Antonia Pegorer da Silva,74 anos, nascida na fazenda Água das Pedras em Santa Cruz do Rio Pardo-SP, filha mais velha de onze irmãos. Sua infância foi sofrida, pois teve que trabalhar muito cedo, nunca teve uma boneca, brincavam com os irmãos com bonecas feitas com sabugo de milho e buchin...Continuar leitura
Antonia Pegorer da Silva,74 anos, nascida na fazenda Água das Pedras em Santa Cruz do Rio Pardo-SP, filha mais velha de
onze irmãos. Sua infância foi sofrida, pois teve que trabalhar muito cedo, nunca teve uma boneca, brincavam com os irmãos com bonecas feitas com sabugo de milho e buchinha que colocavam perninhas como se fosse” boizinhos”.
Lembra que no natal os pais não tinham dinheiro para comprar presentes, o pai pegava os sapatinhos velhos e os deixavam brilhando, como presente. Quando tinha seis anos mudou-se com a família para o Paraná, lá seu pai trabalhava como sapateiro, começou a ficar muito doente, uma depressão profunda, passou a trabalhar em casa, ela juntamente com o irmão um pouco mais novo, ajudava a levar o material que o pai precisava para trabalhar, com um carrinho. Não completou o quarto ano primário, já trabalhava como doméstica e tinha que deixar a cozinha em ordem antes de ir para a escola, com isso sempre chegava atrasada e levava bronca da professora, se sentia humilhada pois a professora chamava sua atenção na frente das outras crianças
Trabalhou também como secretária dos quatorze aos dezessete anos num consultório dentário. Retornaram para Santa Cruz, por causa da doença do pai, para a fazenda que era do seu avô, passou a trabalhar na roça cortando cana, pois suas primas trabalhavam e ela também tinha que trabalhar. Ficou na roça dos dezessete anos até os vinte e cinco anos. Teve muitas amigas na juventude quando morava no Paraná, se reuniam em sua casa para conversar, iam a cinema, festa de igreja, na fazenda era mais difícil a diversão, vinham para a cidade só na páscoa ou natal e em cima de caminhão. Toninha como é conhecida, namorou seu marido a distância por cinco anos, ele era de Santo André, vinha aos finais de semana para vê-la. Casou-se com vinte e cinco anos e foi morar em Santo André, teve dois filhos, Vânia e Robson, com quatro anos e meio de casada ficou viúva, seu marido morreu de acidente com um caminhão, a menina tinha três anos e meio e menino quatro meses. Voltou para Santa Cruz, na fazenda com os pais, começou a costurar e dar aula de corte e costura, ficou na fazenda por dez anos. Recebeu o seguro do acidente do marido e comprou uma casa na cidade, seus pais a ajudavam muito. Na cidade foi costureira, vendia catálogos de porta em porta, fazia compras de roupas em São Paulo para revender, não lhe fez falta o estudo, pois aprendeu fazer suas porcentagens, se virava bem. Toninha se casou de novo, com o Joaquim que era um conhecido, namoraram por nove meses, casaram-se só na igreja e ela foi morar com os filhos e o marido em Osasco, cidade de Joaquim, a filha tinha ciúmes e o filho sempre quis um pai. Joaquim ficou doente, voltaram a morar em Santa Cruz, descobriram que ele estava com câncer, os dois começaram a trabalhar no sítio do pai de Toninha com horta, vendiam leite, mas o marido doente não conseguia trabalhar. Abriram na garagem de casa um bar e mercearia, ficaram por alguns anos, mas Joaquim não resistiu a doença e faleceu.Viúva novamente vendeu o comércio.
Freqüenta o Reviver a dez anos, faz crochê, ama o que faz. Gosta muito de dançar e vai a bailes com as amigas que fez no grupo. Toninha é mulher bonita e muito vaidosa, foi rainha do Reviver e do CCI, Centro de Convivência do idoso, pela sua elegância desperta ciúmes em outras mulheres, ela não gosta disso. O mais importante na para ela é a família, mãe que está com noventa e quatro anos e ela ajuda cuidar, irmãos, os filhos e os netos, e também as boas amizades. Por tudo que viveu desde a infância, sofrimentos, necessidades, diz que tudo valeu a pena, tudo foi aprendizado, com Deus sempre em sua vida. Não tem sonhos para realizar, “Na minha simplicidade eu tive o que me preencheu”.Recolher