Museu Aberto
Depoimento de Olga Vieira da Rocha
Entrevistado por Beth e Rodrigo
São Paulo, 11/09/2004
Realização: Museu da Pessoa
Entrevista n° MA_HV094
Transcrição Roselmira Nunes Henriques
Revisado por Luiza Gallo Favareto
P/1 – Bom dia Dona Olga.
R – Bom dia.
P/1 – Dona Olga, a s...Continuar leitura
Museu Aberto
Depoimento de Olga Vieira da Rocha
Entrevistado por Beth e Rodrigo
São Paulo, 11/09/2004
Realização: Museu da Pessoa
Entrevista n° MA_HV094
Transcrição Roselmira Nunes Henriques
Revisado por Luiza Gallo Favareto
P/1 – Bom dia Dona Olga.
R – Bom dia.
P/1 – Dona Olga, a senhora podia começar falando seu nome completo, data e local de nascimento.
R – Olga Vieira da Rocha, nasci em Sergipe, Nossa Senhora das Dores, 21 de abril de 1940.
P/1 – Dona Olga, com quantos anos a senhora mudou de Sergipe?
R – Olha, eu... Em Sergipe mesmo eu acho que saí de lá neném, porque eu fui criada em Alagoas, Penido.
P/1 – Qual o nome dos seus pais?
R – Papai, João Vieira da Rocha. Mamãe, Maria Júlia dos Anjos.
P/1 – Eles eram de Sergipe?
R – A mamãe era de Batalha.
P/1 – Batalha fica onde?
R – Alagoas também, e papai de Junqueira, não tô bem lembrada.
P/1 – E qual é a profissão dele?
R – Meu pai era ourives.
P/1 – E a sua mãe?
R – A mamãe trabalhava em casa, em todos os serviços.
P/1 – A senhora foi criança para o Alagoas, a senhora morava onde?
R – Penedo, na Rua Baixa da Lama.
P/1 – E como que era o lugar onde a senhora morava?
R – Olha nossa casa era uma casa boa, tinha muitos cômodos e a gente vivia feliz.
P/1 – Quantos irmãos a senhora tem?
R – Nós somos... A mamãe teve dezoito filhos, três vezes gêmeos. E vivos são oito, cinco mulheres e três homens.
P/1 – E como era o pai da senhora ser ourives?
R – Ah era bom, mas só que o papai era alcoólatra, então era a mamãe que tinha mais responsabilidade. Ela trabalhava muito de doméstica. A gente ia no mercadão ali pegar as coisas, a gente vinha a pé de lá da Vila Gustavo, saía de casa duas, duas e meia da manhã e ia a pé lá pro mercadão, pra gente trazer as coisas junto com a mamãe. E era bom.
P/1 – Mas isso lá?
R – Aqui em São Paulo.
P/1 – Ah, tá! A senhora veio pra São Paulo com quantos anos?
R – Eu tinha nove anos.
P/1 – Ah, a senhora veio pra São Paulo com nove anos. Vamos voltar um pouquinho, lá em Alagoas como era o bairro em que a senhora morava, como eram seus vizinhos?
R – Era bom. Era tudo aconchegante. Antigamente a gente era tudo pequeno, a gente não tem raciocínio como é, como não é, porque tudo é alegria, tudo é bom. Agora, quando nós viemos pra cá com nove anos, eu com nove anos. Aí aqui apertou um pouco, aí eu comecei a trabalhar logo cedo, nós todos começamos a trabalhar cedo pra ajudar a mamãe a criar os outros irmãos.
P/1 – Porque sua família veio pra São Paulo?
R – Tentar a vida, né? Como todos os nordestinos fazem.
P/1 – Tinha parentes aqui?
R – Aqui, ninguém. Nós viemos a olho. Ficamos na casa de uns conhecidos só do papai, porque a mamãe era a outra mulher do papai.
P/1 – É do segundo casamento, né?
R – É, daí nós ficamos na casa de uma sobrinha da outra esposa dele.
P/1 – Vieram direto pra Vila Gustavo?
R – Não, nós ficamos na Casa Verde, depois nós fomos pro Paraná, pra Rancharia, Estado de São Paulo, e nós andamos uma porção.
P/1 – E como foi essa andança? Quando chegaram ficaram bastante tempo aqui, ou já foram logo pro Paraná?
R – Nós fomos pra Casa Verde. Foi uma dificuldade pra achar o endereço tudo, mas a mamãe conseguiu achar. Aí nós ficamos lá um pouco. Depois da Casa Verde nós fomos pra tanto lugar, que até me foge, mas depois nós fomos pra vila Gustavo.
P/1 – Como foi a primeira impressão quando a senhora veio de Alagoas pra São Paulo, quando a senhora chegou aqui em São Paulo?
