P1 - E, ‘seu’ Eurico, primeiro eu gostaria de agradecer muito o senhor por participar do projeto Memórias do Comércio. Esse projeto é um projeto muito antigo do Sesc com o Museu da Pessoa. Ele existe desde 1994, já passou por três edições em São Paulo, uma em Santos, uma em Campinas, uma em São José dos Campos, Araraquara, São Carlos e esse ano nós estamos fazendo Ribeirão Preto, Bauru e São José do Rio Preto.
R1: Muito bom.
P1: E é a história do comércio da cidade, né? Eu vou gravar uma entradinha aqui com o nome certo do senhor e a gente já começa. Então...
R1: Ok.
Projeto Memórias do Comércio de Ribeirão Preto 2020/2021
Eurico Esmeraldino Cardoso - Super G Modas
Entrevista História de Vida 046 - HV_046
Transcrita por Selma Paiva
Bom, ‘seu’ Eurico, para começar, eu queria que o senhor falasse o seu nome completo, data de nascimento e o local que o senhor nasceu.
R1: Eu me chamo Eurico Esmeraldino Cardoso, nasci em 12 de abril de 1954. Ontem até eu festejei, né? ((Risos)).
P1: Ah, parabéns, foi seu aniversário.
R1: Doze de abril, é. Isto. E eu nasci... hoje já é um município, antes era município de Laguna. Hoje, onde eu nasci, chama-se Pescaria Brava.
P1: Ah, em Santa Catarina?
R1: Era município de Laguna.
P1: Sim, eu já estive lá.
R1: E, posteriormente a família mudou para Criciúma.
P1: Criciúma, sim.
R1: É, quando eu tinha sete anos.
P1: Ótimo. E qual que é o nome...
R1: Depois...
P1: ... do seu pai? Não, mas vamos...
R1: O nome do meu pai é Esmeraldino João Cardoso.
P1: E da sua mãe?
R1: Francisca Clara Cardoso.
P1: Certo. E o senhor conheceu os seus avós?
R1: Sim. Da parte do meu pai. E da parte da minha mãe, a minha vó.
P1: Sim. E qual que era o nome deles? O senhor lembra?
R1: É João Fernandes Cardoso. Da minha avó eu não lembro ((risos)). A minha vó, de parte de mãe era de origem, né? Porque eu sou do sul, lá tem muita mistura, né? Então, ela era... para aí, eu vou lembrar aqui. Eu vou lembrar. É a idade também, né? Atrapalha um pouquinho.
P1: Claro.
R1: Então... ((risos)) e nós... até nós somos de um... os meus avós, meus bisavós, eles eram... nasceram aqui naquela região de Pescaria Brava, né? Aquela cidadezinha, aquele lugarejo, foi formado pela família dos meus avós, meus bisavós. Então...
P1: E o senhor sabe...
R1: ... tanto que a cidade, se você puxar aí no Google, a cidade vai ter como início com a família Cardoso.
P1: Ah, que legal.
R1: Entendeu?
P1: Muito bom.
R1: Tem uma história toda, tem até o brasão da família Cardoso, todo, né?
P1: E onde que é?
R1: Isso é município de Laguna... era município de Laguna, hoje virou município, né? Chama-se Pescaria Brava.
P1: Certo.
R1: Porque é no mesmo mar, ali, de Laguna.
P1: Sim, senhor.
R1: Onde eles fazem aquela lagoa, que é um mar, é um braço do mar, onde se tem a reprodução de camarões.
P1: Sim. Eu já estive lá. Passei por cima da lagoa.
R1: É? Então...
P1: A estrada...
R1: ... aquela... quando você vai para lá, aquela parte, aquele braço ao lado direito, ali é Pescaria Brava.
P1: Ah, que legal. E o senhor sabe de onde que seus avós eram?
R1: Não entendi.
P1: Eles são descendentes de portugueses, do que eles são?
R1: O meu pai e a minha avó... o meu pai é de... filhos de português.
P1: Ah, legal.
R1: E a minha... por parte de pai. Por parte de mãe, o meu avô, a história deles que eu não a conheci. Ele era índio e a minha avó era... acho que australiana. Coisa assim. Eu não sei. ((risos)). Mais ou menos isto, né?
P1: Ah, legal.
R1: Aí saiu essas coisas aí, né? Entendeu? ((risos)).
P1: ((risos)). Entendi.
R1: Mas, com sete anos, o meu pai mudou-se para Criciúma.
P1: Criciúma.
R1: Criciúma.
P1: Conheço.
R1: Posteriormente, posteriormente, quando eu completei 15 anos, eu vim embora para São Paulo.
P1: Certo.
R1: E fiquei em São Paulo por cinco para seis anos. Aí de onde eu fui desenvolvendo o comércio, adquirindo uma certa experiência por grandes empresários, como o seu José Camelo. Eu trabalhei com ele na empresa Camelo, que fabricava terno, né? Então, lá trabalhei...
P1: Era famosa.
R1: ...inaugurei a loja deles, né? Eu, na época, tinha 21 anos, né? Fiquei mais ou menos uns cinco anos com eles.
P1: Certo. Ô, ‘seu’ Eurico...
R1: Depois eu fui... sim?
P1: Sim, é que eu gostaria que o senhor contasse um pouco da sua infância. O que o senhor lembra lá de Pescaria Brava e de Criciúma? Como que foi a sua infância lá? Como que era __ (06:44)?
R1: Ó, minha infância lá... a minha infância lá em Pescaria Brava, foi uma infância maravilhosa, né? O que, hoje, a molecada não curte mais, né?
P1: Eu sei.
R1: Nós pescávamos. Nós pescávamos. Nós caçávamos. E meu pai tinha sítio, né? Então, a gente vivia uma vida de sitiante, né? Acompanhava o meu pai em tudo, né?
P1: Sim, sim, sim.
R1: Mas foi, assim, uma... no sítio foi uma viagem meio... passa muito rápido, porque eu, com sete anos, meu pai mudou para Criciúma. Agora, em Criciúma, a gente ficou estudando um pouco, né? E, quando terminou aí o primário, aí eu fui embora para... vim embora para São Paulo.
P1: São Paulo.
R1: Mas, lá em Criciúma, a gente jogava bola, fazia aquelas... era muito peralta, né? Aprontava todas que tinha direito, né? E faz parte da molecagem, né? ((risos)).
P1: Sim.
R1: E depois vim pra São Paulo. A minha vida mesmo, começou a minha a vida, uma responsabilidade, foi em São Paulo.
P1: Sim, e já __ (07:58).
R1: E com 15... com 16 anos, eu ingressei na Confecções Camelo.
P1: Sim.
R1: Trabalhei um bom tempo. Depois, eu fui convidado para trabalhar numa franquia que se chama Loja Super G, que um grande empresário que eu admiro... admirei muito e admiro, já em memória, né? Seu Nevaldo Rocha, dono da Super G; dono da Guararapes; dono, hoje, da Lojas Riachuelo.
P1: Riachuelo. É, famoso.
R1: Isso mesmo. Ele faleceu o ano passado.
P1: Sim.
R1: Pessoa que a gente... eu acho que não só eu, como trezentos e vinte lojistas, têm uma grande gratidão por ele, pela oportunidade e por ele ter, assim, uma confiança muito grande, porque com 21 anos, né? Quando eu inaugurei a loja aqui, eu não tinha completado 22 anos.
P1: Olha!
R1: Eu inaugurei a loja aqui, eu tinha 21 anos e meio, né? E ele...
P1: Certo.
