Eu me chamo Tuba Schor. Nasci na Bessarábia, na cidade de Rischkol, Romênia, em 18 de julho de 1914.
Rischkol era uma cidade pequena. Tinha burgueses, proletários e camponeses. Meu pai trabalhava como negociante e minha mãe fazia todo o trabalho de casa. Éramos três filhos, eu tinha uma irmã e um irmão. Só uma infelicidade marcou a minha infância. Meu irmão, que era o único filho homem, subiu a escada da escola, caiu e rolou até embaixo. Bateu o joelho e ficou muitos anos doente. Deu muito trabalho para a minha mãe, mas ela logo decidiu sair da minha cidade e ir para uma cidade grande ver um especialista. Queriam tirar a perna do meu irmão, mas ela não deixou. Correu de um lugar para o outro, e salvou o menino.
Os três filhos estudavam. Tinha uma escola muito boa na minha cidade. Era o ginásio junto com o científico. Então, se estudava História, Geografia, Química, Física, Línguas, todas menos Inglês. Não sei por que não se estudava inglês. A escola era muito grande. Sempre traziam os melhores professores e os melhores diretores para aquela escola. Era freqüentada por toda a cidade. Era paga, mas aceitavam também uma parte dos alunos sem pagar.
Não tive uma educação religiosa. Meus pais não eram religiosos, iam na sinagoga nos dias que todo mundo ia, dias importantes da religião. Na minha casa não era como na daqueles judeus em que não se come leite junto com a carne, nem se cozinha na mesma panela[1]. Na minha cidade ninguém era fanático. Se comemoravam as festas com as comidas típicas daqueles dias, como na Páscoa, dias de fazer comidas diferentes. Isso tudo nós tínhamos. Mas fanatismo não.
Eu tive educação política. Depois da Primeira Guerra a juventude já se dividia. Ou era fascista, ou era comunista. Cada um escolhia aquela que simpatizava. Então, eu fui para a esquerda. Mesmo na escola já se escolhia, mas não abertamente, freqüentava pouco, pois era proibido. Mais tarde já...
Continuar leituraEu me chamo Tuba Schor. Nasci na Bessarábia, na cidade de Rischkol, Romênia, em 18 de julho de 1914.
Rischkol era uma cidade pequena. Tinha burgueses, proletários e camponeses. Meu pai trabalhava como negociante e minha mãe fazia todo o trabalho de casa. Éramos três filhos, eu tinha uma irmã e um irmão. Só uma infelicidade marcou a minha infância. Meu irmão, que era o único filho homem, subiu a escada da escola, caiu e rolou até embaixo. Bateu o joelho e ficou muitos anos doente. Deu muito trabalho para a minha mãe, mas ela logo decidiu sair da minha cidade e ir para uma cidade grande ver um especialista. Queriam tirar a perna do meu irmão, mas ela não deixou. Correu de um lugar para o outro, e salvou o menino.
Os três filhos estudavam. Tinha uma escola muito boa na minha cidade. Era o ginásio junto com o científico. Então, se estudava História, Geografia, Química, Física, Línguas, todas menos Inglês. Não sei por que não se estudava inglês. A escola era muito grande. Sempre traziam os melhores professores e os melhores diretores para aquela escola. Era freqüentada por toda a cidade. Era paga, mas aceitavam também uma parte dos alunos sem pagar.
Não tive uma educação religiosa. Meus pais não eram religiosos, iam na sinagoga nos dias que todo mundo ia, dias importantes da religião. Na minha casa não era como na daqueles judeus em que não se come leite junto com a carne, nem se cozinha na mesma panela[1]. Na minha cidade ninguém era fanático. Se comemoravam as festas com as comidas típicas daqueles dias, como na Páscoa, dias de fazer comidas diferentes. Isso tudo nós tínhamos. Mas fanatismo não.
Eu tive educação política. Depois da Primeira Guerra a juventude já se dividia. Ou era fascista, ou era comunista. Cada um escolhia aquela que simpatizava. Então, eu fui para a esquerda. Mesmo na escola já se escolhia, mas não abertamente, freqüentava pouco, pois era proibido. Mais tarde já trabalhava abertamente. Nós organizávamos os camponeses para não vender as coisas mais baratas, os trabalhadores para não trabalhar por ordenado pequeno e com os operários, para exigir direitos. Isso era a esquerda.
Numa cidade pequena como a nossa, não se tem grandes ocupações. A gente lia muito, tínhamos tempo. Então nos ocupávamos com uma vida cultural intensa. Líamos de tudo na época. Jornais, revistas, livros. Tinham escritores israelitas da esquerda muito bons, como o Peretz. Também se fazia muita conferência. Quando a esquerda fazia conferência, os fascistas vinham e discutiam. Não havia ainda um confronto entre a juventude de esquerda e a juventude fascista. Não tinha lutas, tinha discussões. Nós queríamos convencê-los eles para serem da esquerda e eles queriam nos convencer para ser da direita. Mas não lutamos um com o outro. E foi muito interessante.