R – Muita tribulação, sabe? Então é aquilo que eu te falei, a gente não tem noção de como são as coisas, eu achei bonito. Quando a gente desceu do trem aqui na Estação Roosevelt no Brás, eu achei bonito. Aí nós fomos pra Imigração, nós ficamos na Imigração.
P/1 – Ah, vocês ficaram lá na Imigração?
R – Fomos pra Imigração, pra depois a gente ir pra lá, pra...
P/1 – A senhora ficou muito tempo lá na Imigração?
R – Eu lembro que a gente dormiu lá.
P/1 – Tinha bastante gente?
R – Muita gente pelo chão todo. Eu sei lá, se fosse hoje com a experiência que eu tenho eu ia gostar, não gostar assim, eu ia querer saber mais sobre aquilo, é gostoso né? E criança, é aquilo que eu te falei a gente não tem noção das coisas, não procura saber de nada, mas foi gostoso, apesar dos pesares. Mamãe sempre ali junto com a gente, foi bom.
P/2 – Quando vocês vieram eram quantos irmãos?
R – Nós éramos em sete, aí nasceu esse meu irmão que tem 52 ou é 54 anos. Ele já nasceu aqui em São Paulo. Eles eram gêmeos, morreu um e ficou o outro.
P/2 – Seu pai já era ourives?
R – Meu pai era ourives.
P/2 – Em São Paulo ele exerceu?
R – Também, também.
P/2 – A senhora lembra onde ele trabalhava?
R – Ele trabalhava em casa mesmo. Ele tinha uma banquinha que ele trabalhava em casa mesmo.
P/2 – E ele comercializava em algum lugar?
R – Ele vendia... tinha pessoas que encomendavam e ele fazia as jóias. É.
P/2 – Então ele fazia a demanda?
R – Isso, a demanda.
P/2 – Como era sua vida no início de São Paulo? Quando vocês chegaram na Casa Verde, como eram as condições de vida que vocês tinham aqui em São Paulo nesse começo?
R – Precaríssima.
P/2 – Era precária?
R – Muito.
P/2 – Conta pra gente o que a senhora lembra.
R – É aquilo que eu te falei... É Maurício que você chama?
P/2 – Rodrigo.
R – Olha Rodrigo, nós chegamos aqui e ficamos na casa dessa conhecida só do papai. Sofremos, depois conseguimos uma casa e nós fomos morar [lá]. Papai trabalhou na fábrica de alumínio Penedo, ele era vigia lá à noite, mas como ele era alcoólatra ele não chegava a tempo no horário, então o dono, o chefe dele, não sei, precisou mandar ele embora. Aí dali a gente já foi começando, a mamãe arrumava casa de família a gente ia trabalhar. Aí foi indo, a nossa vida foi desenrolando assim.
P/2 – Foi difícil no começo?
R – Dificílima.
P/2 – Você chegou aqui com nove, dez anos?
R – Nove anos.
P/2 – E como era a sua convivência com as pessoas do bairro, com as crianças do bairro, como era esse ambiente?
R – Era bom, temos as nossas amigas que até hoje a gente se encontra e começa a lembrar, eu morava ali na [Rua] Rodrigues Alves, que agora é mais Vila Edi ou Vila Gustavo, não sei. Então a gente ia dali até lá em Tucuruvi a pé na escola.
P/2 – Você estudava no Tucuruvi?
R – Estudei lá, fiz o primeiro ano só lá, na Avenida Tucuruvi, que antigamente era Grupo Escolar Silva Jardim e hoje é escola de primeiro e segundo grau.
P/1 – Dona Olga, a senhora só veio estudar aqui em São Paulo, a senhora não estudava lá em Alagoas?
R – (expressão negativa)
P/1 – A senhora não estudava lá porque era longe a escola? Não tinha?
R – Eu não sei por que. Não sei, mas eu não estudei lá.
P/1 – Dona Olga, a senhora sabe por que o seu pai ou sua mãe escolheu o nome Olga pra senhora?
R – Por causa da Olga do Luís Carlos Prestes. Ela era esposa e a minha irmã Ligia era irmã dele, ou cunhada. E o papai então pôs o meu nome por causa dela, a Olga Benário. Eu tenho esse nome por causa dela.
P/1 – E ele contou essa história pra senhora, porque ele tava pondo?
R – Ele contou acho que pra mamãe. Ele deve ter dito pra mamãe. Ele achou muito bonito e também em consideração ao Luís Carlos Prestes, que eles eram muito amigos.
P/1 – Eles eram amigos?
R – Eram.
P/1 – E tem mais alguém na sua família que tem o nome significativo?
R – É a Ligia, né? Que era cunhada dele ou era irmã dele, não sei. Então ele pôs Olga e Ligia.
P/1 – E a senhora já foi ver esse filme, Olga?
R – Eu não fui ver ainda, mas eu tô pra ir ver.
P/1 – A senhora vai lembrar bastante.
R – Vou, acho que eu vou, e me comover também.