R1: ... confiou no meu trabalho, no meu potencial, né? Tanto que ele me tirou da...
P1: Camelo.
R1: ... Camelo para trabalhar com ele.
P1: Sim. Ô, ‘seu’ Eurico...
R1: Aqui estou, né? Sim?
P1: O seu pai e a sua mãe já eram comerciantes? O que eles faziam?
R1: Olha, o meu pai era sitiante, né?
P1: Sitiante.
R1: E quando nós fomos para Criciúma, aí o meu pai montou um bar, né? Entendeu? Não era o forte dele, né? O negócio dele era terra, mesmo. Era coisa que ele gostava de fazer. Mas daí, também, já estava numa idade mais avançada, né? Aí ele deixou mais para os filhos se virando, fazendo os afazeres no lugar dele.
P1: E o senhor trabalhou nesse bar também, dele?
R1: Sim, bastante. Bastante. Eu, com nove anos, já tocava aquele bar.
P1: Tocava o bar.
R1: Entendeu?
P1: E ia na escola, também? E ia na escola?
R1: Ah sim, eu estudava, né? É, estudava. Eu ia para a escola, eu ia cedo, quando eu vinha da escola, aí tinha a refeição e eu passava o resto da tarde lá no bar, até à noite.
P1: Até de noite.
R1: Fazia as lições lá dentro do bar mesmo, né?
P1: Fazia tarefa.
R1: É.
P1: E o senhor gostou de alguma disciplina da escola em especial, que já mostrava que o senhor ia ser comerciante, tipo Matemática? O que o senhor gostava, na escola?
R1: Eu gosto muito de número. Eu não gosto... eu não gravo muito, por exemplo, nome. Eu sou bom fisionomista e sou muito bom em conta, né? E, para ser comerciante, precisa gostar, né? ((risos)).
P1: Claro. Claro.
R1: Comerciante que não gosta de matemática, não prospera, né?
P1: Certo. Certo. É verdade. E o senhor... quando que o senhor percebeu que o comércio era o futuro do senhor? Foi antes de ir para São Paulo ou quando já chegou em São Paulo?
R1: Olha, eu sempre gostei do comércio, né? Que eu... até você vai ter a oportunidade, que eu mandei aí para a Ane, uma reportagem que a gente fez aqui no... até deu um programa de televisão, né?
P1: Sim.
R1: E ele... então, ali eu faço uma explanação do começo até... então, isso faz 10 anos que eu fiz essa reportagem, entendeu?
P1: A gente recebeu aqui. É.
VOZ DE FUNDO
R1: Isso. Isto. Então. É que ela me interferiu aqui um pouquinho. Pode falar.
P1: Não, não tem importância. Ô, ‘seu’ Eurico, mas aí como que deu essa vontade de o senhor ir para São Paulo? O que fez essa mudança?
R1: Olha, é um... a minha família era uma família bem grande, né? Nós éramos em 15 irmãos, né? Então, na verdade, a minha intenção de vir para São Paulo, foi com intuito de crescer na vida, né? Nós éramos uma família humilde, né, trabalhadores e eu tinha vontade de crescer, de ser uma... ter uma... ter algo mais, né? Para a gente poder ter o... chegar aonde chegou, né? Então, a gente trabalhou bastante nisso aí.
P1: Certo.
R1: Trabalhou bastante. E o comércio sempre foi o meu forte, sempre __ (12:57). Você deixa eu atender um pouquinho aqui, para dar um troco aqui, está bom? Eu estou dentro da loja.
P1: Está bom.
R1: Está bom?
P1: Está, está legal.
R1: Oi, desculpa aí. É que eu fui...
P1: Não, não.
R1: ... fazer um troco ali para um cliente, ((risos)) que a minha filha não chegou ainda.
P1: Sem problema.
R1: Quem me substitui é sempre a minha filha.
P1: Tudo bom.
R1: Então, e a vida foi essa. Aí eu vim para São Paulo com 15 anos, lembro-me muito bem, foi em 1970, teve a Copa do Mundo. Quando passou a Copa do Mundo, eu me joguei para São Paulo. Até foi uma aventura muito interessante porque, dado a fragilidade financeira da família, eu vim para São Paulo de carona.
P1: Ah, de carona? ((risos)).
R1: De carona, com um caminhoneiro.
P1: Sim.
R1: E quando eu cheguei em São Paulo... você quer saber bem o motivo de como... por que comerciante.
P1: Sim.
R1: Eu, quando eu cheguei em São Paulo, eu tinha... eu precisava de trabalho, né? Sabe que eu não tinha... eu só tinha o registro de nascimento, nada mais. Então, eu me submeti, na época, em... virei camelô, né?
P1: Sei, sei.
R1: E o que eu fiz? Virei camelô. Arrumei um senhor que eu conheci e ele tinha uma fabriqueta, aí ele me cedia, durante a semana, mercadorias: camiseta, cueca, meia. O que eu fazia? Eu saía... eu trabalhava... trabalhei numa transportadora logo no início, para eu ter uma localização de ponto de partida, né? Mas, posterior o horário, eu me... eu saía camelando, né? Eu frequentava todas as transportadoras, que lá estavam os caminhoneiros, aí eu ficava sempre torcendo para que ele esquecesse a camiseta, a cueca, a meia e eu fazia o meu comércio aí, né?
P1: Vendia lá.
R1: E acabei fazendo uma clientela grande, viu? ((risos)).
P1: Sim, tinha muitos caminhoneiros.
R1: Até que... ãhn?
P1: Sim, porque tinha muitos, né, caminhoneiros de fora.
R1: Muitos, muitos. Eu frequentava bastante transportadora ali na Vila Maria.
P1: Sim, conheço.
R1: Na Vila Maria. Então, ali, eu frequentava ali várias transportadoras, que depois das 18 horas os caminhoneiros estacionavam, que eles, então, ficavam ali se arrumando, fazendo seus jantares, né? E aí eu me aproximava e sempre faturava alguma coisa. Esse foi meu começo de vida. E um belo dia, eu passando ali na Rua da Gávea, com a esquina da... uma travessa da Guilherme Cotching, aí vi uma loja sendo montada, assim, fazendo, montando a instalação. Aí eu falei: "Nossa, vai ficar...". Aí conversei com o moço lá que estava dirigindo lá, né, que era o contador da empresa. Aí eu falei: "Nossa, vai ficar linda essa loja, né? Poxa, eu gostaria de trabalhar nessa loja". Aí ele falou: "Você já trabalhou com isso?" Eu falei: "Olha, é o que eu faço é isso, né? Eu trabalho... vendo roupa". ((risos)) Só que era gênero diferente, né? Eles lá eram só terno. "Mas o senhor já trabalhou com terno?". Eu falei... eu acho que eu pensei comigo, né: "Uma mentirinha não vai fazer falta, né?" Eu falei que já tinha trabalhado, né? ((risos)).
P1: Com terno.
R1: Arrumei até família que tinha loja, sabe? E acabei... eles, naquele momento, eles me contrataram.
P1: Olha, que legal!
R1: Entendeu? Aí me contrataram. E aí eu fui, assim, cresci bem dentro da empresa. Aí eu participava...
P1: E onde o senhor morava, lá?
R1: ... comecei a participar muita coisa da vida da empresa.
P1: Essa já era a Camelo, né? Essa já era?
R1: Confecções Camelo.
P1: Camelo, é famosa. Era famosa.
R1: Famosa. Então, eu cheguei a mandar muito terno para o Sílvio Santos, né?