Eu não queria ficar na cidade pequena. Achei que era um absurdo perder a vida numa cidade pequena no lugar de ficar em uma cidade grande, perto de uma fábrica grande haveria mais possibilidades de fazer o trabalho[2] de que gostávamos tanto. As pessoas então diziam "Você vai para a cidade grande? Nem jornal você não vai ter tempo para ler porque a cidade tira o tempo da gente.”
Eu tive de sair logo da minha cidade porque a polícia não nos largava. Tive muita sorte porque começaram a me procurar e eu consegui fugir, eles não me encontraram. Fui para Bucarest. Tinha um primo lá que tinha uma indústria. Mas eu não gostava de viver com ele pois tinha que dar satisfações; “Aonde você vai, o que você vai fazer?” Preferi me juntar a duas ou três moças, alugar um quarto e morarmos juntas.
Como eu não tinha profissão, eu fazia qualquer coisa que tinha e que dava para viver.
Costurava botões. Dávamos muitas risadas, pois trabalhávamos numa mesa em que ninguém tinha profissão. A gente costurava e para não acabar a costura, costurava sem nó. E desse jeito, com pouco, muito pobremente nos sustentávamos. Vivíamos muito no coletivo, quem ganhava mais um pouco ajudava o que ganhava menos. Éramos muito unidos.
Nosso grupo era todo da esquerda, comunistas. Havia judeus e não judeus, não fazíamos diferença. Haviam jovens de várias cidades e de Bucarest também Tinha indústrias muito grandes onde as pessoas sempre se dividiam. Eram da esquerda ou da direita.
Em Bucarest, vivi muito tempo sem a polícia me incomodar, mas depois houve uma greve de metalúrgicos, uma greve muito importante. Já se sabia que essas greves eram sustentadas pelos comunistas. Então, a polícia saiu para nos procurar. Eu estava num quarto com um rapaz, conhecido como comunista, e uma moça. A polícia bateu na porta e nos prendeu os três. Aí nosso colega perguntou “E a chave do quarto é para entregar para o dono?” Então, a polícia respondeu: “Com certeza, ela vai sair, e levar a chave.”, apontando para mim. Eu, com dezoito ou dezenove anos, tinha cara de criança. Era magrinha, baixinha. A polícia achou que eu seria logo solta. Mas foi o contrário.
Na Romênia não era como no Brasil que se você trabalhava no Rio e depois ia para São Paulo apagava tudo. Se trabalhei em Beltz, e fui para Bucarest, tudo o que foi registrado contra mim já estava lá, guardado numa gaveta. Quando fomos presos, tiveram que transferir alguns de nós da polícia para a cadeia porque não tinha lugar para tantos. Antes de transferir, abriram as gavetas para ver o que tinha contra as pessoas. A mim já não mandaram para a cadeia porque descobriram que eu era um elemento muito perigoso, segundo o que encontraram. Eu já estava sendo procurada desde Beltz. Estavam me chamando lá para o processo, pois naquela ocasião tinha sido preso o secretário do comitê que reunia várias cidades. Além dele foram presos vários elementos. Dos trinta e quatro que eles estavam procurando, ainda faltavam quinze.
Meus colegas tinham sido mandados para a cadeia e eu fiquei presa sozinha na polícia de Bucarest, pois estavam esperando informações de Beltz. Me puseram com os presos comuns, prostitutas e ladronas. Eu gostava de conversar com as meninas que me contaram porque elas viraram prostitutas. Depois chegaram duas mulheres muito elegantes, muito bonitas. Eram da alta sociedade, também ladronas. O marido de uma dessas mulheres tinha sido o chefe de polícia de Beltz. Viviam Bucarest, fazendo parte de em grupo de ladrões. Eu não estava de acordo com o que faziam, mas gostava mais de me encostar nelas, limpas e cheirosas, do que nas prostitutas que eram sujas e mal-cheirosas. Dormíamos todas no chão. Então, ficava muito perto, elas gostavam de mim. Quando foram me mandar para Beltz, a esposa do antigo chefe da polícia procurou uma oportunidade e pediu o marido fizesse um bilhetinho para mandar para o chefe de polícia de Beltz, pedindo para não me baterem. Eles batiam muito, a gente saia sem as unhas, sem os dedos, às vezes matavam. Era a coisa mais bárbara. E ela conseguiu. Até uma comunista a quem eu falei do bilhetinho, me disse “Joga fora. Você nem vai chegar perto do chefe de polícia. Eles fazem tudo que eles querem fazer com a gente e põem no porão” Mas, eu levei assim mesmo.
