimos anos, ela se abriu, desde que o ex-marido traiu ela, e foi embora, ela se abriu mais para a família. Ela não queria antes. Hoje é mais relaxado, ela tinha uma doença, passou um tempo na comunidade de João de Deus, curador em Goiás e ela curou, mas não dá credito para João de Deus, ela fala assim: “estou curada”. Ela come muito, ela não cuida muito da saúde, ela fuma, ela bebe, ela não cuida muito da saúde. Mas ela vive sozinha agora, não consegue compartilhar mais um apartamento e não dá relacionamento. O meu irmão foi já bom, mas agora está mais frio com o ele tem família, ele não tempo pra nada.
Ele no máximo, escreve um e-mail em pequeno aos domingos, ele não tem tempo pra nada. E agente conversa pouco, eu vejo ele duas, três vezes por ano, que às vezes, fico uma noite na casa dele e às vezes, não, quando o meu carro fica perto, às vezes, ele não gosta, então não dá. Eu tenho o meu trailer, também eu sou independente, né? Então, a família é pequena e não tem tanta ligação, né? E o resto, minha tia faleceu a semana passada, o meu tio não tem muita ligação com ele, né? Mas quem sabe agora, que a minha tinha câncer, ela perdeu peso, perdeu cabelo, coisas assim, não sei como foi, eu não vi ela mais, né, faz anos.
P/1 – Já agora amarrando pra gente fechar, queria perguntar se… são perguntas que a gente sempre faz, né, quais são os seus sonhos?
R – Meus sonhos? Às vezes, gostaria de ter um filho, ser pai, mas é difícil, porque a minha vida não permite levar um filho, ou pelo menos quando ele tiver seis anos, tem que entrar numa escola, não pode viajar mais como faço. Sonho em viver em um comunidade ou em um grupo de pessoas… quem sabe se tiver uma coisa em Portugal, com o Mooji, numa comunidade nova, começou em 2010, está crescendo e tá no inicio, né? Sonho também ter outro trabalho, porque o meu problema, a minha saúde, eu não tomo química, não tomo remédio, não gosto, eu tomo só coisas boas, como moringa, e aquela passiflora que você recebe da entidade de João de Deus. Agora que tenho, a única coisa, um problema é câncer de pele, esse quase é curado, está curado, mas ainda tenho uma coisinha aqui, estou me curando muito. Agora o meu trabalho é m problema, porque fico no sol. Eu trabalho bem na rua e eu não tenho sombra. Então, claro, tem sombra na cidade, mas não tem sombra direto, então passo sempre cada dia algumas horas no sol, então me cuido muito bem, mas claro, o ideal seria melhor eu fazer estoque… esse é um dos sonhos, vender meus pôsteres para outros. Eu tenho só uma pessoa que compra agora de mim, mas isso seria ótimo, preciso mais gente, pode ser também estrangeiro, tem uma pessoa da Noruega, que ele compra de mim. Outras coisas, eu gosto de fazer outro trabalho, como amanhã
eu vou dar a primeira aula de alemão, nunca fiz isso, tenho três pessoas provavelmente que chegam na casa e vou ver como está, se eu gosto e depois, quero também saber se eles gostaram, né, quero ter um feedback, né? Esses são alguns sonhos. Outro seria mais tempo livre para tocar música, porque eu estou com tempo livre, mas ainda não estou com tanto, mas gostaria mais de morar no campo, porque aqui em São Paulo não tem muita natureza, né? Agora descobrimos o Jardim Zoológico que é muito lindo, 20 minutos a pé, de onde estamos, da casa, poderia ir lá todo dia, o problema é que eles fecham as cinco. Muito cedo, melhor aquele parque que tem do outro lado chamado Lagoa dos Patos, muito lindo. Lá tem gente, você vai lá as oito, as nove, as três, vai lá quando o sol desce, as sete horas, é muito bom, é melhor, né?
Eu gosto de acordar quando estou bem, sem despertador, eu gosto de dormir, eu também sonho, sabe? Quando estou cansado.
P/1 – Pra encerrar mesmo, o que você achou dessa experiência? Como foi vim aqui nesse estúdio e contar a sua história, o que você achou? O que você sentiu de fazer esse exercício.
R – Pode ser em inglês ou em português? No primeiro lugar, vou tentar em português, eu achei, num museu nunca tinham primeira vez que eu estou numa entrevista, sendo filmado e não é tão fácil, fico um pouco nervoso, fico um pouco agitado, por isso também fiz um intervalo e também por outro lado, eu gosto da experiência, porque me mostra também que minha vida é única e não me faz especial, melhor, pior, mas único. Nem me pergunto como eu cheguei aqui, porque as coisas vem vindo, acontecem, um, depois outro, outro e chega aqui, né? Finalmente, estiou aqui nessa cadeira e contar essa história é também para mim uma reflexão, e às vezes, eu tenho mais lembranças quando fala só passado, é assim, sempre, né? tem bastante coisas que eu não falei, a gente poderia encher mais dias, né, claro, temos que cortar, mas a experiência achei interessante e também, gostaria de ver o vídeo depois como é, porque uma vez ano passado, lá em Goiás, com o João de Deus, eu fiz e depois fui ver o vídeo, achei muito interessante, às vezes, um pouco estranho, né? Ouvir a minha voz no áudio já é estranho, porque eu: meu Deus, sou eu, falando assim, falando rápido? Agora, me vendo num vídeo, acho uma experiência que vai ser nova, nunca fiquei em frente de uma câmera, não sei quanto tempo, talvez duas horas ou uma hora e meia, mas é uma aprendizagem, né? Mas no fim já e mais fácil do que no inicio, ficar aqui e também mais fácil falar agora em frente das três pessoas do que em frente de 500. Ano passado, falei da minha história de vida sem câmara em frente de 20 pessoas, mostrei uma tela com 20 fotos da minha vida, eu falei mas sem preparação e sem perguntas. Chegou depois uma, duas, três perguntas, eu respondi, nem sei mais o que respondi, pode ser bobagem, mas as pessoas falaram: “Foi muito boa sua resposta”. Foi assim, foi também bom, em processos, né? Primeiro, uma palestra pequena, depois vídeo de duas horas, quem sabe o que vai ser o próximo, né? Uma série de movies (risos). Eu não sei.
P/1 – Tem alguma coisa que você não falou e que você gostaria de falar aqui pra encerrar?
R – Acho muito legal estar no Brasil, é um país muito rico, pessoas, todo mundo, as coisas que tem aqui, só tem que estar mais espalhado, né, porque tem certa riqueza e pobreza e coisas que tem aqui não tem na Alemanha, né, como empregados e salário mínimo. Isso não tem na Alemanha. Portão, grade na janela, isso não tem na Alemanha, então, é diferente esse negócio, mas eu adoro o Brasil, só que infelizmente, o visto termina depois de 90 dias e ainda não tem uma facilidade de conseguir um visto de permanência, mas sinceramente, pode ser a minha primeira escolha de morar, né? E onde, tenho que pensar: Bahia, Santa Catarina, mas provavelmente não em São Paulo, cidade, porque aqui é muito alemão pra mim (risos). Aqui a pessoas se xingam de maneira como filho da puta, eu já ouvi isso as oito da manhã, então São Paulo é muito parecido com a Alemanha, mesmo, né? (risos). Uma cidade para trabalhar, mesmo, porque clima aqui tem muita chuva como na Alemanha. Em Rio, acho mais leve, mais sol e mais praia, né? Pouco diferente, então menos sol. Eu acho isso.
P/1 – Tá ótimo. Muito obrigado por tudo.
R – Ok.
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