P1: É mesmo? ((risos))
R1: Porque... é. ((risos)). Foi quando nós contactamos o Sílvio Santos, para virar o nosso modelo, né?
P1: Sim.
R1: Então, nós mandávamos... naquela época ele tinha dois programas, ele era na Globo, aí ele colocava... ele tinha um programa na quinta-feira e um no domingo. Então, a gente mandava dois ternos por semana para ele.
P1: Ah, que legal.
R1: E a gente teve a oportunidade muito de encaminhar essa roupa para ele, né?
P1: Certo.
R1: Dependendo do tipo de programa daquele dia, algo desse tipo, né? E aí, ficou... ficamos fazendo esses contatos constantes com ele.
P1: Ai, que legal. O senhor o conheceu? O viu?
R1: Conheci, pessoalmente. Sim, sim, conheci pessoalmente, né?
P1: Legal.
R1: Muitos artistas, eu vestia lá, né? Porque eu vestia... ali na Camelo, eu vestia uma elite bem mais alta, sabe? Então, eu tinha uns contatos muito bons. E isso aí eu fui desenvolvendo bem o meu tino comercial, né?
P1: Certo.
R1: E cheguei aonde eu estou chegando, né?
P1: Ô, ‘seu’ Eurico, e o senhor chegou em São Paulo com 16 anos, né?
R1: É, eu tinha... não tinha 16, eu tinha 15 anos. Tinha completado 15 anos.
P1: E sozinho? O senhor foi morar onde, assim? Onde que o senhor morou?
R1: Ah, ((risos)). Então, eu nunca estive sozinho. Eu sempre estive com Deus, né?
P1: Ah, sim.
R1: E eu sempre... eu fui para uma pensão, né? Fui morar numa pensão.
P1: Sim.
R1: E nessa pensão, como eu comecei a... eu trabalhava e ganhava os meus extras fora, eu comecei a faturar, a ter a minha reserva e eu comecei a ajudar os amigos que moravam ali, eu comecei a emprestar algum, né, para aumentar a renda também, né? ((risos)) E assim começou a minha... o meu início de vida.
P1: Ah, que legal.
R1: Que um belo dia eu estive... teve uma pessoa em frente à loja da Camelo, que então falou assim... deixou um cartão de visita e falou: "Você me procura?" Ah, eu... passado, né? Eu estava com a loja cheia, tal, dei atenção a ele, tal, porque era umas... a primeira vez que eu o vi na loja, ali na frente da loja, quis atrai-lo para dentro da loja. Mas ele era fabricante, né? ((risos)) Aí ele falou... aí ele deixou esse cartão. Depois de uns três meses, eu trabalhava de terno, então, como eu demorava a repetir aquela roupa, um dia eu pus a mão no bolso, é aquele cartão. Aí é que eu vi: Nevaldo Rocha, diretor-presidente da Confecções Guararapes. E o Nevaldo Rocha, assim, a gente não despertava muito, né? Mas ele é um empresário muito competente. Naquela época, ele tinha, ele já tinha 27 mil funcionários.
P1: Nossa!
R1: Ele fabricava cem mil peças/dia. Extraordinário. Eu acho que foi um dos maiores empresários, empreendedor, que eu conheci. Pessoa fantástica. Ser humano humilde, um ser humano que sempre estendia a mão pra aquelas pessoas que se aproximavam dele, sabe?
P1: Certo.
R1: Então, eu fui muito feliz. Essa minha caminhada, eu fui muito feliz nas pessoas que eu encontrei, né? E eu sempre procurei responder com aquela confiança que depositavam em mim. Porque, quando eu abri essa loja aqui, teve um custo alto. Naquela época, a gente comprava ponto comercial, né? Não o prédio, o ponto. Então, naquela época, eu comprei esse ponto que eu estou aqui há 45 anos, eu paguei cento e vinte milhões de cruzeiros.
P1: É, eram milhões.
R1: Aí eu fiz a instalação, gastei sessenta milhões de cruzeiros. E mais o produto... eu sei que eu cheguei a gastar... a dever para o Nevaldo Rocha, que era para o Grupo Super G, a Guararapes, quinhentos e cinquenta milhões de cruzeiros ((risos)).
P1: Olha!
R1: E... mas é aquele negócio, né? Tinha sangue na veia, jovem, hormônio fervendo, só tinha que trabalhar, né?
P1: É, está certo.
R1: E aqui estou. E aqui estou há 45 anos.
P1: Está certo. ‘Seu’ Eurico...
R1: Sim?
P1: ...e já era Riachuelo nessa época? Já existia a Riachuelo?
R1: Não, não. Na época não existia Riachuelo. A Riachuelo...
P1: Ah.
R1: É, depois que eu abri a loja aqui com eles, porque até então, a Super G chegou a trezentos e vinte lojas.
P1: Sim.
R1: Eu participei da loja, assim, quando eu... saiu fora a bateria.
P1: Não, o senhor desapareceu aqui, ó.
R1: É. É a bateria que está fraca. Agora voltou. Viu, eu participei... assim, eu ficava rodando as lojas e eu ajudava aquela loja que estava com uma certa dificuldade. Então, eu ia assessorar aquela loja, para que ela pudesse receber um incentivo na venda e tal, para sair daquela... daquele marasmo que eles entravam, né? Às vezes até...
P1: Sim, sim.
R1: ... era comerciante que não era bem comerciante, era oportunista de estar no comércio. Ser comerciante é uma coisa e estar no comércio é outra, né?
P1: Certo.
R1: Então, eu rodava nas lojas. Mesmo novo, eu tinha já uma bagagem, né? Então, uma loja estava com dificuldade, eu ia para lá, eu ficava um mês. Para deixar a loja, eu tinha que ter motivação para tirar a loja daquele buraco. E assim eu fazia. Até que eu resolvi abrir a minha loja. Depois que eu deixei...
P1: Certo.
R1: ... a empresa, aí é que eu parti para a minha loja, entendeu?
P1: Certo. E, nas Lojas Camelo ainda, quando o dono da Riachuelo te chamou, o senhor já tinha atingido um nível bom, né? O senhor já era meio que gerente, assim? Como é que era lá na Camelo?
R1: Isto, eu era responsável pela parte da loja e eu também interferia na compra de tecido e eu... na produção, eu estava sempre lá acompanhando a produção. Eu virei, assim, uma... tipo assim, um maestro, né? Eu estava sempre em todos os lugares. Né?
P1: Ah, está certo.
R1: E era molecão, né? Mas eu tinha vontade, né? Então, eu tinha que crescer. Essa foi a motivação que eu saí da minha casa.
P1: Está certo.
R1: Com 15 anos, para crescer.
P1: E quando o senhor saiu da Camelo, o dono lá não ficou bravo que o senhor deixou a loja lá, para ir trabalhar para o outro?
R1: Não, eu levei... para sair da Camelo, eu tive que dar um tempo para ele. Eu preparei uma pessoa para ficar no meu lugar. O meu aviso prévio foi quatro meses.
P1: Entendi.
R1: Quatro meses para mim... eu não pude deixá-lo na mão, porque foi um grande patrão.
P1: Ah, está certo.
R1: Era um parceirão comigo, sabe? Então, jamais eu poderia dar tchau e vou embora. Não. Eu preparei uma pessoa para ficar no meu lugar.
P1: Sei.
R1: Entendeu?
P1: Ô, ‘seu’ Eurico e, nesse meio tempo, entre a Camelo e o senhor abrir a sua loja aí, o senhor ficou indo de cidade em cidade...
R1: Isto...
P1: ...atrás das lojas...