Em Beltz eu cheguei perto do chefe de polícia porque me puseram em uma cela de espera com um guarda para tomar conta de mim. Então, de noite traziam prostitutas, colocavam numa mesa e batiam nelas, eram coisas bárbaras. Então, uma vez eu não agüentei ver como eles batiam numa prostituta, toda rasgada, toda sem roupa e disse “Por que é que vocês batem nela? Ela está bêbada para contar o que vocês querem saber. Deixa ela dormir. Quando ela acordar, ela vai saber o que fez e o que não fez.” Então, ficaram muito bravos “Olha, sua atrevida, comunista, ninguém te perguntou nada. Você vem se meter!” Me puseram no quartinho que era perto do chefe. Aí, eu entreguei o bilhetinho. Ele, para me mostrar que não tem influência nenhuma, fez uma cara feia, gritou, mas não me bateu.
Fiquei presa muito tempo Aí, eu declarei uma greve de fome. Antes disso, a gente usava muito greve de fome para ter liberdade, para conseguir alguma coisa. Mas depois, o partido resolveu não fazer greve de fome porque, como a gente estava nos porões, o chefe de polícia nunca chegou a saber de nada. Mas, como eu estava ao lado dele, pensei “aqui vai resolver”. Declarei greve de fome. Greve de fome eles não agüentaram. Eu já era muito magrinha e os primeiros três, quatro dias a gente não consegue nem levantar. Dá umas tonturas tremendas. Mas depois que se acostuma levanta e anda. Eu suportei treze dias Só água, mais nada.
Aí começou o processo. Me levaram para falar num outro lugar. Durante a semana eles procuravam aqueles que estavam faltando. No Sábado eu falava. Então um deles queria me dar um privilégio por causa da greve de fome. Esperar em casa durante a semana para no Sábado voltar para o processo. Fui para minha casa e me puseram um soldado na porta.
A minha família me recebeu muito bem. Tinham muito bom senso. Meus pais eram muito bons e gostavam muito dos filhos. Não me acusaram, não ficaram bravos comigo por eu ser comunista. O que eles podiam me ajudar, me ajudaram.
Justo naqueles dias, chegou um chamado da minha irmã para eu vir para o Brasil. Ela casou em 1931 e foi embora para o Brasil. Morava em Juíz de Fora. Era início de 1933 e ela mandou um chamado no meu nome. Minha mãe ficou muito satisfeita, queria muito que eu fosse embora Eu sabia que iam me condenar, iam me por na cadeia por uns três, quatro anos. Então, uma noite resolvi sair e ir embora para o Brasil.
Era inverno. Os soldados que tomavam conta ficavam sentados em frente da casa e às quatro da manhã adormeciam. Eu saí neste horário e fui embora. A minha saída foi preparada. Uma charrete me esperava fora da cidade e me levou a Chernovitz. De lá tomei um avião para Trieste. Tudo foi pago, arrumado. O partido ajudou muito. Meu pai também juntou um pouco de dinheiro, deram um jeito para eu poder ir.
Quando me lembro disso, como é que a gente não tinha medo? Não tinha medo de nada. Eu nunca tinha medo de nada.
Fiquei oito dias em Triste esperando o navio sair. Perto do porto tinha um restaurante com um hotel e algumas casas. Trieste não era ainda uma cidade. Então, os rapazes descobriram que tinha uma mocinha lá naquele hotel, esperando. Vieram e me levaram para a casa deles. Eu me diverti, era Páscoa, me levaram para passear, para jantar. Foi uma beleza. E aí fui embora para o Brasil, de navio. Uma viagem de vinte e dois dias.
A viagem foi muito boa, muito gostosa. Depois de uma greve de fome, a gente come até pedra. O navio era muito bom, tinha jovens. E tive sorte porque eu tinha cara de criança e no navio tinha uma velha muito rica que ficava sozinha no apartamento. Então ela pediu para eu ficar com ela. Tinha o quarto dela e mais um onde eu fiquei, um lugar muito bom. Fiquei perto da velha, me diverti com os jovens, foi uma viagem maravilhosa.
Como eu não avisei, achei que minha irmã não sabia que eu estava chegando. Tinha muito pouco dinheiro e resolvi mandar um telegrama quando chegasse perto do Rio e pegar um trem para ir vê-la. Ela tinha um menino de oito meses e eu não queria dar trabalho. O chefe do navio me dizia "quando você chegar só vai ter um negro te esperando". Eu nem dava confiança.
O navio foi chegando de noite no Rio, uma coisa mais maravilhosa. Você vê só as lâmpadas com as montanhas, um sonho. O navio demorou um pouco a encostar. E um negro subiu com uma caixa de laranjas para mim. Todos deram risada “Olha, o negro já está te esperando”. Quem mandou a caixa era um colega meu de ginásio, que estava morando no Rio já há um tempo e soube que eu estava chegando, veio e me mandou as laranjas. Minha irmã também soube e estava lá com o filho.
Ela me levou para Juiz de Fora. Mas eu cheguei lá e não queria ficar. Era um lugar pequeno. Eu não sabia onde estava o Partido. Sozinha, eu não me sentia bem, quis ir embora. Veio um amigo do meu cunhado para fazer alguma coisa na cidade e eu me queixei com ele. Ele disse: “Eu te levo para o Rio” Ele me levou e me pôs numa oficina. Eu trabalhava e ganhava um pouco. Me sustentava, não precisava muito.