P/1 – Dona Olga, como foi a adolescência da senhora?
R – A minha adolescência foi boa, inclusive a gente não tinha tempo. Essa palavra depressão e carência eu vim saber agora depois de idade, porque eu não sabia, nós não tivemos tempo de ter depressão que, aliás, a gente não sabia. Carência também, se a gente foi carente a gente não sabia o que era, então...
P/1 – Conta um pouquinho pra gente o que a senhora fazia na adolescência, a senhora já trabalhava?
R – Já trabalhava.
P/1 – A senhora fazia o que nessa época?
R – A gente trabalhava de doméstica.
P/1 – E a parte divertida?
R – A parte divertida, a gente não ia pra lugar nenhum, era só em casa ajudando a mamãe.
P/2 – Mesmo quando você já era mocinha você não ia pra bailinho?
R – Ia, eu era muito baileira, eu era.
P/1 – Com quantos anos a senhora já ia?
R – Acho que esse tempo aí já tinha uns dezesseis.
P/1 – Então conta pra gente um pouquinho como era.
R – A gente ia passear, ia nos bailes de carnaval. Eu e uma amiga minha, a gente passeava muito, ia nos bailinhos. Tinha muito salãozinho de baile lá pra lado. Então a gente ia nos bailinhos, namorava muito.
P/2 – Como era o namoro naquela época, o rapaz chegava, puxava assunto? Conta pra gente.
R – Era eles que vinham conversar com a gente. Inclusive eu vou entrar nesse detalhe, porque eu tenho a minha filha mais velha de 42 anos, eu tive ela solteira. Mas, naquela época, foi difícil quando eu tive ela. Parecia que eu tinha feito a pior coisa do mundo. A mamãe me levou pro Rio de Janeiro, meus irmãos ficaram envergonhados, nossa, o papai então! Tem um irmão que falava “Olha, eu nunca quero encontrar esse cara” e o papai falava “Pra que ele fez... Isso não vai ficar assim”. Mas depois a mamãe com jeitinho foi falando, e eu criei ela.
P/2 – Quantos anos você tinha nessa época?
R – Eu já tinha 24 anos. Aquele tempo era assim, se a moça tivesse filho assim, não tinha direito de ser registrada, só se fosse menor. O pai abandonava mesmo, como eu fui abandonada por ele.
P/1 – Pelo pai da sua filha?
R – Pelo pai da Jaqueline.
P/1 – E a senhora ficou no Rio até quando? Até ela nascer?
R – Não, quando ela tava prestes a nascer eu vim pra cá, pra São Paulo e fiquei na casa da minha irmã e do meu cunhado. Aí fiquei lá até ela nascer. Depois que ela nasceu eu ainda fiquei lá uns dias ainda com ela. Depois foi que a gente comprou, eles compraram essa casa que hoje é em frente da minha, ali na Aldeia Vinte de Setembro, é lá que a gente mora desde que ela foi bebezinha. E lá foi a luta.
P/1 – Dona Olga, quando a senhora ficou grávida dessa primeira filha que a senhora foi pro Rio, a senhora ficou na casa de quem?
R – Na casa de uma prima minha, da Olívia.
P/1 – E quando a senhora voltou, porque a senhora não foi morar com seus pais? Porque a senhora foi morar com a sua irmã?
R – Por causa disso, pra não envergonhar a família, porque era uma vergonha. Então eu fiquei presa na lá casa dessa minha irmã. Eu não saia nem lá fora pros outros não me vê esperando neném.
P/1 – E quando nasceu, como é que foi?
R – Quando nasceu eu fiquei um pouco lá até eles arrumarem essa casa pra eu sair de lá e já vir pra dentro de casa também.
P/1 – A senhora ficou presa então?
R – Fiquei, eu era uma prisioneira, não falei? Que parece que eu fiz... Sei lá.
P/1 – E o pai da Jaqueline a senhora nunca mais viu?
R – Vi, depois de muito tempo eu vi. Não quando eu tinha meu outro marido, porque ele tinha muito ciúme, ele era muito desconfiado.
P/1 – Mas ai a senhora conta depois como conheceu o seu segundo marido, que dizer, o seu primeiro.
R – Ah tá.
P/1 – O pai da Jaqueline, quando soube que a senhora tava grávida, ele sumiu?
R – Foi embora, falou: “Eu não quero nem saber, se vira”. Aí ele foi embora, aliás dizem que ele namorava. Coisa de homem, né? Aí ele pegou e foi, não me quis mais. A mamãe foi lá falar com a mãe dele e tudo. Ela falou: “Ah, meu filho é homem e a sua filha é mulher”.
P/2 – Aí você teve a Jaqueline, que foi sua primeira filha?
R – É.
P/2 – E como foi esse virar mãe, como foi encarar uma criança, já tão jovem e nessa condição tão complicada?