R1: ... aí eu fiquei no plano Guararapes, no plano do Super G, que era franquia e eu fiquei dando assessoria às lojas. Entendeu?
P1: Ah, entendi.
R1: Já existia. Então, um candidato abriu um ponto, tal e a loja não ia bem, ou ele não tinha aquela bagagem para tocar um comércio, então eu ficava um mês, tal, às vezes trocava a equipe, para que ele pudesse prosperar. Fiz isso em muitas lojas. Hoje, tem gente aí em São Paulo muito rico. ((risos))
P1: Sim.
R1: Aí, na Super G, tem aí na loja da José Paulino, 25 de Março, lá na... lá em Santo Amaro. Chama-se Estevão de Moura, grande pessoa, uma personalidade fantástica, viu? E ele era afilhado do dono da Guararapes ((risos)). Ele era afilhado, entendeu?
P1: Olha!
R1: Mas eu fiquei na loja deles... ele tinha um irmão também, que chama o Eduardo. Eu fiquei na loja dele alguns tempos, né, para dar uma força lá, né? E assim. E cheguei em Ribeirão Preto.
P1: É, e como que o senhor...
R1: E eu fui muito feliz quando eu cheguei em Ribeirão Preto.
P1: É, então, conta para a gente por que que o senhor escolheu Ribeirão Preto. Por que chegou em Ribeirão Preto?
R1: Sim. Sim. Eu vim para Ribeirão Preto para dar uma assessoria numa... uma das lojas da Super G já tinha em Ribeirão Preto. Já tinha.
P1: Sim.
R1: E a loja estava mais ou menos, sabe? Eu vim, fiquei uma semana, mas só que eu apaixonei com a cidade, né? Adorei a cidade.
P1: Sim.
R1: Aí, um belo dia, eu tive uma nova proposta de um outro grupo, para ir com eles, aí eu fui falar com o ‘seu’ Nevaldo. Ele falou: "Não, o senhor não vai sair. O senhor vai pegar uma franquia". Aí eu falei: "Mas, olha: se eu pegar uma franquia, eu quero ir pra Ribeirão Preto". Ele falou: "No Brasil, em qualquer lugar que você queira, eu invisto em você". Então, estou aqui.
P1: Ah, que legal.
R1: Quarenta e cinco anos no mesmo lugar.
P1: Ah, que bom. Ó, ‘seu’ Eurico, essa que está do seu lado aí, que o senhor está vendo, é a Cláudia. É a nossa...
R1: Eu vi.
P1: ...coordenadora do nosso trabalho. Às vezes, ela pode fazer umas perguntas, também, para o senhor, né?
R1: Sim. Ó, mas eu acho que eu estou aqui com o celular, estou vendo que a bateria está meio limitada já, viu?
P1: Ah, é?
R1: De repente, pode até cair, por falta de bateria.
P1: Não, então vamos mais para a frente na conversa. E aí, o senhor... como que o senhor achou o lugar bom, aí, para abrir a loja?
R1: É um dos feelings que eu tenho, é em termos de pontos comerciais. Isso eu gosto muito e eu não erro, eu não erro no ponto. Quando faço uma pesquisa, eu fico ali uma semana e: "Aqui dá. Aqui vai para a frente". É o feeling da gente, né? Cada um tem uma tendência, né? Inclusive, diante disso aí, hoje eu tenho alguns pontos comerciais. Eu só mantenho uma loja, mas tenho vários pontos comerciais. Todos os meus pontos comerciais, são todos especiais. Muito bom.
P1: Ah, que legal. Tudo no Centro, aí? Centro de Ribeirão?
R1: É, aqui no Centro eu tenho três. E tenho dois em bairro, como é... em bairros diferentes eu tenho três. Avenida Dom Pedro I e eu tenho na Avenida Caramuru. Tudo nos pontos estratégicos, também.
P1: Sim.
R1: Avenidas de grande potencial.
P1: Ah, que legal. E conta para a gente o que te atraiu em Ribeirão Preto. O senhor falou que se apaixonou na cidade. Foi o teatro, a Praça XV?
R1: Então, foi, assim, uma coisa muito especial, né? Gostei do clima daqui, quente, né? Um clima bom, né? Gostoso. E o povo daqui também foi muito receptivo, né? E eu, então, gostei demais da cidade. E quando eu abri a loja, que eu fui uma pessoa, assim, que até hoje, eu tenho cliente de quando eu inaugurei a loja. Eu tenho... eu mantenho, né? Aquele negócio: a gente está no comércio, trata bem e vende produto de qualidade, o cliente não sai da loja.
P1: Sim, sim.
R1: Ele sempre vai te prestigiar, né?
P1: Ah, está certo. E o senhor escolheu esse ramo por que, de Super G? Tem bastante cliente?
R1: É. Não, é confecção, né? São vários gêneros, né? E eu trabalho com a linha especializada em masculino. E dado ao nome Super G, aí eu criei o meu slogan, né? "Super G, vestindo grandes homens". Né?
P1: Opa, caiu a imagem.
R1: É a carga, viu, que está fraquinha. Então, eu criei o meu slogan, né? "Lojas Super G, vestindo grandes homens". Então, eu ampliei o meu tipo de atividade, eu visto até duzentos e cinquenta quilos. Eu trabalho com plus size. É isso mesmo. E ó... quando o meu cliente entra aqui na loja e ele tem cento e oitenta quilos, só de olhar o manequim, eu falo: "Seu número é tal de camisa, é tal de calça". Nunca erro.
P1: ((Risos)). Já se especializou, né, nisso?
R1: Poucos...
P2: Ô, ‘seu’ Eurico...
R1: ... tem essa... poucos tem esse feeling que eu tenho, né? ((risos)).
P1: Sim, sim, sim.
P2: O senhor não consegue colocar o celular para carregar enquanto a gente faz a entrevista?
R1: Então, eu estou... então eu vou me deslocar um pouquinho, está bom? Vou levar...
P2: Pode ser, pessoal?
R1: ... vou me deslocar para colocar...
P2: Porque está tão bom, está tão gostoso.
R1: Eu nem estou cobrando nada. ((risos)) Vou pôr aqui. Pera aí que eu vou me deslocar.
P1: Está bom.
P2: Está bom.
R1: Espera aí. Eu acho que agora vai dar certo, né?
P1: Pelo menos a gente pode __ (34:03). Conversa um pouquinho mais, né?
R1: Deixa eu me posicionar aqui. Ó, eu vou ter que segurar o aparelho aqui. Não, aqui dá, né? Nesse sentido aqui dá, né?
P1: Isso. Está aparecendo o senhor. Agora o senhor desligou o microfone. É embaixo aí, ó. Microfone. Agora o senhor desligou o microfone.
R1: Deu certo agora?
P1: Deu certo.
R1: Deu?
P1: Deu certo.
R1: Deu? Então está bom.
P1: Deu.
R1: Então, está bom. Ok. Está ok.
P1: Ô, ‘seu’ Eurico...
R1: Sim?
P1: ...voltando na conversa.
R1: Sim.
P1: Aí o senhor... quando que o senhor casou? E como que o senhor conheceu a sua esposa?
R1: Ó, a minha esposa foi um casual, né? Que eu me casei a segunda vez. ((risos)). A primeira vez eu casei em São Paulo.
P1: Ah, lá?
R1: É. E depois, por incompatibilidade de gênero, a gente separou em comum acordo e tal e eu... aí eu... a minha primeira esposa tocou a vida dela e eu toquei a minha. Aí eu conheci a minha atual esposa, que nós já estamos casados há 39 anos.
P1: Sei. Aí em Ribeirão, né?
R1: Ribeirão Preto, isto. Ela é ribeirão-pretana e eu catarinense, né? Então, inclusive, deu bons frutos, viu? Eu tenho aí em São Paulo um grande médico, aí em... no hospital São Camilo.
P1: Seu filho? É?
R1: Meu filho.
P1: Ah, que bom.
R1: O meu filho trabalha em São Paulo. Então, nós tivemos três filhos. Tem uma filha que é bacharel em Direito, tem o meu filho que é médico e tem uma filha minha, a rapinha de tacho, que está com vinte anos, faz Medicina Veterinária.
P1: E tem uma que ajuda o senhor aí, né?
R1: Tem a filha que fica comigo aqui. Exatamente. Essa menina tem vinte anos, está indo para o terceiro ano de Medicina.
P1: Ah, que bom.
R1: Ela passou com 17 anos.
P1: Legal. E como que o senhor conheceu a sua esposa daí de Ribeirão? Como é que foi?
R1: Então, a minha esposa...
P1: O senhor __ (37:22).
R1: ... eu fui numa... eu frequentava um lugar que eu sempre ia lá comer uma pizza, né? Aí ela estava com a turminha dela. A minha esposa, na época eu tinha 27 anos, ela tinha 15. Né?
P1: ((risos)). Sei.
R1: ((risos)). Ela ainda fala para mim: "Ó, eu ainda posso te processar, porque você é um pedófilo". ((risos)). Entendeu? Aí ela foi... nos conhecemos ali, conversamos, tal. E até que chegamos ao casamento, né?
P1: Sim, sim.
R1: Então, a gente já vive muito bem, é uma pessoa maravilhosa. Porque dizem que um grande homem sempre tem uma grande mulher do seu lado, né? E eu achei a minha cara metade. Eu acho que foi uma... está sendo uma parceria muito boa.
P1: Ah, que bom.
R1: Entendeu?
P1: Ô, ‘seu’ Eurico...
R1: Então, eu estou muito feliz no meu casamento.
P1: Ótimo. Ô, ‘seu’ Eurico, e na loja, o seu cliente vem de tudo quanto é lugar de Ribeirão, vem de fora? Para quem que o senhor vende?
R1: Ó, por causa da minha especialidade, que eu tenho além do... porque camisa eu vendo do número um ao número 12. Calça, eu vendo do número 36 a oitenta. Terno, eu vendo do 42 até o 76 e assim sucessivamente. Todos os meus produtos, eu tenho pequeno e plus size, tamanhos especiais. Eu tenho __ (39:03) da região inteira. Eu tenho, ó: Porto Ferreira, Pirassununga, Franca, São Carlos, eu tenho da... São Joaquim da Barra. A região inteira conhece a minha loja.
P1: Que legal!
R1: Conhece a loja e eu faço sempre prevalecer a loja Super G do Eurico. Por quê? Porque a imagem da gente é que vai ter que estar rotulada no nome da empresa, sabe?
P1: ((Risos)). Está certo.
R1: A pessoa, às vezes... ((risos)). É. Às vezes eu viajo... eu tenho gente muito competente, a minha filha, os meus funcionários e tal. Mas, às vezes, o cliente chega aqui: "O Eurico não está? Eu volto depois". Acontece muito isso. Entendeu?
P1: Que bom!
R1: Essa rotulação que você faz, então você passa a ser uma pessoa importante dentro do teu estabelecimento. Entendeu?
P1: Certo. Entendi. E, ‘seu’ Eurico, o senhor faz propaganda aí em Ribeirão? Antigamente era...
R1: A minha propaganda?
P1: ... __ (40:15) rádio, jornal. Ou não?
R1: Você vai achar... vai dar risada agora, viu? Eu tenho um vínculo de, digamos assim, divulgação, muito grande. Sabe quem? Os meus próprios clientes.
P1: Ah, sim. É no boca a boca.
R1: Os meus clientes que divulgam. Nunca gastei com televisão, com rádio, com nada. Nunca gastei.
P1: Aí.
R1: Eu invisto no meu trabalho, no meu atendimento e no meu bom produto. Esse é o meu maior investimento que eu faço. E os meus clientes, eu falo para eles: "Olha, avisa teus amigos lá que estão bem gordinhos, que não estão encontrando, que lá na Super G, encontra. Lá tem". Entendeu? E isso aí é um atrás do outro, graças a Deus.
P1: Está certo. E nem na internet o senhor põe nada? No Facebook, essas coisas, o senhor põe também?
R1: A minha filha põe. A minha filha tem, assim, Super G, ela tem nas... tem. Tem na internet.
P1: Sei.
R1: Tem muita gente que procura...
P1: É porque...
R1: ... aí liga. Mas eu não vendo on line, não, viu?
P1: Sei. Mas se o senhor, por exemplo...
R1: Eu não vendo on line, porque...
P1: ... quiser fazer...
R1: ... é muito trabalho para mim, para minha cabeça, sabe? Para minha cabeça...
P1: Vai ter que ficar olhando lá, né?
R1: ... que eu tenho dificuldade.
P1: Não, tudo bem.
R1: Eu acho que para você vender on line, você tem que montar uma estrutura bem-feita. No caso, assim, uma estrutura com um estúdio, né?
P1: Sim.
R1: Fazer um serviço bem aperfeiçoado. E eu acho que eu já estou com 67, eu não quero mais isso, não. Entendeu?
P1: Está certo.
R1: Eu já estou querendo passar o bastão para minha filha, né? ((risos)).
P1: Está certo.
R1: Para ver se ela dá continuidade aí, né?
P1: Sim.
R1: E ela está indo bem nisso aí.
P1: Mas aí, quando o senhor vai fazer uma promoção, por exemplo, como que o senhor faz? Faz os panfletos, ou não?
R1: Ó, deixa eu falar uma coisa para você: eu só fiz panfleto no início da abertura da loja. Você... quando você... eu tenho... e isso sou eu, né? Não é o mercado. Eu falo, o Eurico acha que, quando você começa a fazer promoção, o cliente vicia, só compra na promoção. Se você...
P1: Ah, é?
R1: ... tiver uma mercadoria... entendeu? Se você tem uma mercadoria que está estagnada dentro da loja, então você faz um preço melhor, a posiciona diferente na loja, porque quando você divulga tua loja com promoção, o cliente fica só esperando promoção da tua loja.
P1: Ah, é verdade.
R1: Então, é preferível você... eu acho que é preferível você fazer uma doação, do que promoção.
P1: ((risos)). Está certo.
R1: Entendeu? Para não viciar o teu cliente. Porque os produtos que a gente trabalha são diferenciados, nem todos os comerciantes têm, porque para você ter o produto que eu trabalho, você precisa, realmente, conhecer. Eu tenho o meu corte. Eu conheço.
P1: Sim.
R1: Entendeu? Às vezes tem gente que se aproxima de mim... já aconteceu várias vezes: comprou comigo, comprou e veio... sabe? Veio me... como diz o outro: “Cevando”. Né? E: "’Seu’ Eurico, vamos almoçar comigo?". E tal. "Vamos, vamos almoçar". Como cliente, né? Aí a proposta dele: "’Seu’ Eurico, eu queria abrir on line, assim, assim". Eu falei: "Não, eu te dou todas as coordenadas, só que vai ter um custo para você. Eu levei cinquenta anos para ter o know-how que eu tenho. Eu não posso te passar de graça".
P1: Está certo ((risos)).
R1: "Eu quero quinhentos mil para fazer um trabalho com vocês, de seis meses" "Ô, você é louco?". Eu falei: "Não, eu não sou louco. Eu tenho conhecimento, você não quer o meu conhecimento?".
P1: Sim.
R1: "Quem é você para ser um doutor?". Falei para ele. "Você não é para ser um doutor? Você, quantos anos não vai, estudando? E tudo tem custo. E eu não aprendi por acaso. Eu aprendi por foco, força de vontade e por interesse de conhecimento. Então, eu não posso te dar de graça, né? Porque aí você acha que um almoço você vai me comprar? Não pode, né? Tudo tem um custo".
P1: É verdade.
R1: Falei para ele assim: "Você quer comprar a minha loja? Eu fico seis meses contigo". Ele fez: "Não, eu não quero a tua loja, eu só quero a tua pessoa, para me passar". ((risos)) Eu falei: "Não, não dá. Não dá certo". Mas é isso aí, os conhecimentos que a gente adquire no dia a dia. Acho eu que o comércio é uma faculdade fantástica, porque aqui você conversa com... vamos dizer assim, sem desmerecimento nenhum, para mim tanto faz um doutor, como um servente de pedreiro, como um... qualquer pessoa, qualquer nível de... da sociedade, o dinheiro dele é o mesmo valor para mim, entendeu?
P1: Sim.
R1: Então, o meu... a minha dedicação para o cliente tem que ser da mesma forma: para o doutor... eu tenho até um desembargador que compra de São Paulo, vem aqui na minha loja, porque ele é fortão, né? Quando ele vem a Ribeirão Preto tomar um chopp no Pinguim, ele vem comprar terno comigo. Entendeu?
P1: Ah, que bom!
R1: Até de São Paulo eu tenho cliente.
P1: Certo. E, ô ‘seu’ Eurico...
P2: Posso falar?
P1: Pode falar. Pode falar, Cláudia.
P2: Ô, ‘seu’ Eurico, o senhor está falando dos produtos, né? Assim, como o senhor trabalha com o nicho de produto muito específico, assim, tem uma moda, tem tendência ou é uma roupa mais clássica? Como é que é isso?
R1: Não, não. Meus clientes... meus gordinhos são bem atualizados, né? Tudo que o jovem tem, eu tenho para eles: bermuda estampada, camiseta estampada, de todo o nível que você pensar. Eu escolho a... sabe? Eu escolho. Eu vou lá em Santa Catarina, eu mando fazer umas bermudas estampadas, que aqui você não encontra para o gordinho. Eu vou lá, eu compro de tudo lá, sabe? E eu rodo, né, para pôr na minha loja, porque às vezes você não encontra nas outras lojas. Porque o produto plus size tem que ter um corte muito específico, porque às vezes a pessoa usa lá embaixo da barriga, aí ele tem que ter um traseiro diferente. E é isso aí que vai mandar. Às vezes o pessoal fala: "Ah, tem que padronizar os cortes". Eu duvido. Ninguém consegue, porque cada manequim, cada caso é um caso, né? Então, os meus cortes, modéstia à parte, vestem muito bem.
P2: E não tem mais essa coisa, assim, de que porque é uma roupa para uma pessoa com mais peso, é uma roupa sem graça, feia, padronizada, né? Existe uma moda, uma tendência grande de individualizar, né?
R1: Aham. Ah, não. Mas eu, aqui, é o seguinte: os meus gordinhos, eu os transformo... se ele for um senhor, ele vai ficar jovem comigo. Ele vai me seguir, né? ((risos)). Ó, primeiro porque eu tenho que vender o que eu tenho, né? E se ele não tem e eu faço e eu faço... eu o faço experimentar, porque quando a pessoa experimenta a roupa, ele muda. Aí, quando ele vê, vestiu bem e tem qualidade, ele anima a levar, né? Não tem erro, não.
P1: Sim. Ô, ‘seu’ Eurico...
R1: Mas é muito bom trabalhar, que eles falam que é um lixo. Hoje não é um lixo, não. Hoje é uma coisa especial, viu?
P1: Não, ela falou nicho.
R1: Não é todo mundo que consegue trabalhar com plus size.
P1: Sim, sim.
R1: Se não conhecer, não trabalha. Ele quebra. Ele não toca...
P1: Está certo.
R1: ... o comércio assim.
P1: E, ô ‘seu’ Eurico, e o terno ainda é a grande estrela ou não? O terno.
R1: Não. O terno, em Ribeirão Preto, o giro dele é menos, né? Porque é uma cidade muito quente, né? Então, o terno a gente trabalha em cima de advogados, até juízes, evangélicos, advogados, né? Então, é menos giro. Hoje vende mais é bermuda mesmo, camiseta, né? Por uma cidade de um clima bem quente, né? Então, aqui usa muito bermuda. Parece que aqui...
P1: Certo.
R1: ... só faltou aqui o mar, né? O resto está completo ((risos)).
P1: É ((risos)).
R1: Entendeu?
P1: Só faltou ter mar.
R1: Só.
P1: Pois é. E, ‘seu’ Eurico, outra pergunta que eu sempre gosto de fazer para os comércios que já têm bastante tempo, como o do senhor, está com 45 anos, né, é sobre as vitrines. Antigamente, a vitrine era o grande chamariz da loja. O senhor pegou essa época? Ainda usa?
R1: Continua. É. E eu que faço as minhas vitrines ainda.
P1: Ah, é?
R1: É. E eu tenho aquelas vitrines, ainda, tradicionais, com cabide...
P1: Sei.
R1: ... com coisa. Agora eu estou mudando um pouquinho, fazendo mais manequim, porque eu já estou com 67, aí já dói as costas, já tenho um problema de coluna, então eu estou facilitando o meu trabalho. Mas as vitrines sou eu que faço. Sempre fiz as minhas vitrines. Sabe de uma coisa? Todos nós, que temos um conhecimento naquilo que nós fazemos, eu sigo muito a minha mãezinha, né? Sabe o que ela falava para mim, desde pequeno? "Ô filho, se um dia você pretende ser alguém na vida, ser um comerciante ou ser um industrial, nunca esqueça do que eu falo para você: você tem que saber fazer. Só sabe mandar, quem sabe fazer".
P1: Sim.
R1: Entendeu?
P1: Está certo.
R1: Se eu não souber, eu não sei mandar. Eu não sei orientar. Então, a gente que tem... assim, tem que conhecer tudo aquilo que você faz...
P1: Ah, é?
R1: ... porque daí... É. Porque aí eu sei como orientar os meus parceiros que trabalham comigo, né?
P1: Certo.
R1: Eu tive, aqui, funcionário que trabalhou 33 anos comigo.
P1: Olha que legal! Se aposentou aí, né? Se aposentou...
R1: Aqui nesse... eu falo assim: nesse botequinho, eu já aposentei oito.
P1: Oito?
R1: Oito pessoas. Comigo, né? Hoje eu já sou um aposentado também ((risos)).
P1: Sim, sim.
R1: Às vezes o pessoal fala assim: "Ô, ‘seu’ Eurico..." - quando você vai fazer alguma coisa aí fora, comprar alguma coisa, né? - "você não quer parcelar?" Eu falei: "Ah, eu não gosto de parcelar" "Então, mas o seu rendimento, né?" Eu falei: "Eu sou aposentado, né?" ((risos)) Eu falo que sou aposentado ((risos)). Entendeu?
P1: Está certo. E como é que o senhor... o que o senhor achou mais difícil do mundo do comércio, né? Porque o comércio tem o atendimento, tem a contabilidade, tem que fazer compra da mercadoria, tem que botar preço, tem que saber vender, tem estoque. O que é o mais difícil? O senhor entende de tudo isso?
R1: No comércio, nada é difícil. O que é difícil são as despesas, né? As despesas.
P1: Despesa.
R1: Porque o comércio... é. Você falou sobre as compras e as vendas. Quando você conhece a tua clientela, quando você vai comprar, você compra já pensando nos clientes: "Ó, essa aqui... essa camisa, essa camiseta para o fulano, fulano, fulano, fulano". Eu já compro a quantidade mais certa e fico procurando-os: "Ó, chegou o que você gosta aqui. Pode vir aqui, que vai ter o que você quer". Pronto. Então, quando você tem a tua clientela, a tua venda fica direcionada. Você já compra sabendo para quem vai vender. Essa experiência que poucos têm. Porque você já viu: tem loja, tem comerciante, que eles abrem a loja e saem. Eu, não. Eu abro e fecho.
P1: Sei.
R1: Entendeu? Eu abro e fecho. Eu... exceto quando...
P1: Ou seja, tem que...
R1: ... eu me desloco um pouquinho, que eu vou pra Santa Catarina. Que cada dois, três meses eu fico 15 dias lá.
P1: Ah, o senhor tem família...
R1: Aí eu vou passear... tenho, tenho. Eu tenho apartamento ali em Balneário Piçarras, pertinho de Beto Carreiro.
P1: Sei, sei.
R1: Então, eu tenho apartamento. Eu, cada dois, três meses, eu fico lá dez, 15 dias, eu e a minha esposa. Então...
P1: Está certo.
R1: ... aí, eu tenho a minha filha aqui, a minha imediata, né? ((risos)). Que ela toma conta aqui e ela toca muito bem. Ela tem bastante... ela é uma boa administradora.
P1: Que bom. Ô, ‘seu’ Eurico...
R1: Ela está faltando pouco para se tornar Eurico.
P1: ... médica. Ah, para tornar o senhor? ((risos)). Para se tornar o Eurico. Entendi. Ô, ‘seu’ Eurico, o senhor ainda vai para São Paulo fazer compra das mercadorias ou o senhor tem representante?
R1: Faz muito tempo que eu não vou a São Paulo.
P1: É?
R1: Eu compro de Santa Catarina, de algumas praças lá, como... eu vou em Criciúma. Eu trabalho com a Terno Delucca. Eu vou em Orleans, eu vou em Brusque, eu vou... e o resto, eu trabalho aqui, através de representante comercial que me visita aqui. Entendeu?
P1: Ah, sim. Entendi. E o senhor... o que o senhor sentiu o ano passado, sobre a pandemia, né? Começou esse vírus aí que veio e isso foi terrível para o comércio. O que...
R1: Agora você mexeu num calo muito doloroso, viu? ((risos)). Porque nós não temos... o problema, o problema de tudo, esse governador é terrível, é ruim, é maldoso, é safado, é bandido. Tudo que você pensar de ruim, nós nunca tivemos um tão safado quanto este. Porque, na verdade, ele não tem intenção que ninguém cresça. Ele quer derrubar todo mundo. É aquela parte de esquerda. Entendeu?
P1: Sei, sei. Entendi.
R1: Esse cara é um péssimo administrador. Ele pode ser administrador do bolso dele.
P1: Sei.
R1: Mas, para a população, para o ser humano, é diferente. Ele não é... ele está na posição errada. Eu acho que ele é mais marqueteiro do que administrador para o estado com o nível de São Paulo, né? São Paulo é o coração do nosso país, né?
P1: Sim.
R1: Não é?
P1: Sim.
R1: São Paulo... duas coisas que tocam o Brasil: primeiro, é a agricultura; segundo, é o comércio e indústria. Mas ele não quer que nada disso prospere, ele quer vender tudo para chinês.
P1: Tudo para o chinês? ((risos)).
R1: Entendeu? Tudo para o chinês. Eu acho que está na hora de dar um cala boca nesse safado. Esse safado tem que sair do mercado.
P1: Está certo.
R1: Eu vou até mais bruto: tem que tirar do mapa ((risos)). Entendeu? Ele não vale, ele não merece. No meu entender, eu não sou político, até tenho... e conheço bastante. Meu prefeito aqui é amigo meu. O pai dele foi prefeito três ou quatro vezes, era meu amigo.
P1: Certo.
R1: Mas eu acho que esse negócio de ser político, ele tem que ser mais maleável com o ser humano, né? Nosso país está sendo muito mal administrado... o país, não, o nosso estado aqui.
P1: Certo.
R1: Porque cinquenta anos no estado de São Paulo, eu já sou mais paulista do que catarinense, não é verdade?
P1: Ah, claro.
R1: Olha, eu sou mais ribeirão-pretano do que criciumense, do que lagunense.
P1: Sim, sim.
R1: Porque aqui eu criei minhas raízes, né? Tenho minha esposa, uma família maravilhosa e um povo que me acolheu com muito carinho, até hoje. Sabe?
P1: Está certo.
R1: Às vezes eu saio para visitar uma pessoa aí a três, quatro quarteirões, eu levo uma hora.
P1: Conhece todo mundo.
R1: Que cada dez passos, um me para, um me para, você entendeu? É mais ou menos isso, né? Agora, nós...
P1: Mas, ‘seu’ Eurico...
R1: ... estamos - vamos concluir essa parte aqui – penando, o comércio está penando, com uma quadrilha que não quer o bem de ninguém.
P1: Sim.
R1: Eles querem que todo mundo feche.
P1: Está certo.
R1: É aquele negócio, olha, você tem grandes exemplos: Venezuela... vamos começar por Cuba, né? Você vê a frota de carro lá, maravilhosa, né? Cuba. Venezuela. Argentina, agora, eles estão pegando os caras, tomando os bens deles para o governo. Quer dizer: eles querem que o povo vire escravo, comer na mão deles.
P1: Sei.
R1: Mas o Brasil não tem sangue para isso. O Brasil é independente.
P1: Não, não...
R1: Nós temos... sabemos andar com a nossas pernas. Você vê...
P1: Sim, mas o que...
R1: ... eu já praticamente quando nasci, eu já saí andando, né?
P1: Sim ((risos)).
R1: Não é verdade?
P1: Mas o que o senhor fez quando começou a pandemia? O senhor fechou um tempo? Enxugou um pouco...
R1: Olha, eu fiquei... nós ficamos sessenta dias fechados aqui.
P1: Sei.
R1: E agora nós continuamos fechados. Nós estamos com as portas meias e com os vidros... com a porta de vidro fechada. Atendemos aqui na porta. Parece que nós somos bandidos, moço. Parece que nós somos bandidos, né? Porque nós temos que atender na porta. Como é que você atende uma pessoa obesa...
P1: ... na porta.
R1: ... por telefone? Na porta. Me entendesse? A pessoa tem que experimentar, se sentir bem na roupa. Mas, se entrar, o guarda chega... o fiscal vem e multa. Não pode, né? Nós temos que ter opção de trabalho e o cliente tem que ter opção de compra. E, do jeito que eles estão fazendo, eles não estão __ (1:00:49) que o comércio prospere. Nós temos que, realmente... ainda bem que só falta mais um ano para esse moço sair, né? Falta só mais um ano, né? Graças a Deus, né?
P1: É, e falta todo mundo não votar nele.
R1: Esse safado nem tamanho tem, viu? ((risos)).