Fiquei alguns dias na casa de uma prima e depois eu fui morar num quarto na casa de uma família, no Meyer. Era muito amiga da minha irmã, ela cobrava muito pouquinho. Quando eu cheguei, me apresentaram ao pessoal do Partido e disseram: “O melhor do Partido está na ilha.” Naquela ocasião, quando prenderam os comunistas no Rio, mandaram para a ilha[3]. Eles tinham uma prisão numa ilha só para políticos. "O melhor comunista do Rio, Hirsch Schor, está nessa ilha". Ele já estava lá há dez meses. Ficou mais dois e voltou para o Rio. Era jovem, logo ficou sabendo de todas as novidades, soube que tinha uma "gringa" que também veio para o grupo. Ele me procurou, nós andamos um ano e casamos.
No Rio, continuei com as minhas atividades. Eu que trabalhava na oficina, logo comecei a organizar os moços, que ganhavam pouco, para ganhar mais, viver melhor, ter casas melhores. Só para melhorar a vida do povo, esse o nosso trabalho. Nem sabíamos o que Stalin falava. A gente nunca nem pensou nessas coisas. A Rússia não era uma fronteira aberta que a gente ia e vinha. Então, só sabíamos que na União Soviética derrubaram o capitalismo e tinha o socialismo. Cada país criou uma teoria de socialismo. A Rússia tinha certas obrigações porque como eles tomaram o poder, tinham que lutar contra muita coisa severa que atrapalhava. Nós, dos países capitalistas, tiramos só o bom, trabalhar para ganhar melhor, para não ser expulso, lutar contra a polícia que maltratava. Cada país fazia os seus programas. Às vezes vinham pessoas de lá e contavam algumas coisas. Mas não éramos dirigidos pela Rússia não. Naquela fase, eu não era do partido. Até trinta anos era da juventude comunista.
Tinha comitês para trabalhar em comunicação com os operários, ligações para organizar sindicatos, não havia sindicatos ainda. Tinham errado muito nisto. Eu fiquei horrorizada como eles organizavam o sindicato aqui. Na Romênia não cheguei a trabalhar no sindicato, foi só uma pequena experiência, mas a gente entende como deve se fazer. Quando eu criticava diziam “Ela veio com uma prática.”.
Eu, quando cheguei no Brasil, achava que todo mundo aqui era polícia, porque aqui, todos olham muito as mulheres, os pés. Na Romênia, eles controlavam as mulheres porque olhavam como comunistas, não olhavam os pés e nem a beleza da mulher.
Eu tinha também atividades na comunidade judaica. No Rio tinha uma biblioteca. Éramos perseguidos e usávamos biblioteca para os encontros. Lutávamos para os estrangeiros não serem expulsos. Também trabalhava ajudando a organizar o pessoal que vinha de fora para ganhar a vida. O partido sempre se propôs a ajudar em tudo o que precisava.
Em 1936, o partido resolveu tomar o poder e a polícia era mais forte. Naquela ocasião, o meu marido estava na faculdade de Medicina, ele não tinha se formado ainda. Ele esperou passar esse período em que muitos foram presos. Então, eu combinei um encontro com o meu marido. Nós saímos de manhã, ele foi para um lugar e eu fui para um outro lugar. A gente ia a reuniões. Eu combinei de me encontrar com ele às seis horas, na porta da Faculdade dele. Éramos muito pontuais, quando tinha encontro, não esperávamos muitos, se um não chegasse íamos embora. Como eu não o encontrei, fui embora. Se não veio pontualmente é porque estava preso. Cheguei em casa, estava muito cansada, mas me levantei e fui embora. Tive muita sorte ao partir. Sabia que não podia ficar mais, pois se estava preso e eles batem muito, muitos acabam falando, nem podemos acusar porque tem pessoas que não agüentam de tanto apanhar. No caminho para a casa da minha mãe, passei no Meyer onde tinha um conhecido. Quando eu entrei na casa dele, já sabiam que a polícia estava na casa da minha mãe para me procurar. Meu marido fora preso e a polícia disse para ele: “Nós temos que encontrar muito a sua mulher” Não sei porque não me prenderam. No Brasil, não me prenderam nenhuma vez. Só o meu marido. Prenderam no Rio e depois em São Paulo outra vez.
Aí, comecei a me esconder e viajei muito pelo Brasil todo. Fui ficando onde o Partido me mandava, casa das famílias. Quando começou a ficar mais calmo e o meu marido saiu da cadeia, ele veio me buscar e eu voltei para o Rio. Pouco tempo depois, foi declarada a nova constituição de Getúlio Vargas. Aí, saíram outra vez para prender os comunistas. A polícia foi para a casa da mãe do meu ex-marido. Eles falam: “Aonde está a mulher dele? Se você não vai falar aonde ela está, vamos prender outra vez teu filho.” Mas contra ele, já não tinham nada. Já tinha ficado um ano na cadeia. Ela não sabia onde eu estava, mas se soubesse não ia falar. Logo vieram me avisar que estavam me procurando. Então, resolvi ir para São Paulo.