R – Ah, mas eu gostava, porque o gostar, o amar o filho é tudo na vida da gente. Eu cuidava dela com todo amor, com todo carinho. Depois quando ela tava grandinha eu fui pro Rio de Janeiro com a mamãe e papai e os dois irmãos menores e lá eu trabalhava em casa de família. Também vinha em casa só no final, depois do almoço no domingo, já voltava à noite e ela ficava com a mamãe.
P/2 – Isso no Rio de Janeiro?
R – No Rio de Janeiro.
P/2 – Lá no Rio de Janeiro vocês moravam onde?
R – Em Austin, Estado do Rio de Janeiro e eu trabalhava no Leblon.
P/2 – A senhora ficou no Rio de Janeiro, dessa segunda vez, por quanto tempo?
R – Acho que uns dois anos, mais ou menos. Dois a três anos.
P/2 – Só com a Jaqueline?
R – Sim, só com a Jaqueline.
P/2 – Depois desses dois anos no Rio de Janeiro a senhora voltou pra São Paulo, pra Vila Edi?
R – Pra Vila Edi.
P/2 – E aí, como que foi essa volta pra São Paulo?
R – Essa volta, pra eu não sair pra fora, pra eu trabalhar fora eu costurava bolsas em casa. Tinha uma senhora que dava bolsa e a gente costurava em casa. Eu tinha máquina, costurava em casa bolsas pra essa firminha.
P/2 – E como era sua vida? A senhora continuou já com a filha, mas continuou...
R – Só.
P/2 – Sozinhas?
R – Morando com a mamãe e os irmãos que estavam solteiros ainda.
P/2 – Como foi quando entrou o seu marido na história?
R – O pai dela, a gente mora em frente. Eu tinha chegado do Rio aí ele tava fazendo aniversário. Quando ele tava fazendo aniversário ele me convidou pra eu ir no aniversário dele, 31 de outubro. Fui no aniversário dele, a gente começou... A gente já tinha alguma paquera, aí a gente começou a conversar, começamos a dançar. Aí ficamos juntos, como diz hoje, né?
P/2 – Aí foram se aproximando...
R – Fomos se aproximando.
P/2 – Dessa vez sua família apoiava?
R – Não muito, porque eles tinham medo de acontecer outra vez.
P/1 – E como que era pra ele a senhora já ser mãe?
R – Como era? Pra mim ser mãe?
P/1 – Não, pro seu marido que a senhora conheceu, que a senhora foi no aniversário.
R – Como?
P/1 – Como era, quando a senhora conheceu ele, a senhora já ter uma filha?
R – Foi difícil, porque é como te falei, aquele tempo ter um filho solteiro... Então a família dele, inclusive uma irmã, foi contra, “imagina, ela já tem uma filha, você é solteiro”. Então ela achava que eu tinha induzido o marido dela... Aliás o irmão dela. Corta essas partes aí viu (risos). Então, aí ela não gostou, foi difícil.
P/1 – E ele, como era pra ele isso?
R – Era bom, ele não achava ruim, ele nunca achou ruim. Só que tinha dias que ele ficava meio nervoso, aí ele falava que eu já tinha uma filha. Mas acho que era por causa de tanto a irmã dele... “Ah, mas você já tem uma filha”, não sei o que.
P/2 – E a relação dele com a Jaqueline, era boa?
R – Não era ruim, mas era aquilo que eu te falei, tinha a irmã dele que falava algumas vezes e ele ficava nervoso. Então como a gente morava em frente ela ficava mais com a mamãe, a Jaqueline.
P/2 – Vocês se casaram em que ano?
R – Não, nós não nos casamos, nós ficamos juntos 36 anos atrás. É porque eu engravidei da Cristiane, que fez 36 anos. Aí ela nasceu dia 5 de setembro e eu só fui morar com ele quando eu cheguei da maternidade, pra ver se de fato ela era filha dele.
P/1 – A senhora tá brincando?
R – Verdade.
P/2 – Mas isso por desconfiança dele? Por parte dele?
R – Não, por parte dele não, mais por parte da irmã dele. Inclusive ele falou uma vez pra mim “Imagina, você não tem certeza se essa criança que ela ta esperando é sua”. Mas é a cara dela. Os meus filhos, todos eles, não parecem comigo. Você vê como eles são morenos. Jaqueline já é bem alta, clara, bem clarinha assim. Mas como ele era bem escuro, as meninas são morenas.
P/2 – O seu marido fazia o que da vida?
R – No início ele trabalhava com uma bicicleta. Pintava chapa de carro, fazia capas pra... Inclusive ele trazia uns sacos de retalho e eu tinha que fazer, sabe aquelas coberturas de banco de caminhão que tinhas uns retalhinhos? Fiz muito daquilo ali pra ele vender, pra ajudar a pagar o aluguel, pra ajudar na manutenção da casa.
P/2 – E aí ele sempre fez esse tipo de...
