A história que irei contar é de minha avó Maria dos Prazeres Porfírio de Oliveira (in memorian)
Nascida à 12 de setembro de 1951,em um lugar (distrito de Maranguape) cujo nome era buracão, que hoje é conhecido como rato (de baixo).
7 anos de idade, meus pais tiveram de sair de um lugar e ...Continuar leitura
A história que irei contar é de minha avó Maria dos Prazeres Porfírio de Oliveira (in memorian)
Nascida à 12 de setembro de 1951,em um lugar (distrito de Maranguape) cujo nome era buracão, que hoje é conhecido como rato (de baixo).
7 anos de idade, meus pais tiveram de sair de um lugar e trabalhar em outro, deixando eu e meus irmão aos cuidados de minha tia, irmã de minha mãe. Esse lugar se chamava Lagoa do Juvenal, na construção da estrada da brasília, meu irmão mais velho os ia deixar. e eu ficava cuidando de minhas irmãs mais novas, brincávamos que rasgavamos a rede. Quando chegava a noite eu ia dormir com as minhas irmãs e a rede estava rasgada, eu chorava por que a rede estava rasgada e cantando para acalentar minha irmã Rosário de 3 anos. Ouvindo isso minha tia já sabia de que se tratava, trazia ela uma agulha de costurar saco para costurar a rede e se ia...isso foi em 1958.
Depois fomos morar com meus pais na Lagoa, nas barracas. Minha mãe cozinhava para os caçacos-como se chamavam os trabalhadores da estrada-fomos morar em uma chamada casa de farinha, depois passamos a morar em uma barraca no centro do povoado. O bom da história é que morávamos todos juntos, mas a situação continuava precária...me lembro que meu irmão sofreu um acidente, pulou de um carro grande para pegar um chápeu que voou, eu observava os carros quando vi ele caindo...minha mãe correu e o pegou levou para um posto, graças a Deus ficou sem sequelas. Continuamos a morar lá enquanto a mãe trabalhava.
Um dia estava eu com minha irmã na barraca, atrás da mesma havia um matadouro de onde saiu um boi e entrando dentro da barraca, nos pegou de surpresa, minha irmã foi para debaixo do girau, fiquei eu entre o boi e a parede que separava a cozinha da sala (está era feita de cerca).
Passados dias, me balançava em uma rede com minha irmã, eu enrolei o pé numa outra rede e cai com ela-a cicatriz existe até hoje em sua fronte. Tudo isso sem a mãe estar em casa !
Saímos da barraca e fomos morar em um lugar chamado facão, moravámos todos, minha família e os outros trabalhadores da estrada, debaixo de um pé de Juazeiro-nosso abrigo eram as folhas. Quando chegava a noite não conseguia dormir com medo da onça que rondava o serrote! Nesse Juazeiro termina o serviço da estrada em 1958.
Voltamos para o Rato, meu lugar natal.
(a partir daqui predomina a escrita em terceira pessoa)
Nesse lugar, sua mãe, Isabel Lopes do Nascimento, faleceu em razão de um câncer de estômago. Ficando assim alguns filhos com o pai: Francisco Lopes de Oliveira, e outros foram dados para adoção. Maria, minha avó, em 1964 foi trabalhar em casa de família aos 13 anos de idade, isso na cidade de Fortaleza.
Onde ganhava dinheiro para ajudar no sustento dos irmãos mais novos, nem o dinheiro do cigarro ela tinha (nessa época ela já fumava).
Nas folgas, voltava para a casa de seu pai .Mas foi em Pentecostes , que ela conhecera seu esposo : Antônio Lopes de Oliveira , em um velório. No ano de 1972 se casaram, e se mudaram para o Estado do Maranhão, logo tiveram sua primeira filha depois voltando para o Ceará com muita dificuldade pedindo carona nos caminhões que aceitavam leva-los. Para morar em uma localidade chamada Cacimba de cima ,onde trabalhavam na agricultura plantando algodão, milho etc...