Eu pedi para o meu marido. Isso era em novembro em dezembro ele ia se formar. Disse “você não vai. Nem um dia, você vai não vai ficar sozinha.” Eu respondi “Você fica aí e se forma, eu vou embora para São Paulo". Mas naquela ocasião, a gente tinha muito cuidado um com o outro. Ele veio comigo para São Paulo no começo de 1937. Ele estudou, se preparou, voltou e prestou exames de volta.
Eu cheguei aqui e fui trabalhar. Ele tinha se formado naquela ocasião, não estava ainda com o diploma nem estava naturalizado, apesar de ter chegado com seis anos. Eu que vim depois já estava naturalizada. Então, ele lutou para normalizar a vida dele, trabalhou com amostra grátis. Médico quando se forma no começo é assim. Então, vivemos. Honestamente, vivemos. Não tinha problemas, a gente se arrumava com pouca coisa, sempre se arrumava. Fiz pequenos trabalhos até ele começar a ganhar um pouco. Mas, também, passei sete anos sem ter o meu filho. O Nelson nasceu só sete anos depois. Depois ele não quis mais que eu trabalhasse de jeito nenhum, já ganhava como médico.
Eu me lembro bem do Prestes. O Prestes chegou no Brasil, me parece em 1935, com aquela revolução. A gente tinha ligação com os elementos do Partido porque o Partido controlava a Juventude. Eles nos orientavam, organizavam a Juventude Comunista. Eu ouvi falar muito em Prestes. Depois, quando o Prestes chegou, a gente ouviu muito falar também na Olga[4]. Foi preso em 1935. Depois que o Prestes saiu da prisão, em 1945, ele veio para São Paulo, e a primeira casa em que se hospedou foi a minha casa. Veio fazer um comício no Pacaembu[5], foi o primeiro grande comício. Eu gostava dele, era uma pessoa muito simpática. Nunca esqueço desse dia em que Prestes estava na minha casa. Ele saiu para o trabalho. Não se sabia ainda se Olga, tinha sido morta ou não. E eu saí em seguida e comprei o jornal, abri e li a notícia da morte dela. Fiquei gelada. Ele chegou na minha casa com o jornal embrulhado debaixo do braço. Sentou à mesa, abriu e começou a ler. Eu não sei se ele chorou, ou estava suando. Ele ficou se enxugando. Ali ele soube da morte dela. Quando chegou o Mílton Caires de Brito[6], que foi quem trouxe Prestes para ficar na minha casa, eu disse: “O Prestes não vai poder falar, hoje, depois do choque.” Ele disse: “Não se preocupa, Tuba, se o Prestes não puder falar, eu falo.” O meu marido também falava muito bem.
O Prestes ficou assim, sentado um tempão, depois entrou no banheiro e lavou o rosto e se vestiu, foi embora e fez o comício. A polícia veio para a minha casa trazendo o jornal. Aí, saiu no jornal que o Prestes soube no trem da morte da Olga, mas não foi assim. Eu gostava muito do Prestes. Uma pessoa com um caráter muito bom. Depois acharam que ele era um elemento fraco, o Partido precisava de elementos mais fortes. Para dar esse impulso para organizar, precisava ser um elemento com muita iniciativa, com muita força. Não é fácil organizar.
Quando acabou a Guerra soubemos que muitas mulheres ficaram viúvas, sem os maridos e muitas crianças sem os pais. Muitas na Polônia, e também muitas crianças que foram para Israel. Sentimos que tínhamos a obrigação de ajudar. Daí nasceu a Associação Feminina Israelita Brasileira, AFIB. Começamos a juntar dinheiro e mandar roupa para a Polônia. Até mandamos para Israel três aparelhos de infra-vermelho para ajudar as crianças. Pensamos que essas crianças deviam se sentir muito mal em perder os pais e perder tudo. Nos organizamos para escrever cartas de amizade para essas crianças para eles sentirem que tinha gente interessada nelas. Fizemos de tudo para ajudar as crianças e também as mulheres. Essa era a AFIB. E isso era o nosso trabalho. Depois, soubemos que uma mulher que era muito ativa e se chamava Vita Kempner, lutou muito contra o imperialismo na Alemanha. Era uma lutadora maravilhosa. Então, demos o nome dela à associação, sem nem perguntar a ela.
Nós éramos poucas no início. Mas logo tivemos muitas que aderiram. Depois a gente procurou organizar grupinhos nos bairros. A gente conhecia uma, uma conhecia outra. Assim, nós nos organizamos em todos os bairros. Tínhamos também atividades culturais. A gente fazia círculo de leituras. Lia todos os noticiários para estar a par, durante a semana em casa e depois, quando a gente se encontrava, discutia o que lia. Uma sempre ficava responsável por ler um livro e então ela falava sobre o livro e a gente discutia. Era uma coisa maravilhosa. Éramos só mulheres, muitas eram viúvas, achávamos que deviam ser só de mulheres os grupos.