R – Não, depois ele comprou carro, e ultimamente ele era motorista de táxi.
P/2 – Sempre aqui em São Paulo?
R – Sempre aqui em São Paulo.
P/2 – Aí começaram a chegar os outros filhos, como foi? Aí teve a de 36 anos, como é o nome?
R – A Cristiane, depois tive o Edson Francisco, esse é falecido; depois tive a Carmelita, depois o Edvaldo e depois a Juliana. A Juliana é a caçula, tem 25 anos.
P/2 – E como é começar a aumentar a família e ter mais filhos, tendo que trabalhar e gerir toda a vida?
R – Foi difícil, foi difícil também, porque eu me levantava três e meia da manhã, já pra deixar as coisas tudo pronta pros dois pequenos, o Edvaldo e a Juliana, pra Cristiane levar eles na creche. Então eu já deixava tudo arrumadinho ali e entrava na Montreal às seis horas.
P/2 – Montreal?
R – Tênis, costura. Eu era costureira lá.
P/2 – Como foi… As crianças começaram a ir pra escola?
R – Eles iam pra escola, tudo. A Cristiane ficava tomando conta deles. Quando eu chegava na hora do almoço a Cristiane ia pra escola e o Chiquinho que é o Edson ficava tomando conta dos outros, tinha nove anos.
P/2 – E foi indo.
R – E foi indo
P/2 – As coisas foram acontecendo...
R – As coisas foram acontecendo naturalmente, então.
P/1 – Seus irmãos moram todos perto ou não?
R – Mais ou menos perto, só o caçula que mora lá em Pinhalzinho, onde eu tenho uma casa lá.
P/1 – E a senhora nunca quis voltar pra Alagoas?
R – Não, voltar de vez não, mas eu já fui lá umas três ou quatro vezes.
P/1 – Mas pra morar não?
R – Não pra morar não, eu tenho vontade de morar na Bahia.
P/2 – Na Bahia?
R – É, eu tenho, é muito gostoso lá.
P/1 – Por causa das pessoas ou por causa da praia?
R – Não, por causa do lugar em si, e o resto que tem lá, né? Praias, pessoal.
P/1 – Dona Olga, nesses anos todos que a senhora tá aqui, as coisas todas que a senhora foi passando, como a senhora vê isso, vê sua vida?
R – Olha Beth, hoje eu vejo que foi bom tudo aquilo, a gente adquire muita sabedoria, muita experiência, a gente aprende a suportar muita coisa, aprende a ter autodomínio, vê que as coisas não são bem assim. A gente saber relevar um pouco tudo e foi bom. E tá sendo bom, graças a Deus.
P/1 – A família da senhora é uma família unida?
R – Unida, uma família unida. Tanto eu com os meus irmãos e eles comigo, e eu com os meus filhos e meus filhos comigo também são unidos. Quando uma coisa é com um, os outros todos procuram ajudar um ao outro.
P/2 – Todo mundo junto?
R – Todo mundo junto.
P/2 – Como é a vida da senhora hoje?
R – Hoje a minha vida é boa.
P/2 – É boa?
R – É boa, por causa daquilo que te falei, muita experiência, sabedoria. Eu aprendi suportar mais as coisas. Quando as coisas não dão certo eu sempre procuro ter paciência e achar que sempre vai melhorar, porque melhorou sempre.
P/1 – Dona Olga, quais foram às profissões que a senhora teve?
R – Olha, eu fiz de tudo. Eu fui costureira, doméstica, trabalhei em casa, de costura, de tudo que tinha pra fazer em casa eu fazia. Trabalhei numa firma de manhã, quando era seis e meia, não, cinco e meia eu chegava em casa eu ainda ia trabalhar na Secretaria do Transporte aqui na Ponte Pequena, fazia limpeza lá até as dez. Depois que eu parei aí eu trabalhei de doméstica também, fazia limpeza por dia, de domingo a domingo às vezes, porque onde tinha que pedia, eu ia.
P/1 – De todas as coisas que a senhora fez, qual a senhora gostava mais?
R – Eu gostava de tudo, porque eu precisava fazer tudo. E tudo que eu fazia e faço, eu faço com amor sem reclamar, porque a reclamação é ruim. A gente tem duas opções quando acorda de manhã, ou você já fica nervoso de vez o dia inteiro ou então você já acorda de bom humor e permanece de bom humor o dia inteiro. Porque não adianta ficar nervoso, quando você chega no fim do dia você tá um bagaço. Então é melhor a gente suportar, porque tudo tem um fim.
P/2 – E hoje a senhora tem netos?
R – Tenho sete netos, um de 22 que vai fazer agora e a caçula é essa de três meses.
P/2 – E já tem neto de 22 anos.
R – Tenho, em março agora ele faz 22 anos. Tenho de dezesseis, de treze, de doze, esse de oito, a Gabriela da Juliana de quatro e tenho a Isabela de quatro meses.