P1: Falta isso também.
R1: Desculpa falar, mas esse safado nem tamanho tem.
P1: É verdade.
R1: Eu falo que ele é um anão crescido.
P1: Sim ((risos)).
R1: Ele é um anão crescido.
P1: Ô, ‘seu’ Eurico...
R1: Sim?
P1: E continuando o desenvolvimento da entrevista aqui, para o futuro, o senhor pensa em abrir mais filiais, o senhor pensa que a sua filha pode querer aumentar o seu comércio, abrir em outras cidades? O que o senhor acha que vai acontecer?
R1: É, eu... essa opção eu vou deixar para a minha filha. Porque eu, quando iniciei o meu... como comerciante, eu fiz uma análise de... do dia... do amanhã. Assim, ou eu poderia abrir uma loja por ano, quer dizer, eu ia ter 45 lojas, né? 45 problemas, não é verdade? 45 aluguéis, com uma turma bem grande trabalhando. E eu já perdi o cabelo meio cedo, né? Aí eu ia branquear mais rápido ainda. Então, eu fiz uma análise dessa parte, de abrir uma rede de loja, que eu já conhecia o trâmite de abrir mais uma, mais uma, mais uma. Eu já conhecia. Então, eu fiz uma análise e seguinte: o tempo é muito longo, mas a vida é curta. Me entendeste? Então, eu optei pra, vamos dizer assim, todo ano, em vez de abrir uma loja, comprar mais um imóvel. Em vez de eu abrir uma loja, comprar mais um imóvel, né? E depois eu vi que um imóvel é muito interessante, mas não moradia, comercial. Aí depois eu comecei vender as casas e passei a comprar comercial.
P1: Sim.
R1: Então, hoje, praticamente, eu não vivo da loja, eu vivo dos meus aluguéis.
P1: Ah, entendi.
R1: Então, hoje eu tenho três, seis, sete, oito comerciais.
P1: Muito bom. Ainda mais numa cidade...
R1: Seis comerciais.
P1: Seis comerciais.
R1: Isso. Seis comerciais.
P1: ... numa cidade boa como...
R1: Eu teria que ter cento e cinquenta casas, para fazer o mesmo volume financeiro de seis imóveis. Entendeu?
P1: Ah. Entendi.
R1: Então, você ter um imóvel que você aluga por 15 mil. Quantas casas você tem para fazer 15 mil? Me entendeu?
P1: Sim.
R1: Então, a minha opção foi essa: ou eu abro mais uma loja todo ano ou eu compro uma casa todo ano. Eu acho que eu acertei, sabe por quê? Hoje, a idade chegou. Aquilo que eu te falei: o tempo é muito longo, mas a vida é curta. Entendeu?
P1: Muito bom.
R1: Eu acho que essa experiência que eu estou passando aí para você, a gente, captando bem, eu acho que isso aí está sendo gravado, né?
P1: Ah, está gravado.
R1: Então...
P2: O que o senhor gosta de fazer como hobby, como lazer, ‘seu’ Eurico?
R1: Como lazer?
P2: É.
R1: Eu curto muito a minha família, né? Eu curto a minha esposa, a adoro. Quando eu vou passear, a gente sai junto. Então, a minha casa é uma casa confortável, a gente vive bem. Todo domingo eu gosto do churrasquinho, né? Eu sou do sul, o sul não passa um fim de semana sem fazer um churrasco ((risos)). Não é?
P1: Sim.
R1: Então, aí enquanto eu estou fazendo um churrasquinho, eu e a minha esposa tomamos uma cervejinha. E esse é a delícia da vida, é isso. Não é?
P1: Está certo.
R1: E eu fiz uma coisa. Então, eu até esperava que você fosse me fazer uma pergunta: você não estudou em São Paulo, mais? Não. Eu optei por me realizar culturalmente, na parte de cultura, com meus filhos. Então, você vê, um pequeno comerciante com um filho médico, uma filha advogada e outra médica veterinária. Eu acho que eu me realizei, estou me realizando com os filhos.
P1: Está certo.
R1: Porque se eu, na época lá, se eu estudasse, eu não comia, né? Ou eu comia...
P1: É.
R1: ... ou eu estudava, que eu dependia de mim.
P1: Sim.
R1: Então, a minha opção foi por essa. Então, o dia que eu ter a minha família, os meus filhos vão ser doutores no meu lugar, né? E ainda me... e eles ainda perguntam: "Pai, devo fazer isso? Devo fazer aquilo?" Porque eles têm a cultura e eu tenho a experiência, né?
P1: Muito bom. E, ‘seu’ Eurico, o senhor acha que... o senhor acabou de achar uma pergunta que eu não fiz: por que o senhor não estudou em São Paulo. Tem mais alguma pergunta que o senhor gostaria de falar...
R1: Não...
P1: ... que eu não fiz?
R1: Não, é só essa. Porque essa pergunta... a minha filha. A minha filha chegou. Você vai conhecê-la.
P1: Tá.
R1: A minha pergunta é porque todos perguntam para mim. É porque eu sou muito falador, né? Eu falo muito. Comerciante fala demais, né? E perguntam: "’Seu Eurico..." - a gente conhece um pouquinho de lei, conhece um pouquinho de política - "o senhor é formado em quê?". Né? Eu falei: "Eu sou formado no comércio". Né? ((risos)). Eu não estudei, mas formei no comércio. É uma grande faculdade.
P1: Ótimo.
R1: Mas teve... quem vai me substituir é essa moça aqui, ó. Quer ver?
P1: Vamos ver.
R1: Shirley, vem cá. Tira a máscara. Essa moça aqui, ó, que vai me substituir.
P1: Legal. É um desafio, hein? Substituí-lo. É um desafio.
R2: Isso é.
R1: Mas ela é uma boa aluna ((risos)). Tá. Ela é uma boa aluna. ((risos))
P1: Legal. Olha, ‘seu’ Eurico, se a Cláudia não quiser fazer nenhuma outra pergunta... você quer fazer alguma coisa, Cláudia? Não? Então, ‘seu’ Eurico...
P2: Estou supersatisfeita.
P1: ... eu queria agradecer muito a entrevista do senhor, né? O projeto...
R1: Desculpa aí algumas palavras mal colocadas, mas o que estava no meu... dentro dos meus conhecimentos, é tudo isso aí, tá?
P1: Sim, está certo.
R1: Agora, não esqueça, não deixe de ver esse vídeo que eu mandei.
P1: Não, eu vou ver. Eu já recebi aqui pelo WhatsApp. Já recebi.
R1: Já recebeu, né?
P1: Eu vou ver... recebi. Eu vou ver agora mesmo. E o nosso fotógrafo vai ligar para o senhor, mas não hoje, quando...
R1: Sim, sim.
P1: ... acabar esse negócio de vírus...
R1: Oportunamente, num dia que a gente marca, né?
P2: Isso.
P1: Para tirar as fotografias aí. Tá bom?
R1: Sim, tá bom. Obrigado. Foi um prazer conhecer...
P1: Então, eu agradeço muito...
R1: ... vocês e sucesso nesse trabalho de vocês viu?
P1: Muito obrigado.
P2: Obrigada, ‘seu’ Eurico.
P1: Pro senhor também.
R1: Tchau. Tudo de bom para vocês.
P2: Super obrigada, foi ótimo, viu?
P1: Obrigado.
R1: Tudo de bom, viu? Obrigado vocês.
P2: Tchau, tchau, bom dia.
P1: Valeu.
R1: Tchau, tchau. Obrigado.
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