Nós até tínhamos um local na Barão de Itapetininga, uma sala muito boa, com uma secretária. A gente fazia empreendimentos para fazer dinheiro. Depois, uma das nossas amigas, a Leia esteve em Paris e de lá ela trouxe a idéia das colônias de férias feitas pelas organizações de esquerda. Aí, entramos nesse empreendimento.
Primeiro começamos a juntar dinheiro. A primeira colônia que nós resolvemos fazer, foi em Lindoya, como uma experiência. Havia um família de muito prestígio em São Paulo. A família Rosenblatt. O marido era um homem muito rico e muito bom, gostava de jogar cartas. Convidamos a mulher dele, Riva Rosenblatt para ser nossa presidente. Porque a gente não tinha interesse de ser presidente. Eu nunca queria ser presidente, eu queria fazer o trabalho que precisava fazer. Nós não tínhamos essa ambição. Isso ajudou muito. Numa reunião, ele nos disse “Vocês querem fazer uma colônia de férias em Lindoya.? Eu faço o jantar na minha casa, com jogo. E fez 90 contos. Eu me lembro do 90, eu não sei que dinheiro era naquela ocasião. E nós organizamos a colônia com 90 crianças, 30 do Rio, 30 de São Paulo, e também vieram crianças de Belo Horizonte e de Santos. Foram algumas mulheres e homens do Rio para acompanhar essa colônia. Foi uma colônia maravilhosa. Num hotel de Lindoya.
Havia muitas atividades. Primeiro, tinha crianças que não estavam acostumadas a fazer amizades. Tinha atividades para fazer amizades, discutir as coisas, ler. Tinha as atividades que a gente programava para todas as noites. E muito esporte, sempre tínhamos um professor de esporte. Jogavam bola, piscina, tudo isso que a criança gosta. Eles nunca esqueceram da colônia. Eram 20 dias.
A segunda vez fomos para Guararema. Aí depois, resolvemos fazer grandes empreendimentos para comprar uma colônia própria. No Rio, tínhamos um coro muito bonito. Trouxemos o coro do Rio para São Paulo, para cantar no Teatro Municipal. Depois, fizeram na Casa do Povo e deu dinheiro. A gente fazia esses empreendimentos e juntava dinheiro. Também ia pedir de casa em casa.
Aí, saímos, eu com um amigo de São Paulo, e a Carlota com outro do Rio para escolhermos um lugar para comprar a colônia". Tinha que ser perto de São Paulo ou do Rio Escolhemos em Sacra Família, no Estado do Rio. Não sou egoísta para querer a colônia perto da minha casa. Eu estava com a Carlota e discutimos “Olha, no Rio o grupo de ativistas é maior. Tinha mais gente, gente muito forte. Então, é melhor comprar a colônia mais perto do Rio. Depois fui criticada a vida toda. “Você foi escolher a colônia para o Rio e não pra São Paulo.”
Quando compramos não tinha quase nada. Tinha uma casa quebrada, feia e um barracão lá fora. Só o terreno muito bonito, um lugar muito bom para uma colônia, clima ótimo. Escolhemos e estamos construindo a colônia até hoje. Sempre aos poucos.
E logo depois que compramos já fizemos a primeira colônia. Com menos crianças e com muito sacrifício. Não com as comodidades que eles tinham quando foram para o hotel, mas fazia-se colônia. As crianças gostavam muito.
Preparávamos tudo. O pessoal do Rio preparava os monitores e o programa. A gente também mandava pessoas responsáveis pelos trabalhos e também fazia um programa. Então chegando lá juntavam os programas. Sempre tinham muitas atividades para as crianças. Tinha atividades culturais, jogos, esportes, passeios muito bonitos para fazer em volta. As crianças nunca esqueciam das responsabilidades que tinham de arrumar os quartos, as camas, lá eles tinham uma vida completamente diferente e diziam que era ótimo ficar sem a mãe, sem o pai dizendo ”Você já fez isso, fez aquilo?” Ficam mais independentes. Eles faziam de tudo. Também tinham muitas discussões. Sobre a vida dos jovens, sobre as obrigações do jovem, coisas revolucionárias. Sempre o tempo atual. O tempo que a gente vivia naquela ocasião
Eu ia também. Até, o pessoal ficava bobo. A primeira colônia que os meus filhos foram eu também fui. E eles estavam acostumados a ficar junto com outros jovens, trabalhar com jovens, ninguém chegou perto de mim. Não eram crianças que ficam atrás da saia da mãe. Quando souberam que eu tenho três filhos na colônia, ficaram bobos de ver. Porque, em geral, as mães que estavam com os filhos sofriam. Eles ficavam pendurados na mãe.