P/2 – E como é a sua relação com seus netos?
R – Ótima.
P/2 – Boa.
R – Boa mesma.
P/2 – Desde o primeiro neto, como foi ser avó?
R – Avó a primeira vez é uma emoção que a gente não sabe nem explicar como.
P/2 – Foi muito grande?
R – Muito grande, muito boa. E hoje ele tem um metro e 87, é um homão que...
P/2 – Já é homem feito.
R – Ô!
P/2 – E dos seus filhos, vamos falar um pouquinho deles. A Jaqueline, que é a...
R – A mais velha.
P/2 – Ela mora perto da senhora?
R – Mora.
P/2 – Como foi criar seus filhos numa cidade como São Paulo, numa cidade tão caótica, tão complicada?
R – É difícil, viu. Eu ainda acho que criar filhos hoje... O criar não é difícil sabe por que? Porque hoje a gente cria ele, agora o difícil é quando ele sai de perto da gente, porque ai você perde o controle, porque você não vai andar 24 horas, o tempo todo atrás deles, porque eles tem que trabalhar, tem que estudar, tem que ter os amigos. Aí a gente não sabe quem são os amigos deles e as amigas. Então é isso que eu acho que é difícil hoje.
P/2 – Essa seria a maior dificuldade?
R – Muito difícil, muito.
P/2 – Isso não tem controle nem aqui, nem em lugar nenhum.
R – Em lugar nenhum, porque é difícil você controlar, você sufoca eles, e a gente também fica sufocada e ansiosa e super preocupada, até hoje eu ainda sou preocupada com todos eles.
P/2 – Mas a senhora sempre teve uma relação boa então?
R – Boa, ótima. Os meus filhos, as minhas filhas são ótimas pra mim.
P/1 – Dona Olga, a sua filha mais velha tem quantos anos?
R – Vai fazer 42 agora em março.
P/1 – E a mais nova?
R – É a Juliana, que tem 25.
P/1 – E como foi ter filhos com idades tão diferentes? Porque a senhora teve muitos filhos, são seis. A senhora imaginava que ia ter tantos filhos?
R – Não, eu imaginava, porque... Aliás meu marido nem gostava quando eu ficava esperando, ele ficava bravo comigo.
P/1 – Ah, ele não queria tanto filho?
R – Ele não queria, ele achava que… Só que quando eu já tinha Jaqueline e depois nasceu a Cristiane e o Chiquinho que morreu, então ele achava que eu tinha que ficar só com eles dois dele e a Jaqueline. Mas ainda veio a Carmelita, o Edvaldo e a Juliana.
P/2 – Mais três.
R – É
P/1 – Ele faleceu com quantos anos?
R – Meu marido? 46 anos.
P/1 – Faleceu novo.
R – Foi novo, foi.
P/1 – E a senhora tinha quantos anos?
R – 46 também, eu sou mais velha que ele seis meses. Sou de abril e ele ia fazer 64 agora, dia 31 de outubro.
P/1 – E a senhora não quis casar mais?
R – Não.
P/2 – Quis ficar só?
R – Só, porque eu acho assim, acostuma com o primeiro marido, o que a gente mais teve contato, e eu gostava muito dele e eu acho que ele também de mim, porque eu acho que cada um tem uma maneira de gostar. Ele era muito bravo, muito violento, tudo, mas quem sabe porque. Às vezes eu era culpada, num sei se era, num sei se não era, então tem isso. Hoje eu não ponho só a culpa nele.
P/1 – A senhora, quando ele era vivo, trabalhava muito?
R – Trabalhava muito.
P/1 – E depois que ele faleceu a senhora trabalhou mais ainda?
R – Também, mais ainda, mais ainda.
P/1 – Porque era a senhora que sustentava a casa?
R – Mais ou menos, ele não gostava muito de... Ele me dava o dinheiro, mas ele perguntava pra quê eu queria, em que eu gastei. E eu falava pra ele: “Um dia eu vou trabalhar, aí eu não vou mais dar satisfação pra você” mas era porque eu sabia aonde eu punha o dinheiro, o que eu gastava, em que eu ocupava o dinheiro que ele me dava. Mas esse meu filho foi pro lado errado, então...
P/1 – A senhora quer contar isso ou não?
R – Ah, eu acho que não.
P/1 – A senhora quer contar assim... Que isso é uma coisa muito triste, mas a senhora quer contar uma coisa que deixa muito contente, que a senhora gostaria que um dia se seus filhos fossem olhar a sua fita de gravação, uma história que a senhora gostaria que eles vissem.
R – Porque a minha vida é um livro aberto, eu não tenho nada escondido, nem com os meus filhos, nem com os meus netos e nem com os meus irmãos, todos eles sabem de tudo. Então eu não tenho nada assim pra contar que eu não já tivesse contado.
P/1 – A senhora gosta de conversar com eles e falar tudo sobre a sua vida?