Neste mesmo lugar, distrito de Pentecostes, nasceram seus quatro filhos dos quais apenas três chegaram à idade adulta, sua filha de nove meses morreu no dia 13 de maio de 1978 e neste mesmo ano Maria perdeu seu pai, ele faleceu em sua casa nos seus braços (dizia-me ela que ficou sozinha em casa com suas crianças, enquanto meu vô foi avisar as outras pessoas).
Mororó-1979
A família foi morar em uma localidade próxima de Itapebussu (distrito de Maranguape),em um quartinho que pertencia ao seu pai, e
lá continuaram trabalhando na agricultura, para criar as crianças .
São João do Amanari- Década de 80 a 1991
Veio morar aqui com o marido e os filhos, na casa de sua irmã, depois em uma barraca no mesmo terreno, e ainda em um terreno ao lado (que ganhara, e mais tarde construiria com seus esforços junto com meu avó para construir a casa onde cresci e ela passou os últimos anos de sua vida), conseguira construir uma casa com a compra ainda de mais outro terreno ao lado. Perdeu um filho durante o parto, mas ganhou uma filha, sua mais nova. Ainda nessa década trabalhou na Colônia Agropastoril do Amanari na parte que era destinada a FEBEMCE como cozinheira, seu esposo ia deixa-la de fusca ou de bicicleta, ou as vezes ela ia sozinha...saia bem cedo e voltava já de noite. Quando em 1991 começou a trabalhar no Centro Socioeducativo São Miguel, no bairro Passaré. Pegava o ônibus da empresa Itapebussu de madrugada e descia na Parangaba , tomava a kombi do serviço e só chegava em casa também a noite. Com o tempo foi ficando difícil ir todos os dias (para a cidade, como ela mesma dizia quando se referia a Fortaleza)e voltar, então mudou-se para o bairro Messejana.
Fortaleza- Década de 90
Morou em Messejana primeiro sozinha e depois vieram alguns de seus filhos e seu esposo, mais tarde, para ficar ainda mais próxima do trabalho, se mudou para Vila Nova em 1996 onde morava dessa vez também com dois netos, aos quais ela criou. Em 1998 se muda novamente, dessa vez para o bairro Itaperi onde construiu uma casa própria em um loteamento na Avenida dos expedicionários onde permaneceu até 2007 ( o ano que nasci ) se aposentou do trabalho de cozinheira , para de fumar e descobre um câncer
em decorrência disto faz uma cirurgia para remove-lo.
São João do Amanari-2013
Descobre uma outra doença do mesmo tipo do anterior mas desta vez no fêmur através de um ortopedista, foi encaminhada para o ICC (Instituto do Câncer do Ceará). Num passeio á praia ela quebra o osso do local onde estava instalado o câncer e é levada às pressas para fazer a cirurgia, depois se recuperou e começou a fazer tratamento com química oral por meio de um comprimido de uso diário em 2014 . Vivendo normalmente com sua família.
São João do Amanari-2020 a 2022
Em agosto de 2022 é encontrado um nódulo maligno no pulmão do lado direito, começando uma batalha contra o tempo, pois o tumor era de origem agressiva e faz os exames pré-operatórios, e durante esses exames que é constatado o câncer de mama. Em seis de outubro é realizada a cirurgia para a retirada do tumor no pulmão. Após 1 mês e doze dias é tirada a mama direita, em dezoito de novembro de 2022. A oncologista que a acompanhava comunicou que ela precisava de quimioterapia para o pulmão e mama, e esta começa em dezembro de 2022. Depois da segunda sessão é realizada uma tomografia do tórax, onde mostrava que a lesão ainda se encontrava no local. As sessões eram difíceis porque ela ficava muito debilitada, indo várias vezes ao hospital em decorrência do tratamento. A dezessete de fevereiro é feita a terceira sessão de quimioterapia, por causa disso ela passou mal por vários dias.
Dia 22 de fevereiro- Mesmo depois de alguns
dias ruins, mais teve uma melhora
23 de fevereiro-Ela passa bem este dia...
e dia 24 de fevereiro ela partiu, deixando cinco filhos, sete netos
cinco bisnetos e seu esposo.
★ 12/09/1951
✝ 24/03/2023Recolher