Nunca esquecemos da colônia, vinha um grupo de 30, 40 crianças de São Paulo e 30, 40 do Rio. Quando era para ir embora, o ônibus de São Paulo parava, entravam os paulistas e o pessoal do Rio ficava do lado de fora para se despedir deles, chorando. Uns embarcaram chorando e os outros ficavam chorando. Uma vez, eu vi o meu neto subindo no ônibus chorando tanto. Eu disse: “Breno porque você está chorando tanto?” Ele estava se despedindo dos amigos dele do Rio. As amizades eram tão bonitas, tão puras que era uma coisa louca. Os meus filhos, eu criei na colônia e os meus netos, eu também criei lá na colônia.
Durante o ano havia outras atividades para estas crianças. Nós não queríamos perder todo o trabalho. Então, pensamos em fazer os clubinhos. As crianças também gostavam muito. Os clubinhos chamavam as crianças que iam para a colônia, convidávamos pessoas para fazer palestras, víamos o que precisava se fazer para cada idade. Tinha clubinhos em todo lugar. Em São Paulo, no Rio, Belo Horizonte. Em São Paulo, nós até tínhamos uma sala na Casa do Povo.
A Casa do Povo também era um das nossas organizações. Essa casa que tem nome de Casa do Povo, foi feita depois da Guerra. Tínhamos um grande capitalista aqui em São Paulo, o Sr. Casoy, que se dizia simpatizante. Ele dizia assim: “Se a Alemanha perder a Guerra, eu dou dinheiro para vocês fazerem uma casa própria para as organizações progressistas que vai se chamar a Casa do Povo.” Ele deu o dinheiro, depois ele se comeu vivo porque prometeu sem pensar muito. E ele não estava disposto a dar tanto dinheiro. Assim foi comprada a Casa do Povo. É no Bom Retiro e está até hoje lá. Eu vivi na Casa do Povo. Eu não saía de lá.
Depois da Guerra, o trabalho continuou. A preocupação e a ajuda aos imigrantes, a organização dos jovens para terem uma vida coletiva, uma vida progressista, para não virar fascista.. Aqueles que não sofreram a guerra não sabem que o melhor trabalho é lutar contra a guerra. Depois de 60 enfraqueceu um pouco o movimento porque veio uma reação forte. Depois da guerra ainda tínhamos uma ligação com o Partido. Muitos anos depois da guerra, a gente ainda fazia esse trabalho porque a nossa organização fazia muitos trabalhos que o Partido precisava.
Fiz também várias viagens. Apareceu um congresso internacional na União Soviética. Tinha mulheres do mundo inteiro. Não era só do partido. Era um congresso para organizar exigências, reivindicações das mulheres. Eu nem pensei em ir pois naquela ocasião, estava meio chateada, me separando do meu marido. E o Marighella[7], com quem eu trabalhava e de quem eu gostava muito, disse “Tuba, você vai para esse congresso". Eu disse: “Eu não vou.” “Você vai para o congresso” Ele me embarcou sem eu querer, gostava muito de mim. Fui embora e foi maravilhoso. Discutimos reivindicações, situação e exploração das mulheres. . O que deve e o que pode ser melhorado na vida das mulheres. Foram 20 dias de congresso. Tinham grupos de todos os países, até de Israel. Como Israel tem dois partidos, tinha dois grupos. Passeamos dois ou três dias, levaram o grupo para Leningrado, Moscou, vários lugares. Foi muito bem organizado. Depois um grupo com várias mulheres da China.
Veio me falar que eu era um bom elemento no Partido, e me convidaram para ir para a China. Eu e mais dez mulheres foram escolhidas. Outras quiseram, mas não foram. Fui embora para a China onde fiquei vinte dias. Não podia ser menos, eles diziam: “Você quer ir para poucos dias, como passeio, depois você vai falar das coisas que viu e que não viu. Tem que ficar para ver tudo bem direitinho. Tudo que você for contar sobre a China tem que ser certo.” Foi uma coisa maravilhosa.
Na Rússia eu não fiquei satisfeita porque o congresso deu pouco tempo para ver a Rússia. Depois de cinco ou seis anos voltei lá, para ficar um mês. Fui para o hotel em Leningrado, onde tenho um primo, para ficar seis dias e fiquei catorze, não queria ir embora. Leningrado é tão lindo.
Tudo mudou muito lá na Rússia. A gente sente muito porque tudo é diferente. Uma grande desilusão. A Rússia tinha uma grande influência nos jovens. O forte do partido é a juventude, porque da juventude é que vem o partido. Então, a juventude teve uma grande desilusão com a Rússia. Mas ainda tem partidos progressistas que funcionam muito bem. Não é tudo fascismo não.
Fiz também muitas coisas para a família. Fazia um monte de coisas. Ajudava os meus filhos, ajudei a criar os meus oito netos. Meus filhos são todos médicos e eu ajudei muito eles. Eu viajei muito com os meus netos, além de levar para a colônia. Para Águas Quentes, para Brasília, para todo lugar eu ia com os meus netos. Primeiro, eu levei os oito para Campos do Jordão. Aluguei uma casa e fiquei com os oito duas vezes. O meu filho mais velho diz: “Mamãe, nós nunca tínhamos férias. Férias foi você que nos deu. Porque ficar sem os filhos pequenos por quinze dias eram as melhores férias que podíamos ter. Se você quer dar mais férias para a gente, leva as crianças para um hotel". Era muito trabalho, muita responsabilidade e ele ficou preocupado. Então, fui para Lindoya no hotel com os oito netos pequenos. Eles nunca esquecem, se davam muito bem. O mais novo tinha um ano naquela ocasião.
Eu trabalhava muito. Isso era o que o pessoal dizia “A Tuba trabalha mais do que esses que trabalham para ganhar.” Ainda dava um tempinho para as atividades de lazer, atividades culturais. Eu usava muito a minha casa, fazia muita reunião. Recebi muitos elementos de fora. Isso era a minha vida. Eu não tinha outra vida.
Agora, está mais difícil, estes últimos três anos. Pois aconteceu que cheguei muito alegre da casa de um filho meu. Me deixaram aqui e foram embora. Entrei na cozinha e sentei perto do forno para fazer um cafezinho. Tocou o telefone, eu levantei depressa para atender e caí em cima do braço. Era domingo, quando eu não tenho empregada, quatro horas da tarde. Fiquei deitada no chão, não conseguia nem levantar, nem chamar. Fiquei até às dez e meia no chão, deitada em cima do braço quebrado. Depois disso, acabou os sonhos de viagens, de querer muita coisa. Hoje eu faço menos coisas. O que eu faço? O que uma velha faz? Eu gostaria de fazer muita coisa. De ir ao cinema, ao teatro, viajar mais um pouquinho. Eu queria ir para Cuba. No ano passado, eu estava pensando ir para Cuba. Estive lá, mas foi no começo, achei que deveria ir agora, mas não dá. Eu vejo que agora não dá mais. Paciência. Eu tenho que me conformar. Agora, eu já não ando direito, achei que era por velhice. Na semana passada, os meus filhos estavam meio sentimentais. Os três filhos, o Nelson, o Nestor e o Nílton me levaram para o melhor médico de coluna, para ouvir a opinião dele. Ele disse que esse negócio das pernas não é da velhice, é da coluna. Eu queria andar melhor um pouco. Eu preciso fazer mais fisioterapia.
Eu ia muito na Casa do Povo. Sempre tem conferências muito boas. Sempre de progressistas. A gente paga a mensalidade, eu recebo o programa, mas não tenho ido porque primeiro, tem uma escadaria enorme para subir. Eu tenho muito medo de cair porque, ultimamente, eu caio, eu não tenho muita firmeza. E nem sempre estou de acordo com o trabalho da Casa do Povo. Agora, nos últimos anos, também ficou mais fraca a questão. Quase não tem o trabalho que tinha antes. É fraco, e depois a gente envelhece e não dá. Tem gente velha que continua até a morte trabalhando nisso. Para mim não dá mais. Eu não tenho ido à Casa do Povo.
Eu gostei muito de dar este depoimento, muita gente sabe que eu fiz muito e que eu tenho muita coisa para contar. Então, me pedem. Eu não conto tudo aqui, o que eu vi o que eu passei.. Eu nunca queria contar nada para ninguém. É a primeira vez que eu conto. Eu gostei de vocês. É um ambiente muito gostoso. Eu não achei ruim não. Não sei porque, eu não estou arrependida de ter contado.
Eu não estou arrependida de nada do que eu fiz na vida. Há muitos para quem tudo era a Rússia. Como a Rússia mais ou menos não deu certo dizem “Perdi a minha vida" Muitos acham que deram tantos anos de trabalho para nada. Esquecem que o que aconteceu lá nos ajudou um pouco aqui. Eu nunca vou dizer que eu perdi a vida. Eu ganhei a vida. A melhor coisa é fazer alguma coisa quando a gente é jovem. Ter um ideal é a melhor coisa da vida. “Quero isso, quero aquilo. Vamos fazer isso, vamos fazer aquilo e fazer.” Não é só dizer que quer, mas fazer.
[1] Referência aos preceitos judaicos da cashrut, que proíbe a mistura de qualquer alimento derivado de leite com carne
[2] A depoente usará os termos trabalho e trabalhar como sinônimo de militância e militar
[3] Referência à ilha Grande, no litoral carioca, onde funcionava um presídio em ficaram muitos comunistas
[4] Olga Benário, esposa de Prestes, deportada, grávida para a Alemanha, por decisão de Getúlio Vargas.
[5] Referência à manifestação realizada em 15 de julho de 1945 no estádio do Pacaembu, onde Prestes lança a campanha "Constituinte com Getúlio".
[6] Deputado pelo Partido Comunista
[7] Deputado eleito em 1947 pelo Partido Comunista, abandonou o partido e aderiu à luta armada durante o regime militar.
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