R – Aliás, eles sabem tudo da minha vida.
P/1 – A senhora acha que essa é a melhor forma de criar os filhos?
R – Eu acho, porque a gente tem que manter o canal aberto, porque se ele ficar com medo de contar e depois eu também não ter falado pra eles. Eles falam assim: “Olha mãe, isso a senhora nunca me falou”, então eles não falam isso pra mim, porque eles já sabem tudo.
P/1 – É uma coisa só da senhora isso, ou os seus filhos que já casaram eles agem dessa forma também? Eles aprenderam com a mãe e fazem isso com os filhos também?
R – Ah, sim. Eles também, hoje eles vivem assim. Ninguém tem nada escondido. Eles aprenderam comigo, né? Eu sempre falo: “não faz…” hoje elas falam pra mim: “Ah mãe, a senhora fez assim com a gente antigamente e hoje a senhora não quer que faça [assim com] as crianças”. Eu não gosto que bate, eu falo: “conversa com ele antes, vai falando as coisas”, “Ah, mas eu já falei” “Mas continua falando uma hora ele vai escutar”. Inclusive esse meu filho não foi tanto assim, é porque ele foi muito induzido pelos tios, sabe? Então eles apoiavam as coisas erradas que ele fazia, e eu nunca fiquei sabendo, nunca fiquei sabendo do que tava acontecendo. Então ele ia me contar alguma coisa, mas acho que os tios e a tia falavam: “Ah, não fala com sua mãe” ou coisa assim. Então teve coisa que eu não fiquei sabendo, quando eu vim saber...
P/1 – Já era tarde.
R – Já era tarde. Mas entreguei na mão de Deus, falei: “Olha, antes do senhor me dá ele, passou pelo senhor”. Então
aconteceu esse imprevisto.
P/1 – Dona Olga, a senhora é religiosa?
R – Eu sou Testemunha de Jeová.
P/1 – Ah, a senhora é Testemunha de Jeová? E como que é? A senhora vai sempre?
R – Vou, vou no salão, nas reuniões, vou nos congressos.
P/1 – E a família toda?
R – Vou nas assembléias. A família toda conhece, porque eu fui com eles desde que a Juliana era bebê assim. Então eles todos conhecem. Alguns vão, alguns não vão, mas todos conhecem.
P/1 – A senhora fez essa opção por ser Testemunha de Jeová? Aqui em São Paulo como que aconteceu isso?
R – Quando a gente veio pra São Paulo, nós fomos morar nessa rua que eu te falei, que é onde nasceu meu irmão mais velho. Nós conhecemos uma família Testemunha de Jeová que é uma amigona nossa, desde que a gente tinha treze, quatorze anos, e eles eram e são. Aí a gente começou com amizade e tudo. Todos nós temos que ter uma religião, crer num Deus. Não vou falar seja a minha ou seja... Cada um tem que ter o seu Deus, e que você creia nele. Porque ninguém dá religião pra ninguém, e nem tão pouco religião faz ninguém. Aí nós conhecemos eles e depois de grande, eu tinha a Juliana pequena, foi que eu decidi ser. E to feliz.
P/2 – Que bom, é o que importa.
R – Com certeza.
R – Você tava filmando, isso que eu falei?
P/1 – Agora da religião sim.
R – Ah sim, sim.
P/1 – Eu tava aqui pensando, a senhora vive a quantos anos na Vila Gustavo?
R – Desde a minha adolescência.
P/1 – Como que foi... A senhora lembra dela se transformando, a Vila Gustavo, como que foi essa transformação?
R – De ambiente?
P/1 – Isso.
R – Então, hoje ta uma cidade. Inclusive lá embaixo onde a gente morou, no Jardim Brasil na [Avenida] Gustavo Adolfo, ali era só chácaras. Era só chácaras de flores, legumes, verduras. Então a nossa adolescência passamos por ali, pela Vila Medeiros, Vila Sabrina, Vila Gustavo. Lá ta uma cidade agora, passa ônibus, passa tudo. Foi uma transformação imensa.
P/2 – Bem diferente de quando a senhora chegou.
R – É, antigamente, há 54 anos quando começou a passar o primeiro ônibus, que hoje é o 177C e o 1728, quando começou a passar ali o apelido dele era poeirinha, porque ele passava na avenida, ele se cobria de pó da poeira, porque a rua não era asfaltada. E houve uma boa transformação. Ta gostoso lá agora.
P/1 – A senhora tá pensando numa coisa que a gente não perguntou, então a senhora pode falar o que a senhora quiser.
R – Ah, bom.
P/1 – Deixa só ele trocar...
P/1 – A senhora que falar um pouquinho da sua mãe?
R – Então, porque quando a mamãe chegou aqui nova, sofreu muito. Carregou muito... (emoção). Eu não posso falar dela que eu me emociono. Ela morreu agora a pouco tempo com noventa anos. Lúcida, lúcida de tudo, conversando com a gente, boazinha. Foi muito batalhadora, lutou muito pra criar a gente nessa São Paulo. Sofreu muito, mas também conseguiu. Nós viemos do Norte de canoa, de carroça, de pau de arara. Nós viemos de trem ao chegar aqui em São Paulo. Nós desembarcamos aqui em São Paulo na Estação Roosevelt, nós viemos de trem. A mamãe batalhou muito.
P/1 – Dona Olga, conta um pouquinho que agora eu fiquei curiosa. A senhora veio de canoa até onde?
R – Nós atravessamos de canoa. Eu não me lembro que lugar foi esse, nós atravessamos de canoa.
P/1 – Nossa, foi uma aventura chegar.
R – Foi uma aventura menina. Aquela canoinha pequenininha com aquelas crianças tudo. E papai tinha um amigo, um capitão que inclusive emprestou dinheiro também pra gente vim. Depois nós pegamos, acho que pra ir de lá a gente veio de carroça pra poder pegar o trem, depois o pau de arara, sabe? O final foi aqui, a gente chegou em São Paulo aí a gente foi pra Imigração. Aí, tudo isso aí...
P/1 – E a senhora tava falando da sua mãe, ela sempre trabalhou?
R – Sempre trabalhou, e aqui em São Paulo mais ainda.
P/1 – E seu pai, ele era ourives, ele não trabalhava?
R – Ele trabalhava Beth, mas é aquilo que eu te falei, ele era alcoólatra então o que ele ganhava ele gastava. Ele ficava de fogo, o pessoal fazia ele pagar as coisas todas. Então acabava ficando sem, e a mamãe ia trabalhar. Deixava um dinheirinho em casa, a gente ia comprar carvão, eu e minha irmã Ligia, a gente ia comprar carvão pra fazer comida. Quando não tinha dinheiro, a mamãe não podia deixar, a gente começava... Porque ali tinha muita chácara, muitas árvores então tinha muita madeira, e a gente ia lá apanhar pra fazer fogo de lenha.
P/1 – O pai da senhora faleceu com quantos anos?
R – Papai tinha 75 anos quando faleceu.
P/1 – Mas o grande exemplo da senhora foi sua mãe?
R – A mamãe. A mamãe foi uma heroína e uma mãe, mãe mesmo.
P/1 – Ela ajudou à senhora muito quando ficou...
R – Muito, ajudou muito em olhar a Jaqueline quando eu trabalhava, levava dinheiro pra ela. Até que a Jaqueline casou, ficou mocinha, trabalhou também, casou...
P/1 – Uma família batalhadora.
R – Batalhadora, mas sempre unidos.
P/2 – Olhando a sua vida toda, daqui de hoje até lá trás, a senhora mudaria alguma coisa? Alguma coisa, “Não eu faria de outro jeito”, tem alguma coisa que a senhora...
R – Eu mudaria pra melhor.
P/2 – Pra melhor?
R – Pra melhor, e é isso que eu faço sempre. Sempre luto pra melhor. Sem pessimismo, sempre com otimismo, que sempre vai melhorar.
P/1 – Pegando o que o Rodrigo falou, o que é mudar pra melhor? O que a senhora acha que poderia...
R – Sem olhar os obstáculos, procurar sempre passar. Porque se a gente for ficar olhando as coisas que tem, que acontece na vida da gente, a gente nunca supera nada. É aquilo que eu falei, a gente tem duas opções, ficar nervoso o tempo todo, ou ficar calma. Eu procuro me manter calma.
P/1 – Dona Olga, a senhora queria falar mais alguma coisa que nós não perguntamos?
R – Que eu saiba até agora não. Vocês perguntaram e eu respondi.
P/1 – Alguma coisa que a gente não perguntou. É só falar: “isso eu quero falar, é importante”.
R – Não Beth. Eu falei pra você da nossa vinda, falei da mamãe que ela sofreu muito, que nos últimos dias dela ela foi muito bem cuidada. Quer dizer, que de carroça, canoa, ela teve o privilégio de andar de avião. Ela foi umas duas, três vezes por Norte, foi e veio de avião, ela achava que nunca ia conseguir. Ela ficava nervosa “Ah, não sei quando é que eu vou criar esses filhos todos”. E criou todos muito bem criados, com muito amor, muito carinho e...
P/1 – Viu um monte de netos.
R – Acho que quarenta e poucos netos, bisnetos e três tataranetos.
P/2 – Várias gerações.
R – Várias. Cinco, né?
P/2 – _________________ quatro.
R – Quatro. E ela descansou, dormiu agora dia 26 de abril.
P/1 – Recente, né?
P/2 – Então Dona Olga, muito obrigado.
R – Obrigado também pela atenção de vocês.
P/1 – Nós que temos que agradecer por ter vindo aqui hoje.
R – Muito obrigado.